DO
PAPA FRANCISCO
POR OCASIÃO DO 150º ANIVERSÁRIO DA DECLARAÇÃO
DE SÃO JOSÉ COMO PADROEIRO UNIVERSAL DA IGREJA
5. Pai com coragem criativa
O Evangelho não dá
informações relativas ao tempo que Maria, José e o Menino permaneceram no
Egito. Mas certamente tiveram de comer, encontrar uma casa, um emprego. Não é
preciso muita imaginação para colmatar o silêncio do Evangelho a tal respeito.
A Sagrada Família teve que enfrentar problemas concretos, como todas as outras
famílias, como muitos dos nossos irmãos migrantes que ainda hoje arriscam a
vida acossados pelas desventuras e a fome. Neste sentido, creio que São José
seja verdadeiramente um padroeiro especial para quantos têm que deixar a sua
terra por causa das guerras, do ódio, da perseguição e da miséria.
No fim de cada acontecimento
que tem José como protagonista, o Evangelho observa que ele se levanta, toma
consigo o Menino e sua mãe e faz o que Deus lhe ordenou (cf. Mt 1, 24; 2,
14.21). Com efeito, Jesus e Maria, sua mãe, são o tesouro mais precioso da
nossa fé. (Cf.Sacra Congr. dos Ritos, Quemadmodum Deus (8 de
dezembro de 1870): ASS 6 (1870-71), 193; Beato Pio IX, Carta ap. Inclytum
Patriarcham (7 de julho de 1871): ASS 6 (1870-71), 324-327.)
No plano da salvação, o
Filho não pode ser separado da Mãe, d’Aquela que «avançou pelo caminho da fé,
mantendo fielmente a união com seu Filho até à cruz». (Conc.
Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, 58)
Sempre nos devemos
interrogar se estamos a proteger com todas as nossas forças Jesus e Maria, que
misteriosamente estão confiados à nossa responsabilidade, ao nosso cuidado, à
nossa guarda. O Filho do Todo-Poderoso vem ao mundo, assumindo uma condição de
grande fragilidade. Necessita de José para ser defendido, protegido, cuidado e
criado. Deus confia neste homem, e o mesmo faz Maria que encontra em José
aquele que não só Lhe quer salvar a vida, mas sempre A sustentará a Ela e ao
Menino. Neste sentido, São José não pode deixar de ser o Guardião da Igreja,
porque a Igreja é o prolongamento do Corpo de Cristo na história e ao mesmo
tempo, na maternidade da Igreja, espelha-se a maternidade de Maria. (Cf.
Catecismo da Igreja Católica, 963-970).José, continuando a proteger
a Igreja, continua a proteger o Menino e sua mãe; e também nós, amando a
Igreja, continuamos a amar o Menino e sua mãe.
Este Menino é Aquele que
dirá: «Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim
mesmo o fizestes» (Mt 25, 40). Assim, todo o necessitado, pobre, atribulado,
moribundo, forasteiro, recluso, doente são «o Menino» que José continua a
guardar. Por isso mesmo, São José é invocado como protetor dos miseráveis,
necessitados, exilados, aflitos, pobres, moribundos. E pela mesma razão a Igreja
não pode deixar de amar em primeiro lugar os últimos, porque Jesus
conferiu-lhes a preferência ao identificar-Se pessoalmente com eles. De José,
devemos aprender o mesmo cuidado e responsabilidade: amar o Menino e sua mãe;
amar os Sacramentos e a caridade; amar a Igreja e os pobres. Cada uma destas
realidades é sempre o Menino e sua mãe.
Francisco
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