(Nota: Seguindo a
recomendação de São Josemaria Escrivá procurarei viver o Evangelho como um
personagem mais. Para tal seguirei fielmente os textos pronto a fazer as
considerações que me ocorrerem.)
Dentro do Evangelho –
Lc
Estávamos a chegar a Betsaida, como sempre
acompanhados de numeroso grupo de pessoas, quando alguns «trouxeram um cego
e o colocaram em frente de Jesus pedindo-Lhe que o tocasse. Jesus tomou-o pela
mão e conduziu-o para fora da aldeia. Deitou-lhe saliva nos olhos, impôs-lhe as
mãos e perguntou: «Vês alguma coisa?» Ele ergueu os olhos e
respondeu: «Vejo os homens; vejo-os como árvores a andar. Em
seguida, Jesus impôs-lhe outra vez as mãos sobre os olhos e ele viu
perfeitamente; ficou restabelecido e distinguia tudo com nitidez.»
Fiquei a pensar porquê Jesus procedera assim.
Já tinha assistido a numerosas curas e sempre
Jesus actuava de forma quase igual: Tocava o doente, dizia umas palavras e este
ficava curado.
Percebi então que para conseguir a cura de
qualquer mal não basta fazer-Lhe o pedido, é fundamental acreditar, ter Fé
absoluta de que Ele o pode fazer.
Talvez a fé daquele cego não fosse assim tão
sólida e, por isso mesmo, o milagre que Jesus operou teve como que duas fases.
A primeira foi dar-lhe alguma visão, a segunda foi depois de o cego ter
verificado que Jesus o poderia curar ter acreditado firmente.
Por vezes, quando fazemos um pedido qualquer, não
temos a fé necessária para que esse pedido possa ser atendido. Então talvez
seja melhor dizer: Senhor, se quiseres dá-me isto que Te peço.
Este “se quiseres” é em si mesmo uma confissão de
Fé.
Confiamos plenamente que Ele fará o que for mais
conveniente para nós naquela determinada circunstância, endireitará o que
estiver enviezado, acrescentará o que faltar.
A preocupação que pode assaltar-nos… será se o
que estou a pedir tem razão de ser… é adequado, não deve impedir-nos de fazer o
pedido.
Consideremos-nos como filhos pequenos que pedem a
seu pai o que querem sem receio algum de parecerem exigentes ou tontos no seu
pedir, sabemos e confiamos absolutamente no critério do nosso pai que satisfará
ou não o que pedimos conforme for conveniente.
Por maioria de razão nós, cristãos, não
confiaremos no nosso Pai Deus?!
Vejo um cortejo infindável de pessoas que
procuram chegar junto de Jesus, talvez alguns apenas movidos pela curiosidade
de ver pessoalmente e ouvir Aquele de Quem tanto ouvem falar mas, há muitos
outros que realmente sentem uma necessidade premente de chegarem à fala com Ele,
querem expor-Lhe um problema pessoal, um anseio, um desejo.
Jesus ouve todos, atende quem O procura, não Se
faz rogado.
Ele sabe instântaneamente se esse desejo está
devidamente alicerçado na fé e confiança de quem pede ou se, acaso é uma como
que uma tentativa de como que pôr à prova a Sua capacidade de providenciar o
que se Lhe pede.
Não será este o nosso caso porque não nos
atrevemos sequer a pensar “experimentar” o poder de Jesus.
Ele, pode tudo e é com este espírito que dizemos:
Sabemos que ao dizermos “se quiseres” nos colocamos inteiramente nas Suas mãos
e confiamos plenamente no Seu critério.
Evidentemente que é fundamental levar à oração o
que pensamos pedir para como que “afinar” o pedido.
Sem oração é inútil pedir o que seja.
Se orar é falar com Deus, se nós não rezamos é o
mesmo que dizer que não falamos com Ele.
Senão falamos com o nosso pai como poderemos
esperar que ele nos atenda?
Certamente ele pensará: Este meu filho só vem
falar comigo quando precisa de alguma coisa!
Estará este pai, bem-disposto para nos ouvir?
Teremos sempre algo para pedir mas, se acaso o
não tivermos não lhe falamos nem que seja só para o cumprimentar, para lhe
confirmar o nosso carinho, o nosso amor de filhos?
Então?
Talvez, nesses casos, devamos dizer:
‘Senhor, Tu sabes que Te amo, sabes que
quero amar-Te total e profundamente, com todo o meu coração sem reservas nem
condições. Mas também sabes, Senhor, como sou fraco. Ajuda-me a amar-Te cada
vez mais.’
Gosto
muito de acompanhar os Apóstolos porque continuamente fazem perguntas a Jesus.
A maior parte já tiveram a sua resposta quer por palavra quer por acções do
Mestre. Não me admiro muito porque eu próprio, que sei muito mais que eles
naquela altura sabiam, também me interrogo continuamente: que palavras são estas!
O que quer isto dizer?
Vem
a propósito de ter ouvido Jesus dizer: «Tende cuidado com o fermento dos
fariseus». Não entendi. Então o fermento não é todo igual?
Percebo
agora que este fermento que Jesus refere não é aquele composto que se
coloca na massa do pão para a levedar, mas sim a palavra, a ideia, sugestão ou,
mesmo a acção que pode influenciar o que sinto e o que penso e, também, o que
faço.
Assim,
compreendo, que tenho absoluta necessidade de estar atento e não aceitar, sem
mais, "esse fermento" que pode alterar drasticamente a
"massa" de que sou feito, esta "massa" que é um filho de
Deus e não outra coisa qualquer.
Reconheço
e concluo que, sendo assim, como de facto é, o único "fermento" que
convém é o Divino e não outro.
Penso
que os Apóstolos terão chegado a essa mesma conclusão e, por isso, puderam dar
cumprimento ao Mandato de Cristo.
….
Reflectindo
Desde
sempre o homem considerou o lobo como seu inimigo fidagal, impossível de
dominar e muito menos de domesticar em tempos passados, o lobo era uma presença
constante, vagueando por serras, planícies e bosques, solitário ou em alcateia.
Os
homens, nomeadamente os pastores, tinham especial cuidado na protecção dos
rebanhos, mantendo bem à mão o cajado sempre pronto a usar.
Eu,
como todos, tenho um lobo sempre à espreita de um momento em que abrande a
minha vigilância e ponha de lado o meu cajado para, então atacar com
probalidade de me vencer.
O
meu cajado é a oração e, o lobo... o demónio, insinua-me matreiramente que...
'já rezas-te o suficiente, descansa, distrai-te'.
Artifício
miserável que tenho de ter bem presente! Nunca, absolutamente, deixar de rezar
com a certeza confiada que enquanto assim fizer, o demónio não vencerá e, até,
pode ser que, pelo menos por um tempo, abrande o seu ataque. Não há arma mais
poderosa para manter o demónio afastado que a oração.
Contra
ela nada pode!
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