Sábado
PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito: Honrar a
Santíssima Virgem.
A minha alma glorifica
o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos
na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas
as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu
Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder
do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos
famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel
Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua
descendência para sempre.
Lembrar-me: Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.
Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que
isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que
me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector,
guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.
Pequeno exame: Cumpri o propósito que me propus ontem?
REFLEXÃO
Quem se arma em vítima utiliza o seu sofrimento para censurar os
outros ou então para se colocar acima. Com isso fica, no entanto, cego, em
relação às suas próprias agressividades. O seu sofrimento é a expressão da
agressão contra si próprio e contra as pessoas e dele não tem nada de curativo,
mas sim a confusão e a fragmenta-o.
(Anselm
Grun, A incompreensível existência de Deus, Paulinas, p. 49)
LEITURA ESPIRITUAL
Evangelho
Mt XI, 1 – 30
1 Quando Jesus
acabou de dar estas instruções aos doze discípulos, partiu dali, a fim de ir
ensinar e pregar nas suas cidades. 2 Ora João, que estava no cárcere, tendo
ouvido falar das obras de Cristo, enviou-lhe os seus discípulos 3 com esta
pergunta: «És Tu aquele que há-de vir, ou devemos esperar outro?» 4 Jesus
respondeu-lhes: «Ide contar a João o que vedes e ouvis: 5 Os cegos vêem e os
coxos andam, os leprosos ficam limpos e os surdos ouvem, os mortos ressuscitam
e a Boa-Nova é anunciada aos pobres. 6 E bem-aventurado aquele que não encontra
em mim ocasião de escândalo.» 7 Depois de eles terem partido, Jesus começou a
falar às multidões a respeito de João: «Que fostes ver ao deserto? Uma cana
agitada pelo vento? 8 Então que fostes ver? Um homem vestido de roupas
luxuosas? Mas aqueles que usam roupas luxuosas encontram-se nos palácios dos
reis. 9 Que fostes, então, ver? Um profeta? Sim, Eu vo-lo digo, e mais que um
profeta. 10 É aquele de quem está escrito: Eis que envio o meu mensageiro
diante de ti, para te preparar o caminho. 11 Em verdade vos digo: Entre os
nascidos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Baptista; e, no
entanto, o mais pequeno no Reino do Céu é maior do que ele. 12 Desde o tempo de
João Baptista até agora, o Reino do Céu tem sido objecto de violência e os
violentos apoderam-se dele à força. 13 Porque todos os Profetas e a Lei
anunciaram isto até João. 14 E, quer acrediteis ou não, ele é o Elias que
estava para vir. 15 Quem tem ouvidos, oiça!» 16 «Com quem poderei comparar esta
geração? É semelhante a crianças sentadas na praça, que se interpelam umas às
outras, 17 dizendo: ‘Tocámos flauta para vós e não dançastes; entoámos
lamentações e não batestes no peito!’ 18 Na verdade, veio João, que não come
nem bebe, e dizem dele: ‘Está possesso!’ 19 Veio o Filho do Homem, que come e
bebe, e dizem: ‘Aí está um glutão e bebedor de vinho, amigo de cobradores de
impostos e pecadores!’ Mas a sabedoria foi justificada pelas suas próprias
obras.» 20 Jesus começou então a censurar as cidades onde tinha realizado a
maior parte dos seus milagres, por não se terem convertido: 21 «Ai de ti,
Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se os milagres realizados entre vós,
tivessem sido feitos em Tiro e em Sídon, de há muito se teriam convertido,
vestindo-se de saco e com cinza. 22 Aliás, digo-vos Eu: No dia do juízo, haverá
mais tolerância para Tiro e Sídon do que para vós. 23 E tu, Cafarnaúm, julgas
que serás exaltada até ao céu? Serás precipitada no abismo. Porque, se os
milagres que em ti se realizaram tivessem sido feitos em Sodoma, ela ainda hoje
existiria. 24 Aliás, digo-vos Eu: No dia do juízo, haverá mais tolerância para
os de Sodoma do que para ti.» 25 Naquela ocasião, Jesus tomou a palavra e
disse: «Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas
coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos. 26 Sim, ó
Pai, porque isso foi do teu agrado. 27 Tudo me foi entregue por meu Pai; e
ninguém conhece o Filho senão o Pai, como ninguém conhece o Pai senão o Filho e
aquele a quem o Filho o quiser revelar.» 28 «Vinde a
mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu hei-de aliviar-vos. 29 Tomai
sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração e
encontrareis descanso para o vosso espírito. 30 Pois o meu jugo é suave e o meu
fardo é leve.»
Comentário
Compreende-se
a atitude de João: quer que os seus enviados confirmem pessoalmente quanto lhes
tem dito sobre Jesus Cristo. Ouvindo da boca do próprio Senhor o que tem feito
na sua missão por terras de Israel, compreendem que tal corresponde ao que
estava anunciado a respeito do Messias, ou seja, que as Escrituras se cumprem à
letra na Pessoa de Cristo. Assim se confirma a sua fé e podem seguir sem medo
os ensinamentos de João Baptista seguros que eles os levam ao Redentor.
Será que, ao ler este trecho de São Mateus, podemos
concluir que João não sabia quem era Jesus? Não! Em primeiro lugar eram primos,
familiares próximos, João tinha – ainda no seio de sua mãe, Isabel, reconhecido
Cristo como consta no trecho de São Lucas relativo à Visitação de Nossa Senhora
– então, porque envia os seus discípulos a obter, directamente, uma confirmação
do que já sabe? Pois… por eles mesmos, os seus discípulos que vendo o Senhor e
ouvindo as Suas palavras ficam sem dúvidas ou quaisquer perguntas por
responder. E, isto, é muito importante, porque serão estes mesmos discípulos de
João que, mais tarde, se tornarão discípulos de Jesus, certos que seguem o
caminho certo e a Pessoa que convém. Assim, o mestre, seja quem for, deve pôr à
disposição dos seus seguidores a “chave” do conhecimento que tem e a origem do
mesmo para que, quando oportuno, possam beber directamente da “fonte”, quanto
lhes transmitiu e, assim, fortalecerem a sua fé e garantirem a verdade do que
aprenderam.
Terão
os ouvintes de Jesus percebido exactamente o que lhes disse sobre João
Baptista? Talvez não e, por isso mesmo, o Senhor termina com um apelo: «Quem tem ouvidos, oiça!» Isto como se
dissesse: Perguntai o que não sabeis, esclarecei o que não entenderdes, não vos
fiqueis na dúvida, na interrogação, dando voltas à imaginação. Se quiserdes e
assim pedirdes, tudo vos será explicado com meridiana clareza.
O Senhor discorre sobre a figura do Baptista com palavras
simples que só podem ter uma interpretação. Deve-se ouvir mas também
compreender o que se ouve. As dúvidas, se as houver, devem ser expostas de modo
que fique bem ciente do que se ouviu e não haja “desculpas” para não proceder
de acordo com o que se aprendeu.
O
que na realidade interessa na vida do cristão são as obras que leva a cabo e
não as intenções que possa ter. Qualquer pessoa é avaliada pelo que faz e não
pelo que apregoa ou sugere. Porquê? Porque o exemplo vem das acções e não das
intenções e, para arrastar outros há que dar o exemplo.
Muitos pensam que basta falar apregoar até pregar para
arrastar outros para o caminho que leva a Deus. Não chega! Sem o exemplo de
obras concretas que correspondam tudo não passará de intenções e acabará por
não resultar.
Quando, mais tarde, Jesus afirmar que «Elias já veio» não fará mais que
confirmar as palavras do Arcanjo na sua mensagem a Zacarias. Confirma,
portanto, que o Baptista é um profeta que, como Elias, tem como principal
missão anunciar a vinda do Messias.
João
negará que seja Elias e não há aqui qualquer contradição, bem ao contrário,
afirma o seu papel, a sua missão de Percursor. O Senhor que sabe tudo - o passado, o presente e o futuro - lamenta e deixa
o Seu Coração Amantíssimo exprimir essa pena que sente. Ao mesmo tempo deixa um
claro aviso: as acções divinas, os milagres, as graças, têm o objectivo claro
de nos chamar a atenção para a necessidade de correcção de vida - emendatio vitae - enquanto temos tempo,
isto é, agora! Esperar para mais tarde é um risco enorme que não devemos
correr. Não sabemos nem o dia nem a hora. Portanto...
Jesus
Cristo é O Profeta por excelência porque Ele sabe, conhece o passado, o
presente e o futuro. Por isso mesmo não profetiza: afirma! Ao revelar o que
acontecerá aquelas cidades quer que os que O ouvem tomem consciência da
gravidade dos seus actos e as consequências destes no futuro. Apela à conversão
e à penitência como o caminho a seguir – com urgência – para evitarem esses
terríveis castigos.
Por vezes pode parecer-nos que Jesus Cristo tem um
discurso algo “duro” e pronunciador de desgraças e cataclismos. Sim, também
estes “elementos” fazem parte do discurso de Jesus porque, a Sua Missão
principal – diria – é conduzir os homens ao arrependimento absolutamente
necessário para obterem o perdão pelas suas faltas e, com esse perdão,
conquistarem a Vida Eterna. Portanto, do que realmente se trata, é que o Senhor
que só diz a verdade “doa a quem doer” e, a verdade que é por vezes difícil de
aceitar, não pode ser escondida ou “camuflada” com belas palavras. Nunca –
absolutamente – ninguém poderá dizer: ‘Se eu tivesse sabido a tempo…’
Os milagres que o Senhor prodigaliza destinam-se
fundamentalmente a consolidar a fé dos que os constatam e a empreender uma
revisão de vida conducente com o objectivo de alcançar a felicidade eterna. Não
são um espectáculo mas sim sinais marcantes da verdade que O Senhor nos trouxe:
«Quem puser em prática as Minhas palavras
será salvo».
Nós cristãos dos dias de hoje, somos mais afortunados
que os Apóstolos porque graças ao Espírito Santo conhecemos as verdades da
nossa fé. Sabemos que Deus é Uno e Trino: Pai, Filho e Espírito Santo. De tal
forma acreditamos que este é o Símbolo da nossa Fé.
Porquê o Senhor escondeu as verdades aos prudentes? O
próprio Jesus Cristo aconselha os Seus discípulos a serem prudentes com as
serpentes! Uma coisa não tem que ver com a outra. O conselho de Cristo
refere-se ao apostolado, à difusão do Reino de Deus. As escolhas têm de
obedecer a critérios que necessitam por sua vez de direcção espiritual. O que
no Evangelho se refere é aquela prudência que leva muitos a tudo questionarem
antes de aceitar seja o que for, mesmo que seja uma verdade evidente e venha de
quem merece todo o crédito. Muitos dizem: ‘esperar para ver.´ É uma atitude
cobarde e perigosa porque pode acontecer que essa espera não traga nenhum
resultado.
Pode
parecer que se as revelações de Jesus tivessem sido feitas aos sábios – os chefes
do povo – estes poderiam ter acreditado e, assim, conduzirem por caminho seguro
aqueles que deles dependiam. Mas, de facto, o Senhor falou sempre para todos e,
a prova disso, é que vários chefes – do Sinédrio, como Nicodemos, ou de
sinagogas – ouviram, entenderam e acreditaram. Mas, também de facto, os que
acreditaram em Jesus e O seguiram, foram muito mais gente do povo anónimo,
talvez sem grande instrução, mas sequiosos de uma doutrina que lhes trouxesse
esperança e alívio ao mesmo tempo. Quem sabe muito tem muito maior
responsabilidade, esta é a verdade, mas, quem sabe pouco tem em si mesmo uma
muito maior disposição para ver e ouvir e, sobretudo, acreditar no que vêm e
ouvem.
SANTÍSSIMA VIRGEM
Eu sou a Mãe do amor formoso, do temor, da ciência e
da santa esperança, lições que hoje nos recorda Santa Maria.
Lição
de amor formoso, de vida limpa, de um coração sensível e apaixonado, para que
aprendamos a ser fiéis ao serviço da Igreja.
Este
não é um amor qualquer; é o Amor.
Aqui
não há traições, nem cálculos, nem esquecimentos.
Um
amor formoso, porque tem como princípio e como fim o Deus três vezes Santo, que
é toda a Beleza e toda a Bondade e toda a Grandeza.
J. A. Loarte
SÃO JOSEMARIA – textos
Se alguém não luta...
A alegria é um bem cristão, que possuímos enquanto lutarmos,
porque é consequência da paz. A paz é fruto de ter vencido a guerra, e a vida
do homem sobre a terra, lemos na Escritura Santa, é luta. (Forja, 105)
A tradição da Igreja sempre se referiu aos cristãos como milites Christi, soldados de Cristo;
soldados que dão serenidade aos outros enquanto combatem continuamente contra
as suas próprias más inclinações. Às vezes, por falta de sentido sobrenatural,
por uma descrença prática, não querem compreender de forma alguma como milícia
a vida na Terra. Insinuam maliciosamente que, se nos consideramos milites Christi, há o perigo de
utilizarmos a fé para fins temporais de violência, de sedições. Esse modo de
pensar é um triste e pouco lógico simplismo, que costuma andar unido ao
comodismo e à cobardia. Nada há de mais estranho à fé católica do que o
fanatismo. Este conduz a estranhas confusões, com os mais diversos matizes,
entre o que é profano e o que é espiritual. Tal perigo não existe, se a luta se
entende como Cristo no-la ensinou, isto é, como guerra de cada um consigo
mesmo, como esforço sempre renovado por amar mais a Deus, por desterrar o
egoísmo, por servir todos os homens. Renunciar a esta contenda, seja com que
desculpa for, é declarar-se de antemão derrotado, aniquilado, sem fé, com a
alma caída e dissipada em complacências mesquinhas. Para o cristão, o combate
espiritual diante de Deus e de todos os irmãos na fé é uma necessidade, uma
consequência da sua condição. Por isso, se alguém não luta, está a trair Jesus
Cristo e todo o Corpo Místico, que é a Igreja. (Cristo que passa, 74)