13/03/2015

2015.03.13







O que pode ver hoje em NUNC COEPI







Deus não aceita o que é mal feito - São Josemaria – Textos
Evangelho com. L. espirit. (Evangelli Gaudium) - AMA - Comentários ao Evangelho Mc 12 28-34, Exort. Apost. Evangelii gaudium (Papa Francisco)
Reflectindo na Quaresma 7 - AMA - Reflectindo na Quaresma 7 – Sofrimento
Temas para meditar 392 - Homilias sobre o Evangelho de São João 36 (São João Crisóstomo),Paciência, São João Crisóstomo
Jesus Cristo e a Igreja – 59 - Celibato eclesiástico, Jesus Cristo e a Igreja
O que há de humano no tempo pós-humano que se está a forjar? 1 - Joaquim Azevedo, Que se está a forjar? (Joaquim Azevedo)

Pequena agenda do cristão - Agenda Sexta-Feira

Deus não aceita o que é mal feito

É difícil gritar ao ouvido de cada um, com um trabalho silencioso, através do pleno cumprimento das nossas obrigações de cidadãos, para depois exigir os nossos direitos e colocá-los ao serviço da Igreja e da sociedade. É difícil... mas é muito eficaz. (Sulco, 300)

Começar é de muitos; acabar, de poucos. Nós, que procuramos comportar-nos como filhos de Deus, temos de estar entre os segundos. não o esqueçais: só as tarefas terminadas com amor, bem acabadas, merecem aquele aplauso do Senhor, que se lê na Sagrada Escritura: é melhor o fim de uma obra do que o seu princípio.

Muitos cristãos perderam a convicção de que a integridade de Vida, pedida pelo Senhor aos seus filhos, exige um cuidado autêntico ao realizarem as tarefas pessoais, que têm de santificar, sem descurarem inclusivamente os pormenores mais pequenos.

Não podemos oferecer ao Senhor uma coisa que, dentro das pobres limitações humanas, não seja perfeita, sem defeitos e realizada com toda a atenção, mesmo nos aspectos mais insignificantes, porque Deus não aceita o que é mal feito. Não oferecereis nada que tenha defeito, porque não seria aceite favoravelmente, adverte-nos a Escritura Santa. Por isso, o trabalho de cada um de nós, esse trabalho que ocupa as nossas jornadas e as nossas energias, há-de ser uma oferenda digna do Criador, operatio Dei, trabalho de Deus e para Deus. Numa palavra, uma tarefa bem cumprida e impecável.

Se reparardes, entre os muitos elogios que fizeram de Jesus aqueles que puderam contemplar a sua vida, há um que, de certo modo, compreende todos os outros. Refiro-me àquela exclamação, cheia de sinais de assombro e de entusiasmo, que a multidão repetia espontaneamente ao presenciar, atónita, os seus milagres: bene omnia fecit, tudo tem feito admiravelmente bem: os grandes prodígios e as coisas comezinhas, quotidianas, que não deslumbraram ninguém, mas que Cristo realizou com a plenitude de quem é perfectus Deus, perfectus Homo, perfeito Deus e perfeito homem. (Amigos de Deus, 55–56)

Evangelho com. L. espirit. (Evangelli Gaudium)

Tempo de Quaresma III Semana

Evangelho: Mc 12 28-34

28 Então aproximou-se um dos escribas, que os tinha ouvido discutir. Vendo que Jesus lhes tinha respondido bem, perguntou-Lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?». 29 Jesus respondeu-lhe: «O primeiro de todos os mandamentos é este: “Ouve, Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor. 30 Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças”. 31 O segundo é este: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Não há outro mandamento maior do que estes». 32 Então o escriba disse-Lhe: «Mestre, disseste bem e com verdade que Deus é um só, e que não há outro fora d'Ele; 33 e que amá-l'O com todo o coração, com todo o entendimento, com toda a alma, e com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, vale mais que todos os holocaustos e sacrifícios». 34 Vendo Jesus que tinha respondido sabiamente, disse-lhe: «Não estás longe do reino de Deus». Desde então ninguém mais ousava interrogá-l'O.


Comentário:

É muito conveniente que São Marcos tenha feito constar no seu Evangelho este acontecimento tão importante. Fica exarado de forma iniludível além do que já sabemos – que Jesus Cristo não faz acepção de pessoas e todo e qualquer ser humano tem um valor intrínseco porque por todos deu a Sua própria vida – mas que a Sua palavra, o Seu exemplo atinge todas as classes sociais e que nunca se deve tomar o individuo pelo todo.

A conclusão é que havia Escribas, Fariseus, Doutores da Lei, ou seja membros da classe dominante em Israel que procuravam ouvir Cristo e entender as Suas palavras, a Sua mensagem.

(ama, comentário sobre Mc 12, 28-34, 2014.03.28)


Leitura espiritual

EXORTAÇÃO APOSTÓLICA EVANGELII GAUDIUM
DO SANTO PADRE FRANCISCO AO EPISCOPADO, AO CLERO ÀS PESSOAS CONSAGRADAS E AOS FIÉIS LEIGOS SOBRE O ANÚNCIO DO EVANGELHO NO MUNDO ACTUAL

III. a preparação da pregação

145. A preparação da pregação é uma tarefa tão importante que convém dedicar-lhe um tempo longo de estudo, oração, reflexão e criatividade pastoral.
Com muita amizade, quero deter-me a propor um itinerário de preparação da homilia.
Trata-se de indicações que, para alguns, poderão parecer óbvias, mas considero oportuno sugeri-las para recordar a necessidade de dedicar um tempo privilegiado a este precioso ministério.
Alguns párocos sustentam frequentemente que isto não é possível por causa de tantas incumbências que devem desempenhar; todavia atrevo-me a pedir que todas as semanas se dedique a esta tarefa um tempo pessoal e comunitário suficientemente longo, mesmo que se tenha de dar menos tempo a outras tarefas também importantes.
A confiança no Espírito Santo que actua na pregação não é meramente passiva, mas activa e criativa.
Implica oferecer-se como instrumento[i], com todas as próprias capacidades, para que possam ser utilizadas por Deus.
Um pregador que não se prepara não é «espiritual»: é desonesto e irresponsável quanto aos dons que recebeu.

O culto da verdade

146. O primeiro passo, depois de invocar o Espírito Santo, é prestar toda a atenção ao texto bíblico, que deve ser o fundamento da pregação.
Quando alguém se detém procurando compreender qual é a mensagem dum texto, exerce o «culto da verdade».[ii]
É a humildade do coração que reconhece que a Palavra sempre nos transcende, que somos, «não os árbitros nem os proprietários, mas os depositários, os arautos e os servidores».[iii]
Esta atitude de humilde e deslumbrada veneração da Palavra exprime-se detendo-se a estudá-la com o máximo cuidado e com um santo temor de a manipular.
Para se poder interpretar um texto bíblico, faz falta paciência pôr de parte toda a ansiedade e atribuir-lhe tempo, interesse e dedicação gratuita. Há que pôr de lado qualquer preocupação que nos inquiete, para entrar noutro âmbito de serena atenção.
Não vale a pena dedicar-se a ler um texto bíblico, se aquilo que se quer obter são resultados rápidos, fáceis ou imediatos.
Por isso, a preparação da pregação requer amor.
Uma pessoa só dedica um tempo gratuito e sem pressa às coisas ou às pessoas que ama; e aqui trata-se de amar a Deus, que quis falar. A partir deste amor, uma pessoa pode deter-se todo o tempo que for necessário, com a atitude dum discípulo: «Fala, Senhor; o teu servo escuta»[iv].

147. Em primeiro lugar, convém estarmos seguros de compreender adequadamente o significado das palavras que lemos.
Quero insistir em algo que parece evidente, mas que nem sempre é tido em conta: o texto bíblico, que estudamos, tem dois ou três mil anos, a sua linguagem é muito diferente da que usamos agora.
Por mais que nos pareça termos entendido as palavras, que estão traduzidas na nossa língua, isso não significa que compreendemos correctamente tudo quanto o escritor sagrado queria exprimir.

São conhecidos os vários recursos que proporciona a análise literária: prestar atenção às palavras que se repetem ou evidenciam, reconhecer a estrutura e o dinamismo próprio dum texto, considerar o lugar que ocupam os personagens, etc.
Mas o objectivo não é o de compreender todos os pequenos detalhes dum texto; o mais importante é descobrir qual é a mensagem principal, a mensagem que confere estrutura e unidade ao texto.
Se o pregador não faz este esforço, é possível que também a sua pregação não tenha unidade nem ordem; o seu discurso será apenas uma súmula de várias ideias desarticuladas que não conseguirão mobilizar os outros.

A mensagem central é aquela que o autor quis primariamente transmitir, o que implica identificar não só uma ideia mas também o efeito que esse autor quis produzir.
Se um texto foi escrito para consolar, não deveria ser utilizado para corrigir erros; se foi escrito para exortar, não deveria ser utilizado para instruir; se foi escrito para ensinar algo sobre Deus, não deveria ser utilizado para explicar várias opiniões teológicas; se foi escrito para levar ao louvor ou ao serviço missionário, não o utilizemos para informar sobre as últimas notícias.

148. É verdade que, para se entender adequadamente o sentido da mensagem central dum texto, é preciso colocá-lo em ligação com o ensinamento da Bíblia inteira, transmitida pela Igreja.
Este é um princípio importante da interpretação bíblica, que tem em conta que o Espírito Santo não inspirou só uma parte, mas a Bíblia inteira, e que, nalgumas questões, o povo cresceu na sua compreensão da vontade de Deus a partir da experiência vivida.
Assim se evitam interpretações equivocadas ou parciais, que contradizem outros ensinamentos da mesma Escritura.
Mas isto não significa enfraquecer a acentuação própria e específica do texto que se deve pregar.
Um dos defeitos de uma pregação enfadonha e ineficaz é precisamente não poder transmitir a força própria do texto que foi proclamado.

A personalização da Palavra

149. O pregador «deve ser o primeiro a desenvolver uma grande familiaridade pessoal com a Palavra de Deus: não lhe basta conhecer o aspecto linguístico ou exegético, sem dúvida necessário; precisa de se abeirar da Palavra com o coração dócil e orante, a fim de que ela penetre a fundo nos seus pensamentos e sentimentos e gere nele uma nova mentalidade».[v]

Faz-nos bem renovar, cada dia, cada domingo, o nosso ardor na preparação da homilia, e verificar se, em nós mesmos, cresce o amor pela Palavra que pregamos.
É bom não esquecer que, «particularmente, a maior ou menor santidade do ministro influi sobre o anúncio da Palavra».[vi]
Como diz São Paulo, «falamos, não para agradar aos homens, mas a Deus que põe à prova os nossos corações»[vii].
Se está vivo este desejo de, primeiro, ouvirmos nós a Palavra que temos de pregar, esta transmitir-se-á duma maneira ou doutra ao povo fiel de Deus: «A boca fala da abundância do coração»[viii].
As leituras do Domingo ressoarão com todo o seu esplendor no coração do povo, se primeiro ressoarem assim no coração do Pastor.

150. Jesus irritava-Se com pretensiosos mestres, muito exigentes com os outros, que ensinavam a Palavra de Deus mas não se deixavam iluminar por ela: «Atam fardos pesados e insuportáveis e colocam-nos aos ombros dos outros, mas eles não põem nem um dedo para os deslocar» (Mt 23, 4)[ix].

E o Apóstolo São Tiago exortava «Meus irmãos, não haja muitos entre vós que pretendam ser mestres, sabendo que nós teremos um julgamento mais severo»[x].

Quem quiser pregar, deve primeiro estar disposto a deixar-se tocar pela Palavra e fazê-la carne na sua vida concreta.

Assim, a pregação consistirá na actividade tão intensa e fecunda que é «comunicar aos outros o que foi contemplado».[xi]
Por tudo isto, antes de preparar concretamente o que vai dizer na pregação, o pregador tem que aceitar ser primeiro trespassado por essa Palavra que há-de trespassar os outros, porque é uma Palavra viva e eficaz, que, como uma espada, «penetra até à divisão da alma e do corpo, das articulações e das medulas, e discerne os sentimentos e intenções do coração»[xii].
Isto tem um valor pastoral.
Mesmo nesta época, a gente prefere escutar as testemunhas: «Tem sede de autenticidade (...), reclama evangelizadores que lhe falem de um Deus que eles conheçam e lhes seja familiar como se eles vissem o invisível».[xiii]

151. Não nos é pedido que sejamos imaculados, mas que não cessemos de melhorar, vivamos o desejo profundo de progredir no caminho do Evangelho, e não deixemos cair os braços.

Indispensável é que o pregador esteja seguro de que Deus o ama, de que Jesus Cristo o salvou, de que o seu amor tem sempre a última palavra.
À vista de tanta beleza, sentirá muitas vezes que a sua vida não lhe dá plenamente glória e desejará sinceramente corresponder melhor a um amor tão grande.
Todavia, se não se detém com sincera abertura a escutar esta Palavra, se não deixa que a mesma toque a sua vida, que o interpele, exorte, mobilize, se não dedica tempo para rezar com esta Palavra, então na realidade será um falso profeta, um embusteiro ou um charlatão vazio.
Em todo o caso, desde que reconheça a sua pobreza e deseje comprometer-se mais, sempre poderá dar Jesus Cristo, dizendo como Pedro: «Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho, isto te dou» (Act 3, 6)[xiv].
O Senhor quer servir-Se de nós como seres vivos, livres e criativos, que se deixam penetrar pela sua Palavra antes de a transmitir; a sua mensagem deve passar realmente através do pregador, e não só pela sua razão, mas tomando posse de todo o seu ser.
O Espírito Santo, que inspirou a Palavra, é quem «hoje ainda, como nos inícios da Igreja, age em cada um dos evangelizadores que se deixa possuir e conduzir por Ele, e põe na sua boca as palavras que ele sozinho não poderia encontrar».[xv]

A leitura espiritual

152. Há uma modalidade concreta para escutarmos aquilo que o Senhor nos quer dizer na sua Palavra e nos deixarmos transformar pelo Espírito: designamo-la por «lectio divina».
Consiste na leitura da Palavra de Deus num tempo de oração, para lhe permitir que nos ilumine e renove.

Esta leitura orante da Bíblia não está separada do estudo que o pregador realiza para individuar a mensagem central do texto; antes pelo contrário, é dela que deve partir para procurar descobrir aquilo que essa mesma mensagem tem a dizer à sua própria vida.
A leitura espiritual dum texto deve partir do seu sentido literal.
Caso contrário, uma pessoa facilmente fará o texto dizer o que lhe convém, o que serve para confirmar as suas próprias decisões, o que se adapta aos seus próprios esquemas mentais.
E isto seria, em última análise, usar o sagrado para proveito próprio e passar esta confusão para o povo de Deus.
Nunca devemos esquecer-nos de que, por vezes, «também Satanás se disfarça em anjo de luz»[xvi].

153. Na presença de Deus, numa leitura tranquila do texto, é bom perguntar-se, por exemplo: «Senhor, a mim que me diz este texto?
 Com esta mensagem, que quereis mudar na minha vida?
Que é que me dá fastídio neste texto?
Porque é que isto não me interessa?»;
ou então:
«De que gosto?
Em que me estimula esta Palavra?
Que me atrai?
E porque me atrai?».

Quando se procura ouvir o Senhor, é normal ter tentações.
Uma delas é simplesmente sentir-se chateado e acabrunhado e dar tudo por encerrado; outra tentação muito comum é começar a pensar naquilo que o texto diz aos outros, para evitar de o aplicar à própria vida.
Acontece também começar a procurar desculpas, que nos permitam diluir a mensagem específica do texto.
Outras vezes pensamos que Deus nos exige uma decisão demasiado grande, que ainda não estamos em condições de tomar.
Isto leva muitas pessoas a perderem a alegria do encontro com a Palavra, mas isso significaria esquecer que ninguém é mais paciente do que Deus Pai, ninguém compreende e sabe esperar como Ele. Deus convida sempre a dar um passo mais, mas não exige uma resposta completa, se ainda não percorremos o caminho que a torna possível.
Apenas quer que olhemos com sinceridade a nossa vida e a apresentemos sem fingimento diante dos seus olhos, que estejamos dispostos a continuar a crescer, e peçamos a Ele o que ainda não podemos conseguir.

(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)





[i] cf. Rm 12, 1
[ii] Paulo VI, Exort. ap. Evangelii nuntiandi (8 de Dezembro de 1975), 78: AAS 68 (1976), 71.
[iii] Ibid., 78: o. c., 71.
[iv] 1 Sam 3, 9
[v] : 115 João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis (25 de Março de 1992), 26: AAS 84 (1992), 698.
[vi] Ibid., 25: o. c., 696.
[vii] 1 Ts 2, 4
[viii] Mt 12, 34
[ix] Mt 12, 34
[x] 3, 1
[xi] São Tomás de Aquino, Summa theologiae II-II, q. 188, a. 6.
[xii] Heb 4, 12
[xiii] Paulo VI, Exort. ap. Evangelii nuntiandi (8 de Dezembro de 1975), 76: AAS 68 (1976), 68.
[xiv] Heb 4, 12
[xv] Ibid., 75: o. c., 65.
[xvi] 2 Cor 11, 14

O que há de humano no tempo pós-humano que se está a forjar? 1

Perspectiva
Há uma guerra de gigantes de que não se fala, porque não dá espectáculo, não faz mortos em campos de guerra, não tem câmaras de televisão por diante. É a guerra pelo controlo do desenvolvimento da inteligência artificial. No entanto, o seu controlo absoluto por parte de algumas poderosas multinacionais, deixa-nos profundas inquietações sobre o nosso presente e sobre o nosso futuro imediato.
É preciso reabrir em permanência, com determinação e persistência, a questão do rumo que a sociedade de hoje está a seguir.

Vivemos mergulhados numa economia em que 1% da humanidade detém mais de metade da riqueza mundial, segundo o Global Wealth Report 2014. Há cerca de 200 milhões de desempregados no mundo, sendo 75 milhões deles menores de 25 anos, além de 839 milhões de trabalhadores que vive com menos de 2 dólares por dia, segundo a Organização Internacional do trabalho.

Os Estados nacionais, enfrentando várias dificuldades, com sérios problemas de dívidas públicas e de défices e a braços com quedas demográficas enormes e com um crescente envelhecimento da população, parecem estar desfocados de algumas questões fulcrais sobre o presente e o futuro da humanidade.

Gigantes como a Google, a Apple, a ALIBABA, o Facebook e a Amazon que investem cada vez mais em empresas de robótica, estão a fabricar diariamente robôs que saberão tudo sobre nós e nos encontrarão em qualquer lugar da Terra, como afirma E. Tétreau (2014). A crescente digitalização da economia faz com que detenham mais capacidade financeira e mais poder de investigação de ponta do que a maioria dos Estados nacionais.

(cont)


joaquim azevedo, Universidade Católica Portuguesa, Secretariado Diocesano da Pastoral da Cultura (Porto) 

Reflectindo na Quaresma 7


Sofrimento


Espero a consulta médica. Queixo-me, dói-me!

Penso em tantos que sofrem e não se queixam nem perdem a paciência.

A dor e a paciência andam de mãos dadas, melhor devem andar.

É difícil mas  extraordinariamente meritório.

Nesta Quaresma penso no Senhor, Homem de Dores, a Quem não Se ouviu um queixume nem Se viu um gesto de revolta ou enfado.

Com extrema paciência tudo suportou.

Por Amor!

Concluo que:
  • A paciência é necessária no sofrimento;
  • Não pode haver paciência sem amor;
  • É necessário amar o sofrimento!



(ama, reflectindo na Quaresma, 2015.03.10)

Temas para meditar 392

Paciência 




O Senhor não interroga o paralítico para saber – era supérfluo, mas para salientar a paciência daquele homem que, durante trinta e oito anos, sem cessar, insistiu, esperando ver-se livre da sua doença.[i] 


(s. joão crisóstomo, Homílias sobre o Evangelho de S. João, 36


[i] Cfr. Jo 5, 1-16

O que é o pecado? 4

Pecado original, pessoal, venial, mortal, capital... O que é que tudo isso quer dizer?

E os pecados capitais, onde é que entram?

Os pecados capitais requerem especial atenção porque são causa de outros pecados.
Podem ser veniais ou mortais, dependendo das condições explicadas acima. Sempre, porém, são "cabeças" de novos pecados e é daí que vem o termo "capital". São sete:

- Soberba: a estima exagerada de si mesmo e o desprezo pelos outros.
- Avareza: o desejo desmesurado de dinheiro e de posses.
- Luxúria: o apetite e uso desordenado do prazer sexual.
- Ira: o impulso desordenado a reagir com raiva contra alguém ou algo.
- Preguiça: a falta de vontade no cumprimento do dever e no uso do ócio.
- Inveja: a tristeza pelo bem do próximo, considerado como mal próprio.
- Gula: a busca excessiva do prazer pelos alimentos e pela bebida.


(cont)

Fonte: ALETEIA


(Revisão da versão portuguesa por ama)

Pequena agenda do cristão

Sexta-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:

Contenção; alguma privação; ser humilde.


Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.

Lembrar-me:
Filiação divina.

Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?



Jesus Cristo e a Igreja – 59

Celibato eclesiástico: História e fundamentos teológicos [i]


A fragmentação do sistema disciplinar no Oriente

Isso leva-nos ao ponto central na história do celibato ministerial na Igreja Bizantina e nas Igrejas Orientais a ela associadas. Algumas considerações preliminares ajudarão a entender a questão corretamente.
Como vimos até agora, um compromisso tão oneroso, humanamente falando, como o celibato, sempre teve que pagar ao longo da história o tributo da debilidade humana. Já Santo Ambrósio de Milão o testemunhou, afirmando que nem sempre correspondia o cumprimento com o preceito, sobretudo nas regiões mais remotas; também no Ocidente, o mesmo assinalava Epifânio de Salamina falando do Oriente. Adverte-se, portanto, com claridade que há uma necessidade de permanente atenção e uma ajuda constante para manter essa prática. No Ocidente, os Concílios regionais e os Papas não cessaram de intervir, exortando à observância do celibato e para sustentá-la em todas as suas formas, garantindo o cumprimento do compromisso assumido, tão necessário para a Igreja.
Tudo indica, porém, que essa atenção constante se perdeu no Oriente. Isso pode ser comprovado, por um lado, pela história dos Concílios regionais orientais. Certamente se pode notar o efeito benéfico dos esforços comuns a toda a Igreja Universal, presentes nos Concílios Ecuménicos convocados no primeiro milénio, no Oriente. Mas esses esforços se referem especialmente a questões dogmáticas e doutrinais. Os problemas disciplinares e de natureza pastoral eram enviados às assembleias das Igrejas particulares, tanto para responder às diferentes circunstâncias das diferentes regiões, como, sobretudo, por razão da organização patriarcal (Constantinopla, Antioquia, Alexandria, Jerusalém). Isso dava, e implicava, certa autonomia de governo, ainda mais acentuada pela separação de muitas Igrejas particulares, vítimas em maior ou menor grau de heresias, especialmente cristológicas, que agitavam o Oriente. Por essa razão, o Oriente como tal, não pode chegar a uma atitude sistematicamente concordada em questões disciplinares, nem sequer sobre questões comuns de disciplina geral eclesiástica, como o celibato dos ministros sagrados. Cada Igreja particular emanava suas próprias regras, muitas vezes diferentes, em função da diversidade de convicções.

(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)




[i] Card. alfons m. stickler, Cardeal Diácono de São Giorgio in Velabro