Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
06/01/2019
Temas para reflectir e meditar
Pequena agenda do cristão
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Viver a família.
Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.
Lembrar-me:
Cultivar a Fé
São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?
Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer?
A
humildade é outro bom caminho para chegar à paz interior. – Foi Ele que o
disse: "Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração... e
encontrareis paz para as vossas almas". (Caminho, 607)
Onde
está o rei dos judeus que acaba de nascer? Também eu, instado por esta
pergunta, contemplo agora Jesus, deitado numa manjedoura, num lugar que só é
próprio para os animais. Onde está, Senhor, a tua realeza: o diadema, a espada,
o ceptro? Pertencem-lhe e não os quer; reina envolto em panos. É um rei inerme,
que se nos apresenta indefeso; é uma criança. Como não havemos de recordar
aquelas palavras do Apóstolo: aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de
servo.
Nosso
Senhor encarnou para nos manifestar a vontade do Pai. E começa a instruir-nos
estando ainda no berço. Jesus Cristo procura-nos – com uma vocação, que é
vocação para a santidade –, a fim de consumarmos com Ele a Redenção. Considerai
o seu primeiro ensinamento: temos de co-redimir à custa de triunfar, não sobre
o próximo, mas sobre nós mesmos. Tal como Cristo, precisamos de nos aniquilar,
de sentir-nos servidores dos outros para os conduzir a Deus.
Onde
está o nosso Rei? Não será que Jesus quer reinar, antes de mais, no coração, no
teu coração? Por isso se fez menino: quem é capaz de ter o coração fechado para
uma criança? Onde está o nosso Rei? Onde está o Cristo que o Espírito Santo
procura formar na nossa alma? Cristo não pode estar na soberba, que nos separa
de Deus, nem na falta de caridade, que nos isola dos homens. Aí não podemos
encontrar Cristo, mas apenas a solidão.
No
dia da Epifania, prostrados aos pés de Jesus Menino, diante de um Rei que não
ostenta sinais externos de realeza, podeis dizer-lhe: Senhor, expulsa a soberba
da minha vida, subjuga o meu amor-próprio, esta minha vontade de afirmação
pessoal e de imposição da minha vontade aos outros. Faz com que o fundamento da
minha personalidade seja a identificação contigo. (Cristo
que passa, 31)
Evangelho e comentário
TEMPO DE EPIFANIA
Epifania do Senhor
Evangelho: Mt 2, 1-12
1
Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, chegaram a
Jerusalém uns magos vindos do Oriente. 2 E perguntaram: «Onde está o rei dos
judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo.»
3 Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes perturbou-se e toda a Jerusalém com ele.
4 E, reunindo todos os sumos sacerdotes e escribas do povo, perguntou-lhes onde
devia nascer o Messias. 5 Eles responderam: «Em Belém da Judeia, pois assim foi
escrito pelo profeta: 6 E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor
entre as principais cidades da Judeia; porque de ti vai sair o Príncipe que
há-de apascentar o meu povo de Israel.» 7 Então Herodes mandou chamar
secretamente os magos e pediu-lhes informações exactas sobre a data em que a
estrela lhes tinha aparecido. 8 E, enviando-os a Belém, disse-lhes: «Ide e
informai-vos cuidadosamente acerca do menino; e, depois de o encontrardes,
vinde comunicar-mo para eu ir também prestar-lhe homenagem.» 9 Depois de ter
ouvido o rei, os magos puseram-se a caminho. E a estrela que tinham visto no
Oriente ia adiante deles, até que, chegando ao lugar onde estava o menino,
parou. 10 Ao ver a estrela, sentiram imensa alegria; 11 e, entrando na casa,
viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, adoraram-no; e, abrindo os
cofres, ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra. 12 Avisados em sonhos
para não voltarem junto de Herodes, regressaram ao seu país por outro caminho.
Comentário:
A vinda destes Magos a visitar o Menino
é providencial. Julgo que os presentes que trouxeram serviram de pecúlio
precioso para a viagem e estadia no Egipto, pelo menos até José arranjar trabalho
com que sustentar a Família. Na pobreza e simplicidade do Nascimento do Salvador,
Deus não descura os pormenores das necessidades humanas. Poderia muito bem ter
feito as coisas de mil maneiras diferentes, mas não, tudo quanto rodeia o
Menino é previsto e determinado para ser “humanamente aceitável”, isto é, não
há milagres, nem intervenções divinas portentosas e espectaculares. Não. Um
Menino nasce em Belém e a humanidade fica a saber que se trata do Messias
Salvador. Quem o anuncia são os Anjos do Céu a uns pastores e um sinal celeste
a uns Magos. A “chave” desta parcimónia e discrição em tão magnífico
acontecimento, está no próprio trecho do Evangelho. De facto, as autoridades e
principais de Israel sabiam muito bem onde nasceria o Messias e os sinais que
acompanhariam o Seu nascimento.
(ama,
comentário sobre Mt 2, 1-12, 2009.12.04)
Leitura espiritual
SOBRE A CHAMADA À SANTIDADE
NO MUNDO ACTUAL
NO MUNDO ACTUAL
Capítulo I
A CHAMADA À SANTIDADE
A tua missão em Cristo
19. Para um cristão, não é possível imaginar a própria missão na
terra, sem a conceber como um caminho de santidade, porque «esta é, na verdade,
a vontade de Deus: a [nossa] santificação» (1 Ts 4, 3). Cada santo
é uma missão; é um projecto do Pai que visa reflectir e encarnar, num momento
determinado da história, um aspecto do Evangelho.
20. Esta missão tem o seu sentido pleno em Cristo e só se
compreende a partir d’Ele. No fundo, a santidade é viver em união com Ele os
mistérios da sua vida; consiste em associar-se duma maneira única e pessoal à
morte e ressurreição do Senhor, em morrer e ressuscitar continuamente com Ele.
Mas pode também envolver a reprodução na própria existência de diferentes
aspetos da vida terrena de Jesus: a vida oculta, a vida comunitária, a
proximidade aos últimos, a pobreza e outras manifestações da sua doação por amor.
A contemplação destes mistérios, como propunha Santo Inácio de Loyola, leva-nos
a encarná-los nas nossas opções e atitudes. [i] Porque
«tudo, na vida de Jesus, é sinal do seu mistério», [ii] «toda
a vida de Cristo é revelação do Pai»,[iii] «toda
a vida de Cristo é mistério de redenção», [iv] «toda
a vida de Cristo é mistério de recapitulação»,[v] e
«tudo o que Cristo viveu, Ele próprio faz com que o possamos viver n’Ele e Ele
vivê-lo em nós». [vi]
21. O desígnio do Pai é Cristo, e nós n’Ele. Em última análise, é
Cristo que ama em nós, porque a santidade «mais não é do que a caridade
plenamente vivida».[vii] Por conseguinte, «a
medida da santidade é dada pela estatura que Cristo alcança em nós, desde
quando, com a força do Espírito Santo, modelamos toda a nossa vida sobre a
Sua». [viii] Assim,
cada santo é uma mensagem que o Espírito Santo extrai da riqueza de Jesus
Cristo e dá ao seu povo.
22. Para identificar qual seja essa palavra que o Senhor quer
dizer através dum santo, não convém deter-se nos detalhes, porque nisso também
pode haver erros e quedas. Nem tudo o que um santo diz é plenamente fiel ao
Evangelho, nem tudo o que faz é autêntico ou perfeito. O que devemos contemplar
é o conjunto da sua vida, o seu caminho inteiro de santificação, aquela figura
que reflecte algo de Jesus Cristo e que sobressai quando se consegue compor o
sentido da totalidade da sua pessoa. [ix]
23. Isto é um vigoroso apelo para todos nós. Também tu precisas de
conceber a totalidade da tua vida como uma missão. Tenta fazê-lo, escutando a Deus
na oração e identificando os sinais que Ele te dá. Pede sempre, ao Espírito
Santo, o que espera Jesus de ti em cada momento da tua vida e em cada opção que
tenhas de tomar, para discernir o lugar que isso ocupa na tua missão. E
permite-Lhe plasmar em ti aquele mistério pessoal que possa reflectir Jesus
Cristo no mundo de hoje.
24. Oxalá consigas identificar a palavra, a mensagem de Jesus que
Deus quer dizer ao mundo com a tua vida. Deixa-te transformar, deixa-te renovar
pelo Espírito para que isso seja possível, e assim a tua preciosa missão não
fracassará. O Senhor levá-la-á a cumprimento mesmo no meio dos teus erros e
momentos negativos, desde que não abandones o caminho do amor e permaneças
sempre aberto à sua acção sobrenatural que purifica e ilumina.
A actividade que santifica
25. Dado que não se pode conceber Cristo sem o Reino que Ele veio
trazer, também a tua missão é inseparável da construção do Reino: «procurai
primeiro o Reino de Deus e a sua justiça» (Mt 6, 33). A tua
identificação com Cristo e os seus desígnios requer o compromisso de
construíres, com Ele, este Reino de amor, justiça e paz para todos. O próprio
Cristo quer vivê-lo contigo em todos os esforços ou renúncias que isso implique
e também nas alegrias e na fecundidade que te proporcione. Por isso, não te
santificarás sem te entregares de corpo e alma, dando o melhor de ti neste
compromisso.
26. Não é saudável amar o silêncio e esquivar o encontro com o
outro, desejar o repouso e rejeitar a actividade, buscar a oração e menosprezar
o serviço. Tudo pode ser recebido e integrado como parte da própria vida neste
mundo, entrando a fazer parte do caminho de santificação. Somos chamados a
viver a contemplação mesmo no meio da acção, e santificamo-nos no exercício
responsável e generoso da nossa missão.
27. Poderá porventura o Espírito Santo enviar-nos para cumprir uma
missão e, ao mesmo tempo, pedir-nos que fujamos dela ou que evitemos doar-nos
totalmente para preservarmos a paz interior? Obviamente não; mas, às vezes,
somos tentados a relegar para posição secundária a dedicação pastoral e o
compromisso no mundo, como se fossem «distracções» no caminho da santificação e
da paz interior. Esquecemo-nos disto: «não é que a vida tenha uma missão, mas a
vida é uma missão». [x]
28. Um compromisso movido pela ansiedade, o orgulho, a necessidade
de aparecer e dominar, certamente, não será santificador. O desafio é viver de
tal forma a própria doação, que os esforços tenham um sentido evangélico e nos
identifiquem cada vez mais com Jesus Cristo. Por isso, é usual falar, por
exemplo, duma espiritualidade do catequista, duma espiritualidade do clero
diocesano, duma espiritualidade do trabalho. Pela mesma razão, na Evangelii
gaudium, quis concluir com uma espiritualidade da missão, na Laudato si’ com uma
espiritualidade ecológica, e na Amoris laetitia com uma
espiritualidade da vida familiar.
29. Isto não implica menosprezar os momentos de quietude, solidão
e silêncio diante de Deus. Antes pelo contrário! Com efeito, as novidades
contínuas dos meios tecnológicos, o fascínio de viajar, as inúmeras ofertas de
consumo, às vezes, não deixam espaços vazios onde ressoe a voz de Deus. Tudo se
enche de palavras, prazeres epidérmicos e rumores a uma velocidade cada vez
maior; aqui não reina a alegria, mas a insatisfação de quem não sabe para que
vive. Então, como não reconhecer que precisamos de deter esta corrida febril
para recuperar um espaço pessoal, às vezes doloroso mas sempre fecundo, onde se
realize o diálogo sincero com Deus? Em certos momentos, deveremos encarar a
verdade de nós mesmos, para a deixar invadir pelo Senhor; e isto nem sempre se
consegue, se a pessoa «não se vê à beira do abismo da tentação mais opressiva,
se não sente a vertigem do precipício do abandono mais desesperado, se não se
encontra absolutamente só, no cume da solidão mais radical». [xi] Assim,
encontramos as grandes motivações que nos impelem a viver, em profundidade, as
nossas tarefas.
30. Os próprios meios de distracção que invadem a vida actual
levam-nos também a absolutizar o tempo livre, no qual podemos utilizar, sem
limites, aqueles dispositivos que nos proporcionam divertimento e prazeres
efémeros. [xii] Em consequência
disso, ressente-se a própria missão, o compromisso esmorece, o serviço generoso
e disponível começa a retrair-se. Isto desnatura a experiência espiritual.
Poderá ser saudável um fervor espiritual que convive com a acédia na acção
evangelizadora ou no serviço dos outros?
31. Precisamos dum espírito de santidade que impregne tanto a
solidão como o serviço, tanto a intimidade como a tarefa evangelizadora, para
que cada instante seja expressão de amor doado sob o olhar do Senhor. Desta
forma, todos os momentos serão degraus no nosso caminho de santificação.
Mais vivos, mais humanos
32. Não tenhas medo da santidade. Não te tirará forças, nem vida
nem alegria. Muito pelo contrário, porque chegarás a ser o que o Pai pensou
quando te criou e serás fiel ao teu próprio ser. Depender d’Ele liberta-nos das
escravidões e leva-nos a reconhecer a nossa dignidade. Isto vê-se em Santa
Josefina Bakhita, que, «escravizada e vendida como escrava com apenas sete anos
de idade, sofreu muito nas mãos de patrões cruéis. Apesar disso compreendeu a
verdade profunda que Deus, e não o homem, é o verdadeiro Patrão de todos os
seres humanos, de cada vida humana. Esta experiência torna-se fonte de grande
sabedoria para esta humilde filha da África». [xiii]
33. Cada cristão, quanto mais se santifica, tanto mais fecundo se
torna para o mundo. Assim nos ensinaram os Bispos da África ocidental: «Somos
chamados, no espírito da nova evangelização, a ser evangelizados e a
evangelizar através da promoção de todos os baptizados para que assumam as suas
tarefas como sal da terra e luz do mundo, onde quer que se encontrem». [xiv]
34. Não tenhas medo de apontar para mais alto, de te deixares amar
e libertar por Deus. Não tenhas medo de te deixares guiar pelo Espírito Santo.
A santidade não te torna menos humano, porque é o encontro da tua fragilidade
com a força da graça. No fundo, como dizia León Bloy, na vida «existe apenas
uma tristeza: a de não ser santo». [xv]
(cont)
(Revisão
da versão portuguesa por AMA)
[i] Cf. Exercícios espirituais, 102-312.
[ix] Cf. Hans U. von Balthasar,
«Teología y santidad», Communio VI/87, 486-493.
[x] Xavier Zubiri, Naturaleza, historia, Dios (Madrid 31999),
427.
[xi] Carlos M. Martini, As confissões de Pedro (Cinisello
Balsamo 2017), 69.
[xii] É necessário
distinguir, esta distracção superficial, duma cultura saudável do repouso, que
nos abre ao outro e à realidade com um espírito disponível e contemplativo.
[xiii] São João Paulo II, Homilia na Missa de canonização (1 de
outubro de 2000), 5: AAS 92 (2000), 852.
[xiv] Conferência
Episcopal Regional da África Ocidental, Mensagem pastoral no final da
II Assembleia Plenária (29 de fevereiro de 2016), 2.
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