01/11/2020

SACRAMENTOS

 



A liturgia e os sacramentos em geral

 

2.2 Efeitos e necessidade dos sacramentos

 

Todos os sacramentos conferem a graça santificante a quem não coloca obstáculos (Cf. Concílio de Trento: DS 1606)

. Esta graça é «o dom do Espírito que nos justifica e nos santifica» (Catecismo 2003). Além disso, os sacramentos conferem a graça sacramental, que á a graça «própria de cada sacramento» (Catecismo, 1128): um certo auxílio divino para conseguir o fim desse sacramento.

 

Não só recebemos a graça santificante, mas também o próprio Espírito Santo. «É pelos sacramentos da Igreja que Cristo comunica aos membros do seu corpo o seu Espírito Santo e santificador» (Catecismo, 739)  -  (A acção do Espírito Santo em nós «é que vivamos a vida de Cristo ressuscitado» (Catecismo 1091); «une a Igreja à vida e à missão de Cristo» (Catecismo 1092); «cura e transforma aqueles que O recebem, conformando-os com o Filho de Deus» (Catecismo 1129)). O fruto da vida sacramental consiste em que o Espírito Santo deifica os fiéis unindo-os vitalmente a Cristo (cf. Catecismo, 1129).

 

Os três sacramentos do Baptismo, Confirmação e Ordem conferem, além da graça, o chamado carácter sacramental, que é um selo espiritual indelével impresso na alma (Cf. Concílio de Trento: DS 1609) , pelo qual o cristão participa do sacerdócio de Cristo e forma parte da Igreja segundo os diversos estados e funções. O carácter sacramental permanece para sempre no cristão como disposição positiva para a graça, como promessa e garantia da protecção divina e como vocação para o culto divino e serviço da Igreja. Por conseguinte, estes três sacramentos não podem ser reiterados (cf. Catecismo, 1121).

 

Os sacramentos que Cristo confiou à sua Igreja são necessários – pelo menos o seu desejo – para a salvação, para alcançar a graça santificante, e nenhum é supérfluo, embora nem todos sejam necessários para todas as pessoas Cf. Concílio de Trento: DS 1604..

 

Juan José Silvestre

Revisão da versão portuguesa por AMA.

 

Bibliografia básica

Catecismo da Igreja Católica, 1066-1098; 1113-1143; 1200-1211 e 1667-1671.


Leituras recomendadas

São Josemaria, Homilia «A Eucaristia, mistério de fé e de amor», em Cristo que Passa , 83-94; também os n. 70 e 80. Temas Actuais do Cristianismo, 115.

J. Ratzinger, Introdução ao Espírito da Liturgia, Edições Paulinas, 2002.

J.L. Gutiérrez-Martín, Belleza y misterio. La liturgia, vida de la Iglesia, EUNSA (Astrolabio), Pamplona 2006, pp. 53-84, 13-126.

Recorramos ao bom pastor

 


Tu, pensas, tens muita personalidade: os teus estudos (os teus trabalhos de investigação, as tuas publicações), a tua posição social (os teus apelidos), as tuas actividades políticas (os cargos que ocupas), o teu património..., a tua idade – já não és nenhuma criança!... Precisamente por tudo isso, necessitas, mais do que outros, de um Director para a tua alma. (Caminho, 63)

 

A santidade da esposa de Cristo sempre se provou – e continua a provar-se actualmente – pela abundância de bons pastores. Mas a fé cristã, que nos ensina a ser simples, não nos leva a ser ingénuos. Há mercenários que se calam e há mercenários que pregam uma doutrina que não é de Cristo. Por isso, se porventura o Senhor permite que fiquemos às escuras, inclusivamente em coisas de pormenor, se sentimos falta de firmeza na fé, recorramos ao bom pastor, àquele que – dando a vida pelos outros – quer ser, na palavra e na conduta, uma alma movida pelo amor – àquele que talvez seja também um pecador, mas que confia sempre no perdão e na misericórdia de Cristo.

Se a vossa consciência vos reprova por alguma falta – embora não vos pareça uma falta grave – se tendes uma dúvida a esse respeito, recorrei ao sacramento da Penitência. Ide ao sacerdote que vos atende, ao que sabe exigir de vós firmeza na fé, delicadeza de alma, verdadeira fortaleza cristã. Na Igreja existe a mais completa liberdade para nos confessarmos com qualquer sacerdote que possua as necessárias licenças eclesiásticas; mas um cristão de vida limpa recorrerá – com liberdade! – àquele que reconhece como bom pastor, que o pode ajudar a erguer a vista para voltar a ver no céu a estrela do Senhor. (Cristo que passa, 34)

Reflexão

 


Tempos de Pandemia


O confinamento em casa traz consigo "necessidades inenesperadas" de criar actividades.


Porque não cozinhar?


Bom... não tenho jeito...


Considere: Não estou a sugerir que seja um "Cheff", mas que tente...

Se levar-mos outros que vivem connosco a fazer o mesmo, acabará por ser diferente e divertido.


Experimente...


(AMA, 2020)

Leitura espiritual

 



Evangelho

São João 6 16 - 51

 

Jesus caminha sobre as águas–

16 Ao cair da tarde, os seus discípulos desceram até ao lago 17 e, subindo para um barco, foram atravessando o lago em direcção a Cafarnaúm. 18 Já tinha escurecido e Jesus ainda não fora ter com eles. Soprando uma forte ventania, o lago começou a agitar-se. 19 Depois de terem remado mais ou menos uma légua, avistaram Jesus que se aproximava do barco, caminhando sobre o lago, e tiveram medo. 20 Mas Ele disse-lhes: «Sou Eu, não tenhais medo!» 21 Quiseram recebê-lo logo no barco, e o barco chegou imediatamente à terra para onde iam.

 

Discurso do Pão do Céu –

22 No dia seguinte, a multidão que ficara do outro lado do lago reparou que ali não estivera mais do que um barco, e que Jesus não tinha entrado no barco com os seus discípulos, mas que estes tinham partido sozinhos. 23 Entretanto, chegaram outros barcos de Tiberíades até ao lugar onde tinham comido o pão, depois de o Senhor ter dado graças. 24 Quando viu que nem Jesus nem os seus discípulos estavam ali, a multidão subiu para os barcos e foi para Cafarnaúm à procura de Jesus. 25 Ao encontrá-lo no outro lado do lago, perguntaram-lhe: «Rabi, quando chegaste cá?» 26Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: vós procurais-me, não por terdes visto sinais miraculosos, mas porque comestes dos pães e vos saciastes. 27 Trabalhai, não pelo alimento que desaparece, mas pelo alimento que perdura e dá a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará; pois a este é que Deus, o Pai, confirma com o seu selo.» 28 Disseram-lhe, então: «Que havemos nós de fazer para realizar as obras de Deus?» 29 Jesus respondeu-lhes: «A obra de Deus é esta: crer naquele que Ele enviou.» 30 Eles replicaram: «Que sinal realizas Tu, então, para nós vermos e crermos em ti? Que obra realizas Tu? 31 Os nossos pais comeram o maná no deserto, conforme está escrito: Ele deu-lhes a comer o pão vindo do Céu.» 32 E Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Não foi Moisés que vos deu o pão do Céu, mas é o meu Pai quem vos dá o verdadeiro pão do Céu, 33 pois o pão de Deus é aquele que desce do Céu e dá a vida ao mundo.» 34 Disseram-lhe então: «Senhor, dá-nos sempre desse pão!» 35 Respondeu-lhes Jesus: «Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não mais terá fome e quem crê em mim jamais terá sede. 36 Mas já vo-lo disse: vós vistes-me e não credes. 37 Todos os que o Pai me dá virão a mim; e quem vier a mim Eu não o rejeitarei, 38 porque desci do Céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. 39 E a vontade daquele que me enviou é esta: que Eu não perca nenhum daqueles que Ele me deu, mas o ressuscite no último dia. 40 Esta é, pois, a vontade do meu Pai: que todo aquele que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia.» 41 Os judeus puseram-se, então, a murmurar contra Ele por ter dito: 'Eu sou o pão que desceu do Céu'; 42 e diziam: «Não é Ele Jesus, o filho de José, de quem nós conhecemos o pai e a mãe? Como se atreve a dizer agora: 'Eu desci do Céu'?» 43 Jesus disse-lhes, em resposta: «Não murmureis entre vós. 44 Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não atrair; e Eu hei-de ressuscitá-lo no último dia. 45 Está escrito nos profetas: E todos serão ensinados por Deus. Todo aquele que escutou o ensinamento que vem do Pai e o entendeu vem a mim. 46 Não é que alguém tenha visto o Pai, a não ser aquele que tem a sua origem em Deus: esse é que viu o Pai. 47 Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê tem a vida eterna. 48 Eu sou o pão da vida. 49 Os vossos pais comeram o maná no deserto, mas morreram. 50 Este é o pão que desce do Céu; se alguém comer dele, não morrerá. 51 Eu sou o pão vivo, o que desceu do Céu: se alguém comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que Eu hei-de dar é a minha carne, pela vida do mundo.»

 



Cristo que passa

115

        

Não quero terminar sem uma última reflexão: o cristão, ao tornar Cristo presente entre os homens, sendo ele mesmo ipse Christus, não procura apenas viver numa atitude de amor, mas também dar a conhecer o Amor de Deus através desse amor humano.

 

Jesus concebeu toda a sua vida como uma revelação desse amor: Filipe, - respondeu a um dos seus Apóstolos - «quem me vê a Mim, vê o Pai».

Seguindo esse ensinamento, o Apóstolo João convida os cristãos a que, já que conheceram o amor de Deus, o manifestem com as suas obras: “Caríssimos, amemo-nos uns aos outros; porque o amor vem de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece-0. Aquele que não ama não conhece Deus, porque Deus é Amor.

Nisto se manifestou o amor de Deus para connosco: em ter enviado o seu Filho unigénito ao mundo para que por Ele vivamos.

Nisto consiste o seu amor: não fomos nós que amámos Deus, mas foi Ele que nos amou e enviou o seu Filho para propiciação pelos nossos pecados.

Caríssimos, se Deus nos amou assim, também nos devemos amar uns aos outros”.

 

116

         

É necessário, portanto, que a nossa fé seja viva, que nos leve realmente a crer em Deus e a manter um constante diálogo com Ele.

A vida cristã deve ser vida de oração constante, procurando nós estar na presença do Senhor da manhã até à noite e da noite até à manhã. O cristão nunca é um homem solitário, posto que vive numa conversa contínua com Deus, que está junto de nós e nos Céus.

 

Sine intermissione orate, manda o Apóstolo - orai sem interrupção.

E, recordando esse preceito apostólico, escreve Clemente de Alexandria: “Manda-se-nos louvar e honrar o Verbo, a Quem conhecemos como salvador e rei; e por Ele o Pai, não em dias escolhidos, como fazem alguns, mas constantemente, ao longo de toda a vida, e de todos os modos possíveis”.

 

No meio das ocupações de cada jornada, no momento de vencer a tendência para o egoísmo, ao sentir a alegria da amizade com os outros homens, em todos esses instantes o cristão deve reencontrar Deus. Por Cristo e no Espírito Santo, o cristão tem acesso à intimidade de Deus Pai, e percorre o seu caminho buscando esse reino, que não é deste mundo, mas que neste mundo se inicia e prepara.

 

É preciso privar com Cristo na palavra e no Pão, na Eucaristia e na Oração.

Tratá-Lo como se trata com um amigo, com um ser real e vivo como Cristo é, porque ressuscitou.

Cristo, lemos na epístola aos Hebreus, como permanece eternamente, possui um sacerdócio eterno.

Por isso, pode salvar perpetuamente os que por Ele se aproximam de Deus, vivendo sempre para interceder em seu favor.

 

Cristo, Cristo ressuscitado, é o companheiro, o Amigo.

Um companheiro que se deixa ver só entre sombras, mas cuja realidade enche toda a nossa vida, e que nos faz desejar a sua companhia definitiva.

O Espírito e a Esposa dizem: Vem/

E aquele que ouve, diga: Vem!

Que aquele que tenha sede, venha! Que aquele que O deseja, receba gratuitamente a água da vida...

O que dá testemunho destas coisas diz: Sim, Eu venho em breve. Assim seja. Vem, Senhor Jesus!.

 

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A liturgia põe, mais uma vez, diante dos nossos olhos, o último dos mistérios da vida de Jesus Cristo entre os homens: a Sua Ascensão aos Céus.

Desde o Seu nascimento em Belém já aconteceram muitas coisas: encontrámo-lO no berço, adorado por pastores e reis; contermplámo-lO nos longos anos de trabalho silencioso em Nazaré; acompanhámo-lO através das terras da Palestina, pregando aos homens o reino de Deus e fazendo bem a todos.

E mais tarde, nos dias da Sua Paixão, sofremos ao presenciarmos como O acusavam, com que furor O maltratavam e com que ódio O crucificavam.

 

À dor, seguiu-se a alegria luminosa da Ressurreição.

Que fundamento tão claro e firme para a nossa fé! Já não deveríamos duvidar.

Mas talvez, como os Apóstolos, sejamos ainda fracos e neste dia da Ascensão perguntemos a Cristo: É agora que vais restaurar o reino de Israel?; será agora que vão desaparecer definitivamente todas as nossas perplexidades e todas as nossas misérias?

 

O Senhor responde-nos subindo aos céus.

Tal como os Apóstolos, ficamos meio admirados, meio tristes ao ver que nos deixa.

Não é fácil, na realidade, acostumar-se à ausência física de Jesus. Comove-me recordar que, num gesto magnífico de amor, Se foi embora e ficou: foi para o Céu e entrega-Se-nos como alimento na Hóstia Santa.

Sentimos, no entanto, a falta da Sua palavra humana, do Seu modo de actuar, de olhar, de sorrir, de fazer o bem.

Gostaríamos de voltar a vê-Lo de perto, quando Se senta à beira do poço, cansado da dureza do caminho, quando chora por Lázaro, quando reza durante longo tempo, quando Se compadece da multidão!

 

Sempre me pareceu lógico - e me encheu de alegria - que a Santíssima Humanidade de Jesus Cristo subisse à glória do Pai, mas penso também que esta tristeza, própria do dia da Ascensão, é uma prova do amor que sentimos por Jesus, Senhor Nosso.

Ele, sendo perfeito Deus, fez-Se homem, perfeito homem, carne da nossa carne e sangue do nosso sangue, mas separou-Se de nós para ir para o Céu. Como não havemos de sentir a Sua falta?

 

118

        

Intimidade com Jesus Cristo no Pão e na Palavra

 

Se soubermos contemplar o mistério de Cristo, se nos esforçarmos por vê-lo com olhos limpos, aperceber-nos-emos que também agora é possível aproximar-nos intimamente de Jesus, em corpo e alma. Cristo assinalou-nos claramente o caminho: pelo Pão e pela Palavra, alimentando-nos com a Eucaristia e conhecendo e cumprindo o que veio ensinar-nos, ao mesmo tempo que conversamos com Ele na oração.

«Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.

Aquele que conhece os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele».

 

Não são meras promessas.

São o que há de mais profundo, a realidade de uma vida autêntica: a vida da graça, que nos leva a relacionar-nos íntima, pessoal e directamente com Deus.

«Se observardes os Meus mandamentos, permanecereis no Meu amor, como Eu observei os preceitos do Meu Pai, e permaneço no Seu amor».

Esta afirmação de Jesus, no discurso da última ceia, é o melhor preâmbulo para o dia da Ascensão.

Cristo sabia que era preciso ir-Se embora, porque, dum modo misterioso que nunca conseguiremos compreender, depois da Ascensão iria chegar - numa nova efusão do Amor divino - a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade: «mas eu digo-vos a verdade: a vós convém que Eu vá, porque se Eu não for, não virá a vós o Paráclito; mas, se for, eu vo-lo enviarei».

 

Foi-Se embora e enviou-nos o Espírito Santo, que rege e santifica a nossa alma.

Ao actuar em nós, o Paráclito confirma o que Cristo nos anunciava: que somos filhos de Deus; que não recebemos o espírito de escravidão para actuarmos ainda com temor, mas recebemos o espírito de adopção de filhos, mercê do qual clamamos, dizendo: Abba, Pai!

 

Compreendeis?

É a acção trinitária nas nossas almas.

Todo o cristão tem acesso a esta inabitação de Deus no mais íntimo do seu ser, se corresponde à graça que nos leva a unir-nos com Cristo no Pão e na Palavra, na Sagrada Hóstia e na oração.

A Igreja põe à nossa consideração diariamente a realidade do Pão vivo e dedica-lhe duas grandes festas do ano litúrgico: a da Quinta-Feira Santa e a do Corpo de Deus.

Neste dia da Ascensão, vamos deter-nos na forma de conviver e de nos relacionarmos com Jesus, escutando atentamente a Sua Palavra.

 

119

         

Vida de oração

 

Uma oração ao Deus da minha vida.

Se Deus é vida para nós, não deve causar-nos estranheza que a nossa existência de cristãos tenha de estar embebida de oração.

Mas não penseis que a oração é um acto que se realiza e se abandona logo a seguir.

O justo encontra na lei de Iavé a sua complacência e procura acomodar-se a essa lei durante o dia e durante a noite.

Pela manhã penso em ti; e, durante a tarde, dirige-se a ti a minha oração como o incenso.

Todo o dia pode ser tempo de oração: da noite à manhã e da manhã à noite.

Mais ainda: como nos recorda a Escritura Santa, também o sono deve ser oração.

 

Recordai o que de Jesus nos narram os Evangelhos.

Às vezes, passava a noite inteira ocupado em colóquio íntimo com o Pai.

Como cativou os primeiros discípulos a figura de Cristo em oração! Depois de contemplarem essa atitude constante do Mestre pediram-Lhe: Domine, doce nos orare, Senhor, ensina-nos a orar assim.

 

São Paulo - orationi instantes, na oração contínua, escreve - difunde por toda a parte o exemplo vivo de Cristo.

E São Lucas, com uma pincelada, retrata a maneira de actuar dos primeiros fiéis: “Animados de um mesmo espírito, perseveravam juntos em oração”.

 

A têmpera do bom cristão adquire-se, com a graça, na forja da oração.

E este alimento da oração, por ser vida, não se desenvolve através de um caminho único.

O coração desafogar-se-á habitualmente com palavras, nas orações vocais que nos ensinaram o próprio Deus, Pai Nosso, ou os Seus Anjos, Avé Maria.

Outras vezes utilizaremos orações apuradas pelo tempo, nas quais se verteu a piedade de milhões de irmãos na fé: as da liturgia - lex orandi -; as que nasceram da paixão de um coração enamorado, como tantas antífonas marianas: Sub tuum praesidium..., Memorare..., Salve Regina...

 

Noutras ocasiões serão suficientes duas ou três expressões, lançadas ao Senhor como se fossem setas, iaculata: jaculatórias, que aprendemos na leitura atenta da história de Cristo:

Domine, si vis, potes me mundare, Senhor, se quiseres podes curar-me;

Domine, tu omnia nosti, tu scis qui amo te, Senhor tu sabes tudo, tu sabes que te amo;

Credo, Domine, sed adjuva incredulitatem meam, creio, Senhor, mas ajuda a minha incredulidade, fortalece a minha fé;

Domine, non sum dignus, Senhor, não sou digno!;

Dominus meus et Deus meus, Senhor meu e Deus meu!

Ou outras frases, breves e afectuosas, que brotam do fervor íntimo da alma e correspondem a uma circunstância concreta.

 

A vida de oração tem de fundamentar-se, além disso, em pequenos espaços de tempo, dedicados exclusivamente a estar com Deus.

São momentos de colóquio sem ruído de palavras, junto ao Sacrário sempre que possível, para agradecer ao Senhor essa espera - tão só! - desde há vinte séculos.

A oração mental é diálogo com Deus, de coração a coração, em que intervém a alma toda: a inteligência e a imaginação, a memória e a vontade.

Uma meditação que contribui a dar valor sobrenatural à nossa pobre vida humana, à nossa vida corrente e diária.

 

Graças a esses tempos de meditação, às orações vocais, às jaculatórias, saberemos converter a nossa jornada, com naturalidade e sem espectáculo, num contínuo louvor a Deus.

Manter-nos-emos na sua presença, como os que estão enamorados dirigem continuamente o seu pensamento à pessoa que amam, e todas as nossas acções - inclusivamente as mais pequenas - encher-se-ão de eficácia espiritual.

 

Por isso, quando um cristão se lança por este caminho de intimidade ininterrupta com o Senhor - e é um caminho para todos, não uma senda para privilegiados - a vida interior cresce, segura e firme; e o homem empenhasse nessa luta, amável e exigente ao mesmo tempo, por realizar até ao fim a vontade de Deus.

 

A partir da vida de oração podemos compreender um outro tema que nos propõe a festa de hoje: o apostolado, pôr em prática os ensinamentos de Jesus, transmitidos aos seus pouco antes de subir aos céus: servir-me-eis de testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia, na Samaria e até às extremidades da terra.

 

Pequena agenda do cristão

 


DOMINGO

Pequena agenda do cristão

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?