PLANO DE VIDA: (Coisas
muito simples, curtas, objectivas)
Propósito: Viver a família.
Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família
em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo
de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que
os lares de cada um sejam luminosos e alegres.
Pequeno exame: Cumpri o
propósito que me propus ontem?
LEITURA ESPIRITUAL
Evangelho
Lc
XXII, 1-20
Conspiração contra
Jesus
1 Entretanto, aproximava-se
a festa dos Ázimos, chamada Páscoa. 2 E os sumos sacerdotes e doutores da Lei
procuravam maneira de fazerem desaparecer Jesus, mas temiam o povo. 3 Satanás
entrou em Judas, chamado Iscariotes, que era do número dos Doze. 4 Judas foi
falar com os sumos sacerdotes e os oficiais do templo sobre o modo de lhes
entregar Jesus. 5 Eles regozijaram-se e combinaram dar-lhe dinheiro. 6 Judas
concordou e procurava ocasião de o entregar, sem a multidão saber.
Preparação da
Última Ceia
7 Chegou o dia dos Ázimos,
em que devia sacrificar-se o cordeiro, 8 e Jesus enviou Pedro e João, dizendo:
«Ide preparar-nos o necessário para comermos a ceia pascal.» 9 Perguntaram-lhe:
«Onde queres que a preparemos?» 10 Respondeu: «Ao entrardes na cidade, virá ao
vosso encontro um homem transportando uma bilha de água. Segui-o até à casa em
que entrar 11e dizei ao dono da casa: ‘O Mestre manda dizer-te: Onde é a sala,
em que hei-de comer a ceia pascal com os meus discípulos?’ 12 Mostrar-vos-á uma
grande sala mobilada, no andar de cima. Fazei aí os preparativos.» 13 Partiram,
encontraram tudo como lhes tinha dito e prepararam a Páscoa. 14 Quando chegou a
hora, pôs-se à mesa e os Apóstolos com Ele. 15 Disse-lhes: «Tenho ardentemente
desejado comer esta Páscoa convosco, antes de padecer, 16 pois digo-vos que já
não a voltarei a comer até ela ter pleno cumprimento no Reino de Deus.» 17
Tomando uma taça, deu graças e disse: «Tomai e reparti entre vós, 18 pois
digo-vos que não tornarei a beber do fruto da videira, até chegar o Reino de
Deus.» 19 Tomou, então, o pão e, depois de dar graças, partiu-o e distribuiu-o
por eles, dizendo: «Isto é o meu corpo, que vai ser entregue por vós; fazei
isto em minha memória.» 20 Depois da ceia, fez o mesmo com o cálice, dizendo:
«Este cálice é a nova Aliança no meu sangue, que vai ser derramado por vós.»
Considerações
São
Lucas dá especial realce ao cuidado – melhor dizendo – prudência, com que Jesus
dá as instruções para a preparação da ceia da Páscoa.
A
tensão que vem crescendo dia a dia entre os que querem a Sua prisão e morte
leva a não facilitar em proporcionar esse ensejo, mas o principal motivo será o
Seu desejo que tudo se cumpra conforme as Escrituras no tempo e na ocasião.
Quer
celebrar esta ceia com os Seus mais próximos. Sabe que será a última e que tem
muitas coisas a dizer-lhes, em tom íntimo e muito sério para que nunca esqueçam
– em detalhe – quanto lhes vai revelar.
Além
das palavras que quer dizer-lhes, tem previsto gestos e atitudes de particular
relevo que serão como que “marcos”
indeléveis que terão a maior importância.
Começa
por se ajoelhar em frente de cada um a lavar-lhes os pés.
Algo
que estando reservado ao servente de menos categoria como o escravo, deixa
atónitos os convivas. Pedro, inclusive, demonstra a sua incompreensão perante
tal atitude do Mestre. Jesus não fica surpreendido, conhece bem o Apóstolo e o
seu carácter resoluto, antes aproveita o ensejo para explicando que o que acaba
de fazer é um puro e simples acto de serviço que não rebaixa quem o pratica mas
exalta quem o recebe e, a Pedro, aproveita para admoestando-o, lhe revelar algo
que o Apóstolo fica siderado: a traição no fim do dia.
Ele,
o escolhido para chefe dos Apóstolos… negará conhecer Jesus!
E, a
propósito de traição, vai revelar qual dos doze O vai trair; fá-lo porque não
pode deixar os outros na dúvida, pouco seguros que estão da sua fidelidade,
mas, também, como que numa última tentativa de chamar Judas a reconsiderar e
arrepender-se enquanto é tempo.
Depois,
haverá outro gesto, este de particular importância: a Instituição da Eucaristia
dando aos Apóstolos o poder de, até ao final dos tempos, renovarem
incessantemente esta dádiva do Seu Coorpo e do Seu Sangue como alimento
verdadeiro para todos os homens que aspirarem recebê-Lo em Corpo, Alma e
Divindade.
Antes
de terminar a Ceia, Jesus pronuncia um longo discurso. Algo íntimo, muito
concreto absolutamente claro. Poder-se-ia dizer que, neste discurso, Jesus
resume todos os ensinamentos que nos últimos três anos lhes vem dando e que,
porventura não se tenham dado bem conta.
Como
que num “sumário” dá-lhes uma doutrina completa, detalhada para concluir que,
no fim e ao cabo, para O seguirem, O imitarem, o pregarem a Sua doutrina têm
que dar exemplo e, sobretudo, têm de ter amor. Não um amor qualquer, selectivo,
mas um amor completo, inteiro e universal.
E
diz-lhes solenemente: Pelo amor reconhecerão que sois Mês discípulos.
E,
este, é sem qualquer dúvida o Primeiro Mandamento do Novo Reino de Deus que vai
começar.
Não
poderia, pois, correr o risco de Judas com os que tinham comprado a sua
fidelidade, interrompessem tão importante momento, daqui a prudência e cuidado
na escolha do local.
CARTA DO PAPA
FRANCISCO
AO
PREFEITO DA CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ
SOBRE
O ACESSO DAS MULHERES AOS MINISTÉRIOS DO
LEITORADO E DO ACOLITADO
Ao
Venerável Irmão
Cardeal
Luis F. Ladaria
Prefeito
da Congregação para a Doutrina da Fé
O
Espírito Santo, a relação de amor entre o Pai e o Filho, edifica e alimenta a
comunhão de todo o Povo de Deus, suscitando nele muitos dons e carismas
diferentes (cf. Francisco, Exortação Apostólica Evangelii gaudium, n. 117). Através dos sacramentos do Batismo,
Crisma e Eucaristia, os membros do Corpo de Cristo recebem do Espírito do
Ressuscitado, em diferentes graus e com diferentes expressões, aqueles dons que
lhes permitem dar o contributo necessário para a edificação da Igreja e para o
anúncio do Evangelho a todas as criaturas.
O
Apóstolo Paulo distingue a este respeito entre dons de graça-carismas
(“charismata”) e serviços (“diakoniai” — “ministeria” [cf. Rm 12, 4 ss. e 1 Cor 12, 12 ss.]). De acordo com a tradição da
Igreja, são chamados ministérios as diferentes formas que os carismas assumem
quando são reconhecidos publicamente e são postos à disposição da comunidade e
à sua missão de forma estável.
Em
alguns casos o ministério tem a sua origem num sacramento específico, a Ordem
Sagrada: estes são os ministérios “ordenados” do bispo, presbítero e diácono.
Noutros casos, o ministério é confiado, por acto litúrgico do bispo, a uma
pessoa que tenha recebido o Batismo e a Confirmação e em quem são reconhecidos
carismas específicos, após um adequado caminho de preparação: falamos então de
ministérios “instituídos”. Muitos outros serviços ou cargos eclesiais são
exercidos de facto por muitos membros da comunidade, para o bem da Igreja,
muitas vezes por um longo período e com grande eficácia, sem que seja previsto
um rito particular para conferir o cargo.
Ao
longo da história, com a mudança das situações eclesiais, sociais e culturais,
o exercício dos ministérios na Igreja Católica assumiu diferentes formas,
enquanto a distinção, não só de grau, entre ministérios “instituídos” (ou
“laicais”) e ministérios “ordenados”
permaneceu intacta. As primeiras são expressões particulares da condição
sacerdotal e real própria de cada batizado (cf. 1 Pd 2, 9); as últimas são próprias de alguns dos
membros do Povo de Deus que, como bispos e sacerdotes, «recebem a missão e a
faculdade de agir na pessoa de Cristo Cabeça» ou, como diáconos, «estão
habilitados a servir o Povo de Deus na diaconia da liturgia, da palavra e da caridade»
(Bento XVI, Carta Apostólica sob forma de Motu Proprio Omnium in mentem, 26 de
outubro de 2009). Expressões como o sacerdócio batismal e o sacerdócio ordenado (ou ministerial) são
também utilizadas para indicar esta distinção. É bom em qualquer caso reiterar,
com a constituição dogmática Lumen gentium
do Concílio Vaticano II, que eles «estão ordenados uns aos outros; cada
um, à sua maneira, participa no único sacerdócio de Cristo» (LG , n. 10). A
vida eclesial nutre-se desta referência recíproca e é alimentada pela tensão
frutuosa destes dois pólos do sacerdócio, ministerial e batismal, mesmo se na
sua distinção estão enraizados no único sacerdócio de Cristo.
Em
consonância com o Concílio Vaticano II, o Sumo Pontífice São Paulo VI quis
rever a prática dos ministérios não ordenados na Igreja Latina — até então
chamados “ordens menores” — adaptando-a às exigências dos tempos. Esta
adaptação, contudo, não deve ser interpretada como uma superação da doutrina
anterior, mas como uma implementação do dinamismo que caracteriza a natureza da
Igreja, sempre chamada com a ajuda do Espírito de Verdade a responder aos
desafios de cada época, em obediência à Revelação. A Carta Apostólica sob forma
de Motu Proprio Ministeria quaedam (15 de agosto de 1972) configura dois
ofícios (tarefas), o do Leitor e o do Acólito, o primeiro estritamente ligado
ao ministério da Palavra, o segundo ao ministério do Altar, sem excluir que
outros “ofícios” possam ser instituídos pela Santa Sé a pedido das Conferências
Episcopais.
Além
disso, a variação nas formas de exercício dos ministérios não ordenados não é a
simples consequência, a nível sociológico, do desejo de adaptação às
sensibilidades ou culturas dos tempos e dos lugares, mas é determinada pela
necessidade de permitir a cada Igreja local/particular, em comunhão com todas
as outras e tendo como centro de unidade a Igreja que está em Roma, viver a
ação litúrgica, o serviço aos pobres e o anúncio do Evangelho em fidelidade ao
mandato do Senhor Jesus Cristo. É tarefa dos Pastores da Igreja reconhecer os
dons de cada batizado, orientá-los também para ministérios específicos,
promovê-los e coordená-los, a fim de que possam contribuir para o bem da
comunidade e para a missão confiada a todos os discípulos.
O
compromisso dos fiéis leigos, que «são simplesmente a imensa maioria do povo de
Deus» (Francisco, Exortação Apostólica Evangelii gaudium, n. 102), certamente
não pode e não deve esgotar-se no exercício dos ministérios não ordenados (cf.
ibidem), mas uma melhor configuração destes ministérios e uma referência mais
precisa à responsabilidade que nasce, para cada cristão, do Batismo e da
Confirmação, pode ajudar a Igreja a redescobrir o sentido de comunhão que a
carateriza e a iniciar um renovado compromisso na catequese e na celebração da
fé (cf. ibidem ). E é precisamente nesta redescoberta que a sinergia frutuosa
resultante da ordenação mútua do sacerdócio ordenado e do sacerdócio batismal
pode encontrar uma melhor tradução. Esta reciprocidade, do serviço ao
sacramento do altar, é chamada a refluir, na distinção das tarefas, para aquele
serviço de «fazer de Cristo o coração do mundo», que é a missão particular de
toda a Igreja. É precisamente este, embora distinto, serviço ao mundo que
alarga os horizontes da missão da Igreja, impedindo-a de ser encerrada em
lógicas estéreis destinadas sobretudo a reivindicar espaços de poder, e
ajudando-a a experimentar-se como uma comunidade espiritual que «caminha
juntamente com toda a humanidade, participa da mesma sorte terrena do mundo» (GS
, n. 40). É nesta dinâmica que podemos verdadeiramente compreender o
significado da “Igreja em saída”.
No
horizonte de renovação traçado pelo Concílio Vaticano II, existe hoje um
crescente sentido de urgência em redescobrir a corresponsabilidade de todos os
batizados na Igreja, e especialmente a missão dos leigos. A Assembleia Especial
do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazónica (6-27 de outubro de 2019), no
quinto capítulo do documento final assinalou a necessidade de pensar em “novos
caminhos para a ministerialidade eclesial”. Não só para a Igreja Amazónica, mas
para toda a Igreja, na variedade de situações, «é urgente promover e conferir
ministérios a homens e mulheres... É a Igreja dos batizados que devemos
consolidar promovendo a ministerialidade e, sobretudo, uma consciência da
dignidade batismal» (Documento Final, n. 95).
A
este respeito, sabe-se que o Motu Proprio Ministeria quaedam reserva a instituição do Ministério do Leitor
e do Acólito apenas aos homens, e por conseguinte assim estabelece o cânon 230 § 1 do Código de
Direito Canónico . Contudo, em tempos recentes e em muitos contextos eclesiais,
tem sido salientado que a libertação de tal reserva poderia contribuir para uma
maior manifestação da comum dignidade batismal dos membros do Povo de Deus. Já
por ocasião da XII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre A
Palavra de Deus na Vida e na Missão da Igreja (5-26 de outubro de 2008), os
Padres sinodais expressaram a esperança «de que o ministério do Leitor seja
aberto também às mulheres» (cf. 17); e na Exortação Apostólica pós-sinodal
Verbum Domini (30 de setembro de 2010), Bento XVI especificou que o exercício
do munus do Leitor na celebração
litúrgica, e de forma particular o ministério do Leitor enquanto tal, no rito
latino é um ministério laical (cf. n. 58).
Durante
séculos, a “venerável tradição da Igreja” considerou as chamadas “ordens
menores” — incluindo a do Leitor e a do Acólito — como etapas de um percurso
que deveria conduzir às “ordens maiores” (Subdiaconado, Diaconado,
Presbiterado). Uma vez que o Sacramento das Ordens estava reservado apenas aos
homens, isto também se aplicava às ordens menores.
Uma
distinção mais clara entre as atribuições dos que hoje são chamados
“ministérios não ordenados (ou laicais)” e “ministérios ordenados” torna
possível dissolver a reserva dos primeiros apenas aos homens. Se em relação aos
ministérios ordenados a Igreja «não tem de modo algum a faculdade de conferir a
ordenação sacerdotal às mulheres» (cf. S. João Paulo II, Carta Apostólica
Ordinatio sacerdotalis, 22 de maio de 1994), para ministérios não ordenados é
possível, e hoje parece oportuno, superar esta reserva. Esta reserva fazia
sentido num contexto particular, mas pode ser reconsiderada em novos contextos,
tendo sempre como critério a fidelidade ao mandato de Cristo e o desejo de
viver e proclamar o Evangelho transmitido pelos Apóstolos e confiado à Igreja
para que possa ser escutado de forma religiosa, guardado de forma santa e
fielmente anunciado.
Não
sem razão, São Paulo VI refere-se a uma tradição venerabilis, não a uma tradição veneranda, no sentido estrito (ou seja, uma tradição que
“deve” ser observada): pode ser reconhecida como válida, e durante muito tempo
o foi; não é, no entanto, vinculativa, uma vez que a reserva apenas aos homens
não pertence à natureza própria dos ministérios do Leitor e do Acólito.
Oferecer aos leigos de ambos os sexos a possibilidade de acesso aos ministérios
do Acólito e do Leitor, em virtude da sua participação no sacerdócio batismal,
aumentará o reconhecimento, também através de um acto litúrgico (instituição),
da preciosa contribuição que durante muito tempo muitos leigos, incluindo
mulheres, oferecem à vida e missão da Igreja.
Por
estas razões, considerei oportuno estabelecer que possam ser instituídos como
Leitores ou Acólitos não só homens mas também mulheres, nos quais e nas quais,
através do discernimento dos pastores e após adequada preparação, a Igreja
reconhece «a firme vontade de servir fielmente a Deus e ao povo cristão», como
está escrito no Motu Proprio Ministeria quaedam, em virtude do sacramento do Batismo e da
Confirmação.
A
decisão de conferir estes ofícios, que implicam estabilidade, reconhecimento
público e um mandato do bispo, também às mulheres, torna mais eficaz na Igreja a participação de todos
na obra de evangelização. «Isto também permite que as mulheres tenham uma
incidência real e efectiva na organização, nas decisões mais importantes e na
liderança das comunidades, mas sem deixar de o fazer com o estilo próprio da
sua marca feminina» (Francisco, Exortação Apostólica Querida Amazonia, n. 103).
O “sacerdócio batismal” e o “serviço à comunidade” representam assim os dois
pilares sobre os quais se baseia a instituição dos ministérios.
Desta
forma, além de responder ao que é pedido para a missão no tempo presente e de
acolher o testemunho dado por tantas mulheres que cuidaram e continuam a cuidar
do serviço da Palavra e do Altar, tornar-se-á mais evidente — também para
aqueles que se orientam para o ministério ordenado — que os ministérios do
Leitor e do Acólito estão enraizados no sacramento do Batismo e da Confirmação.
Deste modo, no caminho que conduz à ordenação diaconal e sacerdotal, aqueles
que são instituídos Leitores e Acólitos compreenderão melhor que participam num
ministério partilhado com outros batizados, homens e mulheres. Deste modo, o
sacerdócio próprio de cada fiel (commune sacerdotium) e o sacerdócio dos
ministros ordenados (sacerdotium ministeriale seu hierarquicum) serão ordenados ainda mais claramente uns para os
outros (cf. LG , n. 10), para a edificação da Igreja e para o testemunho do
Evangelho.
Será
tarefa das Conferências Episcopais estabelecer critérios adequados para o
discernimento e preparação dos candidatos e das candidatas para os ministérios
do Leitor ou do Acólito, ou outros ministérios que considerarem instituídos, de
acordo com o que já está disposto no Motu Proprio Ministeria quaedam, com a
aprovação prévia da Santa Sé e de acordo com as necessidades de evangelização
no seu território.
A
Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos providenciará a
implementação da reforma acima referida, alterando a Editio typica do Pontificale romanum ou “De Institutione Lectorum et Acolythorum”
.
Ao
renovar-lhe a certeza das minhas orações, concedo cordialmente a Bênção
Apostólica a Vossa Eminência, incluindo de bom grado todos os Membros e
Colaboradores da Congregação para a Doutrina da Fé.
Francisco
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REFLEXÃO
A importância da Oitava da Páscoa
Após o domingo
de Páscoa, a Igreja vive o Tempo Pascal; são sete semanas em que celebra a
presença de Jesus Cristo Ressuscitado entre os Apóstolos, dando-lhes as suas
últimas instruções (At1,2). Quarenta dias depois da Ressurreição Jesus teve a
sua Ascensão ao Céu, e ao final dos 49 dias enviou o Espírito Santo sobre a
Igreja reunida no Cenáculo com a Virgem Maria. É o coroamento da Páscoa. O
Espírito Santo dado à Igreja é o grande dom do Cristo glorioso.
O Tempo Pascal
compreende esses cinquenta dias (em grego = “pentecostes”), vividos e
celebrados “como um só dia”. Dizem as Normas Universais do Ano Litúrgico que:
“os cinquenta dias entre o domingo da Ressurreição até o domingo de Pentecostes
devem ser celebrados com alegria e júbilo, “como se fosse um único dia
festivo”, como um grande domingo” (n. 22).
É importante não
perder o carácter unitário dessas sete semanas. A primeira semana é a “oitava
da Páscoa”. Ela termina com o domingo da oitava, chamado “in albis”, porque
nesse dia os recém batizados tiravam as vestes brancas recebidas no dia do
Batismo.
Esse é o Tempo
litúrgico mais forte de todo o ano. É a Páscoa (passagem) de Cristo da morte à
vida, a sua existência definitiva e gloriosa. É a Páscoa também da Igreja, seu
Corpo. No dia de Pentecostes a Igreja é introduzida na “vida nova” do Reino de
Deus. Daí para frente o Espírito Santo guiará e assistirá a Igreja em sua
missão de salvar o mundo, até que o Senhor volte no Último Dia, a Parusia. Com
a vinda do Espírito Santo à Igreja, entramos “nos últimos tempos” e a salvação
está definitivamente decretada; é irreversível; as forças o inferno vencidas
pelo Cristo na cruz, não são mais capazes de barrar o avanço do Reino de Deus,
até que o Senhor volte na Parusia.
A Igreja logo
nos primórdios começou a celebrar as sete semanas do Tempo Pascal, para
“prolongar a alegria da Ressurreição” até a grande festa de Pentecostes. É um
tempo de prolongada alegria espiritual. Esse tempo deve ser vivido na
expectativa da vinda do Espírito Santo; deve ser o tempo de um longo Cenáculo
de oração confiante.
Nestes cinquenta
dias de Tempo Pascal, e, de modo especial na Oitava da Páscoa, o Círio Pascal é
aceso em todas as celebrações, até o domingo de Pentecostes. Ele simboliza o
Cristo ressuscitado no meio da Igreja. Ele deve nos lembrar que todo medo deve
ser banido porque o Senhor ressuscitado caminha conosco, mesmo no vale da morte
(Sl 22). É tempo de renovar a confiança no Senhor, colocar em suas mãos a nossa
vida e o nosso destino, como diz o salmista: “Confia os teus cuidados ao Senhor
e Ele certamente agirá” (Salmo 35,6).
Os vários
domingos do Tempo Pascal não se chamam, por exemplo, “terceiro domingo depois
da Páscoa”, mas “III domingo de Páscoa”. As leituras da Palavra de Deus dos
oito domingos deste Tempo na Santa Missa estão voltados para a Ressurreição. A
primeira leitura é sempre dos Atos dos Apóstolos, as ações da Igreja primitiva,
que no meio de perseguições anunciou o Senhor ressuscitado e o seu Reino, com
destemor e alegria.
Portanto, este é
um tempo de grande alegria espiritual, onde devemos viver intensamente na
presença do Cristo ressuscitado que transborda sobre nós os méritos da
Redenção. É um tempo especial de graças, onde a alma mais facilmente bebe nas
fontes divinas. É o tempo de vencer os pecados, superar os vícios, renovar a fé
e assumir com Cristo a missão de todo batizado: levar o mundo para Deus,
através de Cristo. É tempo de anunciar o Cristo ressuscitado e dizer ao mundo
que somente nele há salvação.
Então, a Igreja
deseja que nos oito dias de Páscoa (Oitava de Páscoa) vivamos o mesmo espírito
do domingo da Ressurreição, colhendo as mesmas graças . Assim, a
Igreja prolonga a Páscoa, com a intenção de que “o tempo especial de graças”
que significa a Páscoa, se estenda por oito dias, e o povo de Deus possa beber
mais copiosamente, e por mais tempo, as graças de Deus neste tempo favorável,
onde o céu beija a terra e derrama sobre elas suas Bênçãos copiosas.
Mas, só podem se
beneficiar dessas graças abundantes e especiais, aqueles que têm sede, que
conhecem, que acreditam, e que pedem. É uma lei de Deus, quem não pede não
recebe. E só recebe quem pede com fé, esperança, confiança e humildade.
As mesmas graças
e bênçãos da Páscoa se estendem até o final da Oitava. Não deixe passar esse
tempo de graças em vão! Viva oito dias de Páscoa e colha todas as suas bênçãos.
Não tenha pressa! Reclamamos tanto de nossas misérias, mas desprezamos tanto os
salutares remédios que Deus coloca à nossa disposição tão frequentemente.
Muitas vezes
somos miseráveis sentados em cima de grandes tesouros, pois perdemos a chave
que podia abri-lo. É a chave da fé, que tão maternalmente a Igreja coloca todos
os anos em nossas mãos. Aproveitemos esse tempo de graça para renovar nossa
vida espiritual e crescer em santidade.