O que significa vocação
universal à santidade e ao apostolado
«Conhecendo um pouco a história dos
santos, sabendo que nos processos de canonização se procura a virtude
«heróica», temos quase inevitavelmente um conceito errado da santidade: «Não é
para mim», somos tentados a pensar, «porque eu não me sinto capaz de realizar
virtudes heróicas: é um ideal demasiado elevado para mim». Então a santidade
torna-se uma coisa reservada a alguns «grandes», dos quais vemos as imagens nos
altares, e que são muito diferentes de nós, que somos normais pecadores. Mas
este é um conceito errado de santidade, uma percepção errónea que foi corrigida
- e isto parece-me o ponto central - precisamente por Josemaria Escrivá.
Virtude heróica não significa que o
santo faz uma espécie de «ginástica», de santidade, algo que as pessoas normais
não conseguem fazer. Ao contrário, significa que na vida de um homem se revela
a presença de Deus, isto é, se revela o que o homem por si só e para si não
podia fazer. Virtude heróica propriamente não significa que alguém fez grandes
coisas sozinho, mas que na sua vida aparecem realidades que ele não fez, porque
foi transparente e disponível para a obra de Deus». (Card. Joseph
Ratzinger, L’Osservatore Romano,
6-X-2002)
A luta por ser santos não é,
portanto, algo negativo, mas afirmação alegre que se transforma necessariamente
em testemunho apostólico, como ensinava S. Josemaria:
«A universalidade da caridade significa,
por isso, universalidade do apostolado: tradução pela nossa parte, em obras e
em verdade, do grande empenho de Deus, que quer que todos os homens se salvem e
cheguem ao conhecimento da verdade (Amigos de Deus, 230).
«O apostolado, essa ânsia que vibra no
íntimo do cristão, não é coisa separada da vida de todos os dias; confunde-se
com o próprio trabalho, convertido em ocasião de encontro pessoal com Cristo.
Nesse trabalho, ombro a ombro com os nossos colegas, com os nossos amigos, com
os nossos parentes, lutando pelos mesmos interesses, podemos ajudá-los a chegar
a Cristo, que nos espera (ibid 264)».
Homilia, Sé de Viseu, 26 de Junho de 2012