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Aproxima-se
o momento da comunhão!
À
tua mente assoma um breve sentimento de revolta. Por causa da tua situação
familiar não podes receber a comunhão eucarística.
E
isso dói-te, profundamente, porque o teu desejo, a tua vontade de receber o
Senhor, é maior do que o que tu podes conter.
Ouves
as palavras e reza-las também:
«Senhor
eu não sou digno que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e eu serei
salvo.»
Vem
à tua memória a passagem bíblica, (Lc 7, 1-10), onde está inscrita esta oração.
Aquele
centurião romano acreditava que, mesmo não sendo digno, (não podendo), de
receber o Senhor em sua casa, mesmo assim o Senhor não deixaria de o ouvir e de
atender o seu pedido segundo a sua vontade.
Com
efeito, a consciência de que não era digno, (digno ninguém é de O receber), ou
melhor, não podendo receber o Senhor em sua casa, leva-o a conformar-se com
esse impedimento, e assim está em comunhão com a vontade do Senhor.
Assim
o seu pedido, «dizei uma palavra e o meu servo será curado», já é também uma
conformidade com a vontade de Deus, e, por isso mesmo, um pedido atendido,
porque é da vontade d’Aquele que o concede, porque só Ele o pode conceder.
Percebes
então, que o Senhor não precisou de se deslocar àquela casa, não precisou de
tocar fisicamente aquele que estava enfermo, para que, por sua vontade ele
fosse curado, ele fosse salvo.
Dentro
de ti desponta então esta certeza que vai tomando conta de ti: Embora eu não O
possa receber fisicamente, embora eu não O possa receber na comunhão
eucarística, Ele não deixará de dizer uma palavra para minha salvação, assim eu
o peça com fé, e segundo a sua vontade.
Disposto
a isso, deixas-te envolver no momento, e caminhas na tua imaginação com aqueles
que vão receber o Corpo e Sangue do Senhor, porque dentro de ti, começas a
acreditar, ou melhor, já acreditas, que também tu, pela infinita misericórdia
de Deus, O vais receber espiritualmente, e assim Ele vai actuar em ti e
conduzir-te no Caminho, na Verdade e na Vida que Ele é, ajudando-te a perceber
como viver a tua situação particular de vida.
Desejas
recebê-Lo, e fazes disso mesmo a tua inteira vontade, porque ao recebê-Lo sabes
bem que Ele te vai iluminar, conduzir e fortalecer, para melhor viveres a vida
que te foi dada, nas circunstâncias que agora vives.
E
se esse desejo é tão grande em ti, então é porque a tua fé é grande também, e é
grande porque acreditas que naquela hóstia, ou melhor, pela consagração na
Eucaristia, o Senhor Jesus Cristo se faz real e verdadeiramente presente.
E
ao acreditares nessa verdade da fé, não te conformas já tu com a vontade de
Deus, não te abres já tu à comunhão com Deus, ao permanecer em Deus, para além
da tua situação particular?
E
não é também esta comunhão espiritual um formidável acto de caridade/amor?
Amor
ao Senhor, amor a Deus!
Amor
à Igreja, com a qual te queres conformar aceitando a tua particular situação!
Amor
aos teus irmãos, ao teu próximo, sobretudo aos mais novos, não os confundindo,
pois se te aproximasses da comunhão eucarística, que eles te sabem vedada pela
tua própria situação, poderiam ficar descrentes do que lhes foi/é ensinado.
Começas
a compreender que essa tua imensa vontade, (esse teu quase incontrolável desejo
de receber o Senhor), alicerçado na fé de acreditares que Ele ali se faz
presente, vivido no amor a Deus e ao próximo, te faz comungar espiritualmente o
Senhor, e que, perante a tua abertura de coração, Ele diz a tal palavra que te
conduzirá no caminho da salvação.
E
admiras-te, porque no teu coração dás graças a Deus pela tua situação
particular, que afinal te leva a ter tão grande consciência da presença real de
Jesus Cristo na Eucaristia.
Desponta
mesmo em ti uma pergunta sincera: Será que se não vivesses esta tua situação
familiar particular, terias tão grande consciência do acontecimento
extraordinário que é Deus dar-se como alimento ao homem e este poder-se
alimentar do próprio Deus?
Olhas
para aqueles que comungam e já não os invejas, antes pelo contrário, pedes por
eles e por ti, para que o Senhor desperte nos corações de cada um, um amor cada
vez mais forte e verdadeiro.
E
sentes-te comunhão com eles!
Afinal,
tu és Igreja também!
Assim
o ensina a própria Igreja. Está-te vedada a comunhão eucarística, mas Deus está
contigo, verdadeiramente, e tu és pedra viva da Igreja do Senhor.
E
descobres em ti esse sentimento de te fazeres conforme a vontade Deus, conforme
o ensinamento da Igreja, e encontras em ti uma humildade que não conhecias,
fruto da obediência de amor a que te entregaste.
E
dentro do teu coração, explode a oração:
Glória
ao Senhor, agora e para sempre!
Creio
no Pai, no Filho e no Espírito Santo, e creio na Igreja que é comunhão e me faz
comunhão.
Amen.
Marinha
Grande, 6 de Maio de 2013
Joaquim
Mexia Alves
Nota:
Este
texto é fruto da experiência que vivi durante alguns anos da minha vida. Foi um
caminho ao encontro do Pão Vivo descido do Céu, um encontro com o Senhor
realmente presente, que se faz sempre encontrado de muitas e variadas maneiras,
por aqueles que de coração aberto O procuram.
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