Tempo comum XXVI Semana
São Jerónimo – Doutor da Igreja
Evangelho:
Lc 9, 51-56
51 Aconteceu que, aproximando-se o tempo
da Sua partida deste mundo, dirigiu-Se resolutamente para Jerusalém, 52
e enviou adiante de Si mensageiros, que entraram numa aldeia de samaritanos
para Lhe prepararem pousada. 53 Não O receberam, por dar mostras de
que ia para Jerusalém. 54 Vendo isto, os Seus discípulos Tiago e
João disseram: «Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu que os
consuma?». 55 Ele, porém, voltando-Se para eles, repreendeu-os. 56
E foram para outra povoação.
Comentário:
Jesus Cristo deu
aos Seus discípulos orientações precisas quanto ao que fazer quando não são
recebidos nalgum local: procurar outros que estejam receptivos.
Assim no
apostolado dos cristãos.
Com a orientação
do director espiritual, procurar onde e quem espera pela Boa Nova do Reino de
Deus.
(ama, comentário sobre Lc 9, 51-56,
2013.10.01)
Leitura espiritual
Documentos do Magistério
CARTA ENCÍCLICA
AUSPICIA QUAEDAM
DO SUMO PONTÍFICE PAPA PIO XII
AOS VENERÁVEIS IRMÃOS
PATRIARCAS, PRIMAZES, ARCEBISPOS, BISPOS
E DEMAIS ORDINÁRIOS LOCAIS
EM PAZ E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA
ORAÇÕES NO MÊS DE MAIO
PARA A CONCÓRDIA ENTRE AS NAÇÕES
1.
Alguns indícios parecem hoje demonstrar claramente que toda a grande comunidade
dos povos, após tantos excídios e devastações causados pela longa e terrível
guerra, se orienta com ardor para os caminhos salutares da paz; e que no presente
se ouve com melhor boa vontade os que se dedicam incansavelmente às obras de
reconstrução, procuram acalmar e compor as discórdias e se propõem reconstruir
tantas ruínas, do que aqueles que instigam contendas acerbas, ódios e rancores,
dos quais não podem surgir senão novos e maiores danos.
2.
Entretanto, bem que nós mesmos e o povo cristão tenhamos não leves motivos de
consolação e possamos confortar-nos com a esperança de tempos melhores, não
faltam todavia fatos e acontecimentos que acarretam grande preocupação e
angústia à nossa alma paternal. Com efeito, não obstante a guerra tenha
terminado quase por toda parte, a suspirada paz ainda não serenou as almas e os
corações; pelo contrário, vemos ainda o céu toldar-se de nuvens ameaçadoras.
3.
De nossa parte, não só não deixamos de nos esforçar, quanto nos seja possível,
para afastar da família humana os perigos de outras calamidades que a ameaçam,
mas, quando os meios humanos se revelam insuficientes, nos voltamos suplicantes
a Deus, e exortamos ao mesmo tempo a todos os nossos filhos em Cristo,
espalhados em todos os países da terra; a unirem-se a nós na impetração do
auxílio divino.
4.
Por esse motivo, como nos anos passados tivemos o conforto de dirigir nossa
exortação a todos, e especialmente às crianças a nós tão queridas, afim de que
durante o mês de maio cerrassem fileiras em torno do altar da grande Mãe de
Deus, para implorar-lhe o término da funesta guerra, assim também hoje, por
meio desta carta, convidamo-los ardentemente a não interromperem esse piedoso
costume e a unirem às suas súplicas propósitos de renovação cristã e obras de
salutar penitência.
5.
Antes de tudo apresentem à Virgem Mãe de Deus e nossa Mãe benigníssima os mais
vivos agradecimentos por ter alcançado com sua poderosa intercessão o tão
almejado término da grande conflagração mundial, e pelos outros muitos
benefícios alcançados do Altíssimo. Mas ao mesmo tempo implorem, com orações
repetidas, que finalmente resplandeça como um dom do céu a paz mútua, fraterna
e plena, entre todos os povos, e a suspirada concórdia entre todas as classes
sociais.
6.
Cessem as discórdias, que não trazem vantagem a ninguém; de acordo com a
justiça, componham-se as contendas, que são freqüentemente origem de novas
desventuras; cresçam e consolidem-se entre as nações as relações públicas e
privadas; goze a religião, alimentadora de todas as virtudes, da liberdade que
lhe é devida; e o pacífico trabalho humano, sob os auspícios da justiça e o
bafejo divino da caridade, produza, para o bem de todos, os frutos mais abundantes.
7.
Bem sabeis, veneráveis irmãos, que nossas orações são gratas a santíssima
Virgem sobretudo quando não são vozes passageiras e vazias, mas refletem almas
ornadas das necessárias virtudes. Esforçai-vos; portanto, com vosso zelo
apostólico por que, às orações públicas elevadas ao céu durante o mês de maio,
corresponda um renascimento da vida cristã. De fato, somente daí é lícito
esperar que o curso dos fatos e dos acontecimentos, na vida tanto pública
quanto privada, possa ser dirigido conforme a reta ordem, e que aos homens seja
dado conquistar, com o auxílio de Deus, não só a prosperidade deste mundo, mas
também a felicidade sem fim do céu.
8.
Mas há no momento outro motivo particular que aflige e angustia vivamente nosso
coração. É sabido que os lugares santos da Palestina já de há muito tempo são
perturbados por acontecimentos lutuosos, e são quase todos os dias devastados
por novos morticínios e ruínas. Entretanto, se há uma região no mundo que deve
ser particularmente cara a toda alma civilizada, é de certo aquela donde nasceu
para todos os povos, desde os mais remotos primórdios da história, tanta luz de
verdade; na qual o Verbo de Deus encarnado mandou anunciar por coros de anjos a
paz a todos os homens; e na qual, enfim, Jesus Cristo, suspenso ao madeiro da
cruz, trouxe a salvação a todo o gênero humano, e estendendo os braços como que
a convidar todos os povos a um amplexo fraterno, consagrou com a efusão de seu
sangue o grande preceito da caridade.
9.
Desejamos, portanto, veneráveis irmãos, que neste ano as orações do mês de maio
tenham de um modo particular o fim de impetrar da santíssima Virgem que
finalmente as coisas da Palestina sejam compostas com eqüidade, e que também lá
triunfem felizmente a concórdia e a paz.
10.
Nutrimos grande confiança no poderosíssimo patrocínio de nossa Mãe celestial;
patrocínio que durante o mês a ela consagrado, especialmente as criancinhas
inocentes impetrarão com uma santa cruzada de orações. E será vossa tarefa
exortá-las e estimulá-las para tanto com toda a solicitude; e não só elas, mas
também seus pais e suas mães, que também nisso devem precedê-las com o exemplo.
11.
Sabendo que jamais apelamos em vão ao vosso zelo ardente, já nos parece ver
multidões de crianças, de homens e de mulheres, encherem os templos para
impetrar da virgem Mãe de Deus grande abundância de favores celestes.
12.
Obtenha-nos a santíssima Virgem – que nos deu Jesus – que todos aqueles que se
afastaram do caminho reto a ele voltem arrependidos; obtenha-nos nossa Mãe
benigníssima – que em todos os perigos se mostrou sempre nosso valoroso auxílio
e mediadora dos favores divinos – que também nas graves necessidades que hoje
nos angustiam se componham os dissídios, e uma paz segura e livre resplandeça finalmente
sobre a Igreja e sobre todas as nações.
13.
Há poucos anos, como todos recordam, quando ainda enfurecia a recente guerra
mundial, nós, vendo que os meios humanos se mostravam insuficientes e
desproporcionados para extinguir a conflagração, voltamos nossas fervorosas
preces ao misericordiosíssimo Redentor, interpondo o poderoso patrocínio do
coração imaculado de Maria. E como o nosso predecessor de imortal memória Leão
XIII, nos albores do século XX, quis consagrar todo o gênero humano ao sacratíssimo
coração de Jesus, também nós, como que representando a família humana por ele
redimida, quisemos solenemente consagrá-la ao coração imaculado de Maria
virgem.
14.
Desejamos que todos façam o mesmo, sempre que a oportunidade o aconselhar; e
não só em cada diocese e cada paróquia, mas também em cada família. Assim
esperamos que desta consagração particular e pública nasçam abundantes
benefícios e favores celestiais. Seja presságio desses favores celestes e
penhor de nossa benevolência paterna a bênção apostólica que damos com efusão
de coração a cada um de vós, veneráveis irmãos, a todos aqueles que de boa
mente corresponderem a esta nossa carta de exortação, e de um modo particular
as caríssimas crianças.
Dado
em Roma, junto de São Pedro, no primeiro dia de maio de 1948, X ano de nosso
pontificado.
PIO
PP. XII