"É
regra geral de todas as graças singulares comunicadas a uma criatura racional
que, quando a graça divina escolhe alguém para uma tarefa especial ou algum
estado muito elevado, concede todos os carismas necessários àquela pessoa para
o ministério que há-de desempenhar adornando-a com eles profusamente».
«Isto
realizou-se de um modo excelente na pessoa de São José, que fez as vezes de pai
de nosso Senhor Jesus Cristo e que foi verdadeiro esposo da Rainha do universo
e Senhora dos anjos. José foi escolhido pelo eterno Pai como protector e guarda
fiel dos Seus principais tesouros, isto é, do Seu Filho e de Sua Esposa e
cumpriu a sua tarefa com absoluta fidelidade. Por isso lhe diz o Senhor: Está
bem, servo bom e fiel; entra no gozo do teu Senhor (Mt 25, 21)».
«Se
observarmos a relação que José tem com a Igreja universal, não é este o homem
especialmente escolhido, pelo qual e sob o qual Cristo foi introduzido no mundo
de um modo ordenado e honesto? Portanto, se toda a Igreja está em dívida com a
Virgem Mãe, já que por meio d’Ela recebeu Cristo, de modo semelhante deve a
José, a seguir a Maria, uma especial gratidão e reverência».
«José
vem a ser a joia que fecha o Antigo Testamento, já que nele a dignidade
patriarcal e profética alcançam o fruto prometido. Além disso, ele é o único
que possuiu corporalmente o que a condescendência divina tinha prometido aos
patriarcas e aos profetas».
«Temos
que supor, sem qualquer dúvida, que aquela familiaridade, respeito e altíssima
dignidade que Cristo tributou a José enquanto vivia na terra, como um filho ao
seu pai, não lha negou no céu; pelo contrário, colmou-a e consumou-a».
(S.
bernardino de siena , Sermão 2, sobre São José, 7. 16. 27-30)
«Tomei
por advogado e senhor o glorioso São José e encomendei-me muito a ele. Vi
claramente que assim desta necessidade ,como de outras maiores de honra e perda
de alma, este pai e senhor meu me conseguiu mais bem do que eu lhe sabia pedir.
Não me recordo, até agora, de lhe ter suplicado coisa que tenha deixado de fazer.
É coisa que espanta, as grandes mercês que me fez Deus por intermédio deste
bem-aventurado Santo, dos perigos de que me livrou, tanto do corpo como da
alma; que a outros santos parece que lhes deu o Senhor graça para socorrer numa
necessidade, a este glorioso Santo tenho experiência que socorre em todas e que
o Senhor quer dar-nos a entender que assim como lhe esteve sujeito na terra —
que como tinha o nome de pai, sendo aio, lhe podia mandar — assim no Céu faz
quanto lhe pede».
«Quereria
eu persuadir a todos para que fossem devotos deste glorioso Santo, pela grande
experiência que tenho dos bens que consegue de Deus. Não conheci pessoa que lhe
seja verdadeiramente devota e faça particulares serviços, que não a veja mais
aproveitada na virtude; porque aproveita em grande medida às almas que a ele se
encomendam. Parece-me, há alguns anos, que cada ano no seu dia lhe peço uma
coisa e sempre a vejo cumprida. Se a petição vai algo torcida, ele orienta-a
para maior bem meu».
«Se
fosse pessoa que tivesse autoridade de escrever, de boa vontade me alargaria a
dizer com muito pormenor as mercês que este glorioso Santo me fez a mim e a
outras pessoas; mas para não fazer mais do que me mandaram, em muitas coisas
serei mais curta do que gostaria, noutras mais longa do que devia; enfim, como
quem em tudo que é bom tem pouca discrição. Só peço por amor de Deus que o tente
quem não me creia e verá por experiência o grande bem que é encomendar-se a
este glorioso Patriarca e ter-lhe devoção. Em especial, pessoas de oração
sempre lhe deviam ser aficionadas; que não sei como se pode pensar na Rainha
dos anjos em tanto tempo que passou com o Menino Jesus, que não dêem graças a
São José pelo bem que lhes fez. Quem não encontrar mestre que lhe ensine
oração, tome este glorioso Santo por mestre e não errará no caminho».
(Stª.
teresa de jesus, Livro da sua vida, cap. 6, nn. 6-8)
«Não
estou de acordo com a forma clássica de representar S. José como um homem
velho, apesar da boa intenção de se destacar a perpétua virgindade de Maria. Eu
imagino-o jovem, forte, talvez com alguns anos mais do que a Virgem, mas na
plenitude da vida e das forças humanas.
Para
viver a virtude da castidade não é preciso ser-se velho ou carecer de vigor. A
pureza nasce do amor e a força e a alegria da juventude não constituem
obstáculo para um amor limpo. Jovens eram o coração e o corpo de S. José quando
contraiu matrimónio com Maria, quando soube do mistério da sua Maternidade
Divina, quando viveu junto d'Ela respeitando a integridade que Deus queria
oferecer ao mundo como mais um sinal da sua vinda às criaturas. Quem não for
capaz de compreender um amor assim, conhece muito mal o verdadeiro amor e
desconhece por completo o sentido cristão da castidade».
(S.
josemaria, Cristo que passa, 40)