Semana VI da Páscoa
Nossa
Senhora de Fátima
Evangelho:
Mt 12 46-50
46 Estando Ele ainda a falar ao povo, eis que Sua
mãe e Seus irmãos se achavam fora, desejando falar-Lhe. 47 Alguém
disse-Lhe: «Tua mãe e Teus irmãos estão ali fora e desejam falar-Te». 48
Ele, porém, respondeu ao que falava: «Quem é a Minha mãe e quem são os Meus
irmãos?» 49 E, estendendo a mão para os Seus discípulos, disse: «Eis
Minha mãe e Meus irmãos. 50 Porque todo aquele que fizer a vontade
de Meu Pai que está nos céus, esse é Meu irmão e Minha irmã e Minha mãe».
Comentário:
A alguns pode parecer que há frieza
ou distanciamento de Jesus nas relações com a Sua Mãe.
Nada mais errado!
Vejamos de outro ângulo: Jesus
compara-nos, considera-nos como Sua família muito próxima, na realidade como a
Sua própria Mãe, os Seus irmãos.
É na verdade o nosso estatuto
quando, como eles, fazemos a vontade de Deus.
(ama,
comentário sobre MT 12. 46-50 2014.05.13
Leitura espiritual
a beleza de
ser cristão
PRIMEIRA PARTE
XIII os
mandamentos da lei de deus
…/3
os mandamentos do amor á vida humana
Os mandamentos quarto, quinto e sexto recordam ao homem o plano divino
respeitante ao mistério da vida e confiam-lhe a tarefa de o custodiar e lavá-lo
a cabo no amor de Deus e movidos pelo amor de Deus.
«No princípio…, Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, varão e fêmea
os criou. E Deus abençou-os e disse-lhes: Crescei e multiplicai-vos e enchei a
terra e submtei-a, dominai os peixes do mar, as aves do céu e todo o animal que
serpenteia sobre a terra»[i]
O mandamento sobre o amor que vincula os esposos entre si, aos pais com os
filhos e os filhos com os seus pais e seus irmãos e depois, como que por
extensão do vínculo familiar, a cada ser humano com os outros, está na origem
da criação e também na origem do viver a redenção.
E está num sentido duplo.
Deus criou o mundo e o homem por amor e o seu desejo consiste em que também
por amor o universo se desenvolva e cresça.
Um amor que torna possível que o homem percorra o seu amor na terra com o
olhar no céu.
Para que isto tenha lugar se mantenha sempre vivo no mundo é preciso que o
amor com que Deus criou o universo.
E a família originada no amor de um homem e de uma mulher recebe o encargo
de ser o lar desse Deus escondido na criação, esse amor que «move o Sol e as
outras estrelas».
Deus criou por amor e anseia que o ser humano – na união de varão e mulher
– coopere com Ele para que o amor continue movendo o mundo.
No amor vivido entre a esposa e o esposo sustém-se o mandamento do «Crescei
e multiplicai-vos» e assim os que são engendrados pelo amor dos seus pais
«filhos do homem» serão por amor de Deus um dia constituídos em «filhos de
Deus» e os que ao nascer viram com os seus olhos os seus pais na terra terão a
capacidade de um dia ver no céu o seu Pai Deus.
É na família que o homem aprende a amar e prepara o seu espírito para
entender que o amor é serviço, entrega, sacrifício, doação, generosidade,
alegria de partilhar…
Só assim a criação continuará a ser movida pelo amor de Deus vivido do amor
do homem na família.
Pa isto tende este Mandamento que torna possível que também as famílias sem
filhos engendrem amor em serviço de toda a criação.
O facto de que o Senhor tenha querido nascer na terra no seio da família de
Nazareth que tenha querido começar o seu ministério público com as bodas de
Caná onde «Jesus deu começo aos seus sinais» e manifestou a sua glória e os
seus discípulos acreditaram nele»[ii]
sublinha a missão de renovar e e de originar o amor que Deus confiou à família
e também no tornar possível a Redenção, ao longo do sáculos.
O quinto Mandamento apresenta a vida do homem na sua verdadeira dimensão
ante Deus,
Desde o começo, ao pedir contas a Caim da morte do seu irmão Abel, o Senhor
condena qualquer atentado contra a vida de cada ser humano.
E contra a vida vista na sua totalidade desde a concepção e incluídos todos
os pormenores que tornam a vida humana inimitável, irrepetível, única.
Não têm lugar manipulações nem mutilações nem mudanças que modifiquem a
própria unicidade e personalidade de cada ser humano, salveo, entenda-se, os
que facilitam as melhoras, a cura, de detalhes que, na sua modificação,
permitam à pessoa levar adiante com mais plenitude o desenvolvimento das
riquezas de toda a ordem, corporais e espirituais, recebidas de Deus.
«Algumas tentativas de intervenção no património cromossómico e genético
não são terapêuticos mas perseguem a produção de seres humanos seleccionados
quanto ao sexo ou outras qualidades pre-fixadas.
Estas manipulações são contrárias à dignidade pessoal do ser humano, à sua
integridade e à sua identidade»[iii]
A vida é o mistério original que relaciona Deus com o homem.
O homem não recebe a vida, não é um recipiente no qual Deus verte a vida
O homem é constituído em «ser vivente».
«Então, Yahvé Deus formou o homem com o pó da terra e insuflou-lhe alento e
vida. E o homem troneou-se um ser vivente»[iv].
A riqueza deste mistério fica sempre guardada entre Deus e o homem.
«A vida humana é sagrada porque desde o seu início é fruto da acção
criadora de Deus e permanece sempre numa relação especial com Criador, seu
único fim.
Só Deus é Senhor da vida desde o seu começo até ao seu termo: ninguém em
nenhuma circunstância pode atribuir-se o direito de matar de modo directo um
ser humano inocente»[v].
Este mandamento de salvaguardar a vida desde a sua concepção – não matar,
não abortar – até ao seu fim natural também se dirige a cada ser humano no que
respeita a si próprio, à sua própria vida e consequentemente exclui a eutanásia
e o suicídio.
E dentro da indicação do Senhor de guardar o mundo e de levar por diante o
plano da criação, encontramos o Sexto Mandamento do Decálogo tantas vezes
entendido e explicado num sentido marcadamente reductor como se houvesse algo
menos claro e límpido na sexualidade do ser humano ou que a sexualidade fosse
um obstáculo para desenvolver a vida divina da Graça que o mesmo Senhor a todos
oferece e convida a viver.
O sexto mandamento, pelo contrário, é em primeiro lugar um convite a viver
as relações dos seres humanos quando se encontram como homem e mulher em plena
harmonia com o amor de Deus e o amor que hão-de ter uns aos outros.
O encontro será diferente segundo o estado de cada um: virgens, casados e
viúvos, sendo a castidade «a integração conseguida na sexualidade na pessoa e,
portanto, na unidade interior do homem no seu ser corporal e espiritual»[vi].
Essa integração consegue-se logicamente de forma diferente na situação
pessoal de cada ser humano como ceremos ao tratar dos Frutos do Espírito Santo.
Podemos sublinhar que o significado original da sexualidade traz consigo em
primeiro lugar o convite de Deus ao homem para que chegue a mar em corpo e
alma, humana e divinamente, a ordem que o próprio Deus estabeleceu no amor
humano quando vivido por um homem e uma mulher no matrimónio se criaa família.
«Deus é amor e vive em si mesmo um mistério de comunhão pessoal de amor
Criando-a à sua imagem… Deus inscreve na humanidade do homem e da mulher a
vocação e por conseguinte a capacidade e responsabilidade do amor e da
comunhão»[vii].
O Senhor estabeleceu uma mudança neste mandamento quando disse:
«Ouvistes que foi dito: “Não cometerás adultério”, pois eu digo-vos: Todo o
que olha uma mulher desejando-a já cometeu adultério com ela no seu coração»[viii].
Esta mudança supõe, por um lado, o novo modo de viver a sexualidade segundo
o Espírito Santo e, de outro, o reconhecimento que a sexualidade se refere à
totalidade da pessoa e não somente ao corpo.
«A sexualidade abrange todos os aspectos da pessoa humana na unidade do seu
corpo e da sua alma.
Respeita particularmente à afectividade, à capacidade de amar e de procriar
e de forma mais geral à aptidão de estabelecer vínculos de comunhão com outro»[ix].
Parece também óbvio assinalar que a sexualidade vivida na ordem estabelecida
por Deus para o ser humano, como homem e como cristão, se realiza de forma
diferente no matrimónio e no celibato sem por isso deixar de se a viver
plenamente em abos os estados e também na virgindade.
O ser humano nunca abando a sua condição de ser sexuado.
Em qualquer situação quando é a pessoa na sua totalidade que actua
sexualmente, está vivendo a ordem profunda da virtude da Caridade porque está
amando Deus e os seres humanos, por Deus e segundo a ordem de Deus.
Nesta perspectiva a sexualidade vivida no matrimónio manifestará sempre o
profundo amor de duas pessoas, homem e mulher e no sue caso, estará sempre
aberta a possibilidade de que esse amor engendre uma nova criatura.
O quarto, o quinto e o Sexto Mandamentos por conseguinte formam um conjunto
aos erviço da vida do homem, um conjunto ao serviço dos planos de Deus sobre a
vida de cada homem.
(cont)
ernesto juliá, La belleza de ser cristiano, trad. ama)
[iii]
Donum vitae, Instrução da Congregação
para a Doutrina da Fé, 22-11-1987.