Mês de Maio
Santíssima
Virgem – Santo Rosário
MISTÉRIOS DA LUZ ([i])
Primeiro Mistério
O Baptismo de Jesus
O Baptismo é o sinal indelével que torna a
pessoa humana em membro da Igreja de Cristo. É a única verdadeira porta de
entrada pela qual nos convertemos em membros
efectivos da Igreja Católica, como se fosse um bilhete de identidade vitalício,
para empregar termos e palavras humanas que são as nossas.
Mas... os Mistérios Luminosos que têm de facto a ver
com o Santo Rosário que é uma oração eminentemente Mariana? Porque não se pode
dissociar a Santíssima Virgem do seu Filho, Jesus Cristo e estes Mistérios que
se referem de forma muito particular à vida pública de Cristo, à implementação
do Reino de Deus e à instituição dos Sacramentos são como que o
"complemento" dos outros Mistérios.
Exactamente neste primeiro Mistério começa essa
"tarefa" do Salvador. A água é o elemento natural mais precioso da
humanidade. A sua falta em numerosos locais da terra provoca sofrimentos
indizíveis e não poucas vezes lutas e guerras pela sua posse ou controlo. Ao
servir-se da água como elemento fundamental do Baptismo e, também, ao aceder
recebê-la como sinal visível Jesus avaliza a fórmula baptismal instituindo com
a Sua acção o Sacramento, o primeiro dos sete que há-de instituir. Poderia
dizer que a Santíssima Trindade quis "reforçar" a dignidade e
importância do Baptismo estando presente Deus Espírito Santo que sob a forma de
pomba desceu sobre o Baptizando, Deus Filho o Baptizando e Deus Pai que fez
ouvir a Sua voz.
Dos sete Sacramentos existem dois que imprimem
carácter, ou seja, são irreversíveis porque transformam o homem em algo
inteiramente diferente do que era antes de o receber. O Batismo ao introduzir a
pessoa no seio da Igreja instituída por Jesus Cristo, dá-lhe uma nobreza e uma
dimensão inteiramente novas que jamais perderá mesmo que o deseje. A patética -
para usar uma expressão "suave" - teoria de deixar ao livre arbítrio
de cada um o desejo do Baptismo, não o baptizando enquanto criança, configura
um risco tremendo de responsabilidade pelo seu futuro eterno.
(ama,
Malta, Abril de 2016)
MISTÉRIOS DA LUZ
Segundo Mistério
Bodas de Caná
Este "mistério" evoca dois importantes
acontecimentos: O início da vida pública de Jesus Cristo que pela primeira vez
nos aparece acompanhado de discípulos o que significa que a Sua missão redentora
começa por formar o escol, o núcleo central dos Seus seguidores e a
instituição formal do matrimónio. Com a Sua presença Cristo avaliza a união
entre um homem e uma mulher. Evidentemente que não pudemos esquecer o primeiro
milagre público que, de certo modo, vem "coroar" o dito antes. É uma
cena comum, familiar e ao mesmo tempo de sociedade. E Cristo está presente como
que a demonstrar que não Se alheia da vida comum dos Seus irmãos os homens por
mais trivial ou simples que possa ser. Parece haver como que um
"repensar" a resposta que deu à Santíssima Virgem e, de facto, o que
se pode concluir é que terá querido de forma clara e iniludível sublinhar o
"poder intercessor" da Sua Santíssima Mãe.
Por outro lado, a Santíssima Virgem define de forma
lapidar o que, sabe, é o melhor para nós: «Fazei
o que Ele vos disser"! Assim resume o que realmente deverá ser a nossa
postura no caminho da salvação: Fazer em tudo, a Vontade de Deus!
Nunca estamos entregues a nós mesmos, Jesus Cristo
está connosco para nos guiar e conduzir. E, se acaso, alguma vez não vejamos
com suficiente clareza o que fazer bastará perguntar-lhe: Senhor, agora, nestas
circunstâncias, com estas condicionantes que surgiram inopinadamente... que
queres que faça?
Sabemos por experiência própria que algumas vezes a vontade de Deus se
apresenta como que difusa, pouco clara. Outras vezes, trava-se uma luta no
nosso íntimo entre aquilo que nos apetece fazer e o que sabemos nos convém que
façamos. E, o que nos convém, é sempre actuar com a meridiana certeza que
fazemos o melhor que podemos em cada circunstância. Os desejos, os propósitos têm
sempre de estar estreitamente ligados à nossa consciência segura, bem formada
que nunca deixará de nos alertar para o desvio, o desleixo, a comodidade.
Temos sempre um último recurso que, aliás é o
primeiro: Pedir à Nossa Mãe do Céu que nos indique e leve por um caminho
seguro. O seu coração de Mãe extremosa não deixará de atender a nossa súplica:
Cor Maria Dulcíssimo iter para tuto!
(ama,
Malta, Abril de 2016)
MISTÉRIOS DA LUZ
Terceiro Mistério
Pregação de Jesus
Neste terceiro mistério contemplamos a vida pública do
Salvador.
Tomamos consciência de quanto nos diz, uma e outra
vez, com infinita paciência, para que guardemos com especial cuidado as Suas
palavras. Onde encontra-las: no Evangelho que o Espírito Santo escreveu pela
mão de Mateus, Marcos, Lucas e João. Com a leitura diária, pausada, diria,
detida, reflectida encontraremos sempre algo novo, uma ideia, uma inspiração,
um detalhe. Quanto o Evangelho contém não é fruto nem do acaso nem da inspiração
do evangelista. Não! Cada palavra, expressão, pormenor tem um "peso"
um objectivo muito concreto: Conduzir-nos pelo Caminho, que conduz à Verdade
que nos garante a Vida: o próprio Jesus Cristo Nosso Senhor e Salvador. Fazer
do Evangelho o livro da nossa vida de cristãos, lendo e meditando e, como
aconselhava São Josemaria Escrivá, tentando introduzir-nos nas mo cenas que os
textos descrevem como um personagem mais. E, de facto, não é difícil fazê-lo
bem ao contrário acabamos por envolver-nos de tal forma que chegamos a
compreender que Jesus Cristo está ali, ao nosso lado acompanhando a nossa
leitura-meditação e abrindo-nos a alma, o entendimento para melhor compreender
e guardar como tesouro precioso o que nos oferece.
(ama,
Malta, Abril de 2016)
MISTÉRIOS DA LUZ
Quarto Mistério
Transfiguração
Contemplamos neste mistério um dos acontecimentos mais
talvez mais enigmáticos da vida de Jesus na terra.
Percebemos que houve uma intenção clara de mostrar aos três apóstolos uma como
que antevisão da aparência de Cristo como Segunda Pessoa da Santíssima
Trindade. Mas porquê? Jesus saberia por certo que eles não iriam entender ou
sequer aperceber-se da realidade que lhes revelava. Mais ainda quando sabemos
que os proíbe de falar no assunto até depois da Sua Ascensão. O facto é que
não obstante ficou gravado para sempre nas suas memórias e, por isso mesmo,
consta do Evangelho.
Seria a Transfiguração necessária para os confirmar na fé em Jesus Cristo como
O Filho de Deus? Mas como se adormecem? Aliás é sintomática esta reacção dos
três discípulos perante o "peso" ou solenidade de situações que vivem
com o Mestre. Na agonia em Getsémani perante o indizível sofrimento do Senhor
também são vencidos pelo sono. Como se a realidade fosse de tal forma
"chocante ou extraordinária" que a sua amizade e carinho pelo Senhor
se recusa a admitir o que constatam. O sono é muitas vezes desculpa para muitas
faltas de coragem em que é necessário mostrar solidariedade, apoio, solicitude.
Não poucas vezes somos vencidos pelo sono, o torpor que nos leva a não
considerar as realidades que não compreendemos. É como que uma
"defesa" do nosso espírito recusando-se a encarar algo difícil que se
nos apresenta como que fora do comum e, a verdade, é que a nossa Fé cristã
necessita debruçar-se continuamente sobre os seus fundamentos num constante
exame e estudo para melhor compreender.Temos de vencer uma atávica tendência
para a rotina que, na prática da Fé, talvez seja o pior defeito que possamos
ter.
Que a Doutrina não muda sabemo-lo bem, o que deve ser mais uma razão para que
não deixemos nunca de aprofundar, esmiuçar, detalhar para alcançar a segurança
que é necessária para o seu fiel cumprimento. Lembremos que São João deixou
escrito que não haveria livros no mundo que pudessem conter quanto Jesus Cristo
disse, fez e ensinou.
(ama,
Malta, Abril de 2016)
MISTÉRIOS DA LUZ
Quinto Mistério
Instituição da Eucaristia
Talvez o maior milagre de Amor que podemos constatar e
usufruir.
Que outra coisa senão o Amor incomensurável de Cristo
Nosso Senhor pelos Seus irmãos os homens poderia estar na origem da Santíssima
Eucaristia? Ficar, verdadeiramente ficar em Corpo, Sangue, Alma e Divindade
para sempre, para sempre!
Estamos em plena Ceia, a última que Jesus celebra com
os Seus discípulos mais próximos. Uma sequência de gestos do Senhor plenos de
significado e profundamente marcantes. Há no ambiente algo inusitado que todos
adivinham sério, importante, grave. Começa por lavar os pés aos doze o primeiro
ensinamento - como diríamos hoje - para "memória futura": servir! Depois
o episódio em que Judas é o protagonista: a traição! Jesus tem o coração cada
vez mais" apertado " mas, mesmo assim, não revela a terrível verdade.
Segue-se o longo discurso que é como que uma declaração testamentária: o amor!
Finalmente esse mesmo Amor como que "cede" ante a perplexidade triste
dos onze e Jesus institui a Sagrada Eucaristia dando-lhes o poder de renovar -
para sempre - esse extraordinário testemunho.
E, nós, cristãos de hoje, passados mais de dois mil anos, podemos participar
nessa Ceia, receber o Santíssimo Corpo Alma e Divindade do nosso Salvador.
Passados a noite e o dia da Paixão, quando o corpo de
Jesus repousa finalmente no sepulcro, o que terão contado a Nossa Senhora? Como
ela terá compreendido a verdadeira "dimensão" da Eucaristia e,
seguramente, como com doçura e paciência de Mãe, a terá explicado aos pobres e
inconsoláveis discípulos! Ela é o refúgio seguro - o único que têm - e sabem
que podem confiar absolutamente nos seus conselhos e orientações. A Mãe do
Redentor, como que é o traço que une o Filho morto na Cruz aos homens seus
irmãos que, nos derradeiros momentos da Sua vida terrena, lhe entregou como
filhos.
(ama,
Malta, Abril de 2016)
Links
sugeridos:
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Santa Sé
[i] São João Paulo II acrescentou estes “Mistérios” a que chamou da Luz – ou Luminosos– ao Rosário de Nossa Senhora. Não sei, evidentemente, a razão que terá levado o Santo Pontífice a fazê-lo e alguém poderá questionar o que têm a ver com o Rosário Mariano.Têm tudo a ver porque a vida de Nossa Senhora está tão intimamente unida à do Seu Filho, nosso Salvador, que me parece muito lógico e adequado. Os Cinco Mistérios levam-nos a considerar, principalmente, a instituição dos sacramentos que Jesus nos quis deixar como preciosos e imprescindíveis meios para obter a Salvação Eterna que nos ganhou na Cruz.