Jesus
repete várias vezes a Parábola dos talentos, desta vez vou deter-me num
particular detalhe: os juros que o Senhor daqueles três servos exigiu.
Entendo
que neste caso os talentos equivalem a dons que aquele Senhor deu a cada um.
Os
juros serão devidos como compensação ao dador de algo que nos
"facilitou", não talvez como compensação propriamente dita mas, mais,
como uma demonstração de agradecimento.
Mas,
pergunto... uma dádiva presume o pagamento de juros.
Julgo
que, posto assim... não! Mas não será razoável pensar que quem recebeu algo que
precisava para o que fosse não agradeça ao seu benfeitor mostrando o que fez
com o recebido? Claro que sim porque se o não fizer além da ingratidão que
demonstra revela que, talvez tenha usado o recebido para um fim não adequado
ou, pior, nem sequer o usou. As consequências são óbvias, das quais a que mais
avulta é a relutância do benfeitor em corresponder a outro pedido que o ingrato
lhe faça.
Bom...
este é o juro a que Jesus Se refere: usar correctamente os dons que recebi e
recebo não quer uma devolução do dado mas sim o seu uso. Se o fizer Ele ficará
satisfeito, se não...
Aplicar
os dons que recebi é, deve ser, a minha preocupação e a melhor forma de o fazer
será distribui-los por outros de forma a que também estes possam ser
beneficiados. Este "trabalho" talvez tenha a sua expressão mais
evidente na Correcção Fraterna; esta é algo que quase sempre me custa muito
fazer... não quero meter-me na vida do outro, tenho receio de ferir a sua
sensibilidade, não quero me julgue um "convencido catedrático", um
mestre, um guia... Pobre de mim se não tivesse tantos e tantas que não hesitam
em corrigir-me quando julgam apropriado!
Sei
muito de música, porque não partilho um bocadinho que seja desse conhecimento
com outro que luta por saber mais? Leio o que alguém escreveu, porque não
manifestar-lhe a minha opinião, talvez notando alguma incongruência, erro de
sintaxe... Oiço um palestrante, porque não dar-lhe a minha opinião sobre o que
ouvi?
Não
reagir a algo que se me depara demonstra uma posição de indiferença que não
quero admitir, muitas vezes prefiro ficar a remoer uma resposta íntima do que
manifestá-la. Tal acontece, sobretudo, quando a minha apreciação é negativa
porque, a verdade é que se gostei logo me apresso a comunicar o meu agrado e
aplauso.
Para
corrigir é óbvio que preciso de estar absolutamente seguro que o objecto da
minha correcção tem razão de ser, se sustenta e justifica, quando não poderei
muito bem ser aquele "cego que conduz outro cego até cairem os dois na
mesma cova", tal e como diz o Evangelho.
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