Como muitas vezes estavamos junto ao mar, na praia.
A multidão era de tal ordem numerosa que Jesus teve de subir a uma barca
para que todos O pudessem ver.
E... não só ver mas, sobretudo ouvir.
Já referi algumas vezes este facto espantoso: todos O ouviam fosse qual
fosse a distância a que estivessem; falava num tom normal, de colóquio como se
Se dirisse a cada um em particular e eu testemunhei isso mesmo... as pessoas
ficavam como que em suspenso do que Jesus dizia.
Hoje voltou a um tema muito recorrente mas que continuava a ser o principal
para aquela gente: o Reino dos Céus.
Queriam saber mais, entender melhor algo tão extraordinário que ansiavam:
pertencerem a esse Reino.
Penso que ninguém em seu perfeito juízo deseje pertencer a um Reino
medíocre, sem grande expressão, todos, absolutamente, somos súbditos de um
Reino qualquer sendo legítimo portanto desejar pertencer ao Reino mais
grandioso que possa existir e... que o Rei seja o mais justo e reuna os
melhores atributos para reinar.
Surge-nos, assim, o Reino de Deus preenchendo esse anseio.
Um Reino Cujo Rei É o Criador, Dono e Senhor de todas as coisas.
Qualquer cristão tem, portanto, este estatuto extraordinário: pertencer ao
Reino de Deus!
Desta realidade emerge uma obrigação eminente, importante: ser digno de
pertencer a esse Reino. Como? Pois fazendo por ser súbdito fiel e cumpridor, em
tudo, da Suprema Vontade do Rei.
Ele É muito exigente mas Sumamente Justo e, por isso nunca nos exigirá nada
além das nossas capacidades mas, espera que Lhe demos inteiramente o que temos
como nosso, mesmo que seja pouco ou, mesmo, muito pouco; como diz o povo...
"quem dá o que tem a mais não é obrigado".
Dar o que se tem torna-nos mais ricos que antes porque passamos a receber a
gratidão daquele a quem demos e, este, é seguramente um bem inestimável.
A forma como Deus demonstra essa gratidão excede em tudo a nossa
expectativa, nem "um copo de água" deixa de ser compensado.
O meu Querido Pai dizia que "quem dá... empresta a Deus" e, eu
agora compreendo bem o que queria dizer: ser credor de Deus!
Um credor que não se atraza na devolução do empréstimo e que paga juros
altíssimos pelo emprestado.
Sou muito interesseiro e, por isso, quero ser "credor de Deus".
Logo ao acordar, depois de agradecer um novo dia que deseja que eu viva,
ofereço-Lhe quanto nesse dia faça e, isto, obriga-me a fazer, o que for, o
melhor possível para que a oferta seja o mais digna possível.
Como sei o "pouca coisa" que sou peço-Lhe que me ajude a
dignificar essa oferta.
Talvez possa parecer algo estranho pedir tal coisa mas, eu não tenho
qualquer receio que Ele não entenda o meu pedido.
Afinal o que está em "jogo" é a minha Salvação e sei muito bem
que Ele compreende e aceita os "blufs" de que uso e abuso para ganhar
o "jogo".
Hoje aconteceu, aconteceu-me, algo extraordinário que jamais esquecerei.
Há tanto tempo, já lá vai mais de um ano que, misturado nas turbas, sigo
Jesus no Seu deambular diário pelas terras da Palestina e, hoje Ele, por
momentos, fixou em mim o olhar.
Fiquei estarrecido!
Um olhar, como sempre, calmo tranquilo mas que parece como que o que hoje
se chama uma "radiografia" que lê as entranhas do nosso ser.
Foi como se me dissesse: 'Eu conheço-te, sei quem és e o que pretendes'.
Levei algum tempo, confesso, a "digerir" tal coisa.
Ganhei coragem e atrevi-me: 'Senhor eu sei que sabes tudo e que me conheces
muito melhor que eu me conheço a mim próprio, que achas que devo fazer?'
A resposta não tardou: 'Sê o que és e procede de acordo, sê um homem
inteiro, de uma só peça, não te deixes ir ao sabor da corrente, das
conveniências, cumpre os teus deveres de Pai, Avô, Irmão, Amigo, alegre
mesmo quando tenhas motivos para chorar, satisfaz os compromissos que assumes,
comporta-te como um Filho de Deus, Meu irmão'.
Agradeci a resposta e quedei-me a pensar que, na verdade, ela encerra um
programa de vida.
Um programa exigente, sem dúvida, mas que não me cabe avaliar sobre a minha
capacidade para o levar a cabo. Se este programa é o que o Senhor acha que me
convém tenho a certeza que Ele também sabe que preciso de ajuda... ah! como
preciso!... para o cumprir. E confio plenamente que essa ajuda não me faltará
nunca.
Lanço-me para a frente, encaro cada momento como o último que terei para
cumprir o que devo: fazer, em tudo, a Amabilissima Vontade de Deus.
Tarefa grande de mais? Muito para além do que posso?
Tenho a certeza... NÃO! ELE nunca me pediria nada que não estivesse ao meu
alcance conseguir e providenciará o que possa faltar-me. Estará sempre
disponível para mim mas... quer que eu Lhe peça, o que for que julgo que
preciso,com a confiança absoluta que se o que peço for para meu bem Ele mo
dará, se e quando for mais conveniente. Não Se enfadará se eu achar que tarda
em satisfazer o meu pedido, bem ao contrário... agrada-Lhe que eu insista uma e
outra vez porque tal significará que a minha confiança e esperança na Sua
Providência não esmorecem.
Ele Próprio deu como que um "mote" de como deve ser insistente a minha
petição ao pronunciar a Parábola do Juiz Iníquo que acaba por atender os
pedidos contínuos de uma viúva que para que lhe faça justiça, não porque
estivesse preocupado com a administração da justiça mas para deixar de ser
importunado.
O que Jesus quis que concluísse é muito claro: se com a sua permanente
insistência a viúva alcançou o que pretendia como desistir na minha insistência
para que Ele me dê o que peço?
Uma das "provas" que considero que procedo bem ao inssistir nos
pedidos é a hábil insinuação do tentador... 'outra vez! Repetes vezes sem conta
o mesmo pedido e nunca obténs reposta... porquê continuar?', esta é, como
escrevi, a "prova", para mim mais concludente, de que estou no bom
caminho.
É extraordinário constatar como o Senhor Se serve da tentação do
demónio das insinuações manhosas e hábeis que usa para me levar a
considerar o me convém em cada momento ou circunstância. É, concluo, a Sua
forma de consubstanciar o que me ensinou no Pai-Nosso: Livrai-me da tentação.
De uma mal aparente, possível, o Senhor tira sempre um bem concreto.
De facto... a tentação é, para mim, um mistério, porquê o Senhor a
consente?
Julgo que a resposta está na Suprema Justiça de Deus. A herança que recebi
dos meus primeiros pais, Adão e Eva, tem um "preço"... estar sujeito
à tentação porque é a consequência directa do seu pecado.
Não a posso
ignorar e muito menos rejeitar, uma herança é o que é. No entanto, Ele,
quer ajudar-me a usar essa herança da melhor forma e está sempre à minha
disposição para me ajudar no seu correcto uso.
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