21/10/2015

NUNC COEPI o que pode ver em 21 de Out

Publicações em Out 21

São Josemaria – Textos

CEP, Nota pastoral (CEP), Os católicos e a Sociedade, Virtudes

Bento XVI - Pensamentos espirituais

AMA - Comentários ao Evangelho Lc 12 39-48, São Josemaria - Leitura espiritual (Temas actuais do cristianismo)

Evolução do cristianismo – vídeo

JMA (Diálogos)

Suma Teológica - Tratado da Vida de Cristo - Quest 35 - Art 8, São Tomás de Aquino


Agenda Quarta-Feira

DIÁLOGOS COM O DIABO (11)

Diz ele: Vês, precisavas agora de ajuda para escreveres os tópicos para o que deves falar naquele tema na Igreja, e Ele nada te diz? Vês, como Ele não está sempre contigo?

Digo eu: Estás enganado e queres-me enganar. Claro que Ele está sempre comigo, eu é que nem sempre estou com Ele, ou melhor, nem sempre estou aberto para O ouvir.

Diz ele: Podes dizer o que quiseres, mas a verdade é que ainda não escreveste nada e nem uma ideia te veio à cabeça!

Digo eu: Pois, o problema deve estar aí! Estou a pensar demasiado com a cabeça e muito pouco com o coração.

Diz ele: O que queres tu dizer com isso?

Digo eu: Quero dizer que estou a querer fazer apenas por mim, aquilo que Ele quer que eu faça com Ele, segundo a sua vontade.

Diz ele: E como sabes tu isso?

Digo eu: Já sabia antes, mas agora tenho a certeza!

Diz ele: Essa é boa, porquê?

Digo eu: Porque tu me vieste “atazanar” a paciência, o que significa que te deixei entrar um pouco na minha cabeça e assim me distraíres do que é realmente importante.

Diz ele: Vou-me embora, és um ignorante!

Digo eu: Vai, vai, que vou invocar o Espírito Santo e onde Ele está, tu não podes estar. E como vês, Ele está sempre comigo e com todos que a Ele se abrem, de tal modo que até me deu para escrever este texto.


Joaquim Mexia Alves

Monte Real, 13 de Outubro de 2015

Evolução do cristianismo - Vídeo


Tratado da vida de Cristo 44

Questão 35: Da natividade de Cristo

Art. 8 — Se Cristo nasceu no tempo conveniente.

O oitavo discute-se assim. — Parece que Cristo não nasceu no tempo conveniente.


1. — Pois, Cristo veio ao mundo a fim de dar liberdade aos seus filhos. Ora, nasceu num tempo de escravidão, em que todo o mundo é descrito como sujeito ao império de Augusto, quase feito dele tributário, como refere o Evangelho. Logo, parece que Cristo não nasceu no tempo conveniente.

2. Demais. — As promessas sobre o nascimento de Cristo não foram feitas aos gentios, segundo o Apóstolo: Dos quais é a promessa. Ora, Cristo nasceu num tempo em que governava um rei alienígena, como se lê no Evangelho: Tendo nascido Jesus no tempo do rei Herodes. Logo, parece que não nasceu no tempo conveniente.

3. Demais. — O tempo da presença de Cristo no mundo é comparado ao dia, por ser a luz do mundo, como ele próprio disse: Importa que eu faça as obras daquele que me enviou enquanto é dia. Ora, no verão os dias são mais longos que no inverno. Logo, tendo nascido no rigor do inverno, no oitavo dia das Kalendas de Janeiro, parece que não nasceu no tempo conveniente.

Mas, em contrário, O Apóstolo: Quando veio o cumprimento do tempo, enviou Deus a seu filho, feito de mulher, feito sujeito à lei.

A diferença entre Cristo e os outros homens está em que estes nascem sujeitos às exigências do tempo, ao passo que Cristo, como Senhor e Criador de todos os tempos, escolheu para si o tempo em que nascesse, como escolheu sua mãe e a sua pátria. E como as coisas que há foram por Deus ordenadas e convenientemente dispostas, resulta que Cristo nasceu no tempo mais conveniente.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Cristo veio tirar-nos do estado de escravidão para nos dar a liberdade. Por isso, assim como assumiu a nossa mortalidade, para nos dar a vida, assim, no dizer de Beda, dignou-se incarnar no tempo em que logo depois de nascido, foi inscrito no censo o e César, conquistando assim a nossa liberdade com a sua escravidão. - E além disso, nesse tempo, quando todo o mundo estava sujeito ao mesmo poder, reinava a máxima paz. Por isso, convinha que em tal tempo nascesse Cristo, que é a nossa paz, ele que de dois fez um, como diz o Apóstolo. Donde o dizer Jerónimo: Se perscrutarmos as histórias antigas, veremos que até o vigésimo oitavo ano de César Augusto, houve discórdias em todo o universo: mas, com o nascimento do Senhor, cessaram todas as guerras, como o diz a Escritura: Não levantará a espada uma nação contra outra nação. - Era também conveniente que num tempo em que um só príncipe governava todo o mundo. Cristo nascesse, ele que vinha congregar os seus numa mesma unidade, a fim de existir um só rebanho e um só pastor, no dizer do Evangelho.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Cristo quis nascer no tempo em que governava um rei alienígena para se cumprir a profecia de Jacob, que reza: Não se tirará o ceptro de Judá, nem general que proceda da sua coxa, a menos que não venha aquele que deve ser enviado. Pois, como diz Crisóstomo, enquanto a gente judaica era governada pelos judeus, embora pecadores, os profetas eram enviados para salvá-la. Mas então nasceu Cristo, quando a lei de Deus dependia do poder de um rei iníquo; porque, uma doença grave e desesperadora exigia um médico mais perito.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Como se disse, Cristo quis nascer quando começou a tomar incremento a luz do dia, para mostrar que vinha para fazer crescerem os homens na luz divina, como diz o Evangelho: Para alumiar os que vivem de assento nas trevas e na sombra da morte. - Semelhantemente, escolheu para tempo da sua natividade o rigor do inverno, a fim de sofrer por nós os padecimentos da carne.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.



Pequena agenda do cristão


Quarta-Feira




(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?



Bento XVI – Pensamentos espirituais 74

 O risco


Para nós, o perigo é que a memória do mal, dos males sofridos, se sobreponha frequentemente à do bem.

O salmo [cfr. SI 136 (135)] serve também para despertar de novo em nós a memória do bem, de tanto bem que o Senhor nos fez e faz e que só podemos ver se tivermos o coração atento: é verdade, a misericórdia de Deus é eterna e está presente dia após dia.


Catequese da audiência geral.

(16.Nov.05)


 (in “Bento XVI, Pensamentos Espirituais”, Lucerna 2006)

Senhor, a sério que quero ser santo

Que a tua vida não seja uma vida estéril. – Sê útil. – Deixa rasto. – Ilumina, com o resplendor da tua fé e do teu amor. Apaga, com a tua vida de apóstolo, o rasto viscoso e sujo que deixaram os semeadores impuros do ódio. – E incendeia todos os caminhos da Terra com o fogo de Cristo que levas no coração. (Caminho, 1)

Procuremos fomentar no fundo do coração um desejo ardente, um empenho grande por alcançar a santidade, apesar de nos vermos cheios de misérias. Não se assustem; à medida que se avança na vida interior, conhecem-se com mais clareza os defeitos pessoais. O que acontece é que a ajuda da graça se transforma como que numa lente de aumentar e o mais pequeno cotão, o grãozinho de areia quase imperceptível aparecem com dimensões gigantescas, porque a alma adquire a finura divina e até a sombra mais pequena incomoda a consciência, que só gosta da limpeza de Deus. Diz-lhe agora, do fundo do coração: Senhor, a sério que quero ser santo, a sério que quero ser um teu discípulo digno e seguir-te sem condições. E depois, hás-de propor a ti próprio a intenção de renovar diariamente os grandes ideais que te animam nestes momentos. (Amigos de Deus, 20)




Temas para meditar - 524

Ser cristão



Nós discípulos de Jesus Cristo, temos de ser semeadores de fraternidade em todos os momentos e em todas as circunstâncias da vida.

Quando um homem ou uma mulher vivem intensamente o espírito cristão, todas as suas actividades e relações reflectem e comunicam a caridade de Deus e os bens do Reino.

É preciso que nós cristãos, saibamos pôr nas nossas relações quotidianas de família, amizade, vizinhança, trabalho e divertimento, o selo do amor cristão, que é simplicidade, veracidade, fidelidade, mansidão, generosidade, solidariedade e alegria.


(Conferência Episcopal Espanhola, Instr. Past. Los católicos en la vida pública, 22.04.1986, 111., trad ama)

Evangelho, comentário, L. espiritual


Tempo comum XXIX Semana


Evangelho: Lc 12, 39-48

39 Sabei que, se o pai de família soubesse a hora em que viria o ladrão, vigiaria sem dúvida e não deixaria arrombar a sua casa. 40 Vós, pois, estai preparados porque, na hora que menos pensais, virá o Filho do Homem». 41 Pedro disse-lhe: «Senhor, dizes esta parábola só para nós ou para todos?». 42 O Senhor respondeu: «Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor estabelecerá sobre as pessoas da sua casa, para dar a cada um, a seu tempo, a ração alimentar? 43 Bem-aventurado aquele servo a quem o senhor, quando vier, achar procedendo assim. 44 Na verdade vos digo que o constituirá administrador de tudo quanto possui. 45 Porém, se aquele servo disser no seu coração: O meu senhor tarda em vir, e começar a espancar os criados e as criadas, a comer, a beber e a embriagar-se, 46 chegará o senhor desse servo, no dia em que ele não o espera, e na hora em que ele não sabe; castigá-lo-á severamente e pô-lo-á à parte com os infiéis. 47 Aquele servo, que conheceu a vontade do seu senhor e nada preparou, e não procedeu conforme a sua vontade, levará muitos açoites. 48 Quanto àquele que, não a conhecendo, fez coisas dignas de castigo, levará poucos açoites. Porque a todo aquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e aquele a quem muito confiaram, mais contas lhe pedirão.

Comentário:

A lógica irrefutável das palavras do Senhor, permanecerão para sempre como um “padrão” de conduta.

Quem mais tem mais se obriga, poderíamos sintetizar.

Quanto mais se recebe mais tem de repartir, é a conclusão.

(ama, comentário sobre Lc 12, 39-48, 2014.10.22)


Leitura espiritual


São Josemaria Escrivá




Temas actuais do cristianismo

62             

pergunta:

Sabemos que pertencem ao Opus Dei homens e mulheres de todas as condições sociais, solteiros ou casados.
Qual é, pois, o elemento comum que caracteriza a vocação para a Obra?
Que compromissos assume cada sócio para realizar os fins do Opus Dei?

resposta:

Vou dizer-lho em poucas palavras: procurar a santidade no meio do mundo, no meio da rua.
Quem recebe de Deus a vocação específica para o Opus Dei sabe e vive que deve alcançar a santidade no seu próprio estado, no exercício do seu trabalho, manual ou intelectual.
Disse sabe e vive, porque não se trata de aceitar um simples postulado teórico, mas de o realizar dia a dia, na vida ordinária.

Querer alcançar a santidade - apesar dos erros e das misérias pessoais, que durarão enquanto vivermos - significa esforçar-se, com a graça de Deus, por viver a caridade, plenitude da lei e vínculo da perfeição.
A caridade não é algo de abstracto; quer dizer entrega real e total ao serviço de Deus e de todos os homens: desse Deus que nos fala no silêncio da oração e no rumor do mundo; desses homens, cuja existência se cruza com a nossa.

Vivendo a caridade - o Amor -, vivem-se todas as virtudes humanas e sobrenaturais do cristão, que formam uma unidade e que não se podem reduzir a enumerações exaustivas.
A caridade exige que se viva a justiça, a solidariedade, a responsabilidade familiar e social, a pobreza, a alegria, a castidade, a amizade...

Vê-se imediatamente que a prática destas virtudes conduz ao apostolado.
Mais, é já apostolado.
Porque, ao procurar viver assim, no meio do trabalho diário, a conduta cristã torna-se bom exemplo, testemunho, ajuda concreta e eficaz: aprende-se a seguir as pisadas de Cristo, que coepit facere et docere [i], que começou a fazer e a ensinar, unindo ao exemplo a palavra. Por isso, chamei a este trabalho, há já quarenta anos, apostolado de amizade e confidência.

Todos os sócios do Opus Dei têm este mesmo afã de santidade e de apostolado.
Por isso, na Obra não há graus ou categorias de membros.
O que há é uma multiplicidade de situações pessoais - a situação que cada um tem no mundo - a que se adapta a mesma e única vocação específica e divina: a chamada a entregar-se, a empenhar-se pessoalmente, livremente e responsavelmente, no cumprimento da vontade de Deus manifestada para cada um de nós.

Como pode ver, o fenómeno pastoral do Opus Dei é algo que nasce de baixo, quer dizer, da vida corrente do cristão que vive e trabalha junto dos outros homens.
Não está na linha de uma mundanização - dessacralização - da vida monástica ou religiosa: não é o último estádio de aproximação dos religiosos ao mundo.

Aquele que recebe a vocação para o Opus Dei adquire uma nova visão das coisas que tem à sua volta: luzes novas nas suas relações sociais, na sua profissão, nas suas preocupações, nas suas tristezas e nas suas alegrias; mas nem por um momento deixa de viver no meio de tudo isso.
E não se pode de modo algum falar de adaptação ao mundo, ou à sociedade moderna: ninguém se adapta àquilo que tem como próprio; naquilo que se tem como próprio está-se.
A vocação recebida é igual à que surgia na alma daqueles pescadores, camponeses, comerciantes ou soldados que, sentados ao pé de Jesus Cristo na Galileia, O ouviam dizer: sede perfeitos, como vosso Pai celestial é perfeito [ii].

Repito que esta perfeição - que os sócios do Opus Dei procuram - é a perfeição própria do cristão, sem mais: quer dizer, aquela a que são chamados todos os cristãos e que implica viver integralmente as exigências da fé.
Não nos interessa a perfeição evangélica, que se considera própria dos religiosos e de algumas instituições assimiladas aos religiosos; e ainda menos nos interessa a chamada vida de perfeição evangélica, que se refere canonicamente ao estado religioso.

O caminho da vocação religiosa parece-me bendito e necessário na Igreja, e quem não o estimasse não teria o espírito da Obra.
Mas esse caminho não é o meu nem o dos sócios do Opus Dei. Pode-se dizer que, ao virem ao Opus Dei, todos e cada um dos seus sócios o fizeram com a condição explícita de não mudar de estado.
A nossa característica específica é santificar o próprio estado no mundo, e procurar que cada um dos sócios se santifique no lugar do seu encontro com Cristo: este é o compromisso que cada sócio assume para realizar os fins do Opus Dei.

63             

pergunta:

Como é organizado a Opus Dei?

resposta:

Se a vocação para a Obra, como acabo de lhe dizer, encontra o homem ou a mulher na sua vida normal, no meio do seu trabalho, compreenderá que o Opus Dei não assente em comités, assembleias, encontros, etc.
Algumas vezes, perante o assombro de alguém, cheguei a dizer que o Opus Dei neste sentido é uma organização desorganizada.
A maioria dos sócios - a quase totalidade - vive por sua conta, no lugar em que viveria se não fosse do Opus Dei: na sua casa, com a sua família, no sítio em que tem o seu trabalho.

E aí onde está, cada membro da Obra cumpre o fim do Opus Dei: procurar ser santo, fazendo da sua vida um apostolado ordinário, corrente, miúdo se quiser, mas perseverante e divinamente eficaz.
Isto é o que importa: e para alimentar esta vida de santidade e de apostolado cada um recebe do Opus Dei a necessária ajuda espiritual, o conselho, a orientação.
Mas apenas no terreno estritamente espiritual.
Em tudo o resto - no seu trabalho, nas suas relações sociais, etc. -, cada um actua como deseja, sabendo que esse terreno não é neutro, mas sim matéria santificante e santificável, e meio de apostolado.

Assim, todos vivem a sua própria vida, com as consequentes relações e obrigações, e dirigem-se à Obra para receberem ajuda espiritual. Isto exige uma certa estrutura, mas sempre muito elementar: põem-se os meios oportunos para que seja a estritamente indispensável. Organiza-se uma formação doutrinal-religiosa - que dura toda a vida - e que conduz a uma piedade activa, sincera e autêntica, e a um fervor que implica necessariamente a oração contínua do contemplativo e a actividade apostólica pessoal e responsável, isenta de fanatismos de qualquer espécie.

Todos os sócios sabem, além disso, onde podem encontrar um sacerdote da Obra com quem tratar as questões de consciência. Alguns sócios - muito poucos em comparação com o total - para dirigirem uma actividade apostólica ou para atenderem à assistência espiritual dos outros, vivem juntos, formando um lar corrente de família cristã e continuam a trabalhar ao mesmo tempo na sua respectiva profissão.

Existe, em cada país, um governo sempre de carácter colegial, presidido por um Conselheiro: e um governo central - constituído por profissionais de nacionalidades muito diversas - com sede em Roma.
O Opus Dei está estruturado em duas secções, uma para varões e outra para mulheres, que são absolutamente independentes, a ponto de constituírem duas associações distintas, unidas apenas na pessoa do Presidente Geral. [iii]

Espero que tenha ficado claro o que quer dizer organização desorganizada: que se dá primazia ao espírito sobre a organização, que a vida dos sócios não se espartilha em directivas, planos ou reuniões. Cada um é livre, unido aos outras por um comum espírito e um comum desejo de santidade e de apostolado, e procura santificar a sua própria vida ordinária.

64             

pergunta:

Tem-se falado por vezes do Opus Dei como uma organização de aristocracia intelectual, que deseja penetrar nos ambientes políticos, económicos e culturais de maior relevo, para os controlar a partir de dentro, ainda que com fins bons.
É verdade?

resposta:

Quase todas as instituições que trouxeram uma mensagem nova, ou que se esforçaram por servir seriamente a humanidade vivendo plenamente o cristianismo, sofreram a incompreensão, sobretudo nos começos.
É isto que explica que, no princípio, algumas pessoas não entendessem a doutrina sobre o apostolado dos leigos que o Opus Dei vivia e proclamava.

Devo dizer também - embora não goste de falar destas coisas - que no nosso caso não faltou, além disso, uma campanha organizada e perseverante de calúnias.
Houve quem dissesse que trabalhávamos secretamente - isso talvez fosse o que eles faziam -, que queríamos ocupar postos elevados, etc.
Posso dizer-lhe, concretamente, que esta campanha foi iniciada, há aproximadamente trinta anos, por um religioso espanhol que depois deixou a sua ordem e a Igreja, contraiu casamento civil e agora é pastor protestante.

A calúnia, uma vez lançada, continua a viver por inércia durante algum tempo: porque há quem escreva sem se informar, e porque nem todos são como os jornalistas competentes, que não se consideram infalíveis e têm a nobreza de rectificar quando verificam a verdade.
E foi isso o que aconteceu, embora estas calúnias estejam desmentidas por uma realidade que toda a gente tem podido verificar; além de que logo à primeira vista são inacreditáveis.
Basta dizer que os falatórios a que se referiu, apenas respeitam à Espanha; e, para já, pensar que uma instituição internacional como o Opus Dei gravita em torno dos problemas de um só país, demonstra ter horizontes estreitos, ser vítima de provincianismo.

Entrevista realizada por Enrico Zuppi e António Fugardi, publicada em L'Osservatore della Domenica (Cidade do Vaticano) nos dias 19 e 26 de Maio e 2 de Junho de 1968

(cont)





[i] (Act. 1, 1)
[ii] (Mt. 5, 48)
[iii] Cfr. a nota do n.º 35. Desde a erecção do Opus Dei como Prelatura pessoal, em vez de Presidente Geral o termo correcto é Prelado, que é o Ordinário próprio do Opus Dei, e que é ajudado no exercício do trabalho de governa pelos seus Vigários e Conselhos. O Prelado é eleito pelo Congresso Geral do Opus Dei; esta eleição requer a confirmação do Papa, como é norma canónica tradicional para os Prelados com jurisdição eleitos por um Colégio.