Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
17/09/2019
Leitura espiritual
Amigos
de Deus
281
Mãe da Igreja
Agrada-me
voltar, em pensamento, àqueles anos em que Jesus permaneceu junto de sua Mãe e
que abarcam quase toda a vida de Nosso Senhor neste mundo.
Vê-lo
pequeno quando Maria cuida d'Ele e o beija e o entretém...
Vê-lo
crescer diante dos olhos enamorados de sua Mãe e de José, seu pai na terra...
Com
quanta ternura e com quanta delicadeza Maria e o Santo Patriarca se
preocupariam com Jesus durante a sua infância!
E,
em silêncio, aprenderiam muito e constantemente d'Ele.
As
suas almas ir-se-iam afazendo à alma daquele Filho, Homem e Deus.
Por
isso, a Mãe - e, depois dela, José - conhece como ninguém os sentimentos do
coração de Cristo e os dois são o caminho melhor, diria até que o único, para
chegar ao Salvador.
Que
em cada um de vós, escrevia Santo Ambrósio, esteja a alma de Maria, para louvar
o Senhor; que em cada um esteja o espírito de Maria, para se regozijar em Deus.
E
este Padre da Igreja acrescenta umas considerações, que à primeira vista
parecem atrevidas, mas que têm um sentido espiritual claro para a vida do
cristão: Segundo a carne, uma só é Mãe de
Cristo; segundo a fé, Cristo é fruto de todos nós.
Se
nos identificarmos com Maria, se imitarmos as suas virtudes, poderemos
conseguir que Cristo nasça, pela graça, na alma de muitos que se identificarão
com Ele pela acção do Espírito Santo.
Se
imitarmos Maria, participaremos de algum modo na sua maternidade espiritual: em
silêncio, como Nossa Senhora, sem que se note, quase sem palavras, com o
testemunho íntegro e coerente de uma conduta cristã, com a generosidade de
repetir sem cessar um fiat que se
renova como algo íntimo entre Deus e nós.
282
O
muito amor a Nossa Senhora e a falta de cultura teológica levou um bom cristão
a fazer um comentário que vos vou narrar, porque, com toda a ingenuidade, é
lógico em pessoas de poucas letras.
Tome-o
- dizia-me - como um desabafo; compreenda a minha tristeza perante algumas
coisas que sucedem nestes tempos.
Durante
a preparação e o desenrolar do actual Concílio, propôs-se que fosse incluído o
tema da Virgem.
Assim
mesmo: o tema.
É
deste modo que falam os filhos?
É
esta a fé que sempre professaram os fiéis?
Desde
quando é que o amor da Virgem é um tema, sobre o qual se admite entabular uma
disputa a propósito da sua conveniência?
Se
há alguma coisa contrária ao amor, é a mesquinhez.
Não
me importo de ser muito claro; se não o fosse - continuava ele - parecia-me uma
ofensa à Nossa Santa Mãe.
Discutiu-se
se era ou não oportuno chamar a Maria Mãe da Igreja... Incomoda-me descer a
mais pormenores, mas a Mãe de Deus e, por isso, Mãe de todos os cristãos, não
será Mãe da Igreja, que é o conjunto dos que foram baptizados e renascem em
Cristo, filho de Maria?
Não
entendo - acrescentava - donde vem a mesquinhez de regatear esses títulos de
louvor a Nossa Senhora.
Que
diferente é a fé da Igreja!
O
tema da Virgem!
Pretendem
os filhos discutir o tema do amor a sua mãe?
Querem-lhe
muito e basta!
E
amá-la-ão muito, se são bons filhos.
Do
tema - ou do esquema - falam os estranhos, os que estudam o caso com a frieza
do enunciado de um problema.
Até
aqui, o desabafo recto e piedoso, mas injusto, daquela alma simples e
devotíssima.
283
Continuemos
nós a considerar este mistério da Maternidade divina de Maria, numa oração
calada, afirmando do fundo da alma: Virgem, Mãe de Deus: Aquele a quem os Céus
não podem conter, encerrou-se no teu seio para tomar carne de homem.
Vede
o que nos faz recitar hoje a liturgia: bem-aventuradas sejam as entranhas da
Virgem Maria, que acolheram o Filho do Pai eterno. Uma exclamação velha e nova,
humana e divina.
É
dizer ao Senhor o que se costuma dizer nalguns sítios para exaltar uma pessoa:
bendita seja a mãe que te trouxe ao mundo!
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Mestra de Fé, de Esperança
e de Caridade
Maria
cooperou com a sua caridade para que nascessem na Igreja os fiéis membros da
Cabeça de que é efectivamente mãe segundo o corpo.
Como
Mãe, ensina; e, também como Mãe, as suas lições não são ruidosas.
É
preciso ter na alma uma base de finura, um toque de delicadeza, para
compreender o que nos manifesta, mais do que com promessas, com obras.
Mestra
de fé! Bem-aventurada és tu, porque acreditaste!
Assim
a saúda Isabel, sua prima, quando Nossa Senhora sobe à montanha para a visitar.
Tinha
sido maravilhoso aquele acto de fé de Santa Maria: eis aqui a escrava do
Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra.
No
nascimento de seu Filho contempla as grandezas de Deus na terra; há um coro de
Anjos e tanto os pastores como os poderosos da terra vêm adorar o Menino.
Mas
depois a Sagrada Família tem de fugir para o Egipto, para escapar às intenções
criminosas de Herodes.
Depois,
o silêncio; trinta longos anos de vida simples, vulgar, como a de qualquer lar,
numa pequena povoação da Galileia.
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O
Santo Evangelho facilita-nos rapidamente o caminho para entender o exemplo da
Nossa Mãe: Maria conservava todas estas coisas dentro de si, ponderando-as no
seu coração.
Procuremos
nós imitá-la, tratando com o Senhor, num diálogo cheio de amor, de tudo o que
nos acontece, mesmo dos acontecimentos mais insignificantes.
Não
nos esqueçamos de que devemos pesá-los, avaliá-los, vê-los com olhos de fé,
para descobrir a Vontade de Deus.
Se
a nossa fé é débil, recorramos a Maria.
Conta
S. João que, devido ao milagre das bodas de Caná que Cristo realizou a pedido
de sua Mãe, acreditaram n'Ele os seus discípulos.
A
Nossa Mãe intercede sempre diante de seu Filho para que nos atenda e se nos
mostre de tal modo que possamos confessar: - Tu és o Filho de Deus.
286
Mestra
de esperança!
Maria
proclama que a chamarão bem-aventurada todas as gerações. Humanamente falando,
em que motivos se apoiava essa esperança? Quem era Ela para os homens e
mulheres de então?
As
grandes heroínas do Velho Testamento - Judite, Ester, Débora - conseguiram já
na terra uma glória humana, foram aclamadas pelo povo, louvadas.
O
trono de Maria, como o de seu Filho é a Cruz.
E
durante o resto da sua existência, até que subiu ao Céu em corpo e alma, a sua
silenciosa presença é o que nos impressiona mais. S. Lucas, que a conhecia
bem, anota que Ela está junto dos primeiros discípulos, em oração.
Assim
termina os seus dias terrenos Aquela que havia de ser louvada pelas criaturas
até à eternidade.
Como
contrasta a esperança de Nossa Senhora com a nossa impaciência!
Com
frequência exigimos que Deus nos pague imediatamente o pouco bem que fizemos.
Mal
aflora a primeira dificuldade, queixamo-nos.
Muitas
vezes somos incapazes de aguentar o esforço, de manter a esperança, porque nos
falta fé: bem-aventurada és tu, porque acreditaste que se cumpririam as coisas
que te foram ditas da parte do Senhor.
287
Mestra
de caridade!
Recordai
aquele episódio da apresentação de Jesus no templo.
O
velho Simeão assegurou a Maria, sua Mãe: este
Menino está destinado para ruína e para ressurreição de muitos em Israel e para
ser sinal de contradição; o que será para ti mesma uma espada que trespassará a
tua alma, a fim de que sejam descobertos os pensamentos ocultos nos corações
de muitos.
A
imensa caridade de Maria pela Humanidade faz com que se cumpra também n'Ela a
afirmação de Cristo: ninguém tem mais
amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos.
Com
razão os Romanos Pontífices chamaram a Maria Corredentora: juntamente com o seu
Filho paciente e agonizante, de tal modo padeceu e quase morreu e de tal modo
abdicou, pela salvação dos homens, dos seus direitos maternos sobre o seu Filho
e o imolou, na medida em que d'Ela dependia, para aplacar a justiça de Deus,
que com razão se pode dizer que ela redimiu o género humano juntamente com
Cristo.
Assim
entendemos melhor aquele momento da Paixão de Nosso Senhor, que nunca nos
cansaremos de meditar: stabat autem iuxta
crucem Jesu mater eius, junto da Cruz de Jesus estava a sua Mãe.
Tereis
observado como algumas mães, movidas por um legítimo orgulho, se apressam a
pôr-se ao lado dos seus filhos quando estes triunfam, quando recebem um
reconhecimento público.
Outras,
pelo contrário, mesmo nesses momentos permanecem em segundo plano, amando em
silêncio.
Maria
era assim e Jesus sabia-o.
288
Agora,
pelo contrário, no escândalo do sacrifício da Cruz, Santa Maria estava
presente, ouvindo com tristeza os que passavam por ali e blasfemavam abanando a
cabeça e gritando: Tu, que arrasas o templo de Deus e, em três dias o
reedificas, salva-te a ti mesmo!
Se
és o Filho de Deus, desce da cruz.
Nossa
Senhora escutava as palavras de seu Filho, unindo-se à sua dor; Meu Deus, meu
Deus, por que me desamparaste?
Que
podia Ela fazer? Fundir-se com o amor Redentor de seu Filho, oferecer ao Pai a
dor imensa - como uma espada afiada - que trespassava o seu Coração puro.
De
novo Jesus se sente confortado com essa presença discreta e amorosa de sua Mãe.
Maria não grita, não corre de um lado para outro...
Stabat:
está de pé, junto ao Filho.
É
então que Jesus olha para Ela, dirigindo depois o olhar para João. E exclama: -
Mulher, aí tens o teu filho. Depois diz ao discípulo: Aí tens a tua Mãe.
Em
João, Cristo confia à sua Mãe todos os homens e especialmente os seus
discípulos, os que haviam de acreditar n'Ele.
Felix
culpa, canta a Igreja, feliz culpa, porque nos fez ter tal e tão grande
Redentor!
Feliz
culpa, podemos acrescentar também, que nos mereceu receber por Mãe, Santa
Maria!
Já
estamos seguros, já nada nos deve preocupar, porque Nossa Senhora, coroada
Rainha dos Céus e da Terra, é a omnipotência suplicante diante de Deus. Jesus
não pode negar nada a Maria, nem tão pouco a nós, filhos da sua própria Mãe.
(cont)
Pequena agenda do cristão
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Aplicação no trabalho.
Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.
Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.
Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?
Temas para meditar e reflectir
Na verdade, o homem, apenas se deve apegar a uma única realidade: a Vontade de Deus.
Tudo o que exerce domínio sobre ti, fecha-te a Deus e enfraquece a tua fé.
(Tadeus
Dajczer, Meditações sobre a Fé, Paulus, 4ª Ed., pg. 31)
Evangelho e comentário
São
Roberto Belarmino – Doutor da Igreja
Evangelho: Lc 7, 11-17
Naquele tempo, dirigia-Se Jesus para
uma cidade chamada Naim; iam com Ele os seus discípulos e uma grande multidão.
Quando chegou à porta da cidade, levavam um defunto a sepultar, filho único de
sua mãe, que era viúva. Vinha com ela muita gente da cidade. Ao vê-la, o Senhor
compadeceu-Se dela e disse-lhe: «Não chores». Jesus aproximou-Se e tocou no
caixão; e os que o transportavam pararam. Disse Jesus: «Jovem, Eu te ordeno:
levanta-te». O morto sentou-se e começou a falar; e Jesus entregou-o à sua mãe.
Todos se encheram de temor e davam glória a Deus, dizendo: «Apareceu no meio de
nós um grande profeta; Deus visitou o seu povo». E a fama deste acontecimento
espalhou-se por toda a Judeia e pelas regiões vizinhas.
Comentário:
Este episódio da
ressurreição do filho da pobre viúva de Naim enche-nos o coração de ternura.
Ver um Senhor, que é Deus
Todo Poderoso, compadecer-se de uma pobre mulher e acudir-lhe é, de facto.
Extraordinário.
«Não
chores» diz-lhe – gostaríamos tanto de ouvir a entoação da voz
de Jesus! – e poderia ter acrescentado:
‘Não quero que chores, que
sucumbas à tua dor. Eu estou aqui. Sou a Ressurreição e a Vida e, junto de Mim,
só podes estar contente e feliz.’
E toca o caixão… sim…
Jesus Cristo toca no caixão num gesto de intimidade natural e absolutamente
humano.
Atrevo-me a dizer que,
este Evangelho, é, sem dúvida, um Evangelho da Misericórdia divina, mas é, também,
o Evangelho do amor que Jesus Cristo sente pelos homens Seus irmãos.
(AMA,
comentário sobre Lc 7, 11-17, 21.06.2017)
Se disseram, se vão pensar...
Quanto mais alta se eleva a estátua,
tanto mais dura e perigosa é depois a pancada na queda. (Sulco, 269)
Ouvimos falar de soberba e talvez
pensemos numa atitude despótica e avassaladora, com grande barulho de vozes que
aclamam o triunfador que passa, como um imperador romano, debaixo dos altos
arcos, inclinando a cabeça, pois teme que a sua fronte gloriosa toque o alvo
mármore...
Sejamos realistas. Este tipo de soberba
só tem lugar numa fantasia louca. Temos de lutar contra outras formas mais
subtis, mais frequentes: o orgulho de preferir a própria excelência à do
próximo; a vaidade nas conversas, nos pensamentos e nos gestos; uma
susceptibilidade quase doentia, que se sente ofendida com palavras ou acções
que não são de forma alguma um agravo... Tudo isto, sim, pode ser, é uma
tentação corrente. O homem considera-se a si mesmo como o sol e o centro dos
que estão ao seu redor. Tudo deve girar em torno dele. Por isso, não raramente
acontece que ele recorre, com o seu afã mórbido, à própria simulação da dor, da
tristeza e da doença: para que os outros se preocupem com ele e o mimem.
(...) A sua amargura é contínua e
procura desassossegar os outros, porque não sabe ser humilde, porque não
aprendeu a esquecer-se de si mesmo para se entregar, generosamente, ao serviço
dos outros por amor de Deus. (Amigos de Deus, 101)
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