09/02/2018

O mandamento novo do amor

Jesus Nosso Senhor amou tanto os homens, que encarnou, tomou a nossa natureza e viveu em contacto diário com pobres e ricos, com justos e pecadores, com novos e velhos, com gentios e judeus. Dialogou constantemente com todos: com os que gostavam dele e com os que só procuravam a maneira de retorcer as suas palavras, para o condenar. – Procura comportar-te como Nosso Senhor. (Forja, 558)

Compreende-se muito bem a impaciência, a angústia, os inquietos anseios daqueles que, com uma alma naturalmente cristã, não se resignam perante a injustiça individual e social que o coração humano é capaz de criar. Tantos séculos de convivência dos homens entre si, e ainda tanto ódio, tanta destruição, tanto fanatismo acumulado em olhos que não querem ver e em corações que não querem amar!

Os bens da Terra, repartidos entre muito poucos; os bens da cultura, encerrados em cenáculos... E, lá fora, fome de pão e de sabedoria; vidas humanas – que são santas, porque vêm de Deus – tratadas como simples coisas, como números de uma estatística! Compreendo e compartilho dessa impaciência, levantando os olhos para Cristo, que continua a convidar-nos a pormos em prática o mandamento novo do amor.


É preciso reconhecer Cristo que nos sai ao encontro nos nossos irmãos, os homens. Nenhuma vida humana é uma vida isolada; entrelaça-se com as demais. Nenhuma pessoa é um verso solto; todos fazemos parte de um mesmo poema divino, que Deus escreve com o concurso da nossa liberdade. (Cristo que passa, 111)

Temas para meditar e reflectir

Sensações e outras experiências


Como não sou nem psicólogo nem "vidente", só posso abordar esta questão sob ponto de vista de homem de fé cristã.

Aquilo que algumas vezes sentimos - por vezes de forma tão real - são, para mim, manifestações Espírito Santo.

Ocorrem, quase sempre, em situações de grande "pressão" interior que os sentimentos, como por exemplo as saudades ou a solidão se tornam, por assim dizer, mais prementes, condicionam o espírito e, até, o comportamento.

E vêm as lágrimas, o sentimento de perda, alguma angústia.

Pode e deve resolver-se o assunto pedindo ajuda ao Espírito Santo.
A experiência própria diz-me que Ele não deixa de corresponder da forma que Ele achar mais conveniente.

Um sentimento, uma sensação de carícia, - algo espiritual ou físico - e tudo fica resolvido com um resultado que se traduz em paz e tranquilidade.

Repito, tenho experiência pessoal e nem me assusto, nem tenho dúvidas, nem me interrogo sob se são fenómenos metafísicos ou "paranormais"

Acredito no Espírito Santo e, sobretudo, agradeço.



(ama, reflexões, Carvide, 2016.10.28)

Evangelho e comentário

Tempo Comum

Evangelho: Mc 7, 31-37

31 Tornando a sair da região de Tiro, veio por Sídon para o mar da Galileia, atravessando o território da Decápole. 32 Trouxeram-lhe um surdo tartamudo e rogaram-lhe que impusesse as mãos sobre ele. 33 Afastando-se com ele da multidão, Jesus meteu-lhe os dedos nos ouvidos e fez saliva com que lhe tocou a língua. 34 Erguendo depois os olhos ao céu, suspirou dizendo: «Effathá», que quer dizer «abre-te.» 35 Logo os ouvidos se lhe abriram, soltou-se a prisão da língua e falava correctamente. 36 Jesus mandou-lhes que a ninguém revelassem o sucedido; mas quanto mais lho recomendava, mais eles o apregoavam. 37 No auge do assombro, diziam: «Faz tudo bem feito: faz ouvir os surdos e falar os mudos.»

Comentários:

«Effathá», abre-te! E, a estas palavras, abriram-se os ouvidos do surdo!

Muitas vezes esperamos por algo semelhante, a exclamação que nos desperte da nossa modorra, um gesto que nos urja a levantarmo-nos do nosso torpor e a seguir o caminho, enfim, algo que nos entusiasme, nos anime e faça decidir a continuar o caminho traçado.
E, algumas vezes, nada disto acontece, ou melhor, não nos damos conta que aconteça, de tal forma estamos absorvidos com os nossos próprios problemas e as soluções que procuramos para os mesmos. Entregamo-nos com ardor e pertinácia na busca dessas soluções, desses remédios e descuramos o que está mesmo à nossa frente, ao nosso alcance.

Ele que nos diz, «Effathá», não nos deixa nunca, não se afasta e, quando nos afastamos – porque somos nós que nos afastamos – espera pacientemente que retrocedamos sobre os nossos passos e nos deixemos curar pela Sua ciência de Médico Divino.


(ama, comentário sobre Mc 7, 31-37, V. Moura, 19.09.2012)

Leitura espiritual

RESUMOS DA FÉ CRISTÃ

TEMA 5 A Santíssima Trindade

É o mistério central da fé e da vida cristã. Os cristãos são baptizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.  

1. A revelação de Deus uno e trino

«O mistério central da fé e da vida cristã é o mistério da Santíssima Trindade.
Os cristãos são baptizados no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo» [i].

Toda a vida de Jesus é revelação do Deus Uno e Trino: na anunciação, no nascimento, no episódio da Sua perda e encontro no Templo quando tinha doze anos e na Sua morte e ressurreição, Jesus revela-Se como Filho de Deus de uma forma nova relativamente à filiação conhecida por Israel.

Além disso, no momento do Seu baptismo, ao iniciar a Sua vida pública, o próprio Pai testemunha ao mundo que Cristo é o Filho Amado [ii] descendo sobre Ele o Espírito em forma de pomba.
A esta primeira revelação explícita da Trindade corresponde a manifestação paralela na Transfiguração, que introduz o mistério Pascal [iii].

Finalmente, ao despedir-Se dos Seus discípulos, Jesus envia-os a baptizar em nome das três Pessoas divinas, para que seja comunicada a todo o mundo a vida eterna do Pai, do Filho e do Espírito Santo [iv].

No Antigo Testamento, Deus tinha revelado a Sua unicidade e o Seu amor para com o povo eleito: Yahwé era como um Pai.
Mas, depois de ter falado muitas vezes pelos profetas, Deus falou por meio de Seu Filho [v], revelando que Yahvé não só é como um Pai, mas que é Pai [vi].

Jesus dirige-se a Ele na Sua oração com o termo aramaico Abba, usado pelas crianças israelitas para se dirigirem ao seu próprio pai [vii] e distingue sempre a Sua filiação da dos discípulos.

Isto é tão chocante, que se pode dizer que a verdadeira razão da crucifixão é justamente o facto de Se chamar a si mesmo Filho de Deus em sentido único.

Trata-se de uma revelação definitiva e imediata [viii], porque Deus se revela com a Sua Palavra:
não podemos esperar outra revelação, enquanto Cristo é Deus [ix] que se nos dá, enxertando-nos na vida que emana do regaço de Seu Pai.
Em Cristo, Deus abre e entrega a Sua intimidade, que de per si seria inacessível ao homem apenas por meio das suas forças [x].

Esta mesma revelação é um acto de amor, porque o Deus pessoal do Antigo Testamento abre livremente o Seu coração e o Unigénito do Pai sai ao nosso encontro, para Se fazer uma só coisa connosco e levar-nos de regresso ao Pai [xi].

Trata-se de algo que a filosofia não podia adivinhar, porque radicalmente apenas pode ser conhecido mediante a fé.

2. Deus na Sua vida íntima

Deus não só possui uma vida íntima, mas Deus é – identifica-se com – a Sua vida íntima, uma vida caracterizada por eternas relações vitais de conhecimento e de amor, que nos levam a expressar o mistério da divindade em termos de processões.

De facto, os nomes revelados das três Pessoas divinas exigem que se pense em Deus como o proceder eterno do Filho do Pai e na mútua relação – também eterna – do Amor que «procede do Pai» [xii] e «toma do Filho» [xiii], que é o Espírito Santo.

A Revelação fala-nos, assim, de duas processões em Deus: a geração do Verbo [xiv] e a processão do Espírito Santo.

Com a característica peculiar de que ambas são relações imanentes, porque estão em Deus: mais ainda, são o próprio Deus, enquanto Deus é Pessoal; quando falamos de processão, pensamos habitualmente em algo que sai de outro e implica mudança e movimento.

Visto que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus Uno e Trino [xv], a melhor analogia com as processões divinas podemos encontrá-la no espírito humano, onde o conhecimento que temos de nós próprios não sai para o exterior: o conceito que fazemos de nós é distinto de nós mesmos, mas não está fora de nós.
O mesmo se pode dizer do amor que temos para connosco.
De forma parecida, em Deus o Filho procede do Pai e é Imagem Sua, da mesma forma como o conceito é imagem da realidade conhecida.
Só que esta Imagem em Deus é tão perfeita que é Deus mesmo, com toda a Sua infinitude, a Sua eternidade, a Sua omnipotência: o Filho é uma só coisa com o Pai, o próprio Algo, essa é a única e indivisa natureza divina, embora seja outro Alguém.

O Símbolo de Niceia-Constantinopla exprime-o com a fórmula «Deus de Deus, Luz de Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro».

O facto é que o Pai gera o Filho dando-Se a Ele, entregando-Lhe a Sua substância e a Sua natureza, não em parte, como acontece na geração humana, mas perfeita e infinitamente.

O mesmo se pode dizer do Espírito Santo, que procede como o Amor do Pai e do Filho.
Procede de ambos, porque é o Dom eterno e incriado que o Pai entrega ao Filho gerando-O e que o Filho devolve ao Pai como resposta ao Seu Amor.

Este Dom é Dom de si, porque o Pai gera o Filho comunicando-Lhe total e perfeitamente o Seu próprio Ser mediante o Seu Espírito. A terceira Pessoa é, portanto, o Amor mútuo entre o Pai e o Filho [xvi].

O nome técnico desta segunda processão é espiração.

Seguindo a analogia do conhecimento e do amor, pode dizer-se que o Espírito procede como a vontade que se move para o Bem conhecido.
 Estas duas processões chamam-se imanentes e diferenciam-se radicalmente da criação, que é transeunte, no sentido de que é algo que Deus faz para fora de Si.
Tratando-se de processões dão conta da distinção em Deus, enquanto que ao serem imanentes dão razão da unidade.

Por isso, o mistério do Deus Uno e Trino não pode ser reduzido a uma unidade sem distinções, como se as três Pessoas fossem apenas três máscaras; ou a três seres sem unidade perfeita, como se se tratasse de três deuses distintos, embora juntos.

(cont)

Giulio Maspero

Notas:




[i] Compêndio, 44
[ii] cf. Mt 3, 1317 e par.
[iii] cf. Mt 17, 1-5 e par.
[iv] cf. Mt 28, 19
[v] cf. Hb 1, 1-2
[vi] cf. Compêndio, 46
[vii] cf. Mc 14, 36
[viii] Cf. SãoTomás de Aquino, In Epist. Ad Gal., c. 1, lect. 2.
[ix] cf., p. ex., Jo 20, 17
[x] «Deus deixou alguns traços do seu ser trinitário na criação e no Antigo Testamento, mas a intimidade do seu Ser como Trindade Santa constitui um mistério inacessível à razão humana sozinha e mesmo à fé de Israel, antes da Encarnação do Filho de Deus e do envio do Espírito Santo. Tal mistério foi revelado por Jesus Cristo e é a fonte de todos os outros mistérios» (Compêndio, 45).
[xi] cf. Jo 1, 18
[xii] Jo 15, 26
[xiii] Jo 16, 14
[xiv] Cf. Jo 17. 6
[xv] cf. Gn 1, 26-27
[xvi] O Espírito Santo «é a terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Ele é Deus, uno e igual ao Pai e ao Filho; Ele “procede do Pai” (Jo 15, 26), o qual, princípio sem princípio, é origem de toda a vida trinitária. E procede também do Filho (Filioque), pelo dom eterno que o Pai faz de Si ao Filho. Enviado pelo Pai e pelo Filho encarnado, o Espírito Santo conduz a Igreja “ao conhecimento da verdade total” (Jo 16, 13)» (Compêndio, 47).

Devoción a la Virgen


El museo con más rosarios del mundo: los hay de presidentes, de la hermana Lucía, de clérigos famosos…

Doutrina – 400

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ
SEGUNDA SECÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ
CAPÍTULO TERCEIRO

CREIO NA SANTA IGREJA CATÓLICA

Os fiéis: hierarquia, leigos, vida consagrada

178. Como é formado o povo de Deus?


Na Igreja, por instituição divina, existem os ministros sagrados que receberam o sacramento da Ordem e formam a hierarquia da Igreja. Os outros são chamados leigos.

De uns e de outros, provêm fiéis, que se consagram de modo especial a Deus com a profissão dos conselhos evangélicos: castidade no celibato, pobreza e obediência.

Pequena agenda do cristão

Sexta-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:

Contenção; alguma privação; ser humilde.


Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.

Lembrar-me:
Filiação divina.

Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?