26/07/2020

Temas para reflectir e meditar

PECADO

(O pecado não foi poderoso ao ponto de apagar completamente a imagem de Deus na alma, apenas pode) sujá-la, deformá-la, debilitá-la; pode ferir a sua alma, mas não aniquilá-la; obscurecer a sua inteligência mas não destruí-la; dar entrada ao ódio, mas não eliminar a capacidade de amar; torcer a vontade, mas não até ao ponto de tornar impossível a rectificação.

(F. SuárezLa paz os dejo, Rialp, Madrid 1973, pg. 63, trad ama)

Devemos amar a Santa Missa


Luta por conseguir que o Santo Sacrifício do Altar seja o centro e a raiz da tua vida interior, de maneira que toda a jornada se converta num acto de culto – prolongamento da Missa que ouviste e preparação para a seguinte –, que vai transbordando em jaculatórias, em visitas ao Santíssimo, no oferecimento do teu trabalho profissional e da tua vida familiar... (Forja, 69)

Não compreendo como se possa viver cristãmente sem sentir a necessidade de uma amizade constante com Jesus na Palavra e no Pão, na oração e na Eucaristia. E entendo perfeitamente que, ao longo dos séculos, as sucessivas gerações de fiéis tenham vindo a concretizar essa piedade eucarística. Umas vezes com práticas multitudinárias, professando publicamente a sua fé; outras, com gestos silenciosos e calados, na sagrada paz do templo ou na intimidade do coração.
Antes de mais, devemos amar a Santa Missa, que deve ser o centro do nosso dia. Se vivemos bem a Missa, como não havemos depois de continuar o resto da jornada com o pensamento no Senhor, com o desejo ardente de não nos afastarmos da sua presença, para trabalhar como Ele trabalhava e amar como Ele amava? Aprendemos então a agradecer ao Senhor essa sua outra delicadeza: não quis limitar a sua presença ao momento do Sacrifício do Altar, mas decidiu permanecer na Hóstia Santa que se reserva no Tabernáculo, no Sacrário. (Cristo que passa, n. 154)

El reto del amor



Leitura espiritual



Cartas de São Paulo

1.ª Coríntios 15

VI. A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS

15 Cristo ressuscitou –
1 Lembro-vos, irmãos, o evangelho que vos anunciei, que vós recebestes, no qual permaneceis firmes 2 e pelo qual sereis salvos, se o guardardes tal como eu vo-lo anunciei; de outro modo, teríeis acreditado em vão. 3 Transmiti-vos, em primeiro lugar, o que eu próprio recebi: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; 4 foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras; 5 apareceu a Cefas e depois aos Doze. 6 Em seguida, apareceu a mais de quinhentos irmãos, de uma só vez, a maior parte dos quais ainda vive, enquanto alguns já morreram. 7 Depois apareceu a Tiago e, a seguir, a todos os Apóstolos. 8 Em último lugar, apareceu-me também a mim, como a um aborto. 9 É que eu sou o menor dos apóstolos, nem sou digno de ser chamado Apóstolo, porque persegui a Igreja de Deus. 10 Mas, pela graça de Deus, sou o que sou e a graça que me foi concedida, não foi estéril. Pelo contrário, tenho trabalhado mais do que todos eles: não eu, mas a graça de Deus que está comigo. 11 Portanto, tanto eu como eles, assim é que pregamos e assim também acreditastes.

Os mortos também ressuscitam –
12 Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dos mortos, como é que alguns de entre vós dizem que não há ressurreição dos mortos? 13 Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. 14 Mas se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã é também a vossa fé. 15 E resulta até que acabamos por ser falsas testemunhas de Deus, porque daríamos testemunho contra Deus, afirmando que Ele ressuscitou a Cristo, quando não o teria ressuscitado, se é que, na verdade, os mortos não ressuscitam. 16 Pois, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. 17 E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé e permaneceis ainda nos vossos pecados. 18 Por conseguinte, aqueles que morreram em Cristo, perderam-se. 19 E se nós temos esperança em Cristo apenas para esta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens. 20Mas não! Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram. 21 Porque, assim como por um homem veio a morte, também por um homem vem a ressurreição dos mortos. 22 E, como todos morrem em Adão, assim em Cristo todos voltarão a receber a vida. 23 Mas cada um na sua própria ordem: primeiro, Cristo; depois, aqueles que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. 24 Depois, será o fim: quando Ele entregar o reino a Deus e Pai, depois de ter destruído todo o principado, toda a dominação e poder. 25 Pois é necessário que Ele reine até que tenha colocado todos os inimigos debaixo dos seus pés. 26 O último inimigo a ser destruído será a morte, 27 pois Deus tudo submeteu debaixo dos pés dele. Mas quando diz: «Tudo foi submetido», é claro que se exclui aquele que lhe submeteu tudo. 28 E quando todas as coisas lhe tiverem sido submetidas, então o próprio Filho se submeterá àquele que tudo lhe submeteu, a fim de que Deus seja tudo em todos. 29 Se assim não fosse, que procurariam os que se fazem baptizar pelos mortos? Se, de facto, os mortos não ressuscitam, porque motivo se fazem baptizar por eles? 30 E nós também, porque nos expomos aos perigos a todo o momento? 31 Todos os dias, arrisco-me à morte, tão certo, irmãos, quanto sois vós a minha glória em Jesus Cristo nosso Senhor. 32 Se fosse apenas por motivos humanos, de que me adiantaria ter combatido contra as feras em Éfeso? Se os mortos não ressuscitam, comamos e bebamos porque amanhã morreremos. 33 Não vos iludais: «As más companhias corrompem os bons costumes.» 34 Sede sóbrios, como convém, e não continueis a pecar! Pois alguns de vós mostram que não conhecem a Deus: para vossa vergonha o digo.

O modo da ressurreição –
35 Mas dir-se-á: Como ressuscitam os mortos? Com que corpo regressam? 36 Insensato! O que semeias não volta à vida, se primeiro não morrer. 37 E o que semeias não é o corpo que há-de vir, mas um simples grão, por exemplo, de trigo ou de qualquer outra espécie. 38 É Deus que lhe dá o corpo, como lhe apraz; dá a cada uma das sementes o corpo que lhe corresponde. 39 Nem toda a carne é a mesma carne, mas uma é a dos homens, outra a dos animais, outra a dos pássaros, outra a dos peixes. 40 Há corpos celestes e corpos terrestres, mas um é o esplendor dos celestes e outro o dos terrestres. 41 Um é o esplendor do Sol, outro o da Lua e outro o das estrelas, e até uma estrela difere da outra em esplendor. 42 Assim também acontece com a ressurreição dos mortos: semeado corruptível, o corpo é ressuscitado incorruptível; 43 semeado na desonra, é ressuscitado na glória; semeado na fraqueza, é ressuscitado cheio de força; 44 semeado corpo terreno, é ressuscitado corpo espiritual. Se há um corpo terreno, também há um corpo espiritual. 45 Assim está escrito: o primeiro homem, Adão, foi feito um ser vivente e o último Adão, um espírito que vivifica. 46 Mas o primeiro não foi o espiritual, mas o terreno; o espiritual vem depois. 47 O primeiro homem, tirado da terra, é terrestre; o segundo vem do céu. 48 Tal como era o terrestre, assim são também os terrestres; tal como era o celeste, assim são também os celestes. 49 E assim como trouxemos a imagem do homem da terra, assim levaremos também a imagem do homem celeste. 50 Digo-vos, irmãos: o homem terreno não pode herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdará a incorruptibilidade. 51 Vou revelar-vos um mistério: nem todos morreremos, mas todos seremos transformados; 52 num instante, num abrir e fechar de olhos, ao som da trombeta final - pois a trombeta soará - os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados. 53 É, de facto, necessário que este ser corruptível se revista de incorruptibilidade e que este ser mortal se revista de imortalidade. 54 E, quando este corpo corruptível se tiver revestido de incorruptibilidade e este corpo mortal se tiver revestido de imortalidade, então cumprir-se-á a palavra da Escritura: A morte foi tragada pela vitória. 55 Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? 56 O aguilhão da morte é o pecado e a força do pecado é a Lei. 57 Mas sejam dadas graças a Deus que nos dá a vitória por meio de Nosso Senhor Jesus Cristo. 58 Assim, meus queridos irmãos, sede firmes, inabaláveis, e progredi sempre na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é inútil no Senhor.

São Josemaria Escrivá

Amigos de Deus

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Deus ama o que dá com alegria

Dentro deste quadro de desprendimento total que o Senhor nos pede, assinalar-vos-ei outro ponto de particular importância: a saúde. Agora, a maioria de vós sois jovens; atravessais essa etapa formidável de plenitude de vida, que transborda de energias. Mas o tempo passa e começa a notar-se inexoravelmente o desgaste físico; vêm depois as limitações da idade madura e, por último, os achaques da velhice. Aliás, qualquer de nós, em qualquer momento pode adoecer ou sofrer algum transtorno corporal.

Só se aproveitarmos com rectidão - cristãmente - as épocas de bem-estar físico, os bons tempos, aceitaremos também com alegria sobrenatural os acontecimentos que habitualmente são considerados maus. Sem descer a demasiados pormenores, quero transmitir-vos a minha experiência pessoal. Quando estamos doentes, podemos ser impertinentes: não me atendem bem, ninguém se preocupa comigo, não me tratam como mereço, ninguém me compreende... O demónio, que anda sempre à espreita, ataca por qualquer flanco. E, na doença, a sua táctica consiste em fomentar uma espécie de psicose que nos afaste de Deus, que azede o ambiente ou que destrua esse tesouro de méritos, que, para bem de todas as almas, se alcança quando aceitamos a dor com optimismo sobrenatural - com amor. Portanto, se é da vontade de Deus que nos atinja o aguilhão do sofrimento, aceitemo-lo como sinal de que nos considera maduros para nos associar mais estreitamente à sua cruz redentora.

Torna-se, pois, necessária, uma preparação remota, feita todos os dias com santo desapego de nós próprios, para nos dispormos a aceitar com garbo a doença ou a desventura - se o Senhor tal permitir. Servi-vos das ocasiões normais, de alguma privação, da dor nas suas pequenas manifestações habituais, da mortificação, para exercitardes as virtudes cristãs.

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Temos de ser exigentes em relação a nós próprios no dia-a-dia, para não inventarmos falsos problemas, necessidades artificiais que, no fundo, procedem do orgulho, do capricho, de um espírito comodista e preguiçoso. Devemos caminhar para Deus com passo rápido, sem pesos mortos nem empecilhos que dificultem a marcha. Precisamente porque a pobreza de espírito não consiste em não ter, mas em estar deveras desapegados, devemos permanecer atentos, para não nos enganarmos com motivos imaginários de força maior. Procurai o suficiente, procurai o que basta. E não queirais mais. O que passa daí é perturbação e não alívio; pesa em vez de elevar.

Ao descer a estes conselhos, não me baseio em situações estranhas, anormais ou complicadas. Sei de alguém que usava, como marcas de leitura para os livros, uns papéis em que escrevia jaculatórias para o ajudarem a manter a presença de Deus. E entrou nele o desejo de conservar com carinho aquele tesouro, até que se deu conta de que estava a apegar-se a papeizitos de nada. Já vedes que modelo de virtudes! Não me importaria de vos manifestar todas as minhas misérias, se isso vos servisse para alguma coisa. Levantei um pouco o manto, porque talvez a ti te suceda a mesma coisa: os teus livros, a tua roupa, a tua mesa, os teus... ídolos de quinquilharia.

Em casos destes, recomendo-vos que consulteis o vosso director espiritual sem ânimo pueril nem escrupuloso. Às vezes, bastará como remédio a pequena mortificação de prescindir do uso de algo por uma temporada curta. Ou, noutro domínio, não acontece nada de especial, se um dia renuncias ao meio de transporte que usas habitualmente e dás como esmola a quantia poupada, ainda que seja muito pouco dinheiro. De qualquer modo, se tens espírito de desprendimento, não deixarás de descobrir ocasiões constantes, discretas e eficazes de o exercitar.

Depois de vos abrir a minha alma, devo confessar-vos também que tenho um apego a que nunca quereria renunciar: o de vos amar a todos de verdade. Aprendi-o com o melhor Mestre e gostaria de seguir fidelissimamente o seu exemplo, amando sem limites todas as almas, a começar pelos que me rodeiam. Não vos comove essa caridade ardente, esse carinho de Jesus, que transparece no modo como o Evangelista designa um dos seus discípulos: quem diligebat Jesus, aquele que Jesus amava?

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Terminamos com uma consideração que nos oferece o Evangelho da Missa de hoje: seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde morrera Lázaro, a quem Jesus ressuscitou dos mortos. Ofereceram-lhe uma ceia; Marta servia e Lázaro era um dos que estavam à mesa com Ele. Então Maria, tomando uma libra de perfume de nardo puro, de alto preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com os seus cabelos; e a casa encheu-se com o cheiro do perfume . Que prova tão clara de magnanimidade o excesso de Maria! Judas lamenta que se tenha desperdiçado um perfume que valia - com a sua avareza fez muito bem as contas - pelo menos trezentos dinheiros.

O verdadeiro desprendimento leva-nos a ser muito generosos com Deus e com os nossos irmãos, a sermos diligentes, a arranjarmos recursos, a gastarmo-nos para ajudar aqueles que sofrem necessidades. Um cristão não pode conformar-se com um trabalho que lhe permita ganhar o suficiente para se sustentar a si e aos seus. A sua grandeza de coração levá-lo-á a arrimar o ombro para sustentar os outros, por um motivo de caridade e por um motivo de justiça, como escrevia S. Paulo aos Romanos: A Macedónia e a Acaia houveram por bem fazer uma colecta para os pobres que há entre os santos de Jerusalém. Houveram-no por bem e disso lhes eram devedores. Porque, se os gentios participam dos bens espirituais dos judeus, também aqueles devem assistir estes com os seus bens temporais .

Não sejais mesquinhos nem tacanhos com quem tão generosamente se excedeu connosco, até se entregar totalmente, sem medida. Pensai quanto vos custa - também no domínio económico - ser cristão! Mas, sobretudo, não esqueçais que Deus ama quem dá com alegria. E Deus é poderoso para vos cumular com toda a espécie de graças, de sorte que, tendo sempre em todas as coisas tudo o que é suficiente, vos fique ainda muito para toda a espécie de boas obras.

Ao aproximarmo-nos, durante esta Semana Santa, das dores de Jesus Cristo, vamos pedir à Santíssima Virgem que, a exemplo d'Ela, também nós saibamos meditar e conservar todos estes ensinamentos no nosso coração.

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Ego sum via, veritas et vita, Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Com estas palavras inequívocas, o Senhor mostrou - nos qual é o verdadeiro caminho que leva à felicidade eterna. Ego sum via: Ele é o único caminho que une o Céu à terra. Declara-o a todos os homens, mas recorda-o especialmente aos que, como tu e eu, lhe dissemos que estamos decididos a tomar a sério a nossa vocação de cristãos, de modo que Deus se encontre sempre presente nos nossos pensamentos, nos nossos lábios e em todos os nossos actos, mesmo naqueles mais normais e correntes.

Jesus é o caminho. Ele deixou neste mundo as pegadas limpas dos seus passos, sinais indeléveis que nem o desgaste dos anos nem a perfídia do inimigo conseguiram apagar. Iesus Christus heri, et hodie; ipse et in sæcula. Como gosto de recordá-lo! Jesus Cristo, o mesmo que foi ontem para os Apóstolos e para as pessoas que o procuravam, vive hoje para nós e viverá pelos séculos sem fim. Nós, homens, é que às vezes não conseguimos descobrir o seu rosto, perenemente actual, porque olhamos com olhos cansados ou turvos. Agora, ao começar este tempo de oração junto ao Sacrário, pede-lhe como aquele cego do Evangelho: Domine, ut videam!, Senhor, que eu veja! Que se encha de luz a minha inteligência e a palavra de Cristo penetre na minha mente; que a sua Vida enraíze na minha alma para me transformar com vista à Glória eterna.


A tentação do cansaço


Quero prevenir-te de uma dificuldade que talvez possa aparecer: a tentação do cansaço, do desalento. – Não está ainda fresca a recordação de uma vida – a tua – sem rumo, sem meta, sem graça, que a luz de Deus e a tua entrega encaminharam e encheram de alegria? Não troques disparatadamente isto por aquilo. (Forja, 286)

Se notas que não podes, seja por que motivo for, diz-lhe, abandonando-te nele: – Senhor, confio em ti, abandono-me em Ti, mas ajuda a minha debilidade!
E cheio de confiança, repete-lhe: – Olha para mim, Jesus, sou um trapo sujo; a experiência da minha vida é tão triste, não mereço ser teu filho. Di-lo...; e di-lo muitas vezes.
Não tardarás em ouvir a sua voz: "Ne timeas!". – Não temas! Ou também: "Surge et ambula!". – Levanta-te e caminha! (Forja, 287)

Comentavas-me, ainda indeciso: – Como se notam essas alturas em que Nosso Senhor me pede mais!
Só me veio à cabeça lembrar-te: – Asseguravas-me que só querias identificar-te com Ele, porque resistes então? (Forja, 288)

Oxalá saibas cumprir esse propósito que tiraste: "Cada dia morrer um pouco para mim mesmo". (Forja, 289)