09/12/2019

Queremos ver com olhos limpos


Que formosa é a santa pureza! Mas não é santa, nem agradável a Deus, se a separarmos da caridade. A caridade é a semente que crescerá e dará frutos saborosíssimos com a rega que é a pureza. Sem caridade, a pureza é infecunda, e as suas águas estéreis convertem as almas num lodaçal, num charco imundo, donde saem baforadas de soberba. (Caminho, 119)

É verdade que a caridade teologal é a virtude mais alta, mas a castidade é a exigência sine qua non, condição imprescindível para chegar ao diálogo íntimo com Deus. Quem não a guarda, se não luta, acaba por ficar cego. Não vê nada, porque o homem animal não pode perceber as coisas que são do Espírito de Deus.

Animados pela pregação do Mestre, nós queremos ver com olhos limpos: bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.

A Igreja sempre apresentou estas palavras como um convite à castidade. Guardam um coração sadio, escreve S. João Crisóstomo, os que possuem uma consciência completamente limpa ou os que amam a castidade. Nenhuma virtude é tão necessária como esta para ver a Deus. (Amigos de Deus, 175)


THALITA KUM 33


THALITA KUM 33 

(Cfr. Lc 8, 49-56)


Chamá-los-á também para testemunhar a Sua Transfiguração, para verem com os seus olhos tão humanos a glória do Filho de Deus. Ainda aqui, não entendiam nada.
Com os olhos carregados de sono, a Pedro só lhe ocorre dizer que se sente bem, que não quer afastar-se daquela visão, daquele local.
Depois, nos momentos derradeiros, convidá-los-á, aos mesmos três, para O acompanharem no Horto das Oliveiras para testemunharem a Sua Agonia.

Mais uma vez, o sono vence-os.
Este sono é a figura do desânimo, da preocupação, da incerteza, do medo.

«A oração do Senhor prolongava-se entre lágrimas e eles não penetraram no seu mistério. A tristeza ia afundando-os num sopor paralisante. E adormeceram. O sono foi para eles a saída psicológica da tristeza, enquanto Jesus a superava permanecendo em vigília, orando com perseverança, clamando ao Pai de joelhos, sem Se dispensar do esforço». [1]

Tristeza e sono… como andam juntas estas “fraquezas” do homem!

Consentir na tristeza é caminho certo para adormecer. Ficamos absortos no problema ou na situação que nos aflige e nos entristece.
Tudo parece cinzento à nossa volta, não vemos nem saída nem escapatória e, se nos deixarmos ir por aí, o mais certo é os nossos olhos deixarem de ver o que realmente se passa à nossa volta e cerrarem-se com sono.

‘Eu…? Não!’ Dizemos, espantados com tal possibilidade, ‘comigo isso não acontece, nunca estou triste!’

Será verdade?

Todas as vezes que nos detemos a pensar no que não temos e desejaríamos ter, porque pensamos que nos faz falta, no que faríamos se as circunstâncias fossem as que consideramos ideais; quando deixamos insinuar-se a suspeita, a pequena inveja, a nossa vontade de sobressair, de sermos notados, talvez mais “queridos” que os outros; quando nos revemos com prazer e gosto no que fizemos, como falámos, como fomos “certeiros” na nossa avaliação, como nos olharam com admiração… aí, não estamos tristes, bem pelo contrário, sentimo-nos contentes, felizes até, talvez, eufóricos.
E, a tristeza, que tem a ver com isto, que, afinal, são coisas pequenas que procuramos reprimir de imediato?

Tem, e muito, a ver.
Porque essa alegria e esse contentamento depressa se desvanecem quando nos damos conta da nossa fraqueza, do pouco que somos, da nossa tendência para considerar detidamente tudo aquilo que é agradável aos nossos sentidos e, em contrapartida, a fuga ao sacrifício, à entrega, à renúncia, à simples contenção de pensamentos, atitudes e palavras.

«Se vês que adormeço; se descobres que me assusta a dor; se notas que me detenho ao ver mais de perto a Cruz, não me deixes! Diz-me como a Pedro, como a Tiago, como a João, que necessitas da minha correspondência, do meu amor. Diz-me para seguir-te, para não voltar a deixar-te abandonado com os que tramam a Tua morte, tenho que passar por cima do sono, das minhas paixões, da comodidade.» [2]

(AMA, reflexões sobre o Evangelho, 2006)



[1] Cfr. d. javier echevarría, Getsemani, cap. V, 4.
[2] M. Montenegro, Via Crucis, Palabra, 6ª Ed., Madrid, 1971, nr. 48.

Evangelho e comentário

        
Tempo do Advento



Evangelho: Lc 5, 17-26

Certo dia, enquanto Jesus ensinava, estavam entre a assistência fariseus e doutores da Lei, que tinham vindo de todas as povoações da Galileia, da Judeia e de Jerusalém; e Ele tinha o poder do Senhor para operar curas. Apareceram então uns homens, trazendo num catre um paralítico; tentavam levá-lo para dentro e colocá-lo diante de Jesus. Como não encontraram modo de o introduzir, por causa da multidão, subiram ao terraço e, através das telhas, desceram-no com o catre, deixando-o no meio da assistência, diante de Jesus. Ao ver a fé daquela gente, Jesus disse: «Homem, os teus pecados estão perdoados». Os escribas e fariseus começaram a pensar: «Quem é este que profere blasfémias? Não é só Deus que pode perdoar os pecados?» Mas Jesus, que lia nos seus pensamentos, tomou a palavra e disse-lhes: «Que estais a pensar nos vossos corações? Que é mais fácil dizer: ‘Os teus pecados estão perdoados’ ou ‘Levanta-te e anda’? Pois bem, para saberdes que o Filho do homem tem na terra o poder de perdoar os pecados... Eu te ordeno – disse Ele ao paralítico – levanta-te, toma a tua enxerga e vai para casa». Logo ele se levantou à vista de todos, tomou a enxerga em que estivera deitado e foi para casa, dando glória a Deus. Ficaram todos muito admirados e davam glória a Deus; e, cheios de temor, diziam: «Hoje vimos maravilhas».

Comentário:

É interessante verificar que o Evangelista tem o cuidado de mencionar a presença de fariseus e doutores da lei na assembleia que rodeava Jesus.
Talvez estivessem ali por mera curiosidade, mas, a sua presença confere, de certo modo, uma credibilidade maior ao milagre que Jesus irá praticar.

De facto, foram eles próprios que “obrigaram” o Senhor a curar o paralítico para que ficassem com um testemunho iniludível do Seu poder como Deus Verdadeiro.

(AMA, comentário sobre Lc 5, 17-26, 09.09.2017)

Leitura espiritual


Cartas de São Paulo – Gálatas

Gl 6

Caridade fraterna –

1 Irmãos, se porventura um homem for apanhado nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi essa pessoa com espírito de mansidão; e tu olha para ti próprio, não estejas também tu a ser tentado. 2 Carregai as cargas uns dos outros e assim cumprireis plenamente a lei de Cristo. 3 É que, se alguém julga ser alguma coisa, nada sendo, engana-se a si mesmo. 4 Mas examine cada um a sua própria acção, e então o motivo de glória que encontrar, tê-lo-á em relação a si próprio e não em relação ao outro. 5 Pois cada um terá de carregar o próprio fardo. 6 Mas quem está a ser instruído na Palavra esteja em comunhão com aquele que o instrui, em todos os bens. 7 Não vos enganeis: de Deus não se zomba. Pois o que um homem semear, também o há-de colher: 8 quem semear na própria carne, da carne colherá a corrupção; quem semear no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna. 9 E não nos cansemos de fazer o bem; porque, a seu tempo colheremos, se não tivermos esmorecido. 10 Portanto, enquanto temos tempo, pratiquemos o bem para com todos, mas principalmente para com os irmãos na fé.

CONCLUSÃO (6,11-18)

11 Vede com que grandes letras vos escrevo pela minha mão! 12 Todos quantos querem fazer boa figura, são esses que vos forçam a circuncidar-vos, só para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo. 13 Pois nem mesmo aqueles que se circuncidam observam a Lei; mas o que querem é que vos circuncideis, para se poderem gloriar na vossa carne. 14 Quanto a mim, porém, de nada me quero gloriar, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. 15 Pois nem a circuncisão vale alguma coisa nem a incircuncisão, mas sim uma nova criação. 16 Paz e misericórdia para todos quantos seguirem esta regra, bem como para o Israel de Deus. 17 De agora em diante ninguém mais me venha perturbar; pois eu levo no meu corpo as marcas de Jesus. 18 A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com o vosso Espírito, irmãos!

Ámen.

Pequena agenda do cristão

SeGUNDa-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.

Senhor que eu faça "boa cara" que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.

Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.

Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.

Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.

Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.

Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?