Quaresma
Semana I
Beatos Francisco e Jacinta Marto
Evangelho:
Mt 5, 43-48
43 «Ouvistes que foi dito: “Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo”.
44 Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que
vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem. 45 Deste
modo sereis filhos do vosso Pai que está nos céus, o qual faz nascer o sol
sobre maus e bons, e manda a chuva sobre justos e injustos. 46
Porque, se amais somente os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não
fazem os publicanos também o mesmo? 4 7 E se saudardes somente os
vossos irmãos, que fazeis de especial? Não fazem também assim os próprios
gentios? 48 Sede, pois, perfeitos, como vosso Pai celestial é
perfeito.
Comentário:
Os caminhos de
Deus não são fáceis?
Como responder?
Parece óbvio que não são e no entanto foi os que Jesus Cristo indicou.
Sendo assim podem não ser fáceis mas, decerto não serão impossíveis porque Ele
jamais nos pediria algo que não estivesse ao nosso alcance obter.
O "segredo" está ajuda da Graça de Deus, na assistência do Espírito
Santo que, se as solicitar-mos com Fé e Confiança nos conduzirão por onde,
sozinhos, por nós próprios, só com as nossas forças e capacidades nada
conseguiremos.
(ama, comentário sobre Mt
5, 43-48 2015.06.16)
Leitura espiritual
Ano Santo da Misericórdia
Textos
de São Josemaria
Implora
a misericórdia divina”
Realmente,
a cada um de nós, como a Lázaro, foi um "veni foras", sai para fora, que nos pôs em movimento. Que pena
dão aqueles que ainda estão mortos, e não conhecem o poder da misericórdia de
Deus! Renova a tua alegria santa porque, face ao homem que se desintegra sem
Cristo, se levanta o homem que ressuscitou com Ele. (Forja, 476)
É
bom que tenhamos considerado as insídias destes inimigos da alma: a desordem da
sensualidade e a leviandade; o desatino da razão que se opõe ao Senhor; a
presunção altaneira, esterilizadora do amor a Deus e às criaturas.
Todas
estas disposições de ânimo são obstáculos certos e o seu poder perturbador é
grande. Por isso a liturgia faz-nos implorar a misericórdia divina: a ti elevo
a minha alma, Senhor, meu Deus. E em ti confio; não seja eu confundido! Não
riam de mim os meus inimigos, rezamos no intróito. E na antífona do ofertório
iremos repetir: espero em ti,; que eu não seja confundido!
Agora
que se aproxima o tempo da salvação, dá gosto ouvir dos lábios de S. Paulo:
depois de Deus, Nosso Salvador, ter manifestado a sua benignidade e o seu amor
para com os homens, libertou-nos, não pelas obras de justiça que tivéssemos
feito, mas por sua misericórdia.
Se
lerdes as Santas Escrituras, descobrireis constantemente a presença da misericórdia
de Deus: enche a terra, estende-se a todos os seus filhos, super omnem carnem; cerca-nos, antecede-nos, multiplica-se para nos
ajudar e foi continuamente confirmada. Deus tem-nos presente na sua
misericórdia, ao ocupar-se de nós como Pai amoroso. É uma misericórdia suave,
agradável, como a nuvem que se desfaz em chuva no tempo da seca.
Jesus
Cristo resume e compendia toda a história da misericórdia divina:
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. E, noutra
ocasião: Sede pois misericordiosos como também vosso Pai é misericordioso. (Cristo que passa, 7)
Descobrir a misericórdia divina
Outra
queda... e que queda!... Desesperar-te?... Não; humilhar-te e recorrer, por
Maria, tua Mãe, ao Amor Misericordioso de Jesus. — Um «miserere» e coração ao
alto! — A começar de novo. (Caminho, 711)
Se
lerdes as Santas Escrituras, descobrireis constantemente a presença da
misericórdia de Deus: enche a terra, estende-se a todos os seus filhos, super omnem carnem; cerca-nos,
antecede-nos, multiplica-se para nos ajudar e foi continuamente confirmada. Deus
tem-nos presente na sua misericórdia, ao ocupar-se de nós como Pai amoroso. É
uma misericórdia suave, agradável, como a nuvem que se desfaz em chuva no tempo
da seca.
Jesus
Cristo resume e compendia toda a história da misericórdia divina:
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. E, noutra
ocasião: Sede pois misericordiosos como também vosso Pai é misericordioso.
Ficaram também muito gravadas em nós, entre muitas outras cenas do Evangelho, a
clemência com a mulher adúltera, a parábola do filho pródigo, a da ovelha
perdida, a do devedor perdoado, a ressurreição do filho da viúva de Naim.
Quantas razões de justiça para explicar este grande prodígio! Era o filho único
daquela pobre viúva; era ele quem dava sentido à sua vida; só ele poderia
ajudá-la na sua velhice! Mas Cristo não faz o milagre por justiça; fá-lo por
compaixão, porque interiormente se comove perante a dor humana.
Que
segurança deve produzir-nos a comiseração do Senhor! Se ele clamar por mim,
ouvi-lo-ei, porque sou misericordioso. É um convite, uma promessa que não
deixará de cumprir. Aproximemo-nos, pois, confiadamente do trono da graça a fim
de alcançar misericórdia e o auxílio da graça, no tempo oportuno. Os inimigos
da nossa santificação nada poderão, porque essa misericórdia de Deus nos
defende. E se caímos por nossa culpa e da nossa fraqueza, o Senhor socorre-nos
e levanta-nos. Tinhas aprendido a afastar a negligência, a afastar de ti a
arrogância, a adquirir piedade, a não ser prisioneiro das questões mundanas, a
não preferir o caduco ao eterno. Mas, como a debilidade humana não pode manter
o passo decidido num mundo resvaladiço, o bom médico indicou-te também os
remédios contra a desorientação e o juiz misericordioso não te negou a
esperança do perdão. (Cristo que passa,
7)
Repara
que entranhas de misericórdia tem a justiça de Deus! - Porque, nos julgamentos
humanos, castiga-se quem confessa a culpa; e, no divino, perdoa-se.
Bendito
seja o santo Sacramento da Penitência! (Caminho,
309)
-
Sim, tens razão: que profundidade a da tua miséria! Por ti, onde estarias
agora, até onde terias chegado?...
"Somente
um Amor cheio de misericórdia pode continuar a amar-me" – reconhecias.
– Consola-te: Ele não te negará nem o seu Amor
nem a sua Misericórdia, se O procurares. (Forja,
897)
(...)
É preciso pedir incessantemente à Santíssima Trindade que tenha compaixão de
todos. Ao falar destas coisas fico perturbado se recorro à justiça de Deus.
Apelo para a sua misericórdia, para a sua compaixão, a fim de que não olhe para
os nossos pecados, mas para os méritos de Cristo e de sua Santa Mãe, e que é
também nossa Mãe, para os do Patriarca S. José, que Lhe serviu de Pai, para os
dos Santos. (Cristo que passa, 82)
Manifestações do amor
Agrada-me
citar umas palavras que o Espírito Santo nos comunica pela boca do profeta
Isaías: discite benefacere, aprendei
a fazer o bem. Costumo aplicar este conselho aos diferentes aspectos da nossa
luta interior, pois a vida cristã nunca se dá por terminada, visto que o
crescimento nas virtudes se obtém como consequência de um empenho efectivo e
quotidiano pela santidade.
Como
aprendemos nós a realizar qualquer trabalho na sociedade? Primeiro examinamos o
fim desejado e os meios para o alcançar. Depois perseveramos no uso desses
recursos repetidamente até criarmos um hábito arraigado e firme. Quando
aprendemos alguma coisa, descobrimos outras que ignorávamos e constituem um
estímulo para continuarmos esse trabalho, sem nunca dizermos "basta".
A
caridade para com o próximo é uma manifestação do amor a Deus. Por isso, ao
esforçarmo-nos por melhorar nesta virtude, não podemos fixar nenhum limite. Com
o Senhor, a única medida é amar sem medida, pois, por um lado jamais chegaremos
a agradecer suficientemente o que Ele tem feito por nós e, por outro, assim se
revela o mesmo amor de Deus às suas criaturas: com excesso, sem cálculo, sem
fronteiras.
A
todos os que estamos dispostos a abrir-lhe os ouvidos da alma, Jesus Cristo
ensina no Sermão da Montanha o mandato divino da caridade. E, ao terminar, como
resumo, explica: amai os vossos inimigos, fazei bem e emprestai sem esperardes
nada em troca, e será grande a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo,
porque Ele é bom, mesmo com os ingratos e os maus. Sede, pois, misericordiosos
como também o vosso Pai é misericordioso.
A
misericórdia não se limita a uma simples atitude de compaixão; a misericórdia
identifica-se com a superabundância da caridade que, ao mesmo tempo, traz
consigo a superabundância da justiça. Misericórdia significa manter o coração
em carne viva, humana e divinamente repassado por um amor rijo, sacrificado e
generoso. Assim glosa S. Paulo a caridade no seu canto a esta virtude: A
caridade é paciente, é benéfica; a caridade não é invejosa, não actua
precipitadamente; não se ensoberbece, não é ambiciosa, não busca os seus
próprios interesses, não se irrita, não pensa mal dos outros, não folga com a
injustiça, mas compraz-se na verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera,
tudo sofre. (Amigos de Deus, 232)