12/10/2018

Temas para reflectir e meditar

Formação humana e cristã – 78

Da boca não me sai uma palavra, do pensamento uma ideia, parece que estou vazio por dentro e, no entanto não posso deixar de falar contigo, de Te interpelar uma e outra vez sem receio de Te maçar com as minhas questõezinhas, os meus raciocínios anquilosados e, sem dúvida, os meus desejos de elevação.
Não me preocupo, sei que tens muito que fazer mas, como para Ti não há tempo, não Te tiro tempo nenhum.
Bom! Que quero, afinal, dizer-Te que não pode esperar por um outro momento qualquer?
Pois… aí é que está o problema porque o que eu queria, a sério, era estar na conversa contigo o dia inteiro sem intervalos nem pausas!
Mas encontro, pobre de mim, este desejo de Te dizer coisas bonitas, elaboradas. E Tu, ris-Te porque eu, mais uma vez, não entendo nada.
Não, eu sei que não Te ris a fazer troça mas sim de simpática benevolência tantas vezes confirmada.
‘António: fala… homem… fala ou, então, cala-te e fica-te sossegado e em paz olhando o meu crucifixo repetindo baixinho no teu coração: Amo-te! Amo-te! Amo-te! ‘
Percebi. É o que vou fazer agora mesmo. GT.

AMA, reflexões.

Pequena agenda do cristão

Sexta-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:

Contenção; alguma privação; ser humilde.


Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.

Lembrar-me:
Filiação divina.

Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?





Leitura espiritual


São Josemaria Escrivá

Cristo que passa 180 a 182

180 
       
Cristo, Senhor do mundo

Gostaria de considerar convosco como esses Cristo, que - terna criança - vimos nascer em Belém, é o Senhor do mundo.
Eis as razões: por Ele foram criados todos os seres nos céus e na Terra; Ele reconciliou com o Pai todas as coisas, restabelecendo a paz entre o Céu e a Terra, por meio do sangue que derramou na Cruz. Hoje Cristo reina, à direita do Pai; aqueles dois anjos de vestes brancas declararam aos discípulos que, atónitos, estavam a contemplar as nuvens, depois da Ascensão do Senhor: Homens da Galileia, porque estais assim a olhar para o Céu? Esse Jesus, que vos foi arrebatado para o Céu, virá da mesma maneira, como agora O vistes partir para o Céu.

Por Ele reinam os reis, com a diferença de que os reis, as autoridades humanas, passam e o reino de Cristo permanecerá por toda a eternidade, o seu reino é um reino eterno e o seu domínio perdurará de geração em geração.

O reino de Cristo não é um modo de dizer, nem uma imagem de retórica. Cristo vive, também como homem, com aquele mesmo corpo que assumiu na Encarnação, que ressuscitou depois da Cruz e subsiste glorificado na Pessoa do Verbo juntamente com a sua alma humana. Cristo, Deus e Homem verdadeiro, vive e reina e é o Senhor do mundo.
Só por Ele se mantém na vida tudo o que vive.

Mas então porque é que não aparece agora em toda a sua glória? Porque o seu reino não é deste mundo, ainda que esteja no mundo. Replicou Jesus a Pilatos: Eu sou Rei! Para isto nasci, e para isso vim ao mundo, para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.
Aqueles que esperavam do Messias um poderio temporal visível, enganavam-se: porque o Reino de Deus não consiste em comer e beber, mas em paz, justiça e alegria no Espírito Santo.

Verdade e justiça, paz e júbilo no Espírito Santo.
Esse é o reino de Cristo.
A acção divina que salva os homens culminará com o fim da história, quando o Senhor, que Se senta no mais alto do paraíso, vier julgar definitivamente os homens.

Quando Cristo inicia a sua pregação na Terra, não oferece um programa político, mas diz: fazei penitência, porque está perto o reino dos Céus.
Encarrega os seus discípulos de anunciar esta boa nova e ensina a pedir, na oração, a chegada do reino, isto é o reino dos Céus e a sua justiça, uma vida santa, aquilo que temos de procurar em primeiro lugar, a única coisa verdadeiramente necessária.

A salvação pregada por Nosso Senhor Jesus Cristo é um convite dirigido a todos: o reino dos céus é semelhante a um rei, que fez as núpcias de seu filho.
E mandou os seus servos chamar convidados para as núpcias.
Por isso, o Senhor revela que o reino dos Céus está no meio de vós.

Ninguém se encontra excluído da salvação se adere livremente às exigências amorosas de Cristo: nascer de novo fazer-se como menino, na simplicidade de espírito; afastar o coração de tudo aquilo que aparte de Deus.
Jesus quer factos; não só palavras; e um esforço, denodado, porque apenas aqueles que lutam serão merecedores da herança eterna.

A perfeição do reino - o juízo definitivo de salvação ou de condenação - não se dará na Terra.
Agora o reino é como uma semente, como o crescimento do grão de mostarda.
O seu fim será como a rede que apanhava toda a espécie de peixes, donde - depois de trazida para a areia - serão extraídos, para destinos diferentes, os que praticaram a justiça e os que fizeram a iniquidade.
Mas, enquanto aqui vivemos, o reino assemelha-se à levedura que uma mulher tomou e misturou com três medidas de farinha, até que toda a massa ficou fermentada.

Quem compreender o reino que Cristo propõe, reconhece que vale a pena jogar tudo para o conseguir: é a pérola que o mercador adquire à custa de vender tudo o que possui, é o tesoiro encontrado no campo.
O reino dos céus é uma conquista difícil e ninguém tem a certeza de o alcançar, embora o clamor humilde do homem arrependido consiga que se abram as suas portas de par em par.
Um dos ladrões que foram crucificados com Jesus suplica-Lhe: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino.
E Jesus disse-lhe: Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no paraíso.

181 
       
O reino da alma

Como, és grande, Senhor, Nosso Deus!
Tu és quem dá à nossa vida sentido sobrenatural e eficácia divina.
Tu és a causa de que, por amor de teu filho, com todas as forças do nosso ser, com a alma e com o corpo, possamos repetir: oportet illum regnare!, enquanto ressoa o eco da nossa debilidade, porque sabes que somos criaturas - e que criaturas! - feitas de barro, dos pés à cabeça, sem esquecer o coração. Perante o divino, vibraremos exclusivamente por Ti.

Cristo deve reinar, em primeiro lugar, na nossa alma.
Mas como Lhe responderíamos, se Ele nos perguntasse: como é que tu Me deixas reinar em ti?
Eu responder-lhe-ia que para que Ele reine em mim, preciso da sua graça abundante, pois só assim é que o mais imperceptível pulsar do meu coração, a menor respiração, o olhar menos intenso, a palavra mais corrente, a sensação mais elementar se traduzirão num hossana ao meu Cristo Rei.

Se pretendemos que Cristo reine, temos de ser coerentes, começando por Lhe entregar o nosso coração.
Se não o fizéssemos, falar do reino de Cristo seria vozearia sem substância cristã, manifestação exterior de uma fé inexistente, utilização fraudulenta do nome de Deus para compromissos humanos.

Se a condição para que Jesus reinasse na minha alma, na tua alma, fosse contar previamente em nós com um lugar perfeito, teríamos razão para desesperar.
Mas não temas, filha de Sião; eis que o teu Rei vem montado num jumentinho.
Vedes?
Jesus contenta-se com um pobre animal por trono.
Não sei o que se passa convosco, mas a mim não me humilha reconhecer-me aos olhos do Senhor como um jumento: fui diante de ti como um jumento.
Porém, estarei sempre contigo: tomaste-me pela minha mão direita, tu és quem me leva pela arreata.

Pensai nas características dum jumento, agora que vão ficando tão poucos.
Não falo dum burro velho e teimoso, rancoroso, que se vinga com um coice traiçoeiro, mas dum burriquito jovem, com as orelhas tesas como antenas, austero na comida, duro no trabalho, com o trote decidido e alegre.
Há centenas de animais mais formosos, mais hábeis e mais cruéis. Mas Cristo preferiu este para se apresentar como rei diante do povo que O aclamava, porque Jesus não sabe que fazer da astúcia calculadora, da crueldade dos corações frios, da formosura vistosa mas vã. Nosso Senhor ama a alegria dum coração moço, o passo simples, a voz sem falsete, os olhos limpos, o ouvido atento à sua palavra de carinho.
E é assim que reina na alma.

182
         
Reinar servindo

Se deixarmos que Cristo reine na nossa alma, não nos tornaremos dominadores; seremos servidores de todos os homens.
Serviço.
Como gosto desta palavra! Servir o meu Rei e, por Ele, todos os que foram redimidos com o seu sangue.
Se os cristãos soubessem servir! Vamos confiar ao Senhor a nossa decisão de aprender a realizar esta tarefa de serviço, porque só servindo é que poderemos conhecer e amar Cristo e dá-Lo a conhecer e conseguir que os outros O amem mais.

Como o mostraremos às almas?
Com o exemplo: que sejamos testemunho seu, com a nossa voluntária servidão a Jesus Cristo em todas as nossas actividades, porque é o Senhor de todas as realidades da nossa vida, porque é a única e a última razão da nossa existência.
 Depois, quando já tivermos prestado esse testemunho do exemplo, seremos capazes de instruir com a palavra, com a doutrina.
Assim procedeu Cristo: coepit facere et docere, primeiro ensinou com obras, e só depois com a sua pregação divina.

Servir os outros, por Cristo, exige que sejamos muito humanos.
Se a nossa vida é desumana, Deus nada edificará nela, porque habitualmente não constrói sobre a desordem, sobre o egoísmo, sobre a prepotência.
Precisamos de compreender todas as pessoas, temos de conviver com todos, temos de desculpar todos, temos de perdoar a todos. Não diremos que o injusto é o justo, que a ofensa a Deus não é ofensa a Deus, que o mau é bom.
Todavia, perante o mal, não responderemos com outro mal, mas com a doutrina clara e com a boa acção; afogando o mal em abundância de bem. Assim Cristo reinará na nossa alma e nas almas dos que nos rodeiam.

Alguns procuram construir a paz no mundo sem porem amor de Deus nos seus corações, sem servirem por amor de Deus as criaturas. Como será possível realizar desse modo uma missão de paz?
A paz de Cristo é a paz do reino de Cristo; e o reino de Nosso Senhor há-de alicerçar-se no desejo de santidade, na disposição humilde para receber a graça, numa, esforçada acção de justiça, num divino derramamento de amor.


(cont)


Deus está presente


Humildade de Jesus: em Belém, em Nazaré, no Calvário... Porém, mais humilhação e mais aniquilamento na Hóstia Santíssima; mais que no estábulo, e que em Nazaré, e que na Cruz. Por isso, que obrigação tenho de amar a Missa! (A "nossa" Missa, Jesus...) (Caminho, 533)

Por vezes, talvez nos perguntemos como será possível corresponder a tanto amor de Deus e até desejaríamos, para o conseguir, que nos pusessem com toda a clareza diante dos nossos olhos um programa de vida cristã. A solução é fácil e está ao alcance de todos os fiéis: participar amorosamente na Santa Missa, aprender a conviver e a ganhar intimidade com Deus na Missa, porque neste Sacrifício se encerra tudo aquilo que o Senhor quer de nós.

Permiti que aqui vos recorde o desenrolar das cerimónias litúrgicas, que já observámos em tantas e tantas ocasiões. Seguindo-as passo a passo é muito possível que o Senhor nos faça descobrir em que pontos devemos melhorar, que defeitos precisamos de extirpar e como há-de ser o nosso convívio, íntimo e fraterno, com todos os homens.

O sacerdote dirige-se para o altar de Deus, do Deus que alegra a nossa juventude. A Santa Missa inicia-se com um cântico de alegria, porque Deus está presente. É esta alegria que, juntamente com o reconhecimento e o amor, se manifesta no beijo que se dá na mesa do altar, símbolo de Cristo e memória dos santos, um espaço pequeno e santificado, porque nesta ara se confecciona o Sacramento de eficácia infinita. (Cristo que passa, 88)

Evangelho e comentário


Tempo comum



Evangelho: Lc 11, 15-26

15 Mas alguns dentre eles disseram: «É por Belzebu, chefe dos demónios, que Ele expulsa os demónios.» 16 Outros, para o experimentarem, reclamavam um sinal do Céu. 17 Mas Jesus, que conhecia os seus pensamentos, disse-lhes: «Todo o reino, dividido contra si mesmo, será devastado e cairá casa sobre casa. 18 Se Satanás também está dividido contra si mesmo, como há-de manter-se o seu reino? Pois vós dizeis que é por Belzebu que Eu expulso os demónios. 19 Se é por Belzebu que Eu expulso os demónios, por quem os expulsam os vossos discípulos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes. 20 Mas se Eu expulso os demónios pela mão de Deus, então o Reino de Deus já chegou até vós. 21 Quando um homem forte e bem armado guarda a sua casa, os seus bens estão em segurança; 22 mas se aparece um mais forte e o vence, tira-lhe as armas em que confiava e distribui os seus despojos. 23 Quem não está comigo está contra mim, e quem não junta comigo, dispersa.» 24 «Quando um espírito maligno sai de um homem, vagueia por lugares áridos em busca de repouso; e, não o encontrando, diz: ‘Vou voltar para minha casa, de onde saí.’ 25 Ao chegar, encontra-a varrida e arrumada. 26 Vai, então, e toma consigo outros sete espíritos piores do que ele; e, entrando, instalam-se ali. E o estado final daquele homem torna-se pior do que o primeiro.»

Comentário:

É bem verdade: a pessoa malévola e mal-intencionada nem sequer mede se o que diz ou faz tem alguma razão de ser – como diríamos em linguagem corrente “ponta por onde se lhe pegue” – e, como fruto da sua cegueira chegam aos maiores disparates e monumentais contradições.

O mal está em que, alguns, mais fracos ou desprevenidos, se deixam enganar por estas argumentações malévolas talvez porque quem as diz tem um prestígio ou estatuto que, em princípio, deveria ser credível.

Nós cristãos, temos por obrigação estrita conhecer as verdades da nossa Fé porque, na verdade, ninguém pode acreditar naquilo que não conhece.

E, talvez que, uma das principais características da nossa santa religião seja o Amor: Jesus Cristo só nos fala de amor, deu a Sua vida por nós por amor, e o único mandato que nos deixou foi:

«Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei».

(AMA, comentário sobre Lc 11, 15-26, 13.10.2017)




Doutrina – 454


CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Compêndio


PRIMEIRA SECÇÃO
A ECONOMIA SACRAMENTAL


CAPÍTULO SEGUNDO

A CELEBRAÇÃO SACRAMENTAL DO MISTÉRIO PASCAL


CELEBRAR A LITURGIA DA IGREJA

Quem celebra?


Pergunta:

233. Quem age na liturgia?


Resposta:

Na liturgia age «o Cristo todo inteiro» («Christus Totus»), Cabeça e Corpo.
Como sumo-sacerdote, Ele celebra com o seu Corpo, que é a Igreja celeste e terrestre.