06/06/2019

Junho mês do coração


Quanto pesa o meu coração

Assim, de repente, pareceu-me uma questão importante: saber quanto pesa o meu coração, mas, não só, o seu volume, a sua capacidade.

Por uma lógica qualquer que resolvi inventar achei que poderia relacionar estes parâmetros com o “tamanho” do meu amor, ou, melhor dizendo, talvez, a minha capacidade de amar.

Recordo que São Filipe de Néri teve uma dilatação no seu coração – causada por um arrobo do Amor a Deus - que passou a ter três vezes o tamanho inicial não cabendo na cavidade do peito.

Reparo agora, como não podia deixar de ser, no disparate: o que tem uma coisa a ver com a outra!

Aliás… nem me interessa se tenho um coração grande ou pequeno mas sim que esteja completamente cheio de Amor.

Claro, é intencional!

Oferecendo-o totalmente ao Senhor, ficará vazio e disponível para que o encha com o Amor d’Ele.

AMA, reflexão, Junho 2019

Evangelho e comentário


TEMPO DE PÁSCOA



Evangelho: Jo 17, 20-26

20 Não rogo só por eles, mas também por aqueles que hão-de crer em mim, por meio da sua palavra, 21 para que todos sejam um só, como Tu, Pai, estás em mim e Eu em ti; para que assim eles estejam em Nós e o mundo creia que Tu me enviaste. 22 Eu dei-lhes a glória que Tu me deste, de modo que sejam um, como Nós somos Um. 23 Eu neles e Tu em mim, para que eles cheguem à perfeição da unidade e assim o mundo reconheça que Tu me enviaste e que os amaste a eles como a mim. 24 Pai, quero que onde Eu estiver estejam também comigo aqueles que Tu me confiaste, para que contemplem a minha glória, a glória que me deste, por me teres amado antes da criação do mundo. 25 Pai justo, o mundo não te conheceu, mas Eu conheci-te e estes reconheceram que Tu me enviaste. 26 Eu dei-lhes a conhecer quem Tu és e continuarei a dar-te a conhecer, a fim de que o amor que me tiveste esteja neles e Eu esteja neles também.»

Comentário:

Só a união faz a força!

E que união será esta?

A que Jesus quer e deseja de tal modo a considera importante que deu a Sua vida por ela.

E de que força ser trata?

A força da filiação divina, da família de Deus Nosso Senhor que nos leva a todos os homens a lutar por uma só coisa:  a salvação eterna.


Juntos, unidos, será muito mais fácil porque o irmão que ajuda o irmão é como uma cidade amuralhada e as forças do mal nada poderão contra ela.


(AMA, comentário sobre Jo 17, 20-26, 17.05.2013)

El Reto del Amor








por El Reto Del Amor

Temas para reflectir e meditar

Vitimizar-se

Quem se arma em vítima utiliza o seu sofrimento para censurar os outros ou então para se colocar acima deles.
Com isso fica, no entanto, cego, em relação às suas próprias agressividades.
O seu sofrimento é a expressão da agressão contra si próprio e contra as pessoas e dele não tem nada de curativo, mas sim a confusão e a fragmenta­-o.

(anselm grunA incompreensível existência de Deus, Paulinas, p. 49)


Pequena agenda do cristão

Quinta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Participar na Santa Missa.


Senhor, vendo-me tal como sou, nada, absolutamente, tenho esta percepção da grandeza que me está reservada dentro de momentos: Receber o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do Rei e Senhor do Universo.
O meu coração palpita de alegria, confiança e amor. Alegria por ser convidado, confiança em que saberei esforçar-me por merecer o convite e amor sem limites pela caridade que me fazes. Aqui me tens, tal como sou e não como gostaria e deveria ser.
Não sou digno, não sou digno, não sou digno! Sei porém, que a uma palavra Tua a minha dignidade de filho e irmão me dará o direito a receber-te tal como Tu mesmo quiseste que fosse. Aqui me tens, Senhor. Convidaste-me e eu vim.


Lembrar-me:
Comunhões espirituais.


Senhor, eu quisera receber-vos com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu Vossa Santíssima Mãe, com o espírito e fervor dos Santos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?






Saber-se nada diante de Deus


Grande coisa é saber-se nada diante de Deus, porque é assim mesmo. (Sulco, 260)

Deixa-me que te recorde, entre outros, alguns sinais evidentes de falta de humildade:

– pensar que o que fazes ou dizes está mais bem feito ou mais bem dito do que o que os outros fazem ou dizem;

– querer levar sempre a tua avante;

– discutir sem razão ou, quando a tens, insistir com teimosia e de maus modos;

– dar a tua opinião sem ta pedirem ou sem a caridade o exigir;

– desprezar o ponto de vista dos outros;

– não encarar todos os teus dons e qualidades como emprestados;

– não reconhecer que és indigno de toda a honra e estima, inclusive da terra que pisas e das coisas que possuis;

– citar-te a ti mesmo como exemplo nas conversas;

– falar mal de ti mesmo, para fazerem bom juízo de ti ou te contradizerem;

– desculpar-te quando te repreendem;

– ocultar ao Director algumas faltas humilhantes, para que não perca o conceito que faz de ti;

– ouvir com complacência quem te louva, ou alegrar-te por terem falado bem de ti;

– doer-te que outros sejam mais estimados do que tu;

– negar-te a desempenhar ofícios inferiores;

– procurar ou desejar singularizar-te;

– insinuar na conversa palavras de louvor próprio, ou que dão a entender a tua honradez, o teu engenho ou destreza, o teu prestígio profissional...;

– envergonhar-te por careceres de certos bens... (Sulco, 263)

Leitura espiritual


CARTA ENCÍCLICA

HAURIETIS AQUAS

DO SUMO PONTÍFICE PAPA PIO XII
AOS VENERÁVEIS IRMÃOS PATRIARCAS, PRIMAZES,
ARCEBISPOS E BISPOS E OUTROS ORDINÁRIOS DO LUGAR
EM PAZ E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA

SOBRE O CULTO DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS


II

LEGITIMIDADE DO CULTO AO SANTÍSSIMO CORAÇÃO DE JESUS
SEGUNDO A DOUTRINA DO NOVO TESTAMENTO E DA TRADIÇÃO

20. Com efeito, o mistério da divina redenção é, antes de tudo e pela sua própria natureza, um mistério de amor:

Isto é, um mistério de amor justo da parte de Cristo para com Seu Pai celeste, a quem o sacrifício da cruz, oferecido com coração amante e obediente, apresenta uma satisfação superabundante e infinita pelos pecados do género humano:

Cristo, sofrendo por caridade e obediência, ofereceu à Deus alguma coisa de valor maior do que o exigia a compensação por todas as ofensas feitas a Deus pelo género humano.[1]

Além disso, o mistério da redenção é um mistério de amor misericordioso da augusta Trindade e do divino Redentor para com a humanidade inteira, visto que, sendo esta totalmente incapaz de oferecer a Deus uma satisfação condigna pelos seus próprios delitos,[2] mediante a imperscrutável riqueza de méritos que nos ganhou com a efusão do seu precioso sangue, Cristo pode restabelecer e aperfeiçoar aquele pacto de amizade entre Deus e os homens violado pela primeira vez no paraíso terrestre por culpa de Adão e depois, inúmeras vezes, pela infidelidade do povo escolhido.

Portanto, havendo na Sua qualidade de nosso legítimo e perfeito mediador, e sob o estímulo de uma caridade energética para connosco, conciliando as obrigações e compromissos do género humano com os direitos de Deus, o divino Redentor foi, sem dúvida, o autor daquela maravilhosa reconciliação entre a justiça divina e a divina misericórdia, a qual justamente constitui a absoluta transcendência do mistério da nossa salvação, tão sabiamente expresso pelo doutor angélico com estas palavras:

"Convém observar que a libertação do homem, mediante a paixão de Cristo, foi conveniente tanto para a justiça como para a misericórdia do mesmo Cristo. Antes de tudo para a justiça, porque com a sua paixão Cristo satisfez pela culpa do gênero humano, e, por conseguinte, pela justiça de Cristo foi o homem libertado. E, em segundo lugar, para a misericórdia, porque, não sendo possível ao homem satisfazer pelo pecado, que manchava toda a natureza humana, deu-lhe Deus um reparador na pessoa de seu Filho. Ora, isto foi, da parte de Deus, um gesto de mais generosa misericórdia do que se ele houvesse perdoado os pecados sem exigir qualquer satisfação. Por isso está escrito:

'Deus, que é rico em misericórdia, movido pelo excessivo amor com que nos amou quando estávamos mortos pelos pecados, deu-nos vida juntamente em Cristo'" [3].[4]

2) Tríplice amor do Redentor para com o género humano: divino, espiritual e sensível

21. Mas, a fim de, na medida que isso é dado aos homens mortais, poderdes "compreender com todos os santos qual é a largura e comprimento, a altura e profundidade" [5] da insondável caridade do Verbo encarnado para com seu Pai celestial e para com os homens manchados de tantas culpas, convém ter bem presente que o amor não foi unicamente espiritual, como convém a Deus, visto que "Deus é espírito"[6].

Indubitavelmente, de índole puramente espiritual foi o amor nutrido por Deus para com nossos progenitores e para com o povo hebreu; por isso, as expressões de amor humano, quer conjugal, quer paterno, que se lêem nos Salmos, nos escritos dos profetas e no Cântico dos Cânticos, são indícios e símbolos de um amor verdadeiros mas totalmente espiritual, com que Deus amava o género humano; ao contrário, o amor que se exala do Evangelho, das cartas dos apóstolos e das páginas do Apocalipse, onde se descreve o amor do Coração de Jesus, não compreende somente a caridade divina, mas estende-se também aos sentimentos do afecto humano.

Para todo aquele que faz profissão de fé católica, essa verdade é indiscutível.

Com efeito, o Verbo de Deus não tomou um corpo ilusório e fictício; como já no primeiro século da era cristã ousaram afirmar alguns hereges, que atraíram a severa condenação do apóstolo João:

"Porque muitos sedutores que não confessam a Jesus Cristo encarnado espalham-se pelo mundo. Este é o Sedutor, o Anticristo"[7]; porém ele, o Verbo de Deus, uniu à Sua divina pessoa uma natureza humana indivídua, íntegra e perfeita, concebida no seio imaculado de Maria Virgem por obra do Espírito Santo[8].

Nada, pois, faltou à natureza humana assumida pelo Verbo de Deus; em verdade, ele a possui sem nenhuma diminuição, sem nenhuma alteração, tanto nos elementos constitutivos espirituais quanto nos corporais, a saber:

Dotada de inteligência de vontade e demais faculdades cognoscitivas internas e externas;
Dotada igualmente das potências afectivas, sensitivas e das suas correspondentes paixões.

É isso o que ensina a Igreja católica, por estar sancionado e solenemente confirmado pelos romanos pontífices e pelos concílios ecuménicos:

"Inteiro nas suas propriedades, inteiro nas nossas";[9]
"Perfeito na divindade e Ele próprio perfeito na humanidade";[10]
"Todo Deus (feito) homem e todo o homem (subsistente em) Deus".[11]

22. Não havendo, pois, dúvida alguma de que Jesus possuía um verdadeiro corpo humano, dotado de todos os sentimentos que lhe são próprios, entre os quais campeia o amor, do mesmo modo é muito verdade que ele foi provido de um coração físico em tudo semelhante ao nosso, não sendo possível que a vida humana, privada deste excelentíssimo membro do corpo, tenha a sua natural atividade afectiva. Por conseguinte, o coração de Cristo, unido hipostaticamente à pessoa divina do Verbo, sem dúvida deve ter palpitado de amor e de qualquer outro afecto sensível; contudo, esses sentimentos eram tão conformes e estavam tão em harmonia com a vontade humana, transbordante de caridade divina, e com o próprio amor infinito que o Filho tem com o Pai e com o Espírito Santo, que jamais se interpôs a mínima oposição e discórdia entre esses três amores.[12]

23. Todavia, o facto de o Verbo de Deus ter assumido a verdadeira e perfeita natureza humana, e de lhe ter sido plasmado e como que modelado um coração de carne que, não menos do que o nosso, fosse capaz de sofrer e de ser ferido, esse facto, digamos, se não é visto e considerado à luz que emana não só da união hipostática e substancial, mas também da verdade da redenção humana, que é, por assim dizer, o complemento daquela, a alguns poderia parecer "escândalo" e "loucura", como de facto aos judeus e gentios pareceu "Cristo crucificado"[13].

Ora, os símbolos da fé, perfeitamente concordes com as divinas Escrituras, asseguram-nos que o Filho unigénito de Deus assumiu a natureza passível e mortal com a mira posta principalmente no sacrifício cruento da cruz, que Ele desejava oferecer com o fim de realizar a obra da salvação do homem.

Além disso, esta é a doutrina exposta pelo Apóstolo das gentes:

"Porque aquele que santifica, e os santificados, todos tiram de um a sua origem. Razão pela qual ele não tem escrúpulos de chamá-los irmãos, dizendo: 'Anunciarei teu nome a meus irmãos...' Outrossim: `Eis-nos aqui, eu e meus filhos que Deus me deu'. E por isso que os filhos têm comuns a carne e o sangue, ele também participou das mesmas coisas... Pelo que, em tudo teve de se assemelhar a seus irmãos, a fim de ser um pontífice misericordioso e fiel para com Deus, em ordem a expiar os pecados do povo. Já que, em razão de haver ele mesmo padecido e de ter sido tentado, pode também dar a mão aos que são tentados"[14].


PIO PP. XII.


(Revisão da versão portuguesa por AMA)



Notas:



[1] Summa Theol., III, q. 48. a. 2 ; ed. Leon. t. XI,1903, p. 464.
[2] Cf. Enc. Miserentissimus Redemptor; AAS 20(1928), p.170.
[3] Ef 2, 4
[4] Summa Theol., III, q. 46, a. l ad 3; ed. Leon., t. XI,1903, p. 436.
[5] Ef 3,18
[6] Jo 4,24
[7] 2 Jo 7
[8] cf. Lc 1,35
[9] S. Leão Magno, Epist. dogm: "Lectis dilectionis tuae" ad Flavianum Const. Patr. de 13 de Junho de 449; cf. PL 54, 763.
[10] S. Gelasio Papa, Tract. III: "Necessarium" De duabus naturis in Christo, cf. A. Thiel, Epist. rom. pont, a s. Hilaro usque ad Pelagium II, p. 532.
[12] Cf. s. Tomás, Summa theol., III, q. 15, a. 4; q. 18, a. 6; ed. Leon. t. Xl, 1903, pp.189 e 237.
[13] cf. 1 Cor 1, 23
[14] Hb 2, 11-14; 17-18