04/05/2022

Publicações em Maio 04

 


 

Mês de Maio

 

Santíssima Virgem – Santo Rosário

MISTÉRIOS DA LUZ ([i])

 

Primeiro Mistério

 

 

O Baptismo de Jesus

 

 

O Baptismo é o sinal indelével que torna a pessoa humana em membro da Igreja de Cristo. É a única verdadeira porta de entrada pela qual nos convertemos em membros efectivos da Igreja Católica, como se fosse um bilhete de identidade vitalício, para empregar termos e palavras humanas que são as nossas.

 

Mas... os Mistérios Luminosos que têm de facto a ver com o Santo Rosário que é uma oração eminentemente Mariana? Porque não se pode dissociar a Santíssima Virgem do seu Filho, Jesus Cristo e estes Mistérios que se referem de forma muito particular à vida pública de Cristo, à implementação do Reino de Deus e à instituição dos Sacramentos são como que o "complemento" dos outros Mistérios.

 

Exactamente neste primeiro Mistério começa essa  "tarefa" do Salva­dor. A água é o elemento natural mais precioso da humanidade. A sua falta em numerosos locais da terra provoca sofrimentos indizíveis e não pou­cas vezes lutas e guerras pela sua posse ou controlo. Ao servir-se da água como elemento fundamental do Baptismo e, tam­bém, ao aceder recebê-la como sinal visível Jesus avaliza a fórmula baptismal instituindo com a Sua acção o Sacramento, o primeiro dos sete que há-de instituir. Poderia dizer que a Santíssima Trindade quis "reforçar" a dignidade e importância do Baptismo estando presente Deus Espírito Santo que sob a forma de pomba desceu sobre o Baptizando, Deus Filho o Bapti­zando e Deus Pai que fez ouvir a Sua voz.

 

Dos sete Sacramentos existem dois que imprimem carácter, ou seja, são irreversíveis porque transformam o homem em algo inteiramente diferente do que era antes de o receber. O Batismo ao introduzir a pessoa no seio da Igreja instituída por Jesus Cristo, dá-lhe uma nobreza e uma dimensão inteiramente novas que jamais perderá mesmo que o deseje. A patética - para usar uma expressão "suave" - teoria de deixar ao livre arbítrio de cada um o desejo do Baptismo, não o baptizando en­quanto criança, configura um risco tremendo de responsabilidade pelo seu futuro eterno.

 

(ama, Malta, Abril de 2016)

 

 

MISTÉRIOS DA LUZ

 

Segundo Mistério

 

 

Bodas de Caná

 

Este "mistério" evoca dois importantes acontecimentos: O início da vida pública de Jesus Cristo que pela primeira vez nos apa­rece acompanhado de discípulos o que significa que a Sua missão re­dentora começa por formar o escol, o núcleo central dos Seus seguido­res e a instituição formal do matrimónio. Com a Sua presença Cristo avaliza a união entre um homem e uma mulher. Evidentemente que não pudemos esquecer o primeiro milagre público que, de certo modo, vem "coroar" o dito antes. É uma cena comum, familiar e ao mesmo tempo de sociedade. E Cristo está presente como que a demonstrar que não Se alheia da vida co­mum dos Seus irmãos os homens por mais trivial ou simples que possa ser. Parece haver como que um "repensar" a resposta que deu à Santíssima Virgem e, de facto, o que se pode concluir é que terá querido de forma clara e iniludível sublinhar o "poder intercessor" da Sua Santíssima Mãe.

 

Por outro lado, a Santíssima Virgem define de forma lapidar o que, sabe, é o melhor para nós: «Fazei o que Ele vos disser"! Assim resume o que realmente deverá ser a nossa postura no caminho da salvação: Fazer em tudo, a Vontade de Deus!

 

Nunca estamos entregues a nós mesmos, Jesus Cristo está connosco para nos guiar e conduzir. E, se acaso, alguma vez não vejamos com suficiente clareza o que fazer bastará perguntar-lhe: Senhor, agora, nestas circunstâncias, com estas condicionantes que surgiram inopinadamente... que queres que faça?


Sabemos por experiência própria que algumas vezes a vontade de Deus se apresenta como que difusa, pouco clara. Outras vezes, trava-se uma luta no nosso íntimo entre aquilo que nos apetece fazer e o que sabemos nos convém que façamos. E, o que nos convém, é sempre actuar com a meridiana certeza que fazemos o melhor que podemos em cada circunstância. Os desejos, os propósitos têm sempre de estar estreitamente ligados à nossa consciência segura, bem formada que nunca deixará de nos alertar para o desvio, o desleixo, a comodidade.

 

Temos sempre um último recurso que, aliás é o primeiro: Pedir à Nossa Mãe do Céu que nos indique e leve por um caminho seguro. O seu coração de Mãe extremosa não deixará de atender a nossa sú­plica: Cor Maria Dulcíssimo iter para tuto!

 

(ama, Malta, Abril de 2016)

 

 

MISTÉRIOS DA LUZ

 

Terceiro Mistério

 

Pregação de Jesus

 

Neste terceiro mistério contemplamos a vida pública do Salvador.

 

Tomamos consciência de quanto nos diz, uma e outra vez, com infinita paciência, para que guardemos com especial cuidado as Suas palavras. Onde encontra-las: no Evangelho que o Espírito Santo escreveu pela mão de Mateus, Marcos, Lucas e João. Com a leitura diária, pausada, diria, detida, reflectida encontraremos sempre algo novo, uma ideia, uma inspiração, um detalhe. Quanto o Evangelho contém não é fruto nem do acaso nem da inspira­ção do evangelista. Não! Cada palavra, expressão, pormenor tem um "peso" um objectivo muito concreto: Conduzir-nos pelo Caminho, que conduz à Verdade que nos garante a Vida: o próprio Jesus Cristo Nosso Senhor e Salvador. Fazer do Evangelho o livro da nossa vida de cristãos, lendo e meditando e, como aconselhava São Josemaria Escrivá, tentando introduzir-nos nas mo cenas que os textos descrevem como um personagem mais. E, de facto, não é difícil fazê-lo bem ao contrário acabamos por envol­ver-nos de tal forma que chegamos a compreender que Jesus Cristo está ali, ao nosso lado acompanhando a nossa leitura-meditação e abrindo-nos a alma, o entendimento para melhor compreender e guar­dar como tesouro precioso o que nos oferece.

 

(ama, Malta, Abril de 2016)

 

MISTÉRIOS DA LUZ

 

Quarto Mistério

 

Transfiguração

 

Contemplamos neste mistério um dos acontecimentos mais talvez mais enigmáticos da vida de Jesus na terra.


Percebemos que houve uma intenção clara de mostrar aos três após­tolos uma como que antevisão da aparência de Cristo como Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Mas porquê? Jesus saberia por certo que eles não iriam entender ou sequer aperce­ber-se da realidade que lhes revelava. Mais ainda quando sabemos que os proíbe de falar no assunto até de­pois da Sua Ascensão. O facto é que não obstante ficou gravado para sempre nas suas me­mórias e, por isso mesmo, consta do Evangelho.


Seria a Transfiguração necessária para os confirmar na fé em Jesus Cristo como O Filho de Deus? Mas como se adormecem? Aliás é sintomática esta reacção dos três discípulos perante o "peso" ou solenidade de situações que vivem com o Mestre. Na agonia em Getsémani perante o indizível sofrimento do Senhor tam­bém são vencidos pelo sono. Como se a realidade fosse de tal forma "chocante ou extraordinária" que a sua amizade e carinho pelo Senhor se recusa a admitir o que constatam. O sono é muitas vezes desculpa para muitas faltas de coragem em que é necessário mostrar solidariedade, apoio, solicitude. Não poucas vezes somos vencidos pelo sono, o torpor que nos leva a não considerar as realidades que não compreendemos. É como que uma "defesa" do nosso espírito recusando-se a encarar algo difícil que se nos apresenta como que fora do comum e, a verdade, é que a nossa Fé cristã necessita debruçar-se continuamente sobre os seus fundamentos num constante exame e estudo para melhor com­preender.Temos de vencer uma atávica tendência para a rotina que, na prática da Fé, talvez seja o pior defeito que possamos ter.


Que a Doutrina não muda sabemo-lo bem, o que deve ser mais uma razão para que não deixemos nunca de aprofundar, esmiuçar, detalhar para alcançar a segurança que é necessária para o seu fiel cumpri­mento. Lembremos que São João deixou escrito que não haveria livros no mundo que pudessem conter quanto Jesus Cristo disse, fez e ensinou.

 

 

(ama, Malta, Abril de 2016)

 

MISTÉRIOS DA LUZ

 

Quinto Mistério

 

 

Instituição da Eucaristia

 

Talvez o maior milagre de Amor que podemos constatar e usufruir.

 

Que outra coisa senão o Amor incomensurável de Cristo Nosso Senhor pelos Seus irmãos os homens poderia estar na origem da Santíssima Eucaristia? Ficar, verdadeiramente ficar em Corpo, Sangue, Alma e Divindade para sempre, para sempre!

 

Estamos em plena Ceia, a última que Jesus celebra com os Seus discí­pulos mais próximos. Uma sequência de gestos do Senhor plenos de significado e profunda­mente marcantes. Há no ambiente algo inusitado que todos adivinham sério, importante, grave. Começa por lavar os pés aos doze o primeiro ensinamento - como di­ríamos hoje - para "memória futura": servir! Depois o episódio em que Judas é o protagonista: a traição! Jesus tem o coração cada vez mais" apertado " mas, mesmo assim, não revela a terrível verdade.


Segue-se o longo discurso que é como que uma declaração testamen­tária: o amor! Finalmente esse mesmo Amor como que "cede" ante a perplexidade triste dos onze e Jesus institui a Sagrada Eucaristia dando-lhes o poder de renovar - para sempre - esse extraordinário testemunho.


E, nós, cristãos de hoje, passados mais de dois mil anos, podemos participar nessa Ceia, receber o Santíssimo Corpo Alma e Divindade do nosso Salvador.

 

Passados a noite e o dia da Paixão, quando o corpo de Jesus repousa finalmente no sepulcro, o que terão contado a Nossa Senhora? Como ela terá compreendido a verdadeira "dimensão" da Eucaristia e, seguramente, como com doçura e paciência de Mãe, a terá explicado aos pobres e inconsoláveis discípulos! Ela é o refúgio seguro - o único que têm - e sabem que podem confiar absolutamente nos seus conselhos e orientações. A Mãe do Redentor, como que é o traço que une o Filho morto na Cruz aos homens seus irmãos que, nos derradeiros momentos da Sua vida terrena, lhe entregou como filhos.

 

(ama, Malta, Abril de 2016)

 

 

 

 

Links sugeridos:

  

Opus Dei

Evangelho/Biblia

Santa Sé

Religión en Libertad

 

 



[i] São João Paulo II acrescentou estes “Mistérios” a que chamou da Luz – ou Luminosos– ao Rosário de Nossa Senhora. Não sei, evidentemente, a razão que terá levado o Santo Pontífice a fazê-lo e alguém poderá questionar o que têm a ver com o Rosário Mariano.Têm tudo a ver porque a vida de Nossa Senhora está tão intimamente unida à do Seu Filho, nosso Salvador, que me parece muito lógico e adequado. Os Cinco Mistérios levam-nos a considerar, principalmente, a instituição dos sacramentos que Jesus nos quis deixar como preciosos e imprescindíveis meios para obter a Salvação Eterna que nos ganhou na Cruz.