27/01/2007

A FESTA

Oh, deixa lá, Senhor, os meus pecados!
Vamos fazer a festa de quem se ama!
Que importa que este mundo seja lama
e lama eu também! Se há desgraçados
que não querem amar nem ser amados
nem saber desta sorte e desta chama
não nos privam da luz que se derrama
do nosso amor real de enamorados!
Se eu não presto, que importa, meu Amor?
Se atraiçoei, isso que importa agora?
Fui outro Pedro? Mas amo-Te, Senhor
e sou amado por Ti, tão bem me queres!
Então façamos festa nesta hora
e depois faz de mim o que quiseres!

P. Dr. Hugo de Azevedo, in "Poemas imperfeitos"

26/01/2007

POEMA PARA A PRIMAVERA

Jesus,
Se Tu quiseres fazer Teus pessegueiros florescerem para mim,
E debruar de ambos os lados a estrada que cavalgo
Com ousadas tulipas de carmim,
Se Tu quiseres fazer os Teus céus tão azuis
Como os de Itália, de onde vim,
E despertares as pequenas folhas que dormem
Em cada árvore de marfim,
Eu prometo não importunar-Te
Para que faças enfim
Do céu o meu lar,
Mais, bem contente de mim,
Serei um pajem trovador,
No Teu jardim.
Senhor!

Canção de viajante de um pagem do século XIII, de William Alexander Percy, traduzida do original inglês por D. Marcos Barbosa, O.S.B.

25/01/2007

PAZ

Se houver nobreza no coração, haverá beleza no carácter.
Se houver beleza no carácter, haverá harmonia no lar.
Se houver harmonia no lar, haverá ordem no país.
Quando houver ordem na nação, haverá paz no mundo.
Provérbio chinês, citado no Sunshine Magazine.

20/01/2007

Lição de vida

Estive lá, em casa do Pedro, ontem à noite.
A Zeca parece uma sombra deformada de uma mulher alta, de constituição atlética...talvez tenha diminuido uns vinte centímetros, move-se com extrema dificuldade, sustenta-se apenas graças a uma espécie de arnês que lhe mantém o tronco, não a prumo, mas possívelmente unido ao resto do frágil corpo.
Mas, a Zeca, não vive no corpo devastado pela doença, vive nos olhos que mantêm o fulgor da ansiedade criativa, da cabeça sempre fervilhando com ideias, projectos, pinturas, exposições, coisas para fazer...muitas coisas para fazer.
Naquelas três horas, ontem à noite, não a ouvi queixar-se uma única vez!
O Pedro, olha para nós, com um olhar sereno e consciente. Sem receio e, estranhamente confiante.
Vim de lá envergonhado por todas as vezes que me queixo de coizitas sem importância.