07/12/2014

Ev. Coment. L. esp. (Amigos de Deus)

Advento II Semana

Santo Ambrósio – Doutor da Igreja

Evangelho: Mc 1 1-8

1 Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. 2 Conforme está escrito na profecia de Isaías: “Eis que envio o Meu mensageiro diante de Ti, o qual preparará o Teu caminho”. 3 Voz do que brada no deserto: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as Suas veredas”. 4 Apareceu João Baptista no deserto, pregando o baptismo de penitência para remissão dos pecados. 5 E ia ter com ele toda a região da Judeia e todos os habitantes de Jerusalém, e eram baptizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados. 6 Andava João vestido de pêlo de camelo, trazia um cinto de couro atado à volta dos rins e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. 7 E pregava, dizendo: «Depois de mim vem Quem é mais forte do que eu, a Quem eu não sou digno de me inclinar para Lhe desatar as correias das sandálias. 8 Eu tenho-vos baptizado em água, Ele, porém, baptizar-vos-á no Espírito Santo».

Comentário:

São Lucas diz expressamente que os que se baptizavam confessavam os seus pecados.
Isto quer dizer exactamente que os “convertidos” por João Baptista estavam realmente dispostos a mudar de vida e a seguir um novo caminho como preparação para a vinda do Messias.
Não se tratava, portanto, de um mero acto simbólico mas de uma verdadeira reconvenção de vida.

(ama, comentário sobre Mc 1, 1-8, 2014.11.19)


Leitura espiritual



São Josemaria Escrivá

Amigos de Deus 1 a 13

1            
Há muitos anos, íamos por uma estrada de Castela e vimos ao longe, no campo, uma cena que me impressionou e me serviu para fazer oração em muitas ocasiões: vários homens fixavam com força na terra as estacas que depois utilizaram para segurar verticalmente uma rede e formar o redil. Mais tarde, chegaram àquele lugar os pastores com as ovelhas, com os cordeiros; chamavam-nos pelo nome e entravam um a um no aprisco, para estarem todos juntos, em segurança.

E hoje, meu Senhor, lembro-me de modo particular desses pastores e desse redil, porque todos os que nos encontramos aqui reunidos para conversar contigo - e muitos outros no mundo inteiro -, sabemo-nos metidos no teu rebanho. Tu próprio disseste: Eu sou o Bom Pastor, conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem-me. Conheces-nos bem; sabes que queremos ouvir, estar sempre atentos aos teus assobios de Bom Pastor e corresponder-lhes porque a vida eterna é esta: Que te conheçam a ti como um só Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.

Gosto tanto da imagem de Cristo rodeado à direita e à esquerda pelas suas ovelhas, que mandei colocá-la no oratório onde habitualmente celebro a Santa Missa; e fiz gravar noutros lugares, como despertador da presença de Deus, as palavras de Jesus: cognosco oves meas et cognoscunt me meae, para considerarmos a toda a hora que Ele nos repreende ou nos instrui e nos ensina como o pastor faz com a sua grei. Vem, pois, muito a propósito esta recordação de terras de Castela.

2            
Deus quer-nos santos

Todos os que aqui estamos fazemos parte da família de Cristo, porque Ele mesmo nos escolheu antes da criação do mundo, por amor, para sermos santos e imaculados diante dele, o qual nos predestinou para sermos seus filhos adoptivos por meio de Jesus Cristo para sua glória, por sua livre vontade. Esta escolha gratuita de que Nosso Senhor nos fez objecto, marca-nos um fim bem determinado: a santidade pessoal, como S. Paulo nos repete insistentemente: haec est voluntas Dei: sanctificatio vestra , esta é a vontade de Deus: a vossa santificação. Portanto, não nos esqueçamos: estamos no redil do Mestre, para alcançar esse fim.

3            
Não se apaga da minha memória uma ocasião - já passou muito tempo - em que fui rezar à Catedral de Valência e passei defronte da sepultura do Venerável Ridaura. Contaram-me então que perguntavam a este sacerdote, quando já era muito idoso: quantos anos tem? Ele, muito convencido, respondia-lhes em valenciano: poquets, pouquinhos! os que passei a servir a Deus. Para muitos de vocês ainda se contam pelos dedos de uma mão os anos que passaram desde que se decidiram a ter mais intimidade com Nosso Senhor, a servi-lo no meio do mundo, no próprio ambiente e através da própria profissão ou ofício. Este pormenor não tem muita importância; pelo contrário, interessa gravarmos a fogo na alma que o convite à santidade, feito por Jesus Cristo a todos os homens sem excepção, exige que cada um de nós cultive a vida interior, exercite diariamente as virtudes cristãs; e não de uma maneira qualquer, nem acima do normal, nem sequer de um modo excelente: devemos esforçar-nos até ao heroísmo, no sentido mais forte e radical da expressão.

4            
A meta que proponho - ou melhor, a que Deus indica a todos - não é uma miragem ou um ideal inatingível: podia contar-vos tantos exemplos concretos de mulheres e de homens correntes, como vocês e como eu, que encontraram Jesus que passa quasi in occulto pelas encruzilhadas aparentemente mais vulgares e decidiram segui-lo, abraçando com amor a cruz de cada dia. Nesta época de desmoronamento geral, de concessões e de desânimos, ou de libertinagem e de anarquia, parece-me ainda mais actual aquela convicção simples e profunda que, no princípio da minha actividade sacerdotal e sempre, me consumiu em desejos de comunicar à humanidade inteira: estas crises mundiais são crises de santos.

5            
Vida interior: é uma exigência do chamamento que o Mestre fez à alma de todos. Temos de ser santos - di-lo-ei com uma expressão castiça - da cabeça aos pés: cristãos de verdade, autênticos, canonizáveis; se não, fracassámos como discípulos do único Mestre. Pensem também que Deus, ao reparar em nós, ao conceder-nos a sua graça para lutarmos por alcançar a santidade no meio do mundo, nos impõe também a obrigação do apostolado. Compreendam que, até humanamente, como comenta um Padre da Igreja, a preocupação pelas almas brota como uma consequência lógica dessa escolha: quando descobris que algo vos foi proveitoso, tentais atrair os outros. Tendes pois que desejar que outros vos acompanhem pelos caminhos de Nosso Senhor. Se ides ao foro ou aos banhos e deparais com alguém que esteja desocupado, convidai-lo para que vos acompanhe. Aplicai ao espiritual este costume terreno e, quando fordes a Deus, não o façais sós.

Se não queremos desperdiçar o tempo inutilmente - nem sequer com falsas desculpas das dificuldades exteriores do ambiente, que nunca faltaram desde o princípio do cristianismo - devemos ter muito presente que, de um modo normal, Jesus Cristo vinculou à vida interior a eficácia da nossa acção para arrastar os que nos rodeiam. Cristo pôs a santidade como condição para a eficácia da acção apostólica; corrijo-me, o esforço da nossa fidelidade, porque na terra nunca seremos santos. Parece inacreditável, mas Deus e os homens precisam que, da nossa parte, haja uma fidelidade sem condições, sem eufemismos, que chegue até às últimas consequências, sem mediocridade ou concessões, em plenitude de vocação cristã assumida e praticada com delicadeza.

6            
Talvez entre vocês algum esteja a pensar que me refiro exclusivamente a um sector de pessoas selectas. Não se deixem enganar tão facilmente, movidos pela cobardia ou pelo comodismo. Pelo contrário, que cada um sinta a urgência divina de ser outro Cristo, ipse Christus, o próprio Cristo; em poucas palavras, a urgência de que a nossa conduta seja coerente com as normas da fé, pois a nossa santidade - a que temos de aspirar - não é uma santidade de segunda categoria, que não existe. E o principal requisito que nos é pedido - bem conforme com a nossa natureza - consiste em amar: a caridade é o vínculo da perfeição; caridade que devemos praticar de acordo com as orientações explícitas que o próprio Senhor estabelece: amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua mente, sem reservarmos nada para nós. A santidade consiste nisto.

7            
É bem certo que se trata de um objectivo elevado e árduo. Mas não se esqueçam de que o santo não nasce: forja-se no jogo contínuo da graça divina e da correspondência humana. Um dos escritores cristãos dos primeiros séculos adverte, referindo-se à união com Deus: Tudo o que se desenvolve começa por ser pequeno. Ao alimentar-se gradualmente, com constantes progressos, é que chega a ser grande. Por isso te digo que, se quiseres portar-te como um cristão coerente - sei que estás disposto a isso, embora te custe tantas vezes vencer-te ou puxar por esse pobre corpo - deves ter muito cuidado com os mais pequenos pormenores, porque a santidade que Nosso Senhor te exige atinge-se realizando com amor de Deus o trabalho e as obrigações de cada dia, que se compõem quase sempre de pequenas realidades.

8            
Coisas pequenas e vida de infância

Pensando naqueles que, à medida que o tempo passa, ainda se dedicam a sonhar -em sonhos vãos e pueris, como Tartarin de Tarascon - com caçar leões nos corredores de casa, onde se calhar só há ratos e pouco mais, pensando neles, insisto, lembro a grandeza de actuar com espírito divino no cumprimento fiel das obrigações habituais de cada dia, com essas lutas que enchem Nosso Senhor de alegria e que só Ele e cada um de nós conhece.

Convençam-se de que normalmente não vão encontrar ocasiões para grandes façanhas, entre outros motivos porque não é habitual que surjam essas oportunidades. Pelo contrário, não faltam ocasiões de demonstrar o amor a Jesus Cristo, através do que é pequeno, do normal. A grandeza da alma também se demonstra nas coisas diminutas, comenta S. Jerónimo. Não admiramos o Criador apenas no céu e na terra, no sol e no oceano, nos elefantes, camelos, bois, cavalos, leopardos, ursos e leões; mas também nos animais minúsculos como formigas, mosquitos, moscas, vermes e outros animais semelhantes, que distinguimos melhor pelos corpos do que pelos nomes: admiramos a mesma mestria tanto nos grandes como nos pequenos. Assim, a alma que se dá a Deus dedica às coisas menores o mesmo fervor que às maiores.

9            
Ao meditar as palavras de Nosso Senhor: Por amor deles santifico-me a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade, percebemos claramente o nosso único fim: a santificação, isto é, que temos de ser santos para santificar. Simultaneamente, como tentação subtil, talvez nos assalte o pensamento de que muito poucos estamos decididos a responder a esse convite divino, além de nos vermos como instrumentos de muito fraca categoria. É verdade, somos poucos, em comparação com o resto da humanidade e pessoalmente não valemos nada; mas a afirmação do Mestre ressoa com autoridade: o cristão é luz, sal, fermento do mundo e um pouco de fermento faz levedar toda a massa. Precisamente por isso, tenho pregado sempre que nos interessam todas as almas - as cem que há num cento - sem nenhuma espécie de discriminações, com a certeza de que Jesus Cristo nos redimiu a todos e quer servir-se de alguns de nós, apesar da nossa nulidade pessoal, para darmos a conhecer esta salvação.

Um discípulo de Jesus nunca trata ninguém mal; chama erro ao erro, mas deve corrigir com afecto o que erra: se não, não pode ajudá-lo, não pode santificá-lo. Temos que conviver, temos que compreender, temos que desculpar, temos que ser fraternos; e, como aconselhava S. João da Cruz, temos que pôr amor, onde não há amor, para tirar amor, sempre, mesmo nas circunstâncias aparentemente intranscendentes que o trabalho profissional e as relações familiares e sociais nos proporcionam. Portanto, tu e eu vamos aproveitar até as oportunidades mais banais que se apresentarem à nossa volta, para santificá-las, para nos santificarmos e para santificar os que compartilham connosco os mesmos afãs quotidianos, sentindo nas nossas vidas o peso doce e sugestivo da co-redenção.

10          
Vou continuar esta conversa diante de Nosso Senhor, com uma nota que utilizei há uns anos e que mantém a actualidade. Recolhi então umas considerações de Teresa de Ávila: tudo o que se acaba e não contenta Deus, é nada e menos que nada. Compreendem porque é que uma alma deixa de saborear a paz e a serenidade quando se afasta do seu fim, quando se esquece de que Deus a criou para a santidade? Esforcem-se por nunca perder este ponto de mira sobrenatural, nem sequer nos momentos de diversão ou de descanso, tão necessários como o trabalho na vida de cada um.

Bem podem chegar ao cume da vossa actividade profissional, alcançar os triunfos mais retumbantes, como fruto da livre iniciativa com que exercem as actividades temporais; mas se abandonarem o sentido sobrenatural que tem de presidir todo o nosso trabalho humano, enganaram-se lamentavelmente no caminho.

11          
Permitam-me uma pequena digressão que vem muito a propósito. Nunca perguntei a opinião política a nenhum dos que vêm ter comigo: não me interessa! Com esta minha norma de conduta, manifesto uma realidade que está muito metida no âmago do Opus Dei, ao qual me dediquei completamente, com a graça e a misericórdia divina, para servir a Santa Igreja. Não me interessa esse tema porque os cristãos gozam da mais completa liberdade, com a consequente responsabilidade pessoal, para intervir como lhes parecer melhor em questões de índole política, social, cultural, etc., sem outros limites além dos que o Magistério da Igreja indica. Só ficaria preocupado - pelo bem dessas almas - se não respeitassem tais marcas, porque teriam criado uma vincada oposição entre a fé que afirmam professar e as obras: e, nessa altura, teria que lhes chamar a atenção com clareza. Este sacrossanto respeito pelas vossas opções, desde que elas não afastem da lei de Deus, não se entende. Não o entende quem ignora o verdadeiro conceito da liberdade que Cristo nos ganhou na Cruz, qua libertate Christus nos liberavit, quem for sectário de um e de outro extremo, quem pretender impor as suas opiniões temporais como dogmas. Também não o entende quem degrada o homem, ao negar o valor da fé, colocando-a à mercê dos erros mais brutais.

12          
Mas voltemos ao nosso tema. Dizia-lhes que bem podem alcançar os êxitos mais espectaculares no terreno profissional, na actuação pública, nos afazeres profissionais, mas se se descuidarem interiormente e se afastarem de Nosso Senhor, o fim será um fracasso rotundo. Perante Deus, que é o que conta em última análise, quem luta por comportar-se como um cristão autêntico, é que consegue a vitória: não existe uma solução intermédia. Por isso vocês conhecem tantas pessoas que deviam sentir-se muito felizes, ao julgar a sua situação de um ponto de vista humano e, no entanto, arrastam uma existência inquieta, azeda; parece que vendem alegria a granel, mas aprofunda-se um pouco nas suas almas e fica a descoberto um sabor acre, mais amargo que o fel. Isto não há-de acontecer a nenhum de nós, se deveras tratarmos de cumprir constantemente a Vontade de Deus, de dar-lhe glória, de louvá-lo e de espalhar o seu reinado entre todas as criaturas.

(cont)






Temas para meditar - 297


Redenção



No facto de amarmos os nossos inimigos vê-se claramente certa semelhança com Deus Pai, que reconciliou consigo o género humano, que estava em inimizade com Ele e era contra Ele, redimindo-o da condenação eterna por meio da Morte do Seu Filho.



(são pio v, Catecismo para os Párocos segundo o Decr. do Concílio de Trento)

A nossa fortaleza é emprestada

Não sejas frouxo, mole. – Já é tempo de repelires essa estranha compaixão que sentes por ti mesmo. (Caminho, 193)

Falávamos antes de luta. Mas a luta exige treino, uma alimentação adequada, uma terapêutica urgente em caso de doença, de contusões, de feridas. Os Sacramentos, medicina principal da Igreja, não são supérfluos: quando se abandonam voluntariamente, não é possível dar um passo no caminho por onde se segue Cristo. Necessitamos deles como da respiração, como da circulação do sangue, como da luz, para poder apreciar em qualquer instante o que o Senhor quer de nós.


A ascética do cristão exige fortaleza; e essa fortaleza encontra-a no Criador. Nós somos a obscuridade e Ele é resplendor claríssimo; somos a doença e Ele a saudável robustez; somos a escassez e Ele a infinita riqueza; somos a debilidade e Ele sustenta-nos, quia tu es, Deus, fortitudo mea, porque és sempre, ó meu Deus, a nossa fortaleza. Nada há nesta terra capaz de se opor ao brotar impaciente do Sangue redentor de Cristo. Mas a pequenez humana pode velar os olhos de modo a que não descortinem a grandeza divina. Daí a responsabilidade de todos os fiéis e especialmente dos que têm o ofício de dirigir – de servir – espiritualmente o Povo de Deus, de não fecharem as fontes da graça, de não se envergonharem da Cruz de Cristo. (Cristo que passa, 80)

Tratado do verbo encarnado 52

Questão 7: Da graça de Cristo como um homem particular

Art. 6 — Se em Cristo houve o dom do temor.

O sexto discute-se assim. — Parece que em Cristo não houve o dom do temor.

1. — Pois, a esperança parece mais principal que o temor, porque sendo o objecto dela o bem, o dele é o mal, como na Segunda Parte se estabeleceu. Ora, em Cristo não havia a virtude da esperança, conforme se demonstrou. Logo, também não havia nele o dom do temor.

2. Demais. — Pelo dom do temor tememos a separação de Deus, o que constitui o temor casto, ou o sermos punidos por ele, o que constitui o temor servil, como diz Agostinho. Ora, Cristo não temia ser separado de Deus, pelo pecado, nem ser punido por ele por culpa, pois, era-lhe impossível pecar, como depois se dirá. Ora, não há temor do impossível. Logo, em Cristo não houve o dom do temor.

3. Demais. — A Escritura diz: A caridade perfeita lança fora o temor. Ora, Cristo tinha a caridade perfeitíssima, segundo o Apóstolo: A caridade de Cristo que excede todo entendimento. Logo, em Cristo não havia o dom do temor.

Mas, em contrário, a Escritura: E enchê-lo-á o Espírito do temor do Senhor.

Como dissemos na Segunda Parte, o temor respeita dois objectos: um é o mal que atemoriza, o outro, quem tem o poder de fazer o mal e assim teme-se o rei porque tem o poder de matar. Ora, não temeríamos quem tem o poder se este não fosse de uma eminência tal que não lhe pudéssemos facilmente resistir, pois, não tememos o que podemos prontamente repelir. Donde, é claro que não tememos a outrem senão por causa da sua eminência. E portanto, devemos concluir que em Cristo houve o temor de Deus, não enquanto respeita o mal da separação de Deus pela culpa nem enquanto respeita o mal da punição por causa da culpa, mas enquanto respeita a própria eminência divina. Isto é, enquanto a alma de Cristo se eleva para Deus por um certo afecto de reverência, levada do Espírito Santo. Donde o dizer o Apóstolo, que em tudo foi atendido pela sua reverência. Ora, esse afecto de reverência para com Deus, Cristo, enquanto homem, teve-o em maior plenitude que os demais. Por isso, a Escritura lhe atribui a plenitude do dom do temor.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Os hábitos das virtudes e dos dons própria e essencialmente respeitam o bem, e o mal, por consequência. Pois, é da essência da virtude tornar a obra boa, como diz Aristóteles. Donde, não é da essência do dom do temor aquele mal a que se refere o temor, mas a eminência daquele bem, isto é, divino, por cujo poder um mal pode ser infligido. Ora, a esperança, enquanto virtude, respeita não só o autor do bem, mas o próprio bem, enquanto não possuído. Donde, a Cristo, que já tinha o bem perfeito da bem-aventurança, não se lhe atribui a virtude da esperança, mas, o dom do temor.

RESPOSTA À SEGUNDA. — A objecção colhe, do temor enquanto respeita ao objecto, que é o mal.

RESPOSTA À TERCEIRA. — A caridade perfeita expulsa o temor servil, que respeita principalmente à pena. Ora, nesse sentido, não houve temor em Cristo.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.


Pequena agenda do cristão




DOMINGO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé.

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?