Acho que é crucial para as democracias, nas próximas duas gerações, a restauração dos fundamentos culturais das sociedades democráticas.
A Democracia não é uma máquina que funcione, por si só, exige um certo tipo de pessoas para fazer funcionar o maquinismo, que requer certas virtudes, é por isso que o Papa fala sempre acerca duma sociedade livre e virtuosa.
A menos que as pessoas tenham adquirido certos hábitos do coração e da mente, a que chamamos de virtudes, não serão capazes de ser democratas. Todos nós nascemos tiranos, é preciso aprender os hábitos de tolerância e de uma participação no argumento, etc. Na maior parte do mundo democrático, em que a cultura torna a democracia possível, a democracia tem-se atrofiado durante as últimas duas gerações, porque a ideia que tem de liberdade se deteriorou.
A teoria clássica da democracia, bem como os documentos oficiais da Igreja ensinam-nos que a liberdade é realmente o direito de fazer o que devemos fazer. O direito de escolher livremente o que é objectivamente bom. Qualquer outro conceito de liberdade, especialmente o de a liberdade ser uma licença, acabará, em última análise, em auto-destruição.
Estas são as questões cruciais, agora, para as democracias, porque a menos que possamos reconstruir a cultura da liberdade bem entendida, não seremos capazes de resolver a nível político, a nível da legislação e da lei, questões como, por exemplo, as propostas para novas biotecnologias.
(George Weigel, Democracy needs a "virtuous" society, Entrevista a NewsWeekly, uma publicação do National Civic Council. 2000.11.18 trad ama)