18/02/2018

A correcção fraterna

A prática da correcção fraterna – que tem tradição evangélica – é uma manifestação de carinho sobrenatural e de confiança. Agradece-a quando a receberes, e não deixes de praticá-la com quem convives. (Forja, 566)

Sede prudentes e actuai sempre com simplicidade, virtude tão própria dos bons filhos de Deus. Sede naturais na vossa linguagem e na vossa actuação. Chegai ao fundo dos problemas; não fiqueis à superfície. Reparai que é preciso contar antecipadamente com o sofrimento alheio e com o nosso, se desejamos deveras cumprir santamente e com honradez as nossas obrigações de cristãos.

Não vos oculto que, quando tenho que corrigir ou tomar uma decisão que fará sofrer alguém, padeço antes, durante e depois; e não sou um sentimental. Consola-me pensar que só os animais não choram; nós, os homens, filhos de Deus, choramos. Sei que em determinados momentos, também vós tereis que sofrer, se vos esforçardes por levar a cabo fielmente o vosso dever. Não vos esqueçais de que é mais cómodo – mas é um descaminho – evitar o sofrimento a todo o custo, com o pretexto de não magoar o próximo; frequentemente o que se esconde por trás desta omissão é uma vergonhosa fuga ao sofrimento próprio, porque normalmente não é agradável fazer uma advertência séria a alguém. Meus filhos, lembrai-vos de que o inferno está cheio de bocas fechadas.

(...) Para curar uma ferida, primeiro limpa-se esta muito bem e inclusivamente ao seu redor, desde bastante distância. O médico sabe perfeitamente que isso dói, mas se omitir essa operação, depois doerá ainda mais. A seguir, põe-se logo o desinfectante; arde – pica, como dizemos na minha terra – mortifica, mas não há outra solução para a ferida não infectar.


Se para a saúde corporal é óbvio que se têm de tomar estas medidas, mesmo que se trate de escoriações de pouca importância, nas coisas grandes da saúde da alma – nos pontos nevrálgicos da vida do ser humano – imaginai como será preciso lavar, como será preciso cortar, como será preciso limpar, como será preciso desinfectar, como será preciso sofrer! A prudência exige-nos intervir assim e não fugir ao dever, porque não o cumprir seria uma falta de consideração e inclusivamente um atentado grave, contra a justiça e contra a fortaleza. (Amigos de Deus, nn. 160–161)

Temas para reflectir e meditar

Defeitos - 1


Deve reflectir-se preferencialmente, sobre as virtudes, as que temos e desejamos fortalecer, e as que não possuímos e nos fazem falta.
Mas convém, penso, reflectir sobre os defeitos, os que temos, evidentemente.
Sem excessivo rigor ou compunção, mas com objectividade e honestamente.
Quer dizer, sem procurar desculpas ou "razões" que só servirão para mascarar a realidade.

Qual será o objectivo?

Naturalmente procurar uma solução para erradicar esse defeito e, isso, pode revelar-se menos complicado ou difícil que possamos pensar.

(AMA, reflexões, 17.01.2017) 

Evangelho e comentário

Tempo de Quaresma

Evangelho: Mc 1, 12-15

12 Em seguida, o Espírito impeliu-o para o deserto. 13 E ficou no deserto quarenta dias. Era tentado por Satanás, estava entre as feras e os anjos serviam-no. 14 Depois de João ter sido preso, Jesus foi para a Galileia, e proclamava o Evangelho de Deus, 15 dizendo: «Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo: arrependei-vos e acreditai no Evangelho.»

Comentários:

São Marcos não se “alarga” muito sobre a estadia do Senhor no deserto.

O seu intuito parece ser unicamente assinalar o começo da vida pública de Jesus e a razão que O trouxe a este mundo.

Tem, contudo, uma “palavra chave”:

«Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo».

Uma vida totalmente nova irá começar, os homens terão objectivos concretos e bem definidos, a Lei não será revogada, mas devidamente explicada e adaptada aos novos tempos.

O “rebanho” de Deus passará a ter um Pastor seguro e fiel.


(AMA, comentário sobre Mc 1, 12-15, 18.10.2017)

Leitura espiritual

RESUMOS DA FÉ CRISTÃ

TEMA 8 Jesus Cristo, Deus e Homem verdadeiro

4. A Humanidade Santíssima de Jesus Cristo

…/2

No que se refere a uma eventual ignorância propriamente dita, é preciso ter presente que «o que neste domínio reconhece ignorar [i] declara, noutro ponto não ter a missão de o revelar [ii]» [iii].
Entende-se que Cristo era humanamente consciente de ser o Verbo e da sua missão salvífica [iv].
Por outro lado, a teologia católica, ao pensar que Cristo possuía já na terra a visão imediata de Deus, negou sempre a existência em Cristo da virtude da fé [v].
Frente às heresias monoenergeta e monotelista que, em lógica continuidade com o monofisismo precedente, afirmavam que em Cristo há uma só operação ou uma só vontade, a Igreja confessou no III Concílio ecuménico de Constantinopla, no ano 681, que «Cristo possui duas vontades e duas operações naturais, divinas e humanas, não opostas mas cooperantes, de forma que o Verbo feito carne quis humanamente, em obediência ao Pai, tudo quanto decidiu divinamente com o Pai e o Espírito Santo para a nossa salvação [vi].
A vontade humana de Cristo “segue a sua vontade divina sem fazer resistência nem oposição em relação a ela, antes estando subordinada a essa vontade omnipotente” [vii]» [viii].

Trata-se de uma questão fundamental pois está directamente relacionada com o ser de Cristo e com a nossa salvação.

São Máximo, o Confessor, distinguiu-se neste esforço doutrinal de clarificação e serviu-se, com grande eficácia, da conhecida passagem da oração de Jesus no Horto, em que aparece o acordo da vontade humana de Cristo com a vontade do Pai [ix].

Consequência da dualidade de naturezas é também a dualidade de operações. Em Cristo há duas operações, as divinas, procedentes da sua natureza divina e as humanas, que procedem da natureza humana.
Fala-se também de operações teândricas para referir aquelas em que a operação humana actua como instrumento da divina: é o caso dos milagres realizados por Cristo.
O realismo da Encarnação do Verbo manifestou-se também na última grande controvérsia cristológica da época patrística: a disputa sobre as imagens.

O costume de representar Cristo, em frescos, ícones, baixos-relevos, etc., é antiquíssima e existem testemunhos que remontam, pelo menos, ao século segundo.

A crise iconoclasta produziu-se em Constantinopla no início do século VIII e teve origem numa decisão do Imperador.
Já antes tinha havido teólogos que se tinham mostrado, ao longo dos séculos, partidários ou contrários ao uso das imagens, mas ambas as tendências tinham coexistido pacificamente.
Os opositores costumavam aduzir que Deus não tem limites e não pode, portanto, encerrar-se no interior dumas linhas, duns traços, não se pode circunscrever.
No entanto, como assinalou São João Damasceno é a própria Encarnação que circunscreve o Verbo que não se pode circunscrever «Uma vez que o Verbo se fez carne, assumindo uma verdadeira natureza humana, o corpo de Cristo era circunscrito. Portanto, o rosto humano de Jesus pode ser “pintado” [x]» [xi].

No II Concílio ecuménico de Niceia, do ano 787, «a Igreja reconheceu como legítimo que Ele fosse representado em santas imagens» [xii].

Com efeito, «as particularidades individuais do corpo de Cristo exprimem a pessoa divina do Filho de Deus.
Este fez seus, os traços do seu corpo humano de tal modo que, pintados numa imagem sagrada, podem ser venerados porque o crente que venera a Sua imagem, venera nela a pessoa nela representada» [xiii].

A alma de Cristo, ao não ser divina por essência, mas humana, foi aperfeiçoada, como as almas dos outros homens, mediante a graça habitual, que é «um dom habitual, uma disposição estável e sobrenatural que aperfeiçoa a alma, mesmo para a tornar capaz de viver com Deus e de agir por seu amor» [xiv].
Cristo é santo, como anunciou o arcanjo S. Gabriel a S. Santa Maria na Anunciação [xv].
A humanidade de Cristo é radicalmente santa, fonte e paradigma de santidade de todos os homens.

Pela Encarnação, a natureza humana de Cristo foi elevada à maior união com a divindade – com a Pessoa do Verbo – à qual criatura alguma pode ser elevada.
Do ponto de vista da humanidade do Senhor, a união hipostática é o maior dom que jamais se tenha podido receber, e costuma conhecer-se com o nome de graça de união.

Pela graça habitual a alma de Cristo foi divinizada com essa transformação que eleva a natureza e as operações da alma ao plano da vida íntima de Deus, proporcionando às suas operações sobrenaturais uma conaturalidade que, de outro modo, não teria.

A sua plenitude de graça implica também a existência das virtudes infusas e dos dons do Espírito Santo.
Desta plenitude de graça de Cristo, «todos recebemos, graça sobre graça» [xvi].
A graça e os dons foram outorgados a Cristo não só em atenção à sua dignidade de Filho, mas também em atenção à sua missão de novo Adão e Cabeça da Igreja.
Por isso, fala-se duma graça capital em Cristo, que não é uma graça distinta da graça pessoal do Senhor, mas um aspecto dessa mesma graça que sublinha a sua acção santificadora sobre os membros da Igreja.

A Igreja, com efeito, «é o Corpo de Cristo» [xvii], um Corpo «cuja cabeça é Cristo: ela vive d’Ele, n’Ele e para Ele; e Ele vive com ela e nela» [xviii].

O Coração do Verbo encarnado. «Jesus, conheceu-nos e amou-nos, a todos e a cada um, durante a Sua vida, a Sua agonia e a Sua paixão, entregando-Se por cada um de nós: “O Filho de Deus amou-me e entregou-Se por mim”.
Amou-nos a todos com um coração humano» [xix].

Por este motivo, o Sagrado Coração de Jesus «é considerado sinal e símbolo, por excelência daquele amor com que o divino Redentor ama, sem cessar, o eterno Pai e todos os homens» [xx].

José Antonio Riestra

Bibliografia básica:
Catecismo da Igreja Católica, 422-483. Bento XVI-Joseph Ratzinger, Jesus de Nazaré, Esfera dos Livros, Lisboa 2007, pp. 395435. Leituras recomendadas A. Amato, Jesús el Señor, BAC, Madrid 1998. F. Ocáriz – L.F. Mateo Seco – J.A. Riestra, El misterio de Jesucristo, 3ª ed., EUNSA, Pamplona 2004.

Notas





[i] cf. Mc 13, 32
[ii] cf. Act 1, 7
[iii] Catecismo, 474
[iv] Cf. Comissão Teológica Internacional, La conciencia que Jesús tenía de Sí mismo y de su misión (1985), em ID., Documentos 1969-1996, 2ª ed., BAC, Madrid 2000, 377-391.
[v] Cf. Congregação para a Doutrina da Fé, Notificação, n. V, 26-XI-2006.
[vi] cf. DS 556-559
[vii] DS 556
[viii] Catecismo, 475
[ix] cf. Mt 26, 39
[x] Gl 3, 2
[xi] Catecismo, 476
[xii] Catecismo, 476
[xiii] Concílio de Niceia II, DS 601. 
[xiv] Catecismo, 2000
[xv] Lc 1, 35
[xvi] Jo 1, 16
[xvii] Catecismo, 805
[xviii] Catecismo, 807
[xix] Catecismo, 478
[xx] cf. ibidem

Tratado da vida de Cristo 191

Os sacramentos em geral 

Questão 60: Dos Sacramentos

Art. 7 — Se os sacramentos exigem palavras determinadas.

O sétimo discute-se assim. — Parece que os sacramentos não exigem palavras determinadas.

1. — Pois, como diz o Filósofo as palavras não são as mesmas para todos. Ora, a salvação que alcançamos por meio dos sacramentos, é a mesma para todos. Logo, os sacramentos não exigem palavras determinadas.

2. Demais. — Os sacramentos implicam a palavra, cuja principal função dela é ser significativa, como se disse. Ora, diversas palavras podem significar a mesma coisa. Logo, os sacramentos não exigem palavras determinadas.

3. Demais. — A corrupção de um ser muda-lhe a espécie. Ora, ALGUNS proferem corruptamente as palavras, mas nem por isso se crê que fica impedido o efeito dos sacramentos; do contrário os iletrados e os gagos, que conferissem os sacramentos, frequentemente introduziram defeitos neles. Logo, parece que os sacramentos não requerem palavras determinadas.

Mas, em contrário, o Senhor proferiu palavras determinadas na consagração do sacramento da Eucaristia, dizendo: Este é o meu corpo. Semelhantemente, também mandou aos discípu­los batizarem sob uma determinada forma de palavras, conforme está no Evangelho: Ide e ensinai a todas as gentes, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

Como dissemos, nos sacramentos as palavras desempenham o papel de forma, e as coisas sensíveis o de matéria. Ora, em todos os seres compostos de matéria e forma, o princípio da determinação procede da forma, que é de certo modo o fim e o termo da matéria. Por isso, um ser, na sua essência, implica mais principalmente uma forma determinada, que uma determinada matéria; pois, a matéria determinada é necessário seja proporcionada a uma determinada forma. Ora como os sacramentos requerem determinadas coisas sensíveis, que neles desempenham o papel de matéria, com muito maior razão exigem uma determinada forma de palavras.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. Como diz Agostinho, a palavra opera nos sacramentos, não por serem proferidas, isto é, não pelo som exterior da voz, mas por serem cridas, isto é, pelo sentido delas, apreendido pela fé. Ora, esse sentido é o mesmo para todos, embora as palavras não tenham o mesmo som. Donde, o sacramento se perfaz, uma vez existente o referido sentido das palavras, qualquer que seja a língua.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Embora em qualquer língua palavras diversas possam significar a mesma coisa, sempre, contudo. uma dessas palavras é a que mais principal e comumente usam os que falam a língua, para significar tal coisa. E essa deve ser a palavra empregada na significação do sacramento. Assim como também dentre as coisas sensíveis tornamos aquela, para a significação do sacramento, cujo uso é mais comum, para exprimir o acto pelo qual é significado o efeito do sacramento. Tal a água, de que os homens usam mais comumente para lavar o corpo, o que significa a ablução espiritual; por isso foi à água escolhida como a matéria do batismo.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Quem profere corruptas as palavras sacramentais, se por indústria o fizer, não intenciona fazer o que faz a Igreja e, portanto não consuma o sacramento. ­ Se o fizer, porém por erro ou lapso da língua e for a corruptela tanta que prive totalmente de sentido a locução, não perfaz o sacramento. E isto, sobretudo se dá quando a corruptela está no princípio da dicção; tal o caso de quem em vez de dizer — em nome do Pai, dissesse — em nome da mãe. – Se, porém, a referida corruptela não privar totalmente de sentido a locução, então perfaz-se o sacramento. O que, sobretudo acontece quando a corruptela vem no fim; por exemplo: se alguém dissesse pátrias et filias. Pois, embora essas palavras assim proferidas nada signifiquem quando empregadas, concede-se, porém que sejam significativas pela acomodação do uso. Por isso, embora seja mudado o som sensível, permanece. contudo, o mesmo sentido. ­ Isso porém que fica dito, sobre a diferença da corruptela no princípio ou no fim da dicção, se funda em que, para nós, o variar da dicção no princípio muda o sentido, ao passo que a variação final não o muda, no mais das vezes. Mas entre os gregos o sentido varia, mesmo no princípio da dicção, em declinação das palavras. ­ Mas sobretudo devemos atender à grandeza da corruptela relativamente a dicção. Pois, tanto no fim como no principio pode ela ser tão pequena que não tire o sentido às palavras; e tão grande que o tire. Um desses defeitos, porém, mais facilmente resulta da corrupção no princípio e o outro, na do fim.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.



Pequena agenda do cristão

DOMINGO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?