07/10/2020

Leitura espiritual Outubro 07

Cartas de São Paulo

1.ª Tessalonicenses 1

1 Endereço e saudação –
1 Paulo, Silvano e Timóteo à igreja de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo, que está em Tessalónica. A vós, graça e paz.

I. ACÇÃO DE GRAÇAS E SEUS MOTIVOS

Eleição e resposta –
2 Damos continuamente graças a Deus por todos vós, recordando-vos sem cessar nas nossas orações; 3 a vosso respeito, guardamos na memória a actividade da fé, o esforço da caridade e a constância da esperança, que vêm de Nosso Senhor Jesus Cristo, diante de Deus e nosso Pai, 4 conhecendo bem, irmãos amados de Deus, a vossa eleição, 5 pois o nosso Evangelho não se apresentou a vós apenas como uma simples palavra, mas também com poder e com muito êxito pela acção do Espírito Santo; vós sabeis como estivemos entre vós para vosso bem. 6 Vós fizestes-vos imitadores nossos e do Senhor, acolhendo a Palavra em plena tribulação, com a alegria do Espírito Santo, 7 tendo-vos, assim, tornado um modelo para todos os crentes na Macedónia e na Acaia. 8 Na verdade, partindo de vós, a palavra do Senhor não só ecoou na Macedónia e na Acaia, mas por toda a parte se propagou a fama da vossa fé em Deus, de tal modo que não temos necessidade de falar disso. 9 De facto, são eles próprios que contam o acolhimento que vós nos fizestes e como vos convertestes dos ídolos a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro 10 e para aguardardes do Céu o seu Filho, que Ele ressuscitou de entre os mortos, Jesus, que nos livra da ira que está para vir.

Amigos de Deus

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Oração viva

Levantar-me-ei e percorrerei a cidade: pelas ruas e praças procurarei aquele que amo...
E não apenas a cidade; correrei o mundo de lés a lés - por todas as nações, por todos os povos, por carreiros e atalhos - para conquistar a paz da minha alma.
E descubro-a nas ocupações diárias, que não me servem de estorvo; que são - pelo contrário - o caminho e a ocasião de amar cada vez mais e de cada vez mais me unir a Deus.

E quando a tentação do desânimo, dos contrastes, da luta, da tribula­ção, de uma nova noite da alma nos ataca -violenta -, o salmista põe-nos nos lábios e na inteligência aquelas palavras: estou com Ele no tempo da adversidade.
Jesus, perante a Tua Cruz, que vale a minha; perante as Tuas feridas, os meus arranhões?
Perante o Teu Amor imenso, puro e infinito, que vale o minúsculo fardo que Tu colocaste sobre os meus ombros?
E os vossos corações e o meu enchem-se de uma santa avidez, confessando-Lhe - com obras - que morremos de Amor.

Nasce uma sede de Deus, uma ânsia de compreender as Suas lágrimas; de ver o Seu sorriso, o Seu rosto...
Julgo que o melhor modo de o exprimir é voltar a repetir, com a Escritura: como o veado deseja a fonte das águas, assim a minha alma te anela, ó meu Deus!
E a alma avança, metida em Deus, endeusada: o cristão tornou-se um viajante sedento, que abre a boca às águas da fonte.

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Com esta entrega, o zelo apostólico ateia-se, aumenta dia-a-dia - pegando esta ânsia aos outros - porque o bem é difusivo.
Não é possível que a nossa pobre natureza, tão perto de Deus, não arda em desejos de semear no mundo inteiro a alegria e a paz, de regar tudo com as águas redentoras que brotam do lado aberto de Cristo, de começar e acabar todas as tarefas por Amor.

Falava antes de dores, de sofrimentos, de lágrimas.
E não me contradigo se afirmo que, para um discípulo que procura amorosamente o Mestre, é muito diferente o sabor das tristezas, das penas, das aflições: desaparecem imediatamente, quando aceitamos deveras a Vontade de Deus, quando cumprimos com gosto os Seus desígnios, como filhos fiéis, ainda que os nervos pareçam rebentar e o suplício pareça insuportável.


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Vida corrente

Interessa-me afirmar novamente que não me refiro a um modo extra­ordinário de viver cristãmente.
Que cada um de nós medite no que Deus realizou por ele e como tem correspondido.
Se formos valentes neste exame pessoal, perceberemos o que ainda nos falta.
Ontem comovi-me ao saber de um catecúmeno japonês que ensinava o catecismo a outros que ainda não conheciam Cristo.
E envergonhava-me.
Precisamos de mais fé, de mais fé!
E, com a fé, a contemplação.

Recordem com calma aquela divina advertência, que enche a alma de inquietação e, ao mesmo tempo, Lhe traz sabores de favo de mel: redemi te, et vocavi te nomine tuo: meus es tu redimi-te e chamei-te pelo teu nome: és meu!
Não roubemos a Deus o que é Seu.
Um Deus que nos amou até ao ponto de morrer por nós, que nos escolheu desde toda a eternidade, antes da criação do mundo, para sermos santos na sua presença: e que continuamente nos oferece ocasiões de purificação e de entrega.

Se porventura ainda tivéssemos alguma dúvida, receberíamos outra prova dos Seus lábios: não fostes vós que me escolhestes; fui eu que vos escolhi a vós, para que possais ir longe e dar fruto; e permaneça abundante esse fruto do vosso trabalho de almas contemplativas.

Portanto, fé, fé sobrenatural!
Quando a fé fraqueja, o homem tende a imaginar Deus como se estivesse longe, sem se preocupar com os seus filhos.
Pensa na religião como em algo de justaposto, de exterior à vida, que usa quando não há outro remédio; espera, não se sabe porquê, manifestações aparatosas, acontecimentos insólitos.
Quando a fé vibra na alma, descobre-se, pelo contrário, que os passos do cristão não se separam da sua vida humana corrente e habitual.
E que esta santidade grande, que Deus nos exige, se encerra aqui e agora, nas pequenas coisas de cada dia.

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Agrada-me falar de caminho, porque somos caminhantes, dirigimo-nos para a casa do Céu, para a nossa Pátria.
Mas reparemos que um caminho, mesmo que um ou outro trecho apre­sente dificuldades especiais, mesmo que alguma vez nos obrigue a passar a vau um rio ou a atravessar um pequeno bosque quase impenetrável, habitualmente é simples, sem surpresas.
O perigo é a rotina: supor que nisto, no que temos de fazer em cada instante, não está Deus, porque é tão simples, tão vulgar!

Iam os dois discípulos para Emaús.
O seu caminhar era normal, como o de tantas outras pessoas que transitavam por aquelas paragens.
E aí, com naturalidade, aparece-Lhes Jesus e vai com eles, com uma conversa que diminui a fadiga.
Imagino a cena: já bem adiantada a tarde.
Sopra uma brisa suave.
De um lado e de outro, campos semeados de trigo já crescido e as velhas oliveiras com os ramos prateados pela luz indecisa...

Jesus, no caminho!
Senhor, que grande és Tu sempre!
Mas comoves-me quando te rebaixas para nos acompanhares, para nos procurares na nossa lida diária.
Senhor, concede-nos a ingenuidade de espírito, o olhar limpo, a mente clara, que permitem entender-Te, quando vens sem nenhum sinal externo da Tua glória.

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Termina o trajecto ao chegar à aldeia e aqueles dois que - sem o saberem - tinham sido feridos no fundo do coração pela palavra e pelo amor do Deus feito homem, têm pena de que Ele se vá embora. Porque Jesus despede-se como quem vai para mais longe.
Nosso Senhor nunca se impõe.
Quer que O chamemos livremente, desde que entrevimos a pureza do Amor que nos meteu na alma.
Temos de O deter à força e pedir-Lhe: fica connosco, porque é tarde e já o dia está no ocaso, cai a noite.

Somos assim: sempre pouco atrevidos, talvez por falta de sinceridade, talvez por pudor.
No fundo pensamos: fica connosco, porque as trevas nos rodeiam a alma e só Tu és luz, só Tu podes acalmar esta ânsia que nos consome!
Porque entre as coisas belas, honestas, não ignoramos qual é a pri­meira: possuir sempre Deus.

E Jesus fica.
Abrem-se os nossos olhos como os de Cléofas e os do companheiro, quando Cristo parte o pão; e, mesmo que Ele volte a desaparecer da nossa vista, também seremos capazes de empreender de novo a marcha - anoitece - para falar d'Ele aos outros; porque tanta alegria não cabe num só coração.

Caminho de Emaús.
O nosso Deus encheu este nome de doçura. E Emaús é o mundo inteiro, porque Nosso Senhor abriu os caminhos divinos da terra.

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Com os Santos Anjos

Peço a Nosso Senhor que, durante a nossa permanência neste chão da terra, nunca nos afastemos do caminhante divino.
Para isso aumentemos também a nossa amizade com os Santos Anjos da Guarda.
Todos necessitamos de muita companhia: companhia do Céu e da terra. Sejamos devotos dos Santos Anjos!
A amizade é muito humana, mas também é muito divina; tal como a nossa vida, que é divina e humana.
Temos presente o que diz Nosso Senhor?
Já não vos chamo servos, mas amigos.
Ensina-nos a ter confiança com os amigos de Deus, que já moram no Céu e com as criaturas que convivem connosco, mesmo com as que parecem afastadas de Nosso Senhor, para as atrair ao bom caminho.

Terminarei repetindo com S. Paulo aos Colossenses: não cessamos de orar por vós e de pedir a Deus que alcanceis pleno conhecimento da sua vontade, com toda a sabedoria e inteligência espiritual, sabedoria que nasce da oração, da contemplação, da efusão do Paráclito na alma.

A fim de que tenhais uma conduta digna de Deus, agradando-Lhe em tudo, produzindo frutos de toda a espécie de boas obras e crescendo na ciência de Deus; confortados com toda a fortaleza pelo poder da sua graça, para ter sempre uma perfeita paciência e longanimidade acompanhada de alegria; dando graças a Deus Pai, que nos fez dignos de participar da sorte dos santos, iluminando-nos com a sua luz; que nos arrebatou do poder das trevas e nos transferiu para o reino do seu Filho muito amado

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Que a Mãe de Deus e nossa Mãe nos proteja a fim de que cada um de nós possa servir a Igreja na plenitude da fé, com os dons do Espírito Santo e com a vida contemplativa.
Cada um, realizando os deveres que lhe são próprios; cada um no seu ofício e profissão e no cumprimento das obrigações do seu estado, honre o Senhor com alegria.

Amemos a Igreja, sirvamo-la com a alegria consciente de quem soube decidir-se a esse serviço por Amor.
E se virmos que alguém anda sem esperança, como os dois de Emaús, aproximemo-nos com fé - não em nome próprio, mas em nome de Cristo - para lhe assegurarmos que a promessa de Jesus não pode falhar, que Ele vela sempre pela sua Esposa: que não a abandona.
Que as trevas passarão, porque somos filhos da luz e estamos chama­dos a uma vida perdurável.

E Deus enxugará dos seus olhos todas as lágrimas, já não haverá morte, nem pranto, nem gritos; não haverá mais dor, porque as primeiras coisas passaram.
E disse o que estava sentado no trono: eis que renovo tudo.
E indicou-me: escreve, porque todas estas palavras são digníssimas de fé e verdadeiras.
E continuou: isto é um facto.
Eu sou o Alfa e o Ómega, o princípio e o fim.
Àquele que tiver sede dar-Lhe-ei de beber gratuitamente da fonte da água da vida.
Quem vencer possuirá todas estas coisas e eu serei seu Deus e ele será meu filho.






Reflexão – O Céu


Onde fica o Céu?
Imaginamos que o Céu ficará algures no espaço por que, principalmente, nos Evangelhos se diz, por exemplo: «Foi elevado ao Céu». (Cfr. Jo IV, 51)
Mas podemos ser levados a pensar que o Céu é “habitado” por Deus, Espíritos Puros, pelos ressuscitados e pelos que mereceram.
Portanto têm as “qualidades” imortais como é, por exemplo, a impassibilidade não ocupando nenhum espaço.

Logo, parece admissível que o Céu pode não ocupar nenhum lugar específico tal como admitimos o significado da palavra “lugar”. 

(AMA, reflexão, 2019)

Outubro - Mês do Rosário




MISTÉRIOS DOLOROSOS

Segundo Mistério


Flagelação de Jesus


Amarrado a uma coluna, o meu Senhor está ali, estremecendo a cada golpe dos algozes que se revezam.
Cada vergastada é um suplício.
Os pedaços de osso de carneiro que pendem das extremidades das finas tiras de couro, enegrecidas de sangue antigo, causam dores indescritíveis, vergões e ferimentos profundos, arrancam a pele e pedaços de carne e rasgam os músculos.
A experiência dos algozes atinge os locais mais sensíveis e, talvez mais acicatados pelo silêncio deste Homem, a quem o suplício não arranca um queixume, redobram de energia e os golpes caiem, rápidos, fortíssimos, procurando com maquiavélica destreza provocar o maior sofrimento possível.

Mas é em vão.
Apenas um som abafado sai da garganta ressequida de Jesus. É um estertor involuntário que a violência do castigo provoca.

Eu, escondido num vão, não intervenho. Estou atónito e assustado com o que vejo. É uma cena de uma brutal e inaudita ferocidade.
Não me julgo capaz de Te provocar tal suplício... Quem? Eu? Oh Senhor!  Eu não..., eu amo-Te com todas as minhas forças, nunca seria capaz de tal coisa.
E, no entanto, as minhas frequentes faltas e pecados o que são, senão chicotadas na Tua carne santa?

Acabou o terrível suplício.
Solto da coluna imunda à qual Te ataram cais por terra, desfalecido, meio morto.
Eu, caio também de joelhos e peço-Te perdão.
Perdão pela minha cobardia, pela minha pouca fé, a minha tibieza, pela minha falta de carácter.
E tu, minha Mãe, que no exterior, com o coração angustiado, aguardas o fim do suplício que infligem ao teu Filho, tu, Senhora de Dores, acolhe-me junto de ti e sossega o meu espírito.
Diz-me que jamais, jamais consentirás que eu me converta em carrasco, algoz, do teu Divino Filho.
Afiança-me que a tua confiança de filha de Deus Pai, ajudará a minha pouca fé.
Persuade-me que a tua certeza de Mãe de Deus Filho, aumentará a minha esperança.
Garante-me que o teu amor de Esposa do Espírito Santo, suprirá a minha falta de caridade.
Incute no meu espírito o desejo de estar com Jesus, nesta hora solene, em que o Rei do Reis, o Senhor dos Senhores, está amarrado como um malfeitor, recebendo um castigo duríssimo que não mereceu.
A interpor-me entre os carrascos e o teu Filho, aparando os golpes.
A limpar os vergões e as feridas da Sua carne.
Por um bálsamo, lavar o sangue, limpar as feridas.
Permite-me querer ficar com Ele, ofegante de emoção, amarrado também a essa coluna, partilhando o possível da Sua Flagelação.

Que, como Ele, se preciso for, saiba sofrer em silêncio recolhido e consciente de que, se sofro é porque o Senhor entende dar-me uma oportunidade para reconsiderar e cair em mim, reconsiderar, emendar o que for errado, corrigir o que não estiver correcto. O sofrimento – qual for – é cautério de feridas e mazelas que os pecados e faltas provocam, de cicatrizes que o arrependimento incompleto ou com defeito deixa na alma e, seguramente, também, um como que edurecimento da nossa vontade, do nosso carácter, o que nos ajudará a combater a nossa vontade volúvel, o nosso ânimo enfraquecido pelas contínuas cedências aos caprichos de momento, a nossa determinação sempre em “descanço” e “análise” de conveniência e oportunidade.

Ele, não quer, não deseja que eu – nenhum dos Seus filhos – sofra, e por isso mesmo, oferece o Seu próprio sofrimento por nós, mas, neste oferecimento, há tambem uma lição: a oferta pelos outros, pela remissão dos pecados dos homens – todos os homens – os que anda vivem e, também pelos que já partiram e aguardam no Purgatório a suprema felicidade de contemplar a Face do Pai.

Sim, o sofrimento pessoal, pequeno ou grande, pode – e deve – ser uma excelente ocasião de merecer pelas Almas do Purgatório.

Um dia, saberemos como a Justiça Divina, “aplicou” essas “ofertas” em benefício dessas almas santas e, então, constataremos como foi “útil” e bom essa nossa dedicação.

Além do mais, é muito conveniente quanto possamos fazer pelas Almas do Purgatório porque, uma vez no Céu, não deixarão de interceder por nós junto de Deus para que nos ajude e nos salve.

Seremos “credores” de bens inestimáveis; é, o que, em palavras humanas, se pode considerar: um bom investimento!


(AMA, Santo Rosário, 1999)




Anjos da Guarda


Art. 5 –

Se o anjo é delegado para guardar o homem, desde o nascimento deste.

O quinto discute–se assim –
Parece que o anjo não é delegado, para guardar o homem desde o nascimento deste.

1. – Pois, os anjos são mandados em ministério, a favor daqueles que hão de receber a herança da salvação, como diz o Apóstolo. Ora, os homens começam a receber a herança da salvação, quando baptizados. Logo, o anjo é delegado para guardar o homem, desde o tempo do baptismo e não desde o do nascimento.

2. Demais. – Os homens são guardados pelos anjos, enquanto estes os iluminam pela doutrina. Ora, os recém–nascidos não são capazes de doutrina por não terem o uso da razão. Logo, não lhes são delegados anjos da guarda.

3. Demais. – As crianças no ventre materno têm, depois de certo tempo, alma racional, bem como a têm depois da natividade. Ora, enquanto no ventre materno, não lhes são delegados anjos da guarda, como se sabe, porque os ministros da Igreja ainda não lhes comunicaram os sacramentos. Logo, não são delegados aos homens anjos da guarda imediatamente depois do nascimento. Mas, em contrário, diz Jerónimo, que cada alma, imediatamente depois de nascida, tem um anjo da guarda que lhe é deputado.

SOLUÇÃO. – Como diz Orígenes há, sobre este assunto, dupla opinião. Assim, uns ensinam que o anjo é dado ao homem, como guarda, desde o tempo do baptismo. Outros porém que desde o tempo do nascimento. E esta opinião é aprovada por Jerónimo, e com razão. Pois, os benefícios dados ao homem por Deus, desde que é cristão, começam do tempo do baptismo, como receber a Eucaristia e outros. Ora o que a Providência divina dá ao homem, desde que este tem natureza racional, ele o recebe desde que ao nascer tem tal natureza. E tal benefício é a guarda dos anjos, como resulta claro do que já foi dito. Donde, desde a sua natividade, o homem tem um anjo da guarda, que lhe é deputado.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEcÇÃO. – Os anjos são enviados em ministério eficaz só quanto aqueles que hão de receber a herança da salvação, se se considerar o efeito último da guarda que é o recebimento da herança. Contudo, também os outros não são privados desse ministério. Pois embora este não tenha a eficácia de os levar à salvação, é todavia eficaz, pelos livrar de muitos males.

RESPOSTA À SEGUNDA. – A função de guardar ordena-se à iluminação da doutrina como ao último e principal efeito. Contudo, tem também muitos outros efeitos, que convêm às crianças, a saber, afastar os demónios e livrar de outros males, tanto corpóreos como espirituais.

RESPOSTA À TERCEIRA. – Enquanto no ventre materno, a criança não está totalmente separada da mãe, sendo por uma como que ligação ainda algo dela, assim como o fruto pendente é algo da árvore. E por isso pode provavelmente dizer–se que o anjo que guarda a mãe guarda a prole existente no ventre materno.
Mas, ao separar–se da mãe, pela natividade, é–lhe deputado um anjo da guarda, como diz Jerónimo.

(São Tomás de Aquino, Suma Teológica I, q. 113, a. 5)

Os frutos saborosos da alma mortificada


Estes são os saborosos frutos da alma mortificada: Compreensão e transigência para as misérias alheias; intransigência para as próprias. (Caminho 198)

Penitência é tratar sempre os outros com a maior caridade, começando pelos teus. É atender com a maior delicadeza os que sofrem, os doentes e os que padecem. É responder com paciência aos maçadores e inoportunos. É interromper ou modificar os nossos programas, quando as circunstâncias - sobretudo os interesses bons e justos dos outros - assim o requerem.
A penitência consiste em suportar com bom humor as mil pequenas contrariedades do dia; em não abandonar o trabalho, mesmo que no momento te tenha passado o entusiasmo com que o começaste; em comer com agradecimento o que nos servem, sem caprichos importunos. (Amigos de Deus, 138)

Pequena agenda do cristão


Quarta-Feira

PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)






Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?