Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
11/03/2014
Evangelho diário e comentário
Tempo de Quaresma Semana I |
7 Nas
vossas orações não useis muitas palavras como os gentios, os quais julgam que
serão ouvidos à força de palavras. 8 Não os imiteis, porque vosso
Pai sabe o que vos é necessário, antes que vós Lho peçais. 9 «Vós,
pois, orai assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o Teu nome. 10
«Venha o Teu reino. Seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu. 11
O pão nosso supersubstancial nos dá hoje. 12 Perdoa-nos as nossas
dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores. 13 E não nos
deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal. 14 «Porque, se vós
perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos perdoará.
15 Mas, se não perdoardes aos homens, também o vosso Pai não
perdoará as vossas ofensas.
Comentário:
A religião
cristã destaca-se entre outras por ser “dona” de uma oração ensinada
directamente pelo seu Fundador.
Nela se encerra
quanto Cristo deseja que os seus seguidores peçam, louvem, manifestem.
É ao mesmo
tempo uma oração completa e uma forma única de nos colocarmos mas mãos de Deus
como filhos autênticos e verdadeiros que, na realidade, somos todos os
baptizados.
(ama comentário sobre Mt 6,
7-15, 2014.06.20)
Leitura espiritual para Mar 11
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
Evangelho: Lc 7, 1-23
1 Tendo terminado este discurso ao
povo, entrou em Cafarnaum. 2 Ora um centurião tinha doente, quase a
morrer, um servo que lhe era muito querido. 3 Tendo ouvido falar de
Jesus, enviou-Lhe alguns anciãos dos judeus a pedir-Lhe que viesse curar o seu
servo. 4 Eles, tendo ido ter com Jesus, pediam-Lhe instantemente,
dizendo: «Ele merece que lhe faças esta graça, 5 porque é amigo da
nossa nação e até nos edificou a sinagoga». 6 Jesus foi com eles.
Quando estava já perto da casa, o centurião mandou uns amigos a dizer-Lhe:
«Senhor, não Te incomodes, porque eu não sou digno de que entres debaixo do meu
tecto. 7 Por essa razão nem eu me achei digno de ir ter contigo; mas
diz uma só palavra, e o meu servo será curado. 8 Porque também eu,
simples subalterno, tenho soldados às minhas ordens, e digo a um: Vai! e ele
vai; e a outro: Vem! e ele vem; e ao meu servo: Faz isto! e ele faz». 9
Jesus, ao ouvir isto, ficou admirado e, voltando-Se para a multidão que O
seguia, disse: «Em verdade vos digo que não encontrei tanta fé em Israel». 10
Voltando para casa os que tinham sido enviados, encontraram o servo curado. 11
No dia seguinte foi para uma cidade, chamada Naim. Iam com Ele os Seus
discípulos e muito povo.12 Quando chegou perto da porta da cidade,
eis que era levado a sepultar um defunto, filho único de uma viúva; e ia com
ela muita gente da cidade. 13 Tendo-a visto, o Senhor, movido de compaixão
para com ela, disse-lhe: «Não chores». 14 Aproximou-Se, tocou no
caixão, e os que o levavam pararam. Então disse: «Jovem, Eu te ordeno,
levanta-te». 15 E o que tinha estado morto sentou-se, e começou a
falar. Depois, Jesus, entregou-o à sua mãe. 16 Todos ficaram
possuídos de temor e glorificavam a Deus, dizendo: «Um grande profeta apareceu
entre nós, e Deus visitou o Seu povo». 17 Esta opinião a respeito
d'Ele espalhou-se por toda a Judeia e por toda a região circunvizinha. 18
Os discípulos de João referiam-lhe todas estas coisas. 19 João
chamou dois e enviou-os a Jesus a dizer-Lhe: «És Tu o que há-de vir ou devemos
esperar outro?» 20 Tendo ido ter com Ele, disseram-Lhe: «João
Baptista enviou-nos a Ti, para Te perguntar: “És Tu o que há-de vir ou devemos
esperar outro?”». 21 Naquela mesma ocasião Jesus curou muitos de
doenças, de males, de espíritos malignos, e deu vista a muitos cegos. 22
Depois respondeu-lhes: «Ide referir a João o que vistes e ouvistes: Os cegos
vêem, os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mortos
ressuscitam, aos pobres é anunciada a boa nova; 23 e bem-aventurado
aquele que não tiver em Mim ocasião de queda».
EXORTAÇÃO APOSTÓLICA
EVANGELII GAUDIUM
DO SANTO PADRE FRANCISCO
AO EPISCOPADO, AO CLERO ÀS PESSOAS CONSAGRADAS E AOS
FIÉIS LEIGOS
SOBRE
O ANÚNCIO DO EVANGELHO NO MUNDO ACTUAL
Capítulo
III
O ANÚNCIO DO EVANGELHO
II. A homilia
A
personalização da Palavra
149.
O pregador «deve ser o primeiro a desenvolver uma grande familiaridade pessoal
com a Palavra de Deus: não lhe basta conhecer o aspecto linguístico ou
exegético, sem dúvida necessário; precisa de se abeirar da Palavra com o
coração dócil e orante, a fim de que ela penetre a fundo nos seus pensamentos e
sentimentos e gere nele uma nova mentalidade». 115 Faz-nos bem
renovar, cada dia, cada domingo, o nosso ardor na preparação da homilia, e
verificar se, em nós mesmos, cresce o amor pela Palavra que pregamos. É bom não
esquecer que, «particularmente, a maior ou menor santidade do ministro influi
sobre o anúncio da Palavra». 116 Como diz São Paulo, «falamos, não
para agradar aos homens, mas a Deus que põe à prova os nossos corações» (1 Ts
2, 4). Se está vivo este desejo de, primeiro, ouvirmos nós a Palavra que temos
de pregar, esta transmitir-se-á duma maneira ou doutra ao povo fiel de Deus: «A
boca fala da abundância do coração» (Mt 12, 34). As leituras do domingo ressoarão
com todo o seu esplendor no coração do povo, se primeiro ressoarem assim no
coração do Pastor.
150.
Jesus irritava-Se com pretensiosos mestres, muito exigentes com os outros, que
ensinavam a Palavra de Deus mas não se deixavam iluminar por ela: «Atam fardos
pesados e insuportáveis e colocam-nos aos ombros dos outros, mas eles não põem
nem um dedo para os deslocar» (Mt 23, 4). E o Apóstolo São Tiago exortava:
«Meus irmãos, não haja muitos entre vós que pretendam ser mestres, sabendo que
nós teremos um julgamento mais severo» (3, 1). Quem quiser pregar, deve
primeiro estar disposto a deixar-se tocar pela Palavra e fazê-la carne na sua
vida concreta. Assim, a pregação consistirá na actividade tão intensa e fecunda
que é «comunicar aos outros o que foi contemplado». 117 Por tudo
isto, antes de preparar concretamente o que vai dizer na pregação, o pregador
tem que aceitar ser primeiro trespassado por essa Palavra que há-de trespassar
os outros, porque é uma Palavra viva e eficaz, que, como uma espada, «penetra
até à divisão da alma e do corpo, das articulações e das medulas, e discerne os
sentimentos e intenções do coração» (Heb 4, 12). Isto tem um valor pastoral. Mesmo
nesta época, a gente prefere escutar as testemunhas: «Tem sede de autenticidade
(...), reclama evangelizadores que lhe falem de um Deus que eles conheçam e
lhes seja familiar como se eles vissem o invisível». 118
151.
Não nos é pedido que sejamos imaculados, mas que não cessemos de melhorar,
vivamos o desejo profundo de progredir no caminho do Evangelho, e não deixemos
cair os braços. Indispensável é que o pregador esteja seguro de que Deus o ama,
de que Jesus Cristo o salvou, de que o seu amor tem sempre a última palavra. À
vista de tanta beleza, sentirá muitas vezes que a sua vida não lhe dá plenamente
glória e desejará sinceramente corresponder melhor a um amor tão grande.
Todavia, se não se detém com sincera abertura a escutar esta Palavra, se não
deixa que a mesma toque a sua vida, que o interpele, exorte, mobilize, se não
dedica tempo para rezar com esta Palavra, então na realidade será um falso
profeta, um embusteiro ou um charlatão vazio. Em todo o caso, desde que reconheça
a sua pobreza e deseje comprometer-se mais, sempre poderá dar Jesus Cristo,
dizendo como Pedro: «Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho, isto te dou»
(Act 3, 6). O Senhor quer servir-Se de nós como seres vivos, livres e
criativos, que se deixam penetrar pela sua Palavra antes de a transmitir; a sua
mensagem deve passar realmente através do pregador, e não só pela sua razão,
mas tomando posse de todo o seu ser. O Espírito Santo, que inspirou a Palavra,
é quem «hoje ainda, como nos inícios da Igreja, age em cada um dos evangelizadores
que se deixa possuir e conduzir por Ele, e põe na sua boca as palavras que ele
sozinho não poderia encontrar». 119
A
leitura espiritual
152.
Há uma modalidade concreta para escutarmos aquilo que o Senhor nos quer dizer
na sua Palavra e nos deixarmos transformar pelo Espírito: designamo-la por
«lectio divina». Consiste na leitura da Palavra de Deus num tempo de oração,
para lhe permitir que nos ilumine e renove. Esta leitura orante da Bíblia não
está separada do estudo que o pregador realiza para individuar a mensagem
central do texto; antes pelo contrário, é dela que deve partir para procurar descobrir
aquilo que essa mesma mensagem tem a dizer à sua própria vida. A leitura
espiritual dum texto deve partir do seu sentido literal. Caso contrário, uma
pessoa facilmente fará o texto dizer o que lhe convém, o que serve para
confirmar as suas próprias decisões, o que se adapta aos seus próprios esquemas
mentais. E isto seria, em última análise, usar o sagrado para proveito próprio
e passar esta confusão para o povo de Deus. Nunca devemos esquecer-nos de que,
por vezes, «também Satanás se disfarça em anjo de luz» (2 Cor 11, 14).
153.
Na presença de Deus, numa leitura tranquila do texto, é bom perguntar-se, por
exemplo: «Senhor, a mim que me diz este texto? Com esta mensagem, que quereis
mudar na minha vida? Que é que me dá fastídio neste texto? Porque é que isto
não me interessa?»; ou então: «De que gosto? Em que me estimula esta Palavra?
Que me atrai? E porque me atrai?». Quando se procura ouvir o Senhor, é normal
ter tentações. Uma delas é simplesmente sentir-se chateado e acabrunhado e dar
tudo por encerrado; outra tentação muito comum é começar a pensar naquilo que o
texto diz aos outros, para evitar de o aplicar à própria vida. Acontece também começar
a procurar desculpas, que nos permitam diluir a mensagem específica do texto.
Outras vezes pensamos que Deus nos exige uma decisão demasiado grande, que
ainda não estamos em condições de tomar. Isto leva muitas pessoas a perderem a
alegria do encontro com a Palavra, mas isso significaria esquecer que ninguém é
mais paciente do que Deus Pai, ninguém compreende e sabe esperar como Ele. Deus
convida sempre a dar um passo mais, mas não exige uma resposta completa, se
ainda não percorremos o caminho que a torna possível. Apenas quer que olhemos
com sinceridade a nossa vida e a apresentemos sem fingimento diante dos seus
olhos, que estejamos dispostos a continuar a crescer, e peçamos a Ele o que
ainda não podemos conseguir.
À
escuta do povo
154.
O pregador deve também pôr-se à escuta do povo, para descobrir aquilo que os
fiéis precisam de ouvir. Um pregador é um contemplativo da Palavra e também um
contemplativo do povo. Desta forma, descobre «as aspirações, as riquezas e as
limitações, as maneiras de orar, de amar, de encarar a vida e o mundo, que
caracterizam este ou aquele aglomerado humano», prestando atenção «ao povo
concreto com os seus sinais e símbolos e respondendo aos problemas que
apresenta». 120 Trata-se de relacionar a mensagem do texto bíblico com
uma situação humana, com algo que as pessoas vivem, com uma experiência que
precisa da luz da Palavra. Esta preocupação não é ditada por uma atitude
oportunista ou diplomática, mas é profundamente religiosa e pastoral. No fundo,
é uma «sensibilidade espiritual para saber ler nos acontecimentos a mensagem de
Deus», 121 e isto é muito mais do que encontrar algo interessante
para dizer. Procura-se descobrir «o que o Senhor tem a dizer nessas circunstâncias».
122 Então a preparação da pregação transforma-se num exercício de
discernimento evangélico, no qual se procura reconhecer – à luz do Espírito –
«um “apelo” que Deus faz ressoar na própria situação histórica: também nele e
através dele, Deus chama o crente». 123
155.
Nesta busca, é possível recorrer apenas a alguma experiência humana frequente,
como, por exemplo, a alegria dum reencontro, as desilusões, o medo da solidão,
a compaixão pela dor alheia, a incerteza perante o futuro, a preocupação com um
ser querido, etc.; mas faz falta intensificar a sensibilidade para se
reconhecer o que isso realmente tem a ver com a vida das pessoas. Recordemos
que nunca se deve responder a perguntas que ninguém se põe, nem convém fazer a
crónica da actualidade para despertar interesse; para isso, já existem os
programas televisivos. Em todo o caso, é possível partir de algum facto para
que a Palavra possa repercutir fortemente no seu apelo à conversão, à adoração,
a atitudes concretas de fraternidade e serviço, etc., porque acontece, às
vezes, que algumas pessoas gostam de ouvir comentários sobre a realidade na
pregação, mas nem por isso se deixam interpelar pessoalmente.
Recursos
pedagógicos
156.
Alguns acreditam que podem ser bons pregadores por saber o que devem dizer, mas
descuidam o como, a forma concreta de desenvolver uma pregação. Zangam-se
quando os outros não os ouvem ou não os apreciam, mas talvez não se tenham
empenhado por encontrar a forma adequada de apresentar a mensagem. Lembremo-nos
de que «a evidente importância do conteúdo da evangelização não deve esconder a
importância dos métodos e dos meios da mesma evangelização». 124 A
preocupação com a forma de pregar também é uma atitude profundamente
espiritual. É responder ao amor de Deus, entregando-nos com todas as nossas
capacidades e criatividade à missão que Ele nos confia; mas também é um exímio
exercício de amor ao próximo, porque não queremos oferecer aos outros algo de
má qualidade. Na Bíblia, por exemplo, aparece a recomendação para se preparar a
pregação de modo a garantir uma apropriada extensão: «Sê conciso no teu falar:
muitas coisas em poucas palavras» (Sir 32, 8).
157.
Apenas, para exemplificar, recordemos alguns recursos práticos que podem
enriquecer uma pregação e torná-la mais atraente. Um dos esforços mais
necessários é aprender a usar imagens na pregação, isto é, a falar por imagens.
Às vezes usam-se exemplos para tornar mais compreensível algo que se quer
explicar, mas estes exemplos frequentemente dirigem-se apenas ao entendimento,
enquanto as imagens ajudam a apreciar e acolher a mensagem que se quer
transmitir. Uma imagem fascinante faz com que se sinta a mensagem como algo
familiar, próximo, possível, relacionado com a própria vida. Uma imagem
apropriada pode levar a saborear a mensagem que se quer transmitir, desperta um
desejo e motiva a vontade na direcção do Evangelho. Uma boa homilia, como me
dizia um antigo professor, deve conter «uma ideia, um sentimento, uma imagem».
158.
Já dizia Paulo VI que os fiéis «esperam muito desta pregação e dela poderão
tirar fruto, contanto que ela seja simples, clara, directa, adaptada». 125
A simplicidade tem a ver com a linguagem utilizada. Deve ser linguagem
que os destinatários compreendam, para não correr o risco de falar ao vento.
Acontece frequentemente que os pregadores usam palavras que aprenderam nos seus
estudos e em certos ambientes, mas que não fazem parte da linguagem comum das
pessoas que os ouvem. Há palavras próprias da teologia ou da catequese, cujo
significado não é compreensível para a maioria dos cristãos. O maior risco dum
pregador é habituar-se à sua própria linguagem e pensar que todos os outros a
usam e compreendem espontaneamente. Se se quer adaptar à linguagem dos outros,
para poder chegar até eles com a Palavra, deve-se escutar muito, é preciso partilhar
a vida das pessoas e prestar-lhes benévola atenção. A simplicidade e a clareza
são duas coisas diferentes. A linguagem pode ser muito simples, mas pouco clara
a pregação. Pode-se tornar incompreensível pela desordem, pela sua falta de
lógica, ou porque trata vários temas ao mesmo tempo. Por isso, outro cuidado
necessário é procurar que a pregação tenha unidade temática, uma ordem clara e
ligação entre as frases, de modo que as pessoas possam facilmente seguir o
pregador e captar a lógica do que lhes diz.
159.
Outra característica é a linguagem positiva. Não diz tanto o que não se deve
fazer, como sobretudo propõe o que podemos fazer melhor. E, se aponta algo
negativo, sempre procura mostrar também um valor positivo que atraia, para não
se ficar pela queixa, o lamento, a crítica ou o remorso. Além disso, uma
pregação positiva oferece sempre esperança, orienta para o futuro, não nos
deixa prisioneiros da negatividade. Como é bom que sacerdotes, diáconos e
leigos se reúnam periodicamente para encontrarem, juntos, os recursos que tornem
mais atraente a pregação!
IV. Uma evangelização para o aprofundamento do
querigma
160.
O mandato missionário do Senhor inclui o apelo ao crescimento da fé, quando
diz: «ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado» (Mt 28, 20). Daqui
se vê claramente que o primeiro anúncio deve desencadear também um caminho de
formação e de amadurecimento. A evangelização procura também o crescimento, o
que implica tomar muito a sério em cada pessoa o projecto que Deus tem para
ela. Cada ser humano precisa sempre mais de Cristo, e a evangelização não
deveria deixar que alguém se contente com pouco, mas possa dizer com plena
verdade: «Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim» (Gal 2, 20).
161.
Não seria correcto que este apelo ao crescimento fosse interpretado, exclusiva
ou prioritariamente, como formação doutrinal. Trata-se de «cumprir» aquilo que
o Senhor nos indicou como resposta ao seu amor, sobressaindo, junto com todas
as virtudes, aquele mandamento novo que é o primeiro, o maior, o que melhor nos
identifica como discípulos: «É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos
outros como Eu vos amei» (Jo 15, 12). É evidente que, quando os autores do Novo
Testamento querem reduzir a mensagem moral cristã a uma última síntese, ao mais
essencial, apresentam-nos a exigência irrenunciável do amor ao próximo: «Quem
ama o próximo cumpre plenamente a lei. (…) É no amor que está o pleno cumprimento
da lei» (Rm 13, 8.10). De igual modo, para São Paulo, o mandamento do amor não
só resume a lei mas constitui o centro e a razão de ser da mesma: «Toda a lei
se cumpre plenamente nesta única palavra: Ama o teu próximo como a ti mesmo»
(Gal 5, 14). E, às suas comunidades, apresenta a vida cristã como um caminho de
crescimento no amor: «O Senhor vos faça crescer e superabundar de caridade uns
para com os outros e para com todos» (1 Ts 3, 12). Também São Tiago exorta os
cristãos a cumprir «a lei do Reino, de acordo com a Escritura: Amarás o teu
próximo como a ti mesmo» (2, 8), acabando por não citar nenhum preceito.
162.
Entretanto, este caminho de resposta e crescimento aparece sempre precedido
pelo dom, porque o antecede aquele outro pedido do Senhor: «baptizando-os em
nome...» (Mt 28, 19). A adopção como filhos que o Pai oferece gratuitamente e a
iniciativa do dom da sua graça (cf. Ef 2, 8-9; 1 Cor 4, 7) são a condição que
torna possível esta santificação constante, que agrada a Deus e Lhe dá glória.
É deixar-se transformar em Cristo, vivendo progressivamente «de acordo com o
Espírito» (Rm 8, 5).
__________________________________
Notas:
115
João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis (25 de Março de
1992), 26: AAS 84 (1992), 698.
116
Ibid., 25: o. c., 696.
117
São Tomás de Aquino, Summa theologiae II-II, q. 188, a. 6.
118
Paulo VI, Exort. ap. Evangelii nuntiandi (8 de Dezembro de 1975), 76: AAS 68
(1976), 68.
119 Ibid., 75: o. c., 65.
120 Ibid., 63: o .c., 53.
121 Ibid., 43: o. c., 33.
122
Ibid., 43: o. c., 33.
123
João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis (25 de Março de
1992), 10: AAS 84 (1992), 672.
124
Paulo VI, Exort. ap. Evangelii nuntiandi (8 de Dezembro de 1975), 40: AAS 68
(1976), 31.
125 Ibid., 43: o. c., 33.
SOU TEU, SENHOR! OBRIGADO!
Porque é que de repente sinto esta
necessidade de escrever o que me vai no coração, o que me vai na alma?
Não sei, nem sei bem realmente o que
me vai no coração e na alma.
Sei que sinto uma “incontrolável”
vontade de dar graças quando surge mais uma provação.
E fico a pensar se essa vontade de dar
graças é sincera, ou se é apenas uma “fuga” a pedir protecção para a
dificuldade que vou atravessar.
Não há dúvida para mim que o caminho
que escolheste para me guiar, Senhor, passa por estas provações, por vezes tão
duras, sobretudo para o meu modo de ser.
Mas também percebo que será o único
meio de derrubar as minhas fraquezas, os meus orgulhos, as minhas vaidades.
E quanto mais Te dou graças, mais se
acalma o coração e mais a certeza de que estás connosco, de que estás comigo,
se torna real e verdadeira.
E na tranquilidade da confiança que
nesses momentos em mim colocas, se vai fazendo verdade, calma e serenamente, o
pensamento de Santa Teresa de Ávila: «Nada te perturbe, nada te espante, tudo
passa, Deus não muda, … Quem a Deus tem, nada lhe falta: Só Deus basta.»
Tão agarrado às coisas, tão agarrado
ao passado, tão agarrado às emoções, como posso eu dar espaço para Tu me preencheres?
Mas Tu conheces-me e sabes do meu
profundo desejo de Te viver inteiramente, e por isso mesmo me ajudas a libertar
do que afinal ocupa espaço de “amores”, que não dão espaço ao teu amor.
Mas dói, Senhor, de vez em quando dói
muito!
Mas é na dor, afinal, que eu encontro
o teu amor!
Vem-nos sempre ao pensamento que
morreste por todos nós!
Mas quantas vezes penso eu
verdadeiramente que ao morrer por nós, morreste por mim?
Se escutar verdadeiramente no coração,
não Te ouço eu dizer naquela Cruz, naquela hora: «Perdoa ao Joaquim, Pai, que
ele não sabe o que faz.»
Se olhar com os olhos do coração, não
vejo eu o teu olhar, para mim voltado, naquela Cruz, naquela hora, a
“dizer-me”: «Morro por ti, Joaquim, porque te amo com amor eterno.»
Deste-me tudo, Senhor!
Queres que eu dê tudo, também, nas
forças com que me capacitas para dar.
Então, Senhor, toma tudo aquilo que
sou, aquilo que tenho, aquilo que amo, a vida que me deste, mas não por mim,
Senhor, mas por aqueles que me deste, por aqueles que todos os dias colocas na
minha vida, por aqueles que Te procuram, por aqueles que não Te conhecem, por
aqueles que não te amam, por aqueles que nada têm, e sobretudo por aqueles que
não Te querem ter, porque a esses tudo falta, porque recusam o teu amor.
Ah, Senhor, e não Te esqueças, (como
poderias Tu esquecer-te?), se não fores Tu em mim por eu querer permanecer em
Ti, então não serei capaz, então não terei forças, então revoltar-me-ei, então
perder-me-ei nas minhas fraquezas e não encontrarei caminho nas provações, não
encontrarei sentido para as viver, para as aceitar e para Te dar graças,
Senhor, sempre e em todos os momentos.
A Ti, Senhor, toda a glória e todo o
louvor, agora e para sempre!
Marinha Grande, 7 de Março de 2014
Joaquim Mexia Alves
Tratado dos vícios e pecados 26
Em
seguida devemos tratar das causas dos pecados. E, primeiro, em geral. Segundo,
em especial.
Sobre
a primeira questão discutem-se quatro artigos:
Art.
1 ― Se o pecado tem causa.
Art.
2 ― Se o pecado tem causa interior.
Art.
3 ― Se o pecado tem causa exterior.
Art.
4 ― Se o pecado é causa do pecado.
Art. 1 ― Se o pecado tem
causa.
(I, q. 49, a. 1; II Sent.,
dist. XXXIV,
a. 3)
O
primeiro discute-se assim. ― Parece que o pecado não tem causa.
1.
― Pois, o pecado é essencialmente um mal, como já se disse (q. 71, a. 6). Ora,
o mal não tem causa, como diz Dionísio 1. Logo, o pecado igualmente
não tem.
2.
Demais. ― Causa é aquilo de que resulta necessariamente algum efeito. Ora, o
que resulta necessariamente não é pecado, porque todo pecado é voluntário.
Logo, o pecado não tem causa.
3.
Demais. ― Se o pecado tem causa, esta há-de ser ou o bem ou o mal. Ora, aquele,
não, porque o bem não produz senão o bem, pois, não pode a árvore boa dar maus
frutos, como diz a Escritura (Mt 7, 18). Semelhantemente, também o mal não pode
ser causa do pecado, pois o mal da pena resulta do pecado e o da culpa
identifica-se com ele. Logo, o pecado não tem causa.
Mas,
em contrário. ― Tudo o que é feito tem causa, pois, como diz a Escritura (Jo 5,
6): Nada se faz na terra sem causa. Ora, o pecado é feito, pois, é o dito, o
feito ou o desejado contra a lei de Deus. Logo, o pecado tem causa.
O pecado é um acto desordenado. Ora, enquanto acto, pode ter em si mesmo
causa, como qualquer outro acto. E enquanto desordenado, tem causa do modo por
que a pode ter a negação ou a privação. Ora, a qualquer negação podemos
atribuir dupla causalidade. Pois, primeiro, a falta de causa, i. é, a negação
da própria causa é causa da negação em si mesma, pois, da remoção da causa
resulta a remoção do efeito, assim, a causa da obscuridade é a ausência do sol.
De outro modo, a causa da afirmação, da qual resulta a negação, é a causa
acidental da negação consequente, assim, o fogo, causando calor, como tendência
principal, causa consequentemente a privação da frigidez. E destas duas causas,
a primeira é suficiente a produzir a simples negação. Mas, como a desordem do
pecado e de qualquer mal não é simples negação, mas privação daquilo que o ser
devia naturalmente ter, necessariamente tal desordem terá uma causa agente
acidental. Pois, o que é natural e deve subsistir nunca poderá deixar de
existir senão em virtude de alguma causa impeditiva. E, deste modo, costuma-se
dizer que o mal, consistente numa privação, tem causa deficiente ou age por
acidente. Ora, toda causa agente acidental se reduz à outra, essencial. E como
o pecado, e no concernente a sua desordem, tem causa agente acidental, e no
concernente ao acto, causa agente essencial, resulta que a sua desordem é consequência
da própria causa do acto. Portanto, a vontade, carecente da direcção da regra
racional e da regra da lei divina, e aspirando a algum bem mutável, causa um acto
pecaminoso em si mesmo, causando, porém, a desordem do mesmo, por acidente, e
extra-intencional. Pois, a falta de ordem no acto provém da falta de direcção
da vontade.
DONDE
A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. ― O pecado não significa só a própria privação
do bem, que é a desordem, mas também o acto sujeito a tal privação, que é
essencialmente um mal. E como esse acto assim considerado tenha causa, já o
dissemos.
RESPOSTA
À SEGUNDA. ― Para que a definição aduzida de causa deve verificar-se
universalmente, é preciso que seja entendida como aplicada à causa eficiente e
não impedida. Pois pode um efeito ter a sua causa eficiente, e contudo não
resultar necessariamente dela, por via de algum impedimento sobreveniente. Do
contrário, seguir-se-ia que tudo se produz necessariamente, como o diz
claramente Aristóteles 2. Assim pois, embora o pecado tenha causa,
daí não se segue seja ele necessário, pois o efeito dela pode ficar impedido.
RESPOSTA
À TERCEIRA. ― Como já se disse, a vontade, sem a aplicação da regra da razão ou
da lei divina, é causa do pecado. Ora, não aplicar a regra da razão ou da lei
divina não é, em si e essencialmente, mal, nem pena, nem culpa, antes de se
praticar o acto. Donde, a esta luz, o mal não é a causa do primeiro pecado,
mas, um certo bem, com ausência de certo outro.
Revisão da tradução portuguesa por ama
_______________________________________
Notas:
1.
IV cap. De div. nom. (lect. XXII).
2. Metaph. (lect. III).
Pequena agenda do cristão
Terça-Feira
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito: Aplicação no trabalho.
Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.
Lembrar-me: Os que estão sem trabalho.
Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.
Pequeno exame: Cumpri o propósito que me propus ontem?
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Deus não aceita o que é mal feito
É difícil gritar ao ouvido de cada um, com um
trabalho silencioso, através do pleno cumprimento das nossas obrigações de
cidadãos, para depois exigir os nossos direitos e colocá-los ao serviço da
Igreja e da sociedade. É difícil... mas é muito eficaz. (Sulco, 300)
Começar é de muitos; acabar, de poucos. Nós,
que procuramos comportar-nos como filhos de Deus, temos de estar entre os
segundos. não o esqueçais: só as tarefas terminadas com amor, bem acabadas,
merecem aquele aplauso do Senhor, que se lê na Sagrada Escritura: é melhor o
fim de uma obra do que o seu princípio.
Muitos cristãos perderam a convicção de que a
integridade de Vida, pedida pelo Senhor aos seus filhos, exige um cuidado
autêntico ao realizarem as tarefas pessoais, que têm de santificar, sem descurarem
inclusivamente os pormenores mais pequenos.
Não podemos oferecer ao Senhor uma coisa que,
dentro das pobres limitações humanas, não seja perfeita, sem defeitos e
realizada com toda a atenção, mesmo nos aspectos mais insignificantes, porque Deus
não aceita o que é mal feito. Não oferecereis nada que tenha defeito, porque
não seria aceite favoravelmente, adverte-nos a Escritura Santa. Por isso, o
trabalho de cada um de nós, esse trabalho que ocupa as nossas jornadas e as
nossas energias, há-de ser uma oferenda digna do Criador, operatio Dei,
trabalho de Deus e para Deus. Numa palavra, uma tarefa bem cumprida e
impecável.
Se reparardes, entre os muitos elogios que
fizeram de Jesus aqueles que puderam contemplar a sua vida, há um que, de certo
modo, compreende todos os outros. Refiro-me àquela exclamação, cheia de sinais
de assombro e de entusiasmo, que a multidão repetia espontaneamente ao
presenciar, atónita, os seus milagres: bene omnia fecit, tudo tem feito
admiravelmente bem: os grandes prodígios e as coisas comezinhas, quotidianas,
que não deslumbraram ninguém, mas que Cristo realizou com a plenitude de quem é
perfectus Deus, perfectus Homo, perfeito Deus e perfeito homem. (Amigos de Deus, 55–56)
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