09/04/2020

El falso dilema



A alegria da Quinta-Feira Santa

Como é fácil de explicar agora o clamor incessante dos cristãos diante da Hóstia Santa, em todos os tempos! Canta, ó língua, o mistério do Corpo glorioso e do Sangue precioso que o Rei dos povos, filho do ventre fecundo, derramou para resgate do mundo. É preciso adorar devotamente este Deus escondido. Ele é o mesmo Jesus Cristo que nasceu da Virgem Maria; o mesmo, que padeceu e foi imolado na Cruz; o mesmo, enfim, de cujo peito trespassado jorrou água e sangue.

Este é o sagrado banquete em que se recebe o próprio Cristo e se renova a memória da Paixão e, com Ele, a alma pode privar na intimidade com o seu Deus e possui um penhor da glória futura. Assim, a liturgia da Igreja resumiu, em breve estrofe, os capítulos culminantes da história da ardente caridade que o Senhor tem para connosco.

O Deus da nossa fé não é um ser longínquo, que contempla com indiferença a sorte dos homens, os seus afãs, as suas lutas, as suas angústias. É um pai que ama os seus filhos até ao ponto de enviar o Verbo, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, a fim, com a sua encarnação, morrer por nós e nos redimir. É ele ainda o mesmo Pai amoroso que agora nos atrai suavemente para Si, mediante a acção do Espírito Santo que habita nos nossos corações.

A alegria da Quinta-Feira Santa parte, portanto, do facto de nós compreendermos que o Criador se desfez em carinho pelas suas criaturas. Nosso Senhor Jesus Cristo, como se já não fossem suficientes todas as outras provas da sua misericórdia, institui a Eucaristia para que possamos tê-Lo sempre perto de nós e porque - tanto quanto nos é possível entender - movido pelo seu Amor, Ele, que de nada necessita, não quis prescindir de nós. A Trindade apaixonou-se pelo homem, elevado à ordem da graça e feito à sua imagem e semelhança, redimiu-o do pecado - do pecado de Adão que se propagou a toda a sua descendência e dos pecados pessoais de cada um - e deseja vivamente morar na nossa alma, como diz o Evangelho: se alguém Me ama, guardará a minha palavra, e Meu Pai o amará, e nós viremos a ele, e faremos nele morada: (Cristo que Passa, 84)

Quaresma

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Quaresma


Exame pessoal 7

Há que ter algum cuidado neste aspecto do "propósito".

Talvez possa haver uma intenção sincera de o levar a termo mas, é necessário que esse propósito seja muito concreto fugindo às generalidades.

E também simples para ser exequível.

Pode ser um propósito composto, isto é, a levar a cabo por fazes, com tempo, não pretender que seja tudo feito imediatamente como um objectivo que, em vez de ser "acessível", se converta num fardo difícil de levar.

(AMA, reflexões, 2018)

Desejei ardentemente comer esta Páscoa convosco


Devemos fazer nossas, por assimilação, aquelas palavras de Jesus: «desiderio desideravi hoc Pascha manducare vobiscum», desejei ardentemente comer esta Páscoa convosco. De nenhuma forma poderemos manifestar melhor o nosso máximo interesse e amor pelo Santo Sacrifício, que observando esmeradamente até a mais pequena das cerimónias prescritas pela sabedoria da Igreja.

E, além do Amor, deve urgir-nos a "necessidade" de nos parecermos com Jesus Cristo, não só interiormente, mas também externamente, movendo-nos - nos amplos espaços do altar cristão - com aquele ritmo e harmonia da santidade obediente, que se identifica com a vontade da Esposa de Cristo, quer dizer, com a Vontade do próprio Cristo. (Forja, 833)

Reflexões na Semana Santa – 5ª Feira

Reflexões na Semana Santa – 5ª Feira

Ei-los à mesa da Ceia que será a última; a grande, a inesquecível Ceia de Páscoa.

Jesus - tal como fizera já com o pão - acaba de passar o cálice com o vinho, agora transubstanciado no Seu Sangue Preciosíssimo.

Os Apóstolos reconhecem a gravidade do momento e a solenidade que o peso das palavras de Jesus deixa entrever. Não compreendem bem, ou melhor, não alcançam toda a dimensão do que o Mestre acabara de fazer, mas instintivamente, o coração que cada um há muito entregou, sem reservas, a Cristo, diz que é algo grande e transcendente.

A conversa esbate-se em murmúrios, sente-se a tristeza de Jesus. De súbito aquela frase inopinada: «Um de vós há-de trair-Me».

Olham-se uns aos outros, tão pouco seguros estão de si, do seu amor, da sua entrega: serei eu?

Também eu me interrogo: serei eu?… Serei eu, meu Deus, quem Te entrega aos Teus algozes, com as minhas negações, esquecimentos e faltas de toda a ordem? Serei eu? Eu, que como contigo à mesma mesa que preparasTe para mim, que recebo o Teu Corpo e o Teu Sangue, diariamente, por uma graça infinita, serei eu?
Decerto que fui, e sou e serei ainda muitas vezes…. Como me dói pensar nisto, vejo os Teus olhos tristes fixarem-se em mim num mudo desgosto e espanto. Desgosto pelas faltas de que sou capaz, espanto porque não esperarias que, depois de Ter recebido tanto seja tão mal agradecido.
Tudo isto é uma conversa humana, porque eu sei que Tu sabes muito bem quem eu sou, desde o princípio de todas as coisas. E eu, pobre de mim, atrevo-me a pensar: Então se Ele sabe quem sou e como sou e, mesmo assim, me quer, então é porque de facto me ama e me quer junto dele.
E esta alegria profunda que me causa esta revelação, afasta para longe a tristeza solene desta Ultima Ceia e eu levanto-me pronto para cantar o hino da alegria e da confiança, da esperança e da fé no meu Senhor e no Meu Deus que me salva, me quer e me redime para sempre.

(AMA, reflexões, 2002)


Pequena agenda do cristão

Quinta-Feira

PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Participar na Santa Missa.


Senhor, vendo-me tal como sou, nada, absolutamente, tenho esta percepção da grandeza que me está reservada dentro de momentos: Receber o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do Rei e Senhor do Universo.
O meu coração palpita de alegria, confiança e amor. Alegria por ser convidado, confiança em que saberei esforçar-me por merecer o convite e amor sem limites pela caridade que me fazes. Aqui me tens, tal como sou e não como gostaria e deveria ser.
Não sou digno, não sou digno, não sou digno! Sei porém, que a uma palavra Tua a minha dignidade de filho e irmão me dará o direito a receber-te tal como Tu mesmo quiseste que fosse. Aqui me tens, Senhor. Convidaste-me e eu vim.


Lembrar-me:
Comunhões espirituais.


Senhor, eu quisera receber-vos com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu Vossa Santíssima Mãe, com o espírito e fervor dos Santos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?





LEITURA ESPIRITUAL



COMENTANDO OS EVANGELHOS

SÃO MATEUS


Cap IX
















1 Depois disto, subiu para o barco, atravessou o mar e foi para a sua cidade. 2 Apresentaram-lhe um paralítico, deitado num catre. Vendo Jesus a fé deles, disse ao paralítico: «Filho, tem confiança, os teus pecados estão perdoados.» 3 Alguns doutores da Lei disseram consigo: «Este homem blasfema.» 4 Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: «Porque alimentais esses maus pensamentos nos vossos corações? 5 Que é mais fácil dizer: ‘Os teus pecados te são perdoados’, ou: ‘Levanta-te e anda’? 6 Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem, na terra, poder para perdoar pecados - disse Ele ao paralítico: ‘Levanta-te, toma o teu catre e vai para tua casa.» 7 E ele, levantando-se, foi para sua casa. 8 Ao ver isto, a multidão ficou dominada pelo temor e glorificou a Deus, por ter dado tal poder aos homens. 9 Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado no posto de cobrança, e disse-lhe: «Segue-me!» E ele levantou-se e seguiu-o. 10 Encontrando-se Jesus à mesa em sua casa, numerosos cobradores de impostos e outros pecadores vieram e sentaram-se com Ele e seus discípulos. 11 Os fariseus, vendo isto, diziam aos discípulos: «Porque é que o vosso Mestre come com os cobradores de impostos e os pecadores?» 12 Jesus ouviu-os e respondeu-lhes: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. 13 Ide aprender o que significa: Prefiro a misericórdia ao sacrifício. Porque Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.» 14 Depois, foram ter com Ele os discípulos de João, dizendo: «Porque é que nós e os fariseus jejuamos e os teus discípulos não jejuam?» 15 Jesus respondeu-lhes: «Porventura podem os convidados para as núpcias estar tristes, enquanto o esposo está com eles? Porém, hão-de vir dias em que lhes será tirado o esposo e, então, hão-de jejuar.» 16 «Ninguém põe um remendo de pano novo em roupa velha, porque o remendo puxa parte do tecido e o rasgão torna-se maior. 17 Nem se deita vinho novo em odres velhos; de contrário, rompem-se os odres, derrama-se o vinho e estragam-se os odres. Mas deita-se o vinho novo em odres novos; e, desta maneira, ambas as coisas se conservam.» 18 Enquanto Jesus lhes dizia estas coisas, aproximou-se um chefe que se prostrou diante dele e disse: «Minha filha acaba de morrer, mas vem impor-lhe a tua mão e viverá.» 19 Jesus, levantando-se, seguiu-o com os discípulos. 20 Então, uma mulher, que padecia de uma hemorragia há doze anos, aproximou-se dele por trás e tocou-lhe na orla do manto, 21 pois pensava consigo: ‘Se eu, ao menos, tocar nas suas vestes, ficarei curada.’ 22 Jesus voltou-se e, ao vê-la, disse-lhe: «Filha, tem confiança, a tua fé te salvou.» E, naquele mesmo instante, a mulher ficou curada. 23 Quando chegou a casa do chefe, vendo os flautistas e a multidão em grande alarido, disse: 24 «Retirai-vos, porque a menina não está morta: dorme.» Mas riam-se dele. 25 Retirada a multidão, Jesus entrou, tomou a mão da menina e ela ergueu-se. 26 A notícia espalhou-se logo por toda aquela terra. 27 Ao sair dali, seguiram-no dois cegos, gritando: «Filho de David, tem misericórdia de nós!» 28 Ao chegar a casa, os cegos aproximaram-se dele, e Jesus disse-lhes: «Credes que tenho poder para fazer isso?» Responderam-lhe: «Cremos, Senhor!» 29 Então, tocou-lhes nos olhos, dizendo: «Seja-vos feito segundo a vossa fé.» 30 E os olhos abriram-se-lhes. Jesus advertiu-os em tom severo: «Vede lá, que ninguém o saiba.» 31 Mas eles, saindo, divulgaram a sua fama por toda aquela terra. 32 Mal eles se tinham retirado, apresentaram-lhe um mudo, possesso do demónio. 33 Depois que o demónio foi expulso, o mudo falou; e a multidão, admirada, dizia: «Nunca se viu tal coisa em Israel.» 34 Os fariseus, porém, diziam: «É pelo chefe dos demónios que Ele expulsa os demónios.» 35 Jesus percorria as cidades e as aldeias, ensinando nas sinagogas, proclamando o Evangelho do Reino e curando todas as enfermidades e doenças. 36 Contemplando a multidão, encheu-se de compaixão por ela, pois estava cansada e abatida, como ovelhas sem pastor. 37 Disse, então, aos seus discípulos: «A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. 38 Rogai, portanto, ao Senhor da messe para que envie trabalhadores para a sua messe.»

Comentário:

1-8 -
Ter amigos como este pobre paralítico é um bem inestimável. Querem o melhor para o seu amigo e não se deixam vencer nem pelas dificuldades ou circunstâncias desfavoráveis para levarem por diante o que se propõem.Mas, mais, sabem que Jesus é O Médico Divino que cura todas as doenças e males por maiores ou graves que sejam, assim, se o que os move é a amizade a Fé em Jesus é singularmente definitiva para fazerem o que fizeram.Foi esta Fé que Jesus se deu conta e O levou a actuar imediatamente.O milagre é, sem dúvida, espectacular, mas, o mais importante é a lição, que – talvez por isso mesmo – o Senhor quis dar aos circunstantes: a confirmação do Seu poder, a Sua Divindade.                                                                                                
Há como que uma aura de excepcional grandeza em todo este episódio que São Lucas também relata embora com maior detalhe. Grandeza, desde logo pela demonstração de amizade dos companheiros do paralítico, também pela docilidade deste em deixar-se conduzir sem receio ou respeito humano pelo insólito da situação. Grandeza pela lição que, como sempre, o Senhor dá aos circunstantes numa catequese alicerçada no exemplo, confirmada pela acção.
Sim! O que é mais fácil: curar uma doença ou perdoar os pecados? Ambas são curas, uma do corpo a outra da alma. A primeira pode constatar-se imediatamente, a outra só pode confirmar-se pela Fé. Uma também pode ser conseguida pela ciência humana a segunda pertence exclusivamente a Deus. 

9-13 -

É o próprio Mateus que relata o seu encontro com Jesus. Encontro, talvez fortuito, mas definitivo e decisivo para a sua vida. Será que – podemos perguntar-nos – já teria ouvido falar de Jesus? Estaria à espera de O encontrar?Podemos pensar que sim porque o Senhor acaba sempre por Se encontrar com aqueles que O procuram e que, talvez, a indecisão tolha de dar o “passo em frente”. Um dos resultados deste chamamento – e de o mesmo ter sido prontamente aceite – foi a presença dos colegas de profissão de Mateus no banquete em sua casa. A simplicidade com que o Senhor os apelida de “pecadores” – como eram tidos pelos chefes do povo – não os ofende nem afasta, antes lhes confirma a sua vontade de emendar os erros, corrigir os maus procedimentos.
Jesus Cristo afirma claramente que: «Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.» Esta declaração deve encher-nos de alegria e consolação porque, efectivamente, todos somos pecadores. E, Ele, chama-nos constantemente, sem descanso nem tréguas. Procura-nos onde estivermos sejam quais forem as circunstâncias e, se acaso não damos pela Sua presença, voltará uma e outra vez até que oiçamos o que tem para nos dizer. Depois… dependerá exclusivamente de nós acolher ou não o Seu convite para que O sigamos. Da escolha que fizermos dependerá, portanto, a nossa salvação eterna.
O Senhor cruza-se constantemente connosco nos caminhos da vida. De facto, procura-nos com verdadeiro e legítimo desejo de nos encontrar. Verdadeiro, desde logo, porque, Ele, é a VERDADE! Legítimo porque somos – todos os homens – Seus irmãos! O que faz uma pessoa quando se encontra com um irmão? Pois, naturalmente, sente uma grande alegria e vontade de conviver, saber o que se passa com ele, contar-lhe o que se passa consigo. Se descobrem pontos em comum – como é natural entre irmãos – a convivência aprofunda-se cada vez mais até se tornaram “inseparáveis”. É o desejo – íntimo do Senhor – tornar-se “inseparável” do homem que encontra, num “crescendo de intimidade cada vez mais forte, de uma união sempre crescente até que, possamos dizer como São Paulo: «Já não sou eu quem vive, mas Cristo que vive em mim».
 Evidentemente que a “qualificação” de pecadores era, naquele tempo, altamente pejorativa e muito pouco honesta. De facto, todos somos pecadores e não aceitar esta realidade é – segundo as palavras do Senhor - excluir-se dos planos de Deus para a nossa salvação
Este «segue-me» de Cristo deveria conter uma força e convicção tais que tornavam o convite irresistível como a pronta resposta de Mateus sugere. Jesus vem ter connosco onde for e não perde tempo com explicações, convida claramente a segui-Lo e deixa ao convidado a liberdade de aceitar ou não o convite. E, estes convidados, quem são? Ele próprio esclarece: 'não vim chamar os justos mas os pecadores'Então, sei, tenho a certeza, veio chamar-me a mim!
O preconceito é um dos piores defeitos e frequentemente gera juízos e atitudes que toldam a justiça e ferem a caridade para com o próximo. Quase sempre está associado a um orgulho pessoal que leva a um egreijamento próprio que exclui liminarmente um são critério. Estas pessoas vão pela vida como sendo detentores da verdade absoluta e consideram-se a si próprios como modelos e paradigma. A sua visão distorcida nem sequer os deixa ver nem o ridículo nem o repúdio que normalmente se desenvolve a sua volta.

35-10. 1, 6-8 -
O milagre do apostolado é exactamente estarmos dispostos e disponíveis fazer o que convém e segundo as sugestões que nos são dadas na direcção espiritual. Milagre porque é o Espírito Santo que nos urge e insinua a vencer a nossa resistência e, não poucas vezes, apatia. Sim, é sempre preciso um esforço da nossa parte em dar o que recebemos de graça, em trazer outros para o reino de Deus.

27-31 -
Não há outro caminho para conseguir do Senhor o que pedimos: Ter Fé! Aliás, não faria muito sentido pedir algo sem ter a certeza de que Ele no-lo pode conceder. Mas, ter fé, não é algo adrede, que se tem “mais ou menos”. Ter fé – e tenhamos bem claro que a Fé só Deus a pode dar – é acreditar sem reservas ou dúvidas no poder de Deus e na Sua infinita misericórdia de nos conceder o que pedimos. 
É algo enigmática esta recomendação de Jesus: «Tende cuidado, para que ninguém o saiba» Talvez Jesus achasse que não seria conveniente que quem O procurasse o fizesse movido pela curiosidade do milagre que efectuara. Cristo não quer atrair as pessoas como “milagreiro” mas unicamente como o Salvador, o Messias de Deus. Os milagres se bem que convenientes para consolidar a fé das pessoas, não podem ser o essencial da Sua missão que é, como bem sabemos, a conversão dos homens ao Reino de Deus.

36-38 -
O Senhor olha para a vastidão do mundo e os milhões de almas que não O conhecem porque nunca ouviram falar a Seu respeito e sente uma enorme compaixão. Vê, também, os muitos milhões de homens e mulheres atraídos por falsos profetas que prometem o que não podem e acenam com maravilhosas profecias. Talvez que, estes, sejam os mais dignos de dó. São necessários homens e mulheres dedicados a evangelizar usando os meios que melhor se adaptem à sua maneira de ser, à sua vida pessoal, à sua cultura e conhecimentos. Não são tão necessários “pregadores” esclarecidos e inflamados como pessoas de todas as condições e origens que, no meio em que vivem, transmitam, sobretudo pelo exemplo, as verdades da Fé Cristã, e conduzam por caminhos seguros os que não sabem onde ir – hesitam – para alcançar o que é o “fim último” de qualquer ser humano: A salvação!
O Senhor foi o primeiro a “arregimentar” os trabalhadores para a Sua messe, deu-nos o exemplo. Foi uma escolha pessoal do Fundador da Igreja, do Dono da messe que é o mundo. Aqueles primeiros Doze empenharam-se totalmente nesse trabalho e, o resultado, está à vista: três séculos de evangelização sem paragens nem tréguas até aos confins do mundo. Do exemplo destes homens e mulheres dedicados e empenhados em espalhar a Palavra de Deus temos de tirar lições para a nossa vida e pensar – seriamente pensar – que não estamos excluídos, ninguém está dispensado - deste trabalho na Messe Divina. Com os meios e capacidades que temos sob a direcção de guias seguros e de são critério, conseguiremos trabalhar de forma tal que os frutos abundantes surgirão, para glória de Deus e nossa salvação.

14-15-
Estar com Jesus é viver a alegria mais completa que se pode aspirar. O jejum - prática corrente de sacrifício – não é motivo de tristeza mas sim de mortificação. Subentende-se que, como refere noutro local, o Senhor criticava os fariseus pela publicidade que faziam do seu jejum chegando a desfigurar o rosto para tornar mais convincente a sua privação. O jejum é algo muito sério mas quando feito discretamente e com moderação, para ser “visto” por Deus e não constatação pública.

14-17 -
A Liturgia prossegue a proclamação do capítulo 9 do Evangelho escrito por São Mateus. É um capítulo de perguntas feitas pelos fariseus e chefes do povo perguntas essas que escondem crítica, preconceito e animosidade. Parece-me que o Senhor gosta dessas perguntas em primeiro lugar, talvez, porque embora deformadas como já disse, são o desabafo de quem se sente, de alguma forma perplexo; depois porque Lhe dá o ensejo de, ao responder-lhes, ensinar, doutrinar, pôr as coisas no seu devido lugar. Este Mestre Divino, tem uma paciência infinita e vai repetindo uma e outra vez os ensinamentos fundamentais para esclarecimento das gentes que O rodeiam.
Os tempos são outros, é o que Jesus quer que entendam. Como se dissesse: ‘Chegou, está a chegar comigo, outro tempo em que a Lei será renovada e aperfeiçoada. Será um tempo de concretização e não de expectativa como este que tendes vivido. Virá um novo reino aberto a todos sem excepção.’
 As relações do homem com Deus são sempre novas porque a vida evolui e assim a fé. Esta aumenta, fortalece-se, fica mais esclarecida. E o que é natural e assim deve ser. Não se trata de uma atitude nova, mas diferente porque mais consciente e, mais consciente porque melhor informada. Não se trata der ir pondo remendos, acrescentar o quer que seja, mas, apenas considerar que convém ao cristão estar ao par das mais recentes propostas duo Magistério.
Jejuar é uma prática muito aconselhada por todos os directores espirituais como uma salutar medida para fortalecer a temperança. Esta virtude fundamental para o cristão, não se resume ao jejum, mas a toda a forma de viver e comportar-se não apenas consigo próprio, mas sobretudo com os outros.

18-26 -
Como se pode ver não é justo considerar os chefes do povo de Israel, neste caso um chefe de Sinagoga, todos da mesma forma. Aqui, neste trecho de São Mateus, fica bem claro que algumas das maiores manifestações de fé em Jesus Cristo vêm precisamente dessa classe social. Impressiona, de facto, a fé deste homem que diz com toda a clareza: «Minha filha acaba de morrer, mas vem impor-lhe a tua mão e viverá.» Uma fé assim não pode senão mover o Coração amantíssimo de Jesus levando-o a fazer o que Se Lhe pede.
 São Mateus tem como principal preocupação escrever a sua versão do Evangelho para o povo judeu e demonstrar o poder de Jesus Cristo como poder divino, isto é, que, de facto, Ele é o Filho de Deus. Daí que a descrição que faz dos milagres realizados por Jesus é feita com o rigor de um cronista, isto é, na sequência em que, de facto aconteceram.
Neste trecho tal é bem visível a caminho de acudir a uma súplica de um homem importante, Jesus detém-se para atender uma pobre mulher em sofrimento. Como se fosse uma prática habitual, corrente, na vida diária do Senhor e, de facto, noutras ocasiões, nem sequer descreve os milagres portentosos limitando-se a dizer que «curou a todos». (Cfr. Mt 8, 16)
Comentado exaustivamente este trecho de São Mateus (Mt 9, 18-26) nunca deixa de nos sugerir novos pontos de reflexão. Ao juntar estes dois milagres o evangelista tem uma intenção clara: Destacar o poder da fé e a eficácia da confiança em Jesus seja qual for a situação com que nos deparamos. Curar uma doença longa e grave ou ressuscitar alguém que morreu estão perfeitamente ao alcance do poder divino de Cristo. Pedir e confiar, confiar e pedir é quanto temos de fazer.
Podemos perguntar a razão que levou o Evangelista a relatar num mesmo episódio dois milagres operados por Jesus. Penso que a intenção é justamente essa: Jesus é como que "urgido" a actuar movido pelos sentimentos do Seu Coração Amantíssimo independentemente das circunstâncias. Curar uma doença persistente e limitadora ou ressuscitar alguém não são milagres diferentes na importância ou magnitude. Para Cristo a "importância" não existe nem a graça dispensada é maior ou menor mas sim proporcional à Sua Suprema Justiça e ao Seu Amor pelos homens.

32-38 -
O demónio dominava aquele pobre homem de tal forma que este não podia falar. Acontece-nos também a nós quando nos fechamos e, por um motivo qualquer - o mais frequente são os respeitos humanos - não confessamos as nossas faltas. É chamado "demónio mudo" contra o qual devemos lutar com todas as nossas forças.
 Os sacerdotes trabalhadores por excelência da Messe do Reino de Deus, devem merecer-nos mais que profundo respeito mas também o nosso apoio incondicional. Mais importante ainda são as nossas orações por eles pedindo as graças e virtudes que tanto necessitam. Que sejam santos e guiem o povo de Deus com segurança e bom critério.
O dever que os cristãos têm de pedir a Deus vocações sacerdotais fica bem expresso neste texto. Não será tanto o pedir para que Deus sugira vocações mas, sobretudo, para que esses que alguma vez sentiram o apelo do Senhor, tenham a coragem e determinação para responder afirmativamente. Os trabalhadores da messe de Deus têm as suas tarefas, o seu múnus, muito claro e específico, trata-se, em última instância de servir activa e dedicadamente o Reino de Deus. Estou pessoalmente convencido que muitos que recusam esse apelo se conhecessem verdadeiramente a grandeza da tarefa que lhes é pedida se apressariam a corresponder.

35 -10 -
São Mateus exagera quando escreve: «curando todas as enfermidades e doenças»? O Evangelista conta o que viu, não inventa ou exagera. O Médico Divino não deixa de acudir a quem a Ele recorre e, pela Sua enorme bondade e misericórdia, transmite esse poder aos Doze que escolhe.