Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
06/09/2019
Leitura espiritual
Amigos
de Deus
213
Às vezes, quando tudo nos acontece ao
contrário do que imaginávamos, vem-nos espontaneamente à boca: Senhor, olha que
se afunda tudo, tudo, tudo...!
Chegou
a hora de rectificar: contigo, avançarei seguro, porque Tu és a própria
fortaleza: quia tu es, Deus, fortitudo
mea.
Roguei-te que, no meio das ocupações,
procures levantar os teus olhos ao Céu perseverantemente, porque a esperança
nos impele a agarrar-nos a essa mão forte que Deus nos estende sem cessar, com
o fim de não perdermos o ponto de mira sobrenatural; isto também quando as
paixões se levantam e nos acometem para nos aferrolharem no reduto mesquinho do
nosso eu, ou quando - com pueril vaidade - nos sentimos o centro do universo.
Eu
vivo persuadido de que, sem olhar para o alto, sem Jesus, jamais conseguirei
nada; e sei que a minha fortaleza, para me vencer e para vencer, nasce de
repetir aquele brado: tudo posso n'Aquele
que me conforta, que contém a segura promessa de Deus de não abandonar os
seus filhos, se os seus filhos não o abandonarem.
214
A
miséria e o perdão
Tanto se aproximou o senhor das criaturas,
que todos guardamos no coração fome de altura, ânsias de subir muito alto, de
fazer o bem.
Se
agora renovo em ti essas aspirações, é porque quero que te convenças da
segurança que Ele pôs na tua alma: se o deixares actuar, servirás - onde estás
- como instrumento útil, com uma eficácia insuspeitada.
Para
que não te afastes por cobardia da confiança que Deus deposita em ti, evita a
presunção de menosprezar ingenuamente as dificuldades que aparecerão no teu
caminho de cristão.
Não temos de estranhar.
Trazemos
em nós mesmos - consequência da natureza decaída - um princípio de oposição, de
resistência à graça: são as feridas do pecado original, agravadas pelos nossos
pecados pessoais.
Portanto,
temos de empreender as ascensões, as tarefas divinas e humanas - as de cada dia
- que sempre desembocam no Amor de Deus, com humildade, com coração contrito,
fiados na assistência divina e dedicando os nossos melhores esforços, como se
tudo dependesse de nós mesmos.
Enquanto pelejamos - uma peleja que durará
até à morte - não excluas a possibilidade de que se levantem, violentos, os
inimigos de fora e de dentro.
E,
como se fosse pequeno o lastro, às vezes, acumular-se-ão na tua mente os erros
cometidos, talvez abundantes.
Em
nome de Deus te digo: não desesperes.
Quando
isso suceder - não tem necessariamente que suceder, nem será o habitual -
converte essa ocasião num motivo para te unires mais com o Senhor; porque Ele,
que te escolheu como filho, não te abandonará.
Permite
a prova, para que ames mais e descubras com mais clareza a sua contínua
protecção, o seu Amor.
Insisto, tem ânimo, porque Cristo, que nos
perdoou na Cruz, continua a oferecer o seu perdão no Sacramento da Penitência e
sempre temos um advogado junto do Pai, Jesus Cristo, o Justo.
Ele
mesmo é a vítima de propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos
nossos mas também pelos de todo o mundo, para que alcancemos a Vitória.
Para a frente, aconteça o que acontecer!
Bem
agarrado ao braço do Senhor, considera que Deus não perde batalhas.
Se,
por qualquer motivo, te afastas d'Ele, reage com a humildade de começar e de
recomeçar; de fazer de filho pródigo todos os dias, inclusive repetidamente nas
vinte e quatro horas do dia; de reconciliar o teu coração contrito na
Confissão, verdadeiro milagre do Amor de Deus.
Neste
Sacramento maravilhoso, o Senhor limpa a tua alma e inunda-te de alegria e de
força para não desanimares na tua luta e para voltares de novo sem cansaço a
Deus, mesmo quando tudo te pareça obscuro.
Além
disso, a Mãe de Deus, que é também nossa Mãe, protege-te com a sua solicitude
maternal e dá-te confiança no teu caminhar.
215
Deus
não se cansa de perdoar
A sagrada Escritura adverte que até o justo
cai sete vezes. Sempre que leio estas palavras, a minha alma estremece com um
forte abalo de amor e de dor.
Uma
vez mais, vem o Senhor ao nosso encontro, com essa advertência divina, para nos
falar da sua misericórdia, da sua ternura, da sua clemência, que nunca acabam.
Estai
seguros: Deus não quer as nossas misérias, mas não as desconhece e conta
precisamente com essas debilidades para que nos façamos santos.
Um abalo de amor, dizia-vos.
Considero
a minha vida e, com sinceridade, vejo que não sou nada, que não valho nada, que
não tenho nada, que não posso nada; mais: que sou o nada!
Mas
Ele é o tudo e, ao mesmo tempo, é meu, e eu sou d'Ele, porque não me repele,
porque se entregou por mim.
Contemplastes
amor maior?
E um abalo de dor, pois examino a minha
conduta e assombro-me perante o conjunto das minhas negligências.
Basta-me
examinar as poucas horas decorridas desde que me levantei hoje, para descobrir
tanta falta de amor, de correspondência fiel. Penaliza-me deveras este meu
comportamento, mas não me tira a paz.
Prostro-me
diante de Deus e exponho-lhe claramente a minha situação.
Logo
tenho a segurança da sua assistência e oiço no fundo do meu coração o que ele
me repete devagar: meus es tu!
Sabia
- e sei - como és; para a frente!
Não pode ser de outra maneira.
Se
acorrermos continuamente a pôr-nos na presença do Senhor, aumentará a nossa
confiança, ao comprovarmos que o seu Amor e o seu chamamento permanecem
actuais: Deus não se cansa de nos amar.
A
esperança demonstra-nos que, sem Ele, não conseguimos realizar nem o mais
pequeno dever; e com ele, com a sua graça, cicatrizarão as nossas feridas;
revestir-nos-emos da sua fortaleza para resistir aos ataques do inimigo e
melhoraremos.
Em
resumo: a consciência de que somos feitos de barro ordinário há-de servir-nos,
sobretudo, para afirmarmos a nossa esperança em Cristo Jesus.
216
Misturai-vos com frequência entre os
personagens do Novo Testamento.
Saboreai
aquelas cenas comovedoras em que o Mestre actua com gestos divinos e humanos ou
relata, com frases humanas e divinas, a história sublime do perdão e do seu
contínuo Amor pelos seus filhos. Esses reflexos do Céu renovam-se também agora
na perenidade actual do Evangelho: palpa-se, nota-se, pode-se afirmar que se
toca com as mãos a protecção divina; um amparo que adquire vigor, quando
prosseguimos apesar dos tropeções, quando começamos e recomeçamos, pois isto é
a vida interior vivida com a esperança em Deus.
Sem este empenho em superar os obstáculos
de dentro e de fora, não nos será concedido o prémio.
Nenhum
atleta será premiado, se não lutar verdadeiramente, e não seria autêntico o
combate se faltasse o adversário com quem pelejar. Portanto, se não houver
adversário, não haverá coroa; pois não pode haver vencedor, onde não há
vencido.
Longe de nos desalentarem, as
contrariedades hão-de ser um acicate para crescermos como cristãos; nessa luta
nos santificamos e o nosso trabalho apostólico adquire maior eficácia.
Ao
meditar nos momentos em que Jesus Cristo - no Horto das Oliveiras e, mais
tarde, no abandono e ludíbrio da Cruz - aceita e ama a Vontade do Pai, enquanto
sente o peso gigantesco da Paixão, temos de nos persuadir de que para imitar
Cristo, para ser bons discípulos d'Ele, é preciso que sigamos o seu conselho: se alguém quer vir atrás de mim, negue-se a
si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.
Por
isso, gosto de pedir a Jesus para mim: Senhor, nenhum dia sem cruz!
Assim,
com a graça divina, se reforçará o nosso carácter e serviremos de apoio ao
nosso Deus, superando as nossas misérias pessoais.
Compreende bem isto: se ao cravar um prego
na parede, não encontrasses resistência, que poderias pendurar dele?
Se
não nos robustecermos, com o auxílio divino, por meio do sacrifício, não
alcançaremos a condição de instrumentos do Senhor.
Pelo
contrário, se nos decidirmos a aproveitar com alegria as contrariedades, por
amor de Deus, ao enfrentar o que é difícil e desagradável, o que é duro e
incómodo, não nos custará exclamar com os Apóstolos Tiago e João: Podemos!
(cont)
Pequena agenda do cristão
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Contenção; alguma privação; ser humilde.
Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.
Lembrar-me:
Filiação divina.
Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?
Evangelho e comentário
Evangelho: Lc 5, 33-39
Naquele tempo, os fariseus e os
escribas disseram a Jesus: «Os discípulos de João Baptista e os fariseus jejuam
muitas vezes e recitam orações. Mas os teus discípulos comem e bebem». Jesus respondeu-lhes:
«Quereis vós obrigar a jejuar os companheiros do noivo, enquanto o noivo está
com eles? Dias virão em que o noivo lhes será tirado; nesses dias jejuarão».
Disse-lhes também esta parábola: «Ninguém corta um remendo de um vestido novo,
para o deitar num vestido velho, porque não só rasga o vestido novo, como
também o remendo não se ajustará ao velho. E ninguém deita vinho novo em odres
velhos, porque o vinho novo acaba por romper os odres, derramar-se-á e os odres
ficarão perdidos. Mas deve deitar-se vinho novo em odres novos. Quem beber do
vinho velho não quer do novo, pois diz: ‘O velho é que é bom’».
Comentário:
Uma
aparente contradição?
Não
me parece.
Quem
não quer beber o vinho novo porque o “velho é que é bom” não está disposto a
mudar de vida, mantém-se fechado às insinuações do Espírito, conforma-se com o
que tem, acomoda-se com o que faz.
É
o aburguesamento, o estado terrível dos que se consideram muito bem naquilo que
fazem e sabem e se recusam a tentar fazer outra coisa melhor e a saber mais
detalhadamente as verdades da Fé.
É
o comodismo dos que não querem “incomodar-se” com novos desafios, ou outras
hipóteses de vida: mudar o quê e para quê?
Cumprem
os “mínimos” vão à Missa ao Domingo, procurando uma que seja breve e pouco
exigente, rezam “alguma coisa” só porque, enfim, não custa muito e sempre é
melhor prevenir…
São
os que, nas aflições que a vida traz, pedem, às vezes com fervor, mas,
raramente se lembram de dar graças por tantos benefícios que o Senhor dá,
nomeadamente, o dom da vida.
(AMA,
comentário sobre Lc 5, 33-39, 04.05.2009)
Temas para reflectir e meditar
Morte
«Onde está, ò morte, a tua vitória» (1 Cor 15, 55) A morte foi vencida por Jesus Cristo na Cruz.
Com Ele, n’Ele e por Ele, também nós vencemos a morte.
Assim abracemos a morte como uma amiga que nos permite aceder, pela graça de Deus, à plenitude da vida.
«Onde está, ò morte, a tua vitória» (1 Cor 15, 55) A morte foi vencida por Jesus Cristo na Cruz.
Com Ele, n’Ele e por Ele, também nós vencemos a morte.
Assim abracemos a morte como uma amiga que nos permite aceder, pela graça de Deus, à plenitude da vida.
(JMA, comentários sobre os Novíssimos - Morte, 2010.10.26)
O mundo, lugar de encontro com Deus
Necessitas
de formação, porque tens de ter um profundo sentido de responsabilidade, que
promova e anime a actuação dos católicos na vida pública, com o respeito devido
à liberdade de cada um, e recordando a todos que têm de ser coerentes com a sua
fé. (Forja, 712)
Um
homem sabedor de que o mundo - e não só o templo - é o lugar do seu encontro
com Cristo, ama esse mundo, procura adquirir uma boa preparação intelectual e
profissional, vai formando - com plena liberdade - os seus próprios critérios
sobre os problemas do meio em que vive; e toma, como consequência, as suas
próprias decisões que, por serem decisões de um cristão, procedem também de uma
reflexão pessoal que tenta humildemente captar a vontade de Deus nesses
aspectos, pequenos e grandes, da vida.
Mas
esse cristão não se lembra nunca de pensar ou de dizer que desce do templo ao
mundo para representar a Igreja, e que as suas soluções são as soluções
católicas daqueles problemas. Isso não pode ser, meus filhos! Isso seria
clericalismo, catolicismo oficial, ou como quiserdes chamar-lhe. De qualquer
modo, seria violentar a natureza das coisas. Tendes de difundir por toda a
parte uma verdadeira mentalidade laical, que há-de levar os cristãos a três
consequências: a serem suficientemente honrados para arcarem com a sua
responsabilidade pessoal; a serem suficientemente cristãos para respeitarem os
seus irmãos na fé que proponham - em matérias discutíveis - soluções diversas
das suas; e a serem suficientemente católicos para não se servirem da Igreja,
nossa Mãe, misturando-a com partidarismos humanos. (...).
Interpretai,
portanto, as minhas palavras como o que são: um chamamento a exercerdes -
diariamente!, não apenas em situações de emergência - os vossos direitos; e a
cumprirdes nobremente as vossas obrigações como cidadãos - na vida política, na
vida económica, na vida universitária, na vida profissional -, assumindo com
coragem todas as consequências das vossas decisões, arcando com a independência
pessoal que vos corresponde. E essa mentalidade laical cristã permitir-vos-á
fugir de toda a intolerância, de todo o fanatismo. Di-lo-ei de um modo
positivo: far-vos-á conviver em paz com todos os vossos concidadãos e fomentar
também a convivência nos diversos sectores da vida social. (Temas Actuais do Cristianismo, 117-118).
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