Em
seguida deve tratar-se do ataque dos demónios.
E
sobre esta questão cinco artigos se discutem:
Art.
1 — Se os homens são atacados pelos demónios.
Art.
2 — Se tentar é próprio do diabo.
Art.
3 — Se todos os pecados procedem da tentacção do diabo.
Art.
4 — Se os demónios podem seduzir os homens com milagres verdadeiros.
Art.
5 — Se o demónio vencido fica por isso impedido de atacar.
(Supra,
q. 64, a. 4).
O
primeiro discute-se assim. — Parece que os homens não são atacados pelos demónios.
1.
— Pois Deus envia os anjos - como deputados, à guarda dos homens. Ora, os demónios
não são enviados por Deus, porque a intenção deles é perder as almas, enquanto
a de Deus é salvá-las. Logo, os demónios não são deputados a atacar os homens.
2.
Demais. — Não há igualdade de condição na luta do fraco contra o forte, do
ignaro contra o astuto. Ora, ao passo que os homens são fracos e ignaros, os demónios
são poderosos e astutos. Logo, Deus, autor de toda justiça, não pode permitir
que os homens sejam atacados pelos demónios.
3.
Demais. — Para exercitar o homem bastam os ataques da carne e do mundo. Ora,
Deus permite que os seus eleitos sejam atacados, para exercício deles. Logo,
não é necessário que sejam atacados pelo demónio.
Mas,
em contrário, diz a Escritura: Nós não temos que lutar contra a carne e o
sangue, mas sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste
mundo tenebroso, contra os espíritos malignos espalhados pelos ares.
Duas coisas devem considerar-se em relação ao ataque dos demónios: o ataque
em si, e a ordem dele. — O ataque, em si, procede da malícia dos demónios que,
por inveja, esforçam-se por opor obstáculos ao homem adiantando em perfeição e
pela soberba, usurpam a semelhança do divino poder deputando determinados
ministros seus a atacarem os homens, assim como os anjos são ministros de Deus,
exercendo determinadas funções, para a salvação dos mesmos. — Por outro lado,
a ordem mesma do ataque procede de Deus, que sabe servir-se ordenadamente dos
males para deles tirar o bem. — Quanto aos anjos porém tanto a guarda, como a
ordem dela dependem de Deus, como do autor primeiro.
DONDE
A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Os maus anjos atacam os homens de dois modos.
— Instigando-os ao pecado, e então não são mandados por Deus, para atacar, mas
tal lhes permitem às vezes os justos juízos de Deus. — Outras vezes porém
atacam os homens, para os punir: e então são mandados por Deus, assim, foi
mandado o espírito da mentira para punir Acabe, rei de Israel, conforme a
Escritura, pois, a pena depende de Deus, como do seu autor primeiro. Contudo,
os demónios mandados para punir punem com intenção diferente daquela pela qual
foram mandados, pois punem por ódio ou por inveja, embora Deus os tivesse
mandado pela sua justiça.
REPOSTA
À SEGUNDA. — Por não haver igualdade de condição na luta é que há compensacção
da parte do homem, principalmente, pelo auxílio da graça divina e,
secundariamente, pela guarda dos corpos. Por onde, segundo a Escritura, Eliseu
disse ao seu ministro: Não temas, muitos mais estão connosco do que com eles.
RESPOSTA
À TERCEIRA. — Bastariam para a fraqueza humana, os ataques da carne e do mundo,
como exercitacção, mas não bastam, para malícia dos demónios, que usam de ambos
para atacar os homens. Contudo, por ordenacção divina, isso redunda em glória
dos eleitos.
Nota:
Revisão da tradução portuguesa por ama
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