Advento I Semana
São
João Damasceno – Doutor da Igreja
Evangelho: Mt 7 21 24-27
21 «Nem todo o que Me diz: “Senhor, Senhor”, entrará no Reino dos Céus,
mas só o que faz a vontade de Meu Pai que está nos céus.
24 «Todo aquele, pois, que ouve estas Minhas palavras e as observa será
semelhante ao homem prudente que edificou a sua casa sobre rocha. 25
Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram e investiram os ventos contra
aquela casa, mas ela não caiu, porque estava fundada sobre rocha. 26
Todo aquele que ouve estas Minhas palavras e não as pratica será semelhante a
um homem insensato que edificou a sua casa sobre areia. 27 Caiu a
chuva, transbordaram os rios, sopraram e investiram os ventos contra aquela
casa, e ela caiu, e foi grande a sua ruína».
Comentário:
É absolutamente necessária a prudência da nossa actuação. Não se trata de
ir fazendo “coisas”, construindo adrede, meter ombros a grandes empresas sejam
quais forem.
Se tudo isto – que até pode custar-nos muito trabalho e exigir-nos muito
esforço – não estiver devidamente alicerçado na correcta intenção de pouco ou
nada servirá porque não terá a consistência necessária para aguentar os embates
e revezes que a vida nos apresenta.
Talvez… ir mais devagar, sem pressas ou atabalhoamentos, mas com
segurança em cada passo dado.
Ah! E voltar atrás sempre que verifiquemos que algo falta à solidez do
que construímos e voltar a fazer, tantas vezes quantas as necessárias para que
fique estável, segura e imune a qualquer percalço.
Ah! E não esquecer que somos péssimos “arquitectos” em obra própria e,
portanto, consultar quem sabe e pode aconselhar-nos com a sabedoria correcta e
fiável que se impõe.
É que a(s) obra(s) se destinam à nossa salvação eterna!
(AMA, comentário sobre Mt 7,21-27, 2011.10.25)
Leitura espiritual
São Josemaria Escrivá
Cristo Que passa 170 a 175
170
Viver
no Coração de Jesus, unir-nos a Ele estreitamente é, portanto, convertermo-nos
em morada de Deus. Aquele que Me ama será amado pelo meu Pai, anunciou o
Senhor. E Cristo e o Pai, no Espírito Santo, vêm à alma e fazem nela a sua
morada.
Quando
compreendemos - ainda que seja só um poucochinho - estas verdades fundamentais,
a nossa maneira de ser transforma-se. Passamos a ter fome de Deus e fazemos
nossas as palavras do Salmo: Meu Deus, eu Te procuro solícito; sedenta de Ti
está a minha alma; a minha carne deseja-Te, como terra árida, sem água. E
Jesus, que suscitou as nossas ansiedades, vem ao nosso encontro e diz-nos: se
alguém tem sede, venha a Mim e beba. E oferece-nos o seu Coração, para
encontrarmos nele o nosso repouso e a nossa fortaleza. Se aceitarmos o seu
chamamento, veremos como as suas palavras são verdadeiras, e aumentará a nossa
fome e a nossa sede, até desejarmos que Deus estabeleça no nosso coração o
lugar do seu repouso e não afaste de nós o seu calor e a sua luz.
Ignem
veni mittere in terram, et quid volo nisi ut accendatur?, vim trazer fogo à
Terra, e que quero eu senão que se acenda?. Já que nos aproximámos um bocadinho
do fogo do Amor de Deus, deixemos que o seu impulso mova as nossas vidas,
sintamos o entusiasmo de levar o fogo divino de um extremo ao outro do mundo,
de o dar a conhecer àqueles que nos rodeiam - para que também eles conheçam a paz
de Cristo e, com ela, encontrem a felicidade. Um cristão que viva unido ao
Coração de Jesus não pode ter outros objectivos senão estes: a paz na
sociedade, a paz na Igreja, a paz na própria alma, a paz de Deus, que se
consumará quando vier a nós o seu Reino.
Maria,
Regina pacis, Rainha da Paz, porque tiveste fé e acreditaste que se cumpriria o
anúncio do Anjo, ajuda-nos a aumentar a Fé, a sermos firmes na Esperança, a
aprofundar o Amor. Porque é isso que quer hoje de nós o teu Filho, ao
mostrar-nos o seu Sacratíssimo Coração.
171
Homilia pronunciada no dia
15 de Agosto de 1961, Festa da Assunção de Nossa Senhora.
Assumpta
est Maria, in coelum, gaudent angeli. Maria foi levada por Deus, em corpo e
alma, para os Céus. Há alegria entre os anjos e os homens. Qual a razão desta
satisfação íntima que descobrimos hoje, com o coração que parece querer saltar
dentro do peito e a alma cheia de paz?. Celebramos a glorificação da nossa Mãe
e é natural que nós, seus filhos, sintamos um júbilo especial ao ver como é honrada
pela Trindade Beatíssima.
Cristo,
seu Filho Santíssimo, nosso irmão, deu-no-la por Mãe no Calvário, quando disse
a S. João: eis aqui a tua Mãe. E nós recebêmo-la, com o discípulo amado,
naquele momento de imenso desconsolo. Santa Maria acolheu-nos na dor, quando se
cumpriu a antiga profecia: e uma espada trespassará a tua alma. Todos somos
seus filhos; ela é Mãe de toda a Humanidade. E agora, a Humanidade comemora a
sua inefável Assunção: Maria sobe aos céus, Filha de Deus Pai, Mãe de Deus
Filho, Esposa de Deus Espírito Santo. Mais do que Ela, só Deus.
O mistério do amor
Mistério
de amor é este. A razão humana não consegue compreendê-lo. Só a fé pode
explicar como é que uma criatura foi elevada a tão grande dignidade, até se
tornar o centro amoroso em que convergem as complacências da Trindade. Sabemos
que é um segredo divino. Mas, por se tratar da nossa Mãe, sentimo-nos capazes
de o compreender melhor - se é possível falar assim - do que outras verdades da
fé.
Como
nos teríamos comportado se tivéssemos podido escolher a nossa mãe? Julgo que
teríamos escolhido a que temos, enchendo-a de todas as graças. Foi o que Cristo
fez, pois sendo Omnipotente, Sapientíssimo e o próprio Amor, seu poder realizou
todo o seu querer.
Vede
como os cristãos descobriram, há já bastante tempo, este raciocínio: convinha -
escreve S. João Damasceno - que aquela que no parto tinha conservado íntegra a
sua virgindade, conservasse depois da morte o seu corpo sem corrupção alguma..
Convinha que aquela que tinha trazido no seu seio o Criador feito menino,
habitasse na morada divina. Convinha que a Esposa de Deus entrasse na casa
celestial. Convinha que aquela que tinha visto o seu Filho na Cruz, recebendo
assim no seu coração a dor de que tinha sido isenta no parto, o contemplasse
sentado à direita do Pai. Convinha que a Mãe de Deus possuísse o que
corresponde a seu Filho, e que fosse honrada como Mãe e Escrava de Deus por
todas as criaturas.
Os
teólogos formularam com frequência um argumento semelhante, tentando
compreender de algum modo o significado desse cúmulo de graças de que Maria se
encontra revestida, e que culmina com a Assunção aos Céus. Dizem: convinha;
Deus podia fazê-lo; e por isso o fez. É a explicação mais clara das razões que
levaram Cristo a conceder a sua Mãe todos os privilégios, desde o primeiro
instante da sua Imaculada Conceição. Ficou livre do poder de Satanás; é formosa
- tota pulchra! - limpa, pura na alma e no corpo.
172
O mistério do sacrifício
silencioso
Mas
reparai: se Deus quis, por um lado exaltar a sua Mãe, por outro, durante a sua
vida terrena, não foram poupados a Maria a experiência da dor, nem o cansaço do
trabalho, nem o claro-escuro da fé. Àquela mulher do povo, que, certo dia,
irrompe em louvores a Jesus, exclamando Bem-aventurado o ventre que te trouxe e
os peitos a que foste amamentado, o Senhor responde: Antes bem-aventurados
aqueles que ouvem a palavra de Deus, e a põem em prática. Era o elogio da sua
Mãe, do seu fiat, do faça-se, sincero, entregue, cumprido até às últimas
consequências, que não se manifestou em acções aparatosas, mas no sacrifício
escondido e silencioso de cada dia.
Ao
meditar nestas verdades, percebemos um pouco mais a lógica de Deus.
Compreendemos que o valor sobrenatural da nossa vida não depende de que se tornem
realidade as grandes façanhas que por vezes forjamos com a imaginação, mas da
aceitação fiel da vontade divina, da disposição generosa nos pequenos
sacrifícios diários,
Para
sermos divinos, para nos "endeusarmos", temos de começar por ser
muito humanos, vivendo face a Deus dentro da nossa condição de homens
correntes, santificando esta aparente pequenez. Assim viveu Maria. A cheia de
graça, a que é objecto das complacências de Deus, a que está acima dos anjos e
dos santos teve uma existência normal. Maria é uma criatura como nós, com um
coração como o nosso, capaz de gozo e de alegrias, de sofrimento e de lágrimas.
Antes de Gabriel lhe comunicar o querer de Deus, não sabe que tinha sido
escolhida desde toda a eternidade para ser Mãe do Messias. Considera-se a si
mesma cheia de baixeza; por isso, reconhece logo, com profunda humildade, que
fez em mim grandes coisas Aquele que é Todo-poderoso.
A
pureza, a humildade e a generosidade de Maria contrastam com a nossa miséria,
com o nosso egoísmo. É razoável que, depois de nos apercebermos disso, nos
sintamos movidos a imitá-la. Somos criaturas de Deus, como Ela, e basta que nos
esforcemos por ser fiéis para que também em nós o Senhor faça grandes coisas.
Não será obstáculo a nossa pequenez, porque Deus escolhe o que vale pouco, para
que assim brilhe melhor a potência do seu amor.
173
Imitar Maria
A
nossa Mãe é modelo de correspondência à graça e, ao contemplarmos a sua vida, o
Senhor dar-nos-á luz para que saibamos divinizar a nossa existência vulgar. Durante
o ano, quando celebramos as festas marianas, e cada dia em várias ocasiões,
nós, os cristãos, pensamos muitas vezes na Virgem. Se aproveitamos esses
instantes, imaginando como se comportaria a nossa Mãe nas tarefas que temos de
realizar, iremos aprendendo a pouco e pouco, até que acabaremos por nos
parecermos com Ela, como os filhos se parecem com a sua mãe.
Imitar,
em primeiro lugar, o seu amor. A caridade não se limita a sentimentos: há-de
estar presente nas palavras e, sobretudo, nas obras. A Virgem não só disse
fiat, mas também cumpriu essa decisão firme e irrevogável a todo o momento.
Assim, também nós, quando o amor de Deus nos ferir e soubermos o que Ele quer,
devemos comprometer-nos a ser fiéis, leais, mas a sê-lo efectivamente. Porque
nem todo o que me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus; mas o que faz
a vontade de meu Pai, que está nos Céus, esse entrará no reino dos Céus.
Temos
de imitar a sua natural e sobrenatural elegância. Ela é uma criatura
privilegiada na História da Salvação, porque em Maria o Verbo se fez carne e
habitou entre nós. Foi testemunha delicada, que soube passar inadvertida; não
foi amiga de receber louvores, pois não ambicionou a sua própria glória. Maria
assiste aos mistérios da infância de seu Filho, mistérios, se assim se pode
dizer, cheios de normalidade; mas à hora dos grandes milagres e das aclamações
das massas desaparece. Em Jerusalém, quando Cristo - montado sobre um
jumentinho - é vitoriado como Rei, não está Maria. Mas reaparece junto da Cruz,
quando todos fogem. Este modo de se comportar tem o sabor, sem qualquer
afectação, da grandeza, da profundidade, da santidade da sua alma!
Procuremos
aprender, seguindo também o seu exemplo de obediência a Deus, numa delicada
combinação de submissão e de fidalguia. Em Maria, nada existe da atitude das
virgens néscias, que obedecem, sim, mas como insensatas. Nossa Senhora ouve com
atenção o que Deus quer, pondera aquilo que não entende, pergunta o que não
sabe. Imediatamente a seguir, entrega-se sem reservas ao cumprimento da vontade
divina: eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a Vossa palavra.
Vedes esta maravilha? Santa Maria, mestra de toda a nossa conduta, ensina-nos
agora que a obediência a Deus não é servilismo, não subjuga a consciência, pois
move-nos interiormente a descobrirmos a liberdade dos filhos de Deus.
174
A escola da oração
O
Senhor ter-vos-á feito descobrir muitos outros aspectos da correspondência fiel
da Santíssima Virgem, que por si mesmos já são um convite para que os tomemos
como modelo: a sua pureza, a sua humildade, a sua fortaleza, a sua
generosidade, a sua fidelidade... Eu gostaria de falar sobre um aspecto que
engloba todos os outros, porque é o clima do progresso espiritual, isto é, a
vida de oração.
Para
aproveitar a graça que nos concede a Nossa Mãe no dia de hoje e para secundar
também, em qualquer momento, as inspirações do Espírito Santo, pastor das
nossas almas, devemos estar seriamente comprometidos numa actividade que nos
leve a ter intimidade com Deus. Não podemos esconder-nos no anonimato, porque a
vida interior, se não for um encontro pessoal com Deus, não existe. A superficialidade
não é cristã. Admitir a rotina, na nossa luta ascética, equivale a assinar a
certidão de óbito da alma contemplativa. Deus procura-nos um a um, e precisamos
de Lhe responder um a um: eis-me aqui, pois Tu me chamaste.
Oração,
sabêmo-lo todos, é falar com Deus. É possível, porém, que alguém pergunte:
falar, de quê? Do que há-de ser, senão das coisas de Deus e das que enchem o
nosso dia? Do nascimento de Jesus, do seu caminhar por este mundo, da sua vida
oculta e da sua pregação, dos seus milagres, da sua Paixão Redentora, da sua
Cruz e da sua Ressurreição... E na presença de Deus, Uno e Trino, tendo por
Medianeira Santa Maria e por advogado S. José, Nosso Pai e Senhor - a quem
tanto amo e venero - falaremos também do nosso trabalho de todos os dias, da
família, das relações de amizade, dos grandes projectos e das pequenas coisas
sem importância.
O
tema da minha oração é o tema da minha vida. Eu faço assim. E à vista da minha
situação concreta, surge naturalmente o propósito, determinado e firme, de
mudar, de melhorar, de ser mais dócil ao amor de Deus. Um propósito sincero,
concreto. E não pode faltar o pedido urgente, mas confiado, de que o Espírito
Santo nos não abandone, porque tu és, Senhor, a minha fortaleza.
Somos
cristãos correntes. Trabalhamos em profissões muito diferentes. Toda a nossa
actividade segue o caminho da normalidade. Tudo se desenvolve com um ritmo
previsível. Os dias parecem iguais, inclusivamente monótonos... Pois bem: esse
programa, aparentemente tão comum, tem um valor divino e é algo que interessa a
Deus, porque Cristo quer encarnar nos nossos afazeres, animando, a partir de
dentro, até as nossas mais humildes acções.
Este
pensamento é uma realidade sobrenatural, nítida, inequívoca; não é uma
consideração destinada a consolar ou a confortar aqueles que, como nós, não
conseguem gravar o seu nome no livro de oiro da História. Cristo interessa-se
por esse trabalho que devemos realizar - uma vez e mil vezes - no escritório,
na fábrica, na oficina, na escola, no campo, no exercício da profissão manual
ou intelectual. Interessa-lhe também o sacrifício oculto que fazemos para não
derramar sobre os outros o fel do nosso mau humor.
Recordai
na oração estes temas, aproveitai-os precisamente para dizer a Jesus que o
adorais, e assim, estareis a ser contemplativos no meio do mundo, no meio do
ruído da rua, em toda a parte. Essa é a primeira lição, na escola da intimidade
com Jesus Cristo. Dessa escola, Maria é a melhor professora, porque a Virgem
manteve sempre essa atitude de fé, de visão sobrenatural, perante tudo o que
sucedia à sua volta: conservava todas estas coisas ponderando-as no seu
coração.
Supliquemos
hoje a Santa Maria que nos torne contemplativos, que nos ajude a compreender os
contínuos apelos que o Senhor nos dirige, batendo à porta do nosso coração.
Peçamos-lhe: Mãe, tu trouxeste ao mundo Jesus, que nos revela o amor do nosso
Pai, Deus; ajuda-nos a reconhecê-lo, no meio das preocupações de cada dia;
remove a nossa inteligência e a nossa vontade, para que saibamos escutar a voz
de Deus, o impulso da graça.
175
Mestra de apóstolos
Mas
não penseis só em vós mesmos: dilatai o vosso coração até abarcar toda a
Humanidade. Pensai, antes de mais nada, naqueles que vos rodeiam - parentes,
amigos, colegas - e vede como podereis levá-los a sentir mais profundamente a
amizade com Nosso Senhor. Se se trata de pessoas honradas e rectas, capazes de
estarem habitualmente mais próximas de Deus, recomendai-as concretamente a
Nossa Senhora. E pedi também por tantas almas que não conheceis, porque todos
os homens estão embarcados na mesma barca.
Sede
leais, generosos. Fazemos parte de um só corpo, do Corpo Místico de Cristo, da
Igreja Santa, à qual estão chamados muitos que procuram nobremente a verdade.
Por isso temos obrigação estrita de manifestar aos outros a qualidade, a
profundidade do amor de Cristo. O cristão não pode ser egoísta. Se o fosse,
atraiçoaria a sua própria vocação. Não é de Cristo a atitude daqueles que se
contentam com conservar a sua alma em paz - falsa paz é essa... -
despreocupando-se dos bens dos outros. Desde que aceitemos o significado
autêntico da vida humana - que nos foi revelado pela fé - não podemos
sentir-nos satisfeitos, persuadidos de que nos comportamos bem pessoalmente, se
não fizermos com que os outros se aproximem de Deus, de maneira prática e
concreta.
Há
um obstáculo real para apostolado: o falso respeito, o temor de tocar temas
espirituais, a suspeita de que uma tal conversa não agradará em determinados
ambientes, o medo de ferir susceptibilidades. Quantas e quantas vezes esse
raciocínio não é mais do que a máscara do egoísmo!. Não se trata de ferir
ninguém, mas, pelo contrário, de servir. Embora sejamos pessoalmente indignos,
a graça de Deus torna-nos instrumentos para sermos úteis aos outros, comunicando-lhes
a boa nova de que Deus quer que todos os homens se salvem e cheguem ao
conhecimento da verdade.
E
será licito meter-se desse modo na vida das outras pessoas? É necessário.
Cristo meteu-se na nossa vida sem nos pedir autorização. Assim procedeu também
com os primeiros discípulos: passando, ao longo do mar da Galileia, viu Simão e
seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. E
disse-lhes Jesus: Segui-me, e eu vos farei pescadores de homens. Cada um de nós
mantém a liberdade, a falsa liberdade, de responder a Deus que não, como aquele
jovem carregado de riquezas,de quem nos fala S. Lucas. Mas o Senhor e nós - se
lhe obedecermos: ide e ensinai - temos. o direito e o dever de falar de Deus,
deste grande tema humano, porque o desejo de Deus é o mais profundo que nasce
no coração do homem.
Santa
Maria, Regina Apostolorum, rainha de todos aqueles que desejam dar a conhecer o
amor de teu filho: tu, que compreendes tão bem as nossas misérias, pede perdão
pela nossa vida, pelo que em nós poderia ter sido fogo e não passou de cinzas,
pela luz que deixou de iluminar, pelo sal que se tomou insípido. Mãe de Deus,
omnipotência suplicante: dá-nos juntamente com o perdão, a força de vivermos
verdadeiramente de fé e de amor, para podermos levar aos outros a fé de Cristo.
(cont)