24/01/2015

Nunca amarás bastante

Por muito que ames, nunca amarás bastante. O coração humano tem um coeficiente de dilatação enorme. Quando ama, dilata-se num crescendo de carinho que supera todas as barreiras. Se amas o Senhor, não haverá criatura que não encontre lugar no teu coração. (Via Sacra, 8ª Estação, n. 5)

Vede agora o mestre reunido com os seus discípulos na intimidade do Cenáculo. Ao aproximar-se o momento da sua Paixão, o Coração de Cristo, rodeado por aqueles que ama, abre-se em inefáveis labaredas: dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros e que, do mesmo modo que eu vos amei, vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros. (Ioh XIII, 34–35.) (...).

Senhor, porque chamas novo a este mandamento? Como acabamos de ouvir, o amor ao próximo estava prescrito no Antigo Testamento e recordareis também que Jesus, mal começa a sua vida pública, amplia essa exigência com divina generosidade: ouvistes que foi dito: amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. Eu peço-vos mais: amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos aborrecem e orai pelos que vos perseguem e caluniam.

Senhor, deixa-nos insistir: porque continuas a chamar novo a este preceito? Naquela noite, poucas horas antes de te imolares na Cruz, durante aquela conversa íntima com os que - apesar das suas fraquezas e misérias pessoais, como as nossas - te acompanharam até Jerusalém. Tu revelaste-nos a medida insuspeitada da caridade: como eu vos amei. Como não haviam de te entender os Apóstolos, se tinham sido testemunhas do teu amor insondável!


Se professamos essa mesma fé, se ambicionamos verdadeiramente seguir as pegadas, tão nítidas, que os passos de Cristo deixaram na terra, não podemos conformar-nos com evitar aos outros os males que não desejamos para nós mesmos. Isto é muito, mas é muito pouco, quando compreendemos que a medida do nosso amor é definida pelo comportamento de Jesus. Além disso, Ele não nos propõe essa norma de conduta como uma meta longínqua, como o coroamento de toda uma vida de luta. É – e insisto que deve sê-lo para que o traduzas em propósitos concretos – o ponto de partida, porque Nosso Senhor o indica como sinal prévio: nisto conhecerão que sois meus discípulos. (Amigos de Deus, nn. 222-223)

Temas para meditar - 344


Vida consagrada



O estado religioso é sem dúvida o mais alto, mas não é adequado para todos.


(são filipe de neri, Maxim’s, F.W.Faber, Cromwell Press, nr. 24-20)

Tratado do verbo encarnado 100

Questão 15: Das fraquezas atinentes à alma que Cristo assumiu com a natureza humana

Art. 7 — Se em Cristo houve temor.

O sétimo discute-se assim. — Parece que em Cristo não houve temor.

1. — Pois, diz a Escritura: O justo, como leão afoito, sem terror. Ora, Cristo era o justo por excelência. Logo, em Cristo não houve nenhum terror.

2. Demais. — Hilário diz: Pergunto àqueles, que tem tal persuasão, se é racional pensar que temesse a morte quem, expulsando da alma dos Apóstolos todo terror da morte, os exportava à glória do martírio. Logo, não é racional que houvesse em Cristo o temor.

3. Demais. — O homem só tem temor daquilo que não pode evitar. Ora, Cristo podia evitar tanto o mal da pena que sofreu, como o da culpa que atingiu os demais. Logo, em Cristo não houve nenhum temor.

Mas, em contrário, o Evangelho: Jesus começou a ter pavor e a angustiar-se.

Assim como a tristeza é causada pela apreensão do mal presente, assim o temor, pela do mal futuro. Ora, a apreensão do mal futuro, mesmo revestida de toda certeza, não causa temor. Donde o dizer o Filósofo, só há temor do que não temos nenhuma esperança de evitar, pois, o que nenhuma esperança de evitar, pois, o que nenhuma esperança temos de evitar apreendemos como um mal presente e, assim, causa antes tristeza que temor. 

Donde, o temor pode ser considerado a dupla luz. — Primeiro, quanto ao facto de o apetite sensitivo fugir naturalmente ao mal corpóreo presente, pela tristeza, e pelo temor, se for futuro. Ora, deste modo, houve temor em Cristo, como houve tristeza. — Pode ser considerado a outra luz, quanto à incerteza do acontecimento futuro, assim, quando tememos, de noite, por um som que ouvimos e cuja proveniência ignoramos. E deste modo, em Cristo não houve temor, como diz Damasceno.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Dissemos que o justo não tem terror, compreendendo-se o terror como uma paixão perfeita, que priva o homem do bem da razão. E assim, não houve terror em Cristo, senão só na pro-paixão. Por isso, o Evangelho refere que Jesus começou a ter pavor e a angustiar-se, quase pela pro-paixão, como expõe Jerónimo.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Hilário exclui de Cristo o temor no mesmo sentido em que dele exclui a tristeza, isto é, quanto à necessidade que ele impõe. Contudo, para provar que assumiu verdadeiramente a natureza humana, Jesus assumiu voluntariamente o temor, como também a tristeza.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Embora Cristo pudesse evitar os males futuros, pelo poder da sua divindade, contudo eles eram inevitáveis, ou não facilmente evitáveis, por causa da fraqueza da carne.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.


Ev. diário L. Esp. (Temas actuais do cristianismo)

Tempo Comum II Semana

São Francisco de Sales – Doutor da Igreja

Evangelho: Mc 3 20-21

20 Depois, foi para casa e de novo acorreu tanta gente, que nem sequer podiam tomar alimento. 21 Quando os Seus parentes ouviram isto, foram para tomar conta d'Ele; porque diziam: «Está louco».

Comentário

Ao ler este trecho do Evangelho de S. Lucas vem, uma vez mais, à evidência a discrição da vida de Jesus antes de iniciar a Sua vida pública de pregação do Reino de Deus. Trinta e três anos terá vivido no meio dos Seus conterrâneos e vizinhos e nunca alguém notou que houvesse nele algo de extraordinário.
Jesus viveu e trabalhou a maior parte da Sua vida como um qualquer do Seu tempo, um qualquer de nós.
Não é de admirar que o Filho de Deus, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade se reduzisse, assim, a um anonimato tão discreto e prosaico?
Não nos provoca uma ternura enorme ver, assim, o Nosso Senhor, vivendo normalissimamente no seio da Sua família fazendo o que todos faziam, trabalhando como todos trabalhavam, indo à escola, primeiro, e, depois, na oficina de São José aprendendo com ele o ofício que seria o Seu trabalho durante tantos anos e, através do qual, ganhava o normal sustento para Sua casa?
O Verdadeiro Deus e o Verdadeiro Homem! 

(ama, comentário sobre Mc 3, 20-21, 2010.12.24)


Leitura espiritual


São Josemaria Escrivá

Temas actuais do cristianismo [i]


45             
Alguns leitores de Caminho manifestam estranheza perante a afirmação contida no ponto 28 desse livro: “O matrimónio é para os soldados e não para o estado-maior de Cristo”. Poderá ver-se nisto uma apreciação pejorativa do matrimónio, oposta ao desejo da Obra de inserir-se nas realidades vivas do mundo moderno?

Aconselho-o a ler o número anterior de Caminho, onde se diz que o matrimónio é uma vocação divina. Não era nada frequente ouvir afirmações como essa à roda de 1935. Tirar as conclusões de que fala é não entender as minhas palavras. Com essa metáfora quis recolher o que sempre ensinou a Igreja acerca da excelência e valor sobrenatural do celibato apostólico, e recordar ao mesmo tempo a todos os cristãos que, com palavras de São Paulo, devem sentir-se milites Christi, soldados de Cristo, membros desse Povo de Deus que realiza na Terra uma luta divina de compreensão, de santidade e de paz. Há em todo o Mundo muitos milhares de casais que pertencem ao Opus Dei, ou que vivem de acordo com o seu espírito, sabendo bem que um soldado pode ser condecorado na mesma batalha em que o general fugiu vergonhosamente.

46             
Em 1946, fixou residência em Roma. Dos Pontífices que conheceu, que traços se destacam nas suas recordações?

Para mim, depois da Santíssima Trindade e de nossa Mãe a Virgem, vem logo o Papa, na hierarquia do amor. Não posso esquecer que foi S.S. Pio XIl quem aprovou o Opus Dei, quando este caminho de espiritualidade parecia a alguns uma heresia; mas também não esqueço que as primeiras palavras de carinho e afecto que recebi em Roma, em 1946, disse-mas o então Mons. Montini. Tenho também muito presente o encanto afável e paternal de João XXIII, de todas as vezes que tive ocasião de o visitar. Uma vez disse-lhe: “Todos, católicos ou não, têm encontrado na nossa Obra um lugar acolhedor: não tive de aprender o ecumenismo com Vossa Santidade ...”. E o Santo Padre João sorriu emocionado. Que quer que lhe diga? Todos os Romanos Pontífices têm tido compreensão e carinho para com o Opus Dei.

47             
Tive oportunidade, Monsenhor, de ouvir as respostas às perguntas que lhe fazia um público de mais de 2000 pessoas, reunidas há ano e meio, em Pamplona. Nessa altura insistia na necessidade de que os católicos se comportem como cidadãos livres e responsáveis e “de que não vivam de ser católicos”. Que importância e que projecção dá a esta ideia?

Sempre me incomodou a atitude daqueles que fazem de chamar-se católicos uma profissão ou daqueles que querem negar o princípio da liberdade responsável, sobre o qual assenta toda a moral cristã.

O espírito da Obra e dos seus sócios é servir a Igreja e todas as criaturas sem se servir da Igreja. Gosto de que o católico traga Cristo, não no nome, mas na conduta, dando real testemunho de vida cristã. Repugna-me o clericalismo e compreendo que, ao lado de um anticlericalismo mau, exista um anticlericalismo bom, que procede do amor ao sacerdócio, que se opõe a que o simples fiel ou o sacerdote se sirvam de uma missão sagrada para fins terrenos. Mas não pense que com isto me declaro contra quem quer que seja. Não existe na nossa Obra nenhuma preocupação exclusivista, mas somente o desejo de colaborar com todos os que trabalham para Cristo e com todos os que, cristãos ou não, fazem da sua vida uma esplêndida realidade de serviço.

De resto, o que importa não é tanto a projecção que tenho dado a estas ideias, especialmente desde 1928, mas a que lhe dá o Magistério da Igreja. Há pouco tempo, o Concílio - com uma emoção, para este pobre sacerdote, que é difícil de explicar - lembrava a todos os cristãos, na Constituição Dogmática Lumen gentium, que devem sentir-se plenamente cidadãos da cidade terrena, participando em todas as actividades humanas com competência profissional e com amor a todos os homens, procurando a perfeição cristã, à qual são chamados pelo simples facto de terem recebido o baptismo.

(cont)









[i] Entrevista realizada por Jacques-Guillemé-Brûlon, publicada em Le Figaro (Paris) em 16 de Maio de 1966.


Pequena agenda do cristão

SÁBADO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:
Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?