Tempo comum XII Semana
Evangelho:
Mt 7, 21-29
21 «Nem todo o que Me diz: “Senhor, Senhor”,
entrará no Reino dos Céus, mas só o que faz a vontade de Meu Pai que está nos
céus. 22 Muitos Me dirão naquele dia: “Senhor, Senhor, não
profetizámos nós em Teu nome, e em Teu nome expulsámos os demónios, e em Teu
nome fizemos muitos milagres?”. 23 E então Eu lhes direi bem alto:
“Nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade”. 24
«Todo aquele, pois, que ouve estas Minhas palavras e as observa será semelhante
ao homem prudente que edificou a sua casa sobre rocha. 25 Caiu a
chuva, transbordaram os rios, sopraram e investiram os ventos contra aquela
casa, mas ela não caiu, porque estava fundada sobre rocha. 26 Todo
aquele que ouve estas Minhas palavras e não as pratica será semelhante a um
homem insensato que edificou a sua casa sobre areia. 27 Caiu a
chuva, transbordaram os rios, sopraram e investiram os ventos contra aquela
casa, e ela caiu, e foi grande a sua ruína». 28 Quando Jesus acabou
estes discursos, estavam as multidões admiradas com a Sua doutrina, 29
porque os ensinava como quem tinha autoridade, e não como os seus escribas.
Comentário:
Caminho seguríssimo: fazer a Vontade de Deus!
Não há engano possível nem erro que se cometa.
O Senhor não se engana nem pode enganar-nos.
Basta ler – com “olhos de ler” – o Evangelho para ficar
ciente do que o Senhor quer de nós.
(ama, comentário
sobre Mt 7, 21-29, 2014.06.26)
Leitura espiritual
Morte e Eternidade
Já desde a minha
primeira infância, ao chegar Novembro, ouvi repetir a minha volta palavras que não
esqueci ao longo da vida:
“Bendito mês, que
começa com todos os santos e termina com santo André”.
No Ângelus de 1 de Novembro, Bento XVI recordou, doutra
forma, a verdade escondida nessas palavras do povo:
“A Solenidade de todos os Santos é uma ocasião propícia
para elevar o olhar das realidades terrenas, marcadas pelo tempo, à dimensão de
Deus, a dimensão de eternidade e de santidade”.
Nenhum momento na vida do homem mais apropriado para
ajudar-nos a “elevar o olhar” que o da morte de pessoas queridas, de amigos, de
conhecidos que nos deixam depois de uma longa doença, ou que abandonam a terra
de improviso e sem o anunciar.
Porque é um momento apropriado?
Simplesmente,
porque a morte põe à prova a qualidade do “amor” que se esconde no coração de
todo o homem.
Se não amamos, a morte de um ser querido pode levar-nos
a descobrir que já estamos mortos, ainda que nos mantenhamos em pé, porque perdemos
todo o sentido da nossa vida.
Muitas pessoas, na sociedade actual, esforçam-se por tirar
da perspectiva da sua vida o horizonte da morte.
A morte é um tema de conversação quase proibido.
Há
no ambiente um certo e impreciso medo à morte, talvez pela obstinação de não
pensar o que o homem pode encontrar depois da morte.
Esse temor manifesta-se em fazer desaparecer até as cinzas
dos defuntos, atirando-as ao mar, a um lago, ao vento.
Outras
vezes, o medo expressa-se no eliminar da nossa mente todo o juízo do nosso
actuar e do nosso viver: nada vale a pena e a morte apagará para sempre a memória
das nossas misérias.
E
quer apagar-se da mente, também, sequer a possibilidade de que haja céu e
inferno.
Na
realidade, alguns querem simplesmente “morrer para sempre”; e temem descobrir na
morte, que esse desejo é uma “pretensão inútil”.
A
morte situa-nos, talvez sem nos dar muita conta, ante a ineludível pregunta
sobre o sentido da nossa vida.
E
talvez nos faça descobrir a verdade destas palavras de Bento XVI:
“O
homem pode explicar-se, encontra o seu sentido profundo, só se Deus existe”
O cristão não tem medo do juízo – sabe que só Deus nos
pode julgar - e Deus é pai que nos acolhe quando arrependidos voltamos para Ele.
Sabe
que existe céu e inferno.
E
não faz desaparecer as cinzas dos seus defuntos, simplesmente porque ao
enterrá-las, poderá visitá-las, saudá-las, ainda que apenas seja um dia no ano,
ajuda-o a não perder de vista a eternidade.
A
realidade da eternidade dá-lhe ar para respirar na atmosfera viciada que se
encontra tão amiúde à sua volta.
“O
homem necessita da eternidade, e qualquer outra esperança é para ele demasiado
breve, demasiado limitada”.
O antigo costume de visitar os cemitérios nestes dias é
um ar fresco em qualquer momento do viver.
E
as flores com que se adornam as tumbas, além de um detalhe de carinho para com
os nossos defuntos, são também um desejo de lhes expressar um afecto, um
carinho que por vezes não lhes manifestamos durante a vida.
“Também
na visita aos cemitérios, ao mesmo tempo que lembramos laços de afecto com quem
nos amou durante a nossa vida, recorda-nos que todos vamos para outra vida, mais
para além da morte.
Que
o choro, devido ao distanciamento terreno, não prevaleça sobre a certeza da
ressurreição, sobre a esperança de alcançar a bem-aventurança da eternidade”, recorda-nos
o Papa.
Essa bem-aventurança eterna, a vida eterna com Deus
Pai, Filho e Espírito, que pedimos ao Senhor tenha concedido já aos nossos
defuntos.
ernesto juliá díaz
(trad.
do castelhano por ama)
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Nota
do tradutor:
Não estou totalmente de acordo com o autor no que se
refere a quanto diz sobre as cinzas dos defuntos já que no ponto de vista cristão
– que é o meu – a cremação de um ente querido não tem a ver nem com o temor da
morte nem com qualquer “vontade” de apagar a sua memória; esta estará, para
sempre, bem viva no coração dos que ficam.
Devolver as cinzas à terra é, na minha maneira de ver,
dar um destino coerente aos restos corporais.
O que sim me interessa sobremaneira é manter viva a sua
memória e na oração diária, frequente e profundamente sentida impetrando Deus
Pai que os tenha acolhido para todo o sempre nos Seus braços amorosos.
António Mexia Alves