Formação na doutrina da
Igreja
34.
Assim, o nosso Fundador sintetizou, em frase expressiva, a actividade
fundamental da Obra: «dar doutrina». Daí o esforço constante e gozoso para assegurar
aos fiéis da Prelatura o alimento da formação, especialmente no seu aspecto
doutrinal-religioso. Penso no gozo do nosso Padre, ao contemplar do Céu como
continuamente essas aulas, de acordo com os planos e necessidades de cada
lugar. A todos vós recordo o que nos repetia insistentemente, para que nos
ficasse profundamente gravado: «Ponde muito empenho em assimilar a doutrina que
se vos dá, de maneira que não fique estagnada; e senti a necessidade e o
agradável dever de levar a outras mentes a formação que recebeis, para que dê
frutos de boas obras, cheias de rectidão, também nos corações doutras pessoas» [59].
Para
servir, servir, comentava muito frequentemente S. Josemaria, utilizando os
diversos significados deste verbo servir: ser útil aos outros e ter capacidade
real para enfrentar as diferentes circunstâncias. Resumia nesta frase a
importância de nos prepararmos bem, em todos os terrenos, desejosos de prestar
uma efectiva colaboração aos planos de Deus e da Igreja. «Para poder servir as
almas, temos de servir nós primeiro, quer dizer formar-nos. Se não, não seremos
bons instrumentos, não servimos» [60]. Aplicando à nossa finalidade
apostólica: só serve o que tem e cultiva uma fé viva e esclarecida, porque só a
partir dessa fé pode servir o apostolado da Obra e a formação doutrinal dos
outros.
Convencido
desta perene necessidade, S. Josemaria fixou as pautas para a formação
doutrinal-religiosa dos fiéis da Obra e desenvolveu-as paulatinamente.
Examinemos no nosso trato com o Senhor o que ininterruptamente nos expunha.
«Os fins que nos propomos corporativamente são a santidade e o apostolado. E
para alcançar estes fins necessitamos, acima de tudo, de uma formação. Para a
nossa santidade, doutrina; e para o apostolado, doutrina. E para a doutrina, tempo,
em lugar oportuno, com os meios adequados. Não esperemos umas iluminações
extraordinárias de Deus, que não tem de no-las conceder, quando nos dá uns
meios humanos concretos: o estudo, o trabalho. Há que formar-se, há que
estudar» [61].
O
Paráclito, que habita nas almas em graça, com o Pai e o Filho, é
verdadeiramente, para aqueles que ouvem a sua voz e são dóceis às suas
inspirações, o que faz «penetrar no espírito e no coração dos homens os
ensinamentos de Jesus» [62]. O próprio Jesus Lhe chamou Espírito da
verdade, e assegurou-nos: quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade,
ensinar-vos-á toda a verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá o que
ouvir (…). Ele me glorificará, porque receberá do que é meu, e vo-lo anunciará.
(Jo 16, 13-14). E o Santo Padre João Paulo II comentando estes textos do
Evangelho, ensinava: «Se Jesus disse de si mesmo: “Eu sou a Verdade” (Jo 14,
6), é estaa verdade de Cristo que o Espírito Santo faz conhecer e difunde
(...). O Espírito é Luz da alma: Lumen Córdium, como O invocamos na sequência
de Pentecostes» [63].
Os
cristãos podemos sentir-nos mais livres do que ninguém, se não permitirmos que
nos arrastem as tendências caducas do momento. A Igreja incentiva os seus
filhos a comportarem-se como «cidadãos católicos responsáveis e consequentes,
de modo que o cérebro e o coração de cada um de nós não vão díspares, cada um
por seu lado, mas concordes e firmes, para fazer em todo o momento o que se vê
claramente que é preciso fazer, sem se deixar arrastar, por falta de
personalidade e de lealdade para com a consciência, por tendências ou modas
passageiras: para que não sejamos crianças que flutuam e se deixam levar
agitadas por qualquer sopro de doutrina ao capricho da malignidade dos homens e
de seus artifícios enganadores (Ef 4, 14)» [64].
Copyright © Prælatura Sanctæ Crucis et
Operis Dei
Nota: Publicação devidamente
autorizada
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Notas:
[58]
Bento XVI, Homilia nas Vésperas da Festa da Conversão de S. Paulo, 25-I-2006.
[59]
S. Josemaria, Carta 9-I-1959, n. 34.
[60]
S. Josemaria, Notas de uma reunião familiar, 6-V-1968.
[61]
S. Josemaria, Notas de uma meditação, 21-XI-1954.
[62]
Beato João Paulo II, Discurso na audiência geral, 24-IV-1991.
[63]
Beato João Paulo II, Discurso na audiência geral, 24-IV-1991.
[64]
S. Josemaria, Carta 6-V-1945, n. 35.