06/09/2016

O perigo é a rotina

"Nonne cor nostrum ardens erat in nobis, dum loqueretur in via?". – Não é verdade que sentíamos abrasar-se-nos o coração, quando nos falava caminho? Se és apóstolo, estas palavras dos discípulos de Emaús deviam sair espontaneamente dos lábios dos teus companheiros de profissão, depois de te encontrarem a ti no caminho da vida. (Caminho, 917)

Agrada-me falar de caminho, porque somos caminhantes, dirigimo-nos para a casa do Céu, para a nossa Pátria. Mas reparemos que um caminho, mesmo que um ou outro trecho apresente dificuldades especiais, mesmo que alguma vez nos obrigue a passar a vau um rio ou a atravessar um pequeno bosque quase impenetrável, habitualmente é simples, sem surpresas. O perigo é a rotina: supor que nisto, no que temos de fazer em cada instante, não está Deus, porque é tão simples, tão vulgar!

Iam os dois discípulos para Emaús. O seu caminhar era normal, como o de tantas outras pessoas que transitavam por aquelas paragens. E aí, com naturalidade, aparece-lhes Jesus e vai com eles, com uma conversa que diminui a fadiga. Imagi-no a cena: já bem adiantada a tarde. Sopra uma brisa suave. De um lado e de outro, campos semeados de trigo já crescido e as velhas oliveiras com os ramos prateados pela luz indecisa...

Jesus, no caminho! Senhor, que grande és Tu sempre! Mas comoves-me quando te rebaixas para nos acompanhares, para nos procurares na nossa lida diária. Senhor, concede-nos a ingenuidade de espírito, o olhar limpo, a mente clara, que permitem entender-Te, quando vens sem nenhum sinal externo da Tua glória.

Termina o trajecto ao chegar à aldeia e aqueles dois que – sem o saberem – tinham sido feridos no fundo do coração pela palavra e pelo amor do Deus feito homem, têm pena de que Ele se vá embora. Porque Jesus despede-se como quem vai para mais longe. Nosso Senhor nunca se impõe. Quer que O chamemos livremente, desde que entrevimos a pureza do Amor que nos meteu na alma. (Amigos de Deus, nn. 313–314)


Leitura espiritual

Leitura Espiritual


Cristo que passa



São Josemaria Escrivá


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Cada um destes gestos humanos é gesto de Deus.
Em Cristo habita toda a plenitude da divindade corporalmente.
Cristo é Deus feito homem; homem perfeito; homem cabal.
E, na sua humanidade, dá-nos a conhecer a divindade.

Ao recordarmos esta delicadeza humana de Cristo, que gasta a sua vida em serviço dos outros, fazemos muito mais do que descrever um modo possível de nos comportarmos: estamos a descobrir Deus. Toda a actuação de Cristo tem um valor transcendente; dá-nos a conhecer o modo de ser de Deus; convida-nos a crer no amor de Deus, que nos criou e que quer levar-nos até à sua intimidade.
Manifestei o teu nome aos homens que, do mundo, me deste.
Eram teus e Tu deste-mos, e eles guardaram a tua palavra.
Agora sabem que tudo quanto me deste vem de Ti, exclamou Jesus na longa oração que o Evangelista João nos conserva.

Portanto, o convívio de Jesus com os homens não fica em meras palavras nem em atitudes superficiais; Jesus toma a sério o homem e quer dar-lhe a conhecer o sentido divino da sua vida.
Jesus sabe exigir, colocar os homens perante os seus deveres, arrancar do comodismo e do conformismo os que O escutam, para levá-los a conhecer o Deus três vezes santo.
A fome e a dor comovem Jesus, mas sobretudo comove-O a ignorância: Viu Jesus uma grande multidão e compadeceu-Se deles, porque eram como ovelhas sem pastor.
Começou então a ensiná-los demoradamente.

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Aplicação à nossa vida corrente

Percorremos algumas páginas dos Santos Evangelhos para contemplar Jesus no seu convívio com os homens e para aprendermos a levar Cristo aos nossos irmãos, os homens, sendo nós próprios Cristo. Apliquemos esta lição à nossa vida corrente, à vida de cada um de nós.
Porque a vida corrente e ordinária, a vida de cada homem entre os seus concidadãos e seus iguais, não é coisa baixa e sem relevo; é precisamente nessas circunstâncias que o Senhor quer que se santifique a imensa maioria dos seus filhos.

É necessário repetir uma e mais vezes que Jesus não se dirigiu a um grupo de privilegiados, mas veio revelar-nos o amor universal de Deus.
Todos os homens são amados por Deus; de todos eles espera amor, de todos, quaisquer que sejam a sua condição, a sua posição social, a sua profissão ou oficio.
A vida corrente e ordinária não é coisa de pouco valor; todos os caminhos da Terra podem ser uma ocasião de encontro com Cristo, que nos chama a identificar-nos com Ele, para realizarmos - no lugar onde estamos - a sua missão divina.

Deus chama-nos através dos incidentes da vida de cada dia, no sofrimento e na alegria das pessoas com quem convivemos, nas preocupações dos nossos companheiros, nas pequenas coisas da vida familiar.
Deus também nos chama através dos grandes problemas, conflitos e ideais que definem cada época histórica, atraindo o esforço e o entusiasmo de grande parte da Humanidade.

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Compreende-se muito bem a impaciência, a angústia, os inquietos anseios daqueles que, com uma alma naturalmente cristã, não se resignam perante a injustiça individual e social que o coração humano é capaz de criar.
Tantos séculos de convivência dos homens entre si, e ainda tanto ódio, tanta destruição, tanto fanatismo acumulado em olhos que não querem ver e em corações que não querem amar!
Os bens da Terra, repartidos entre muito poucos; os bens da cultura, encerrados em cenáculos...
E, lá fora, fome de pão e de sabedoria; vidas humanas - que são santas, porque vêm de Deus - tratadas como simples coisas, como números de uma estatística!
Compreendo e compartilho dessa impaciência, levantando os olhos para Cristo, que continua a convidar-nos a pormos em prática o mandamento novo do amor.

Todas as situações que a nossa vida atravessa nos trazem uma mensagem divina, nos pedem uma resposta de amor, de entrega aos demais.
Quando vier o Filho do homem em toda a sua majestade, acompanhado de todos seus anjos, há-de sentar-se então no seu trono de glória.
Perante Ele reunir-se-ão todas as nações e Ele apartará as pessoas umas das outras, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos.
À sua direita porá as ovelhas, e os cabritos à esquerda. O Rei dirá então, aos da sua direita: Vinde, benditos do meu Pai, recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Porque tive fome e destes-Me de comer, tive sede e destes-Me de beber; era peregrino e recolhestes-Me; estava nu e vestistes-Me; adoeci e visitastes-Me, estive na prisão e fostes ter comigo. Então os justos responder-Lhe-ão: Senhor, quando é que Te vimos com fome e Te demos de comer, com sede e Te demos de beber?
Quando é que Te vimos peregrino e Te recolhemos, ou nu e Te vestimos?
E quando Te vimos doente ou na prisão e fomos visitar-Te?
E o Rei dir-lhes-á em resposta: Em verdade vos digo, sempre que o fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes.

É preciso reconhecer Cristo que nos sai ao encontro nos nossos irmãos, os homens.
Nenhuma vida humana é uma vida isolada; entrelaça-se com as demais.
Nenhuma pessoa é um verso solto; todos fazemos parte de um mesmo poema divino, que Deus escreve com o concurso da nossa liberdade.

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Nada há que seja alheio ao interesse de Cristo.
Falando com profundidade teológica, isto é, se não nos limitamos a uma classificação funcional, não se pode dizer rigorosamente que haja realidades - boas, nobres e até indiferentes - que sejam exclusivamente profanas, uma vez que o Verbo de Deus fixou morada entre os filhos dos homens, teve fome e sede, trabalhou com as suas mãos, conheceu a amizade e a obediência, experimentou a dor e a morte.
Porque foi do agrado de Deus que residisse Nele toda a plenitude e por Ele fossem reconciliadas consigo todas a coisas, pacificando, pelo sangue da sua Cruz, tanto as da Terra como as dos Céus.

Devemos amar o mundo, o trabalho, as realidades humanas. Porque o mundo é bom.
Foi o pecado de Adão que desfez a harmonia divina da criação. Mas Deus Pai enviou o seu Filho unigénito para restabelecer a paz, para que nós, tornados filhos de adopção, pudéssemos libertar a criação da desordem e reconciliar todas as coisas com Deus.

Cada situação humana é irrepetível, fruto de uma educação única, que se deve viver com intensidade, realizando nela o espírito de Cristo. Assim, vivendo cristãmente entre os nossos iguais, com naturalidade mas de modo coerente com a nossa fé, seremos Cristo presente entre os homens.

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Ao considerar a dignidade da missão a que Deus nos chama talvez possa surgir a presunção, a soberba, na alma humana.
É uma falsa consciência da vocação cristã aquela que nos cegar, aquela que nos fizer esquecer que somos feitos de barro, que somos pó e miséria.
Na verdade, não há mal apenas no mundo, ao nosso redor; o mal está dentro de nós, abriga-se no nosso próprio coração, tornando-nos capazes de vilanias e de egoísmos.
Só a graça de Deus é rocha firme; nós somos areia, e areia movediça.

Se se percorre com um olhar a história dos homens ou a situação actual do mundo, é doloroso verificar que, passados vinte séculos, há tão poucos que se chamam cristãos e que os que se adornam com esse nome são tantas vezes infiéis à sua vocação.
Há anos, uma pessoa, que não tinha mau coração, mas não tinha fé, apontando-me o mapa-múndi, comentou: Aí está o fracasso de Cristo: tantos séculos procurando meter na alma dos homens a sua doutrina, e veja os resultados - não há cristãos.

Não falta hoje quem pense assim.
Cristo, porém, não fracassou; a sua palavra e a sua vida fecundam continuamente o mundo.
A obra de Cristo, a tarefa que seu Pai Lhe encomendou, está a realizar-se; a sua força atravessa a História, trazendo a vida verdadeira e quando tudo Lhe estiver sujeito, então também o próprio Filho se submeterá Àquele que tudo Lhe submeteu, a fim de que Deus seja tudo em todos.

Nesta tarefa que vai realizando no mundo, Deus quis que sejamos seus cooperadores; quer correr o risco da nossa liberdade. Emociona-me profundamente contemplar a figura de Jesus recém-nascido em Belém: um menino indefeso, inerme, incapaz de oferecer resistência...
Deus entrega-Se nas mãos dos homens; aproxima-Se e desce até nós! Jesus Cristo, sendo de condição divina, não reivindica o direito de ser equiparado a Deus, mas despojou-Se a Si mesmo, tomando a condição de servo.
Deus condescende com a nossa liberdade, com a nossa imperfeição, com as nossas misérias.
Consente que os tesouros divinos sejam levados em vasos de barro; que O demos a conhecer misturando as nossas deficiências com a sua força divina.

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A experiência do pecado não nos deve, portanto, fazer duvidar da nossa missão. Certamente que os nossos pecados podem dificultar que Cristo seja reconhecido, e por isso devemos lutar contra as nossas misérias pessoais, buscar a purificação, sabendo, porém, que Deus não nos prometeu a vitória absoluta sobre o mal nesta vida, mas o que nos pede é luta.
Sufficit tíbi gratia mea, basta-te a minha graça, respondeu Deus a Paulo, que pedia a sua libertação do aguilhão que o humilhava.

O poder de Deus manifesta-se na nossa fraqueza, e incita-nos a lutar, a combater os nossos defeitos, mesmo sabendo que nunca obteremos completamente a vitória durante este caminhar terreno.
A vida cristã é um constante começar e recomeçar, uma renovação em cada dia.

Cristo ressuscita em nós, se nos tornarmos comparticipantes da sua Cruz e da sua Morte.
Temos de amar a Cruz, a entrega a mortificação.
O optimismo cristão não é um optimismo cómodo, nem uma confiança humana em que tudo correrá bem; é um optimismo que se enraíza na consciência da liberdade e na fé na graça; é um optimismo que nos obriga a exigirmo-nos a nós próprios, a esforçarmo-nos por corresponder ao chamamento de Deus.

Cristo manifesta-se, portanto, não já apesar da nossa miséria, mas, de certo modo, através da nossa miséria, da nossa vida de homens feitos de carne e de barro, no esforço por sermos melhores, por realizarmos um amor que aspira a ser puro, por dominarmos o egoísmo, por nos entregarmos plenamente aos demais, fazendo da nossa existência um serviço constante.

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Não quero terminar sem uma última reflexão: o cristão, ao tornar Cristo presente entre os homens, sendo ele mesmo ipse Christus, não procura apenas viver numa atitude de amor, mas também dar a conhecer o Amor de Deus através desse amor humano.

Jesus concebeu toda a sua vida como uma revelação desse amor: Filipe, - respondeu a um dos seus Apóstolos - quem me vê a Mim, vê o Pai.
Seguindo esse ensinamento, o Apóstolo João convida os cristãos a que, já que conheceram o amor de Deus, o manifestem com as suas obras:
Caríssimos, amemo-nos uns aos outros; porque o amor vem de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece-0. Aquele que não ama não conhece Deus, porque Deus é Amor.
Nisto se manifestou o amor de Deus para connosco: em ter enviado o seu Filho unigénito ao mundo para que por Ele vivamos.
Nisto consiste o seu amor: não fomos nós que amámos Deus, mas foi Ele que nos amou e enviou o seu Filho para propiciação pelos nossos pecados.
Caríssimos, se Deus nos amou assim, também nos devemos amar uns aos outros.


(cont)

Evangelho e comentário


Tempo Comum

Evangelho: Lc 6, 12-19

«12 Naqueles dias Jesus retirou-se para o monte a orar, e passou toda a noite em oração a Deus. 13 Quando se fez dia, chamou os Seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de Apóstolos: 14 Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro, seu irmão André, Tiago, João, Filipe, Bartolomeu, 15 Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Simão, chamado o Zelote, 16 Judas, irmão de Tiago, e Judas Iscariotes, que foi o traidor. 17 Descendo com eles, parou numa planície. Estava lá um grande número dos Seus discípulos e uma grande multidão de povo de toda a Judeia, de Jerusalém, do litoral de Tiro e de Sidónia, 18 que tinham vindo para O ouvir, e para ser curados das suas doenças. Os que eram atormentados pelos espíritos imundos ficavam também curados. 19 Todo o povo procurava tocá-l'O, porque saía d'Ele uma virtude que os curava a todos.»

Comentário:

Como Jesus Cristo dirá depois não foram estes doze que o escolheram para O seguir como Mestre e Senhor mas sim Ele próprio Quem os escolheu.

Não nos cabe analisar as escolhas divinas nem sequer o devemos tentar porque teremos de nos lembrar sempre que também se  Ele nos escolheu a nós não foi pelo nosso valor ou possível mérito mas porque essa foi a Sua Vontade.

(ama, comentário sobre Lc 6, 12-19, 2015.10.28)








Jesus Cristo e a Igreja – 127

Celibato eclesiástico: História e fundamentos teológicos

IV. O CELIBATO NA DISCIPLINA DAS IGREJAS ORIENTAIS


A fragmentação do sistema disciplinar no Oriente

…/6

Não se deve surpreender de que as primeiras leis que sancionaram esta situação foram leis imperiais, posto que, não inspiradas certamente em considerações teológicas, tratavam de regular as condições civis concomitantes com o ministério sagrado. De fato, enquanto o Código Teodosiano (ano 434) mostrou que a continência pode ser guardada, ainda que se permita à mulher habitar com o marido também depois da Ordenação, pois o amor à castidade não exige expulsá-la de casa (sempre que o comportamento dela antes da Ordenação do marido tenha demonstrado que ela é digna dele), a legislação do Imperador Justiniano I em matéria eclesiástica, por sua parte, tanto no Código (ano 534) como nas “Novellae” (535-536), manifesta uma atitude diversa. Ainda se mantém a proibição de admitir na Ordem sagrada ao que se tivesse casado mais de uma vez, assim como a de casar-se depois da Ordenação, e isto para todos os graus, desde o sub-diaconado em diante. Mas agora se permite a coabitação com a esposa aos sacerdotes, diáconos e subdiáconos com o fim de que possam continuar usando do matrimónio, sempre que houvesse sido contraído uma só vez e com uma virgem.

Tratado da vida de Cristo 123

Questão 49: Dos efeitos da paixão de Cristo
Art. 4 — Se pela Paixão de Cristo fomos reconciliados com Deus.

O quarto discute-se assim. — Parece que pela Paixão de Cristo não fomos reconciliados com Deus.

1. — Pois, a reconciliação não tem lugar entre amigos. Ora, Deus sempre nos amou, como diz a Escritura: Tu amas todas as causas que existem e não aborreces nada de quanto fizeste. Logo, a Paixão de Cristo não nos reconciliou com Deus.

2. Demais. — Não pode o princípio também ser efeito; e por isso a graça, que é o princípio do mérito, não é susceptível de mérito. Ora, o amor de Deus foi o princípio da Paixão de Cristo, segundo o Evangelho: Assim amou Deus ao mundo que lhe deu a seu Filho unigénito. Logo parece que pela Paixão de Cristo não fomos reconciliados com Deus, de modo que ele então começasse a amar-nos de novo.

3. Demais. — A Paixão de Cristo cumpriu-se mediante os que o mataram, que assim gravemente ofenderam a Deus. Logo, a Paixão de Cristo é antes a causa da Indignação de Deus que a da reconciliação com ele.

Mas, em contrário, diz o Apóstolo: Fomos reconciliados com Deus pela morte do seu Filho.

A Paixão de Cristo é a causa da nossa reconciliação com Deus, de dois modos. — Primeiro, porque remove o pecado pelo qual os homens são constituídos inimigos de Deus, segundo a Escritura: Deus igualmente aborreceu ao ímpio e a sua impiedade. E noutro lugar: Aborreces a todos os que obram a iniquidade. - De outro modo, como sacrifício muito aceite por Deus. Pois, o efeito próprio do sacrifício é aplacar Deus; assim como perdoamos a ofensa cometida contra nós quando recebemos um serviço que nos é prestado. Donde o dizer a Escritura: Se o Senhor te incita contra mim, receba ele o cheiro do sacrifício. Semelhantemente, o ter Cristo sofrido voluntariamente foi um bem tão grande, que em razão desse bem descoberto na natureza humana, Deus se aplacou no tocante a qualquer ofensa do género humano, contanto que o homem se una com a Paixão de Cristo, do modo referido.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Deus ama em todos os homens a natureza que ele mesmo fez. Odeia-os, porém por causa da culpa que contra ele cometeram, segundo a Escritura: Aborrece o Altíssimo aos pecadores.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Não se diz que a Paixão de Cristo nos reconciliou com Deus porque de novo nos começasse a amar, pois está na Escritura: Com amor eterno te amei. Mas porque a Paixão de Cristo eliminou a causa do ódio, quer por ter delido o pecado, quer pela compensação de um bem mais aceitável.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Assim como os imoladores de Cristo foram homens, assim também Cristo, o morto, era homem. Mas foi maior a caridade de Cristo padecente que a iniquidade dos que o mataram. Por isso a Paixão de Cristo foi mais valiosa para reconciliar Deus com todo o género humano do que para lhe provocar as iras.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.





Pequena agendado cristão


TeRÇa-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Aplicação no trabalho.

Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.

Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.

Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?