24/12/2018

Calma, deixa correr o tempo


Estás intranquilo. – Olha: aconteça o que acontecer na tua vida interior ou no mundo que te rodeia, nunca te esqueças de que a importância dos acontecimentos ou das pessoas é muito relativa. – Calma. Deixa correr o tempo; e, depois, olhando de longe e sem paixão os factos e as pessoas, adquirirás a perspectiva, porás cada coisa no seu lugar e de acordo com o seu verdadeiro tamanho. Se assim fizeres, serás mais justo e evitarás muitas preocupações. (Caminho, 702)

Não vos assusteis nem temais nada, mesmo que as circunstâncias em que trabalheis sejam tremendas, piores que as de Daniel no fosso com aqueles animais vorazes. As mãos de Deus continuam a ser igualmente poderosas e, se fosse necessário, fariam maravilhas. Sede fiéis! Com uma fidelidade amorosa, consciente, alegre, à doutrina de Cristo, persuadidos de que os anos de agora não são piores do que os dos outros séculos e de que o Senhor é o mesmo de sempre.

Conheci um sacerdote já ancião, que afirmava, sorridente, de si mesmo: eu estou sempre tranquilo, tranquilo. E assim temos de nos encontrar sempre nós, metidos no mundo, rodeados de leões famintos, mas sem perder a paz: tranquilos! Com amor, com fé, com esperança, sem esquecer jamais que, se for conveniente, o Senhor multiplicará os milagres. (Amigos de Deus, 105)


Leitura espiritual


O HOMEM BOM


AS FONTES DA BONDADE

BONDADE E AMOR

ABRIR-SE AOS OUTROS


Ninguém é bom, ninguém é bondoso para si mesmo. A bondade dirige-se sempre aos outros: somos bons para alguém. Homem bom é aquele que está, de modo habitual e permanente, amorosamente aberto aos outros. Precisamente porque é bom – e, por isso, quer “fazer o bem” –, vive voltado para o próximo, dá-lhe valor e concede-lhe prioridade nos seus interesses.
A bondade é sempre calor de coração, que envolve os seres humanos com uma doçura cheia de força. Vamos dedicar as próximas páginas a considerar mais de perto a bondade no seu influxo benfazejo.

Para o homem bom, os outros não são nunca estranhos. Não os enxerga nunca como inimigos que ameaçam o recinto fechado do seu egoísmo, provocando interferências e criando incómodos.
Nenhuma pessoa é alheia ao mundo do seu “eu”. Os outros, sejam eles quem forem, tenham os defeitos que tiverem, fazem parte do seu universo de afectos e interesses.
Por isso não o aborrecem nem o surpreendem, pois tem o coração mais inclinado a amar do que a amar-se a si mesmo.
É próprio do egoísmo ver o próximo com uma ponta de reserva: o “outro” é, para o egoísta, um possível “inimigo” de que tem que defender-se ou, pelo menos, precaver-se. O egoísta tem o coração inteiramente ocupado pelo “eu”, denso e pesado como o chumbo.
Admitir “outros” dentro de si significa ter de aceitar uma sobrecarga. Daí que esteja sempre com receio de que lhe perturbem os esquemas, de que lhe roubem o tempo, de que lhe tirem a tranquilidade, de que lhe exijam renúncias; e sofre por ter que aturar defeitos aborrecidos e limitações cansativas.
O egoísta é mal-humorado e impaciente.
Incapaz de dar, só sabe receber.
Bem expressiva é, a este respeito, a alegoria do mata-borrão e da fonte.
Os egoístas assemelham-se ao mata-borrão: só sabem absorver, dos outros, o que favorece os seus interesses, o que lhes traz vantagens ou lhes causa agrado.
Acontece, porém, que essa absorção egoísta, em vez de enriquecê-los, os destrói.
O mata-borrão ensopado fica inservível, desmancha-se todo, e o seu destino final é a lata do lixo.
Outros homens, pelo contrário, podem ser comparados a uma fonte. O manancial dá-se incansavelmente, ignorando o que seja reter ou sugar.
O esbanjamento generoso das suas águas não só não o empobrece, como o transforma num foco contínuo de fecundidade.
À sua volta, a terra árida transforma-se num jardim e as plantas ressequidas experimentam um estremecer de vida.
Para a fonte, viver é fazer viver.
Pois bem, o coração do homem bom, tal como a fonte, vive a criar vida e frutos em todos os que o cercam.
Não pensa que lhe tiram o que é seu – a sua paz, a sua tranquilidade, o seu tempo, as suas energias –, porque o seu amor só sabe dizer, como o pai do filho pródigo:
Tudo o que é meu é teu (Lc 15, 31).
Tudo o que é dele está aberto aos outros, e é mais “dele” quanto mais é participado pelos outros.

Francisco Faus [i]


[i] Francisco Faus é licenciado em Direito pela Universidade de Barcelona e Doutor em Direito Canónico pela Universidade de São Tomás de Aquino de Roma. Ordenado sacerdote em 1955, reside em São Paulo, onde exerce uma intensa atividade de atenção espiritual entre estudantes universitários e profissionais. Autor de diversas obras literárias, algumas delas premiadas, já publicou na coleção Temas Cristãos, entre outros, os títulos O valor das dificuldades, O homem bom, Lágrimas de Cristo, lágrimas dos homens, Maria, a mãe de Jesus, A voz da consciência e A paz na família.


Evangelho e comentário


Tempo do Avento


Evangelho: Lc 1, 67-79

67 Então, seu pai, Zacarias, ficou cheio do Espírito Santo e profetizou com estas palavras: 68 «Bendito o Senhor, Deus de Israel, que visitou e redimiu o seu povo 69 e nos deu um Salvador poderoso na casa de David, seu servo, 70 conforme prometeu pela boca dos seus santos, os profetas dos tempos antigos; 71 para nos libertar dos nossos inimigos e das mãos de todos os que nos odeiam, 72 para mostrar a sua misericórdia a favor dos nossos pais, recordando a sua sagrada aliança; 73 e o juramento que fizera a Abraão, nosso pai, que nos havia de conceder esta graça: 74 de o servirmos um dia, sem temor, livres das mãos dos nossos inimigos, 75 em santidade e justiça, na sua presença, todos os dias da nossa vida. 76 E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque irás à sua frente a preparar os seus caminhos, 77 para dar a conhecer ao seu povo a salvação pela remissão dos seus pecados, 78 graças ao coração misericordioso do nosso Deus, que das alturas nos visita como sol nascente, 79 para iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte e dirigir os nossos passos no caminho da paz.»

Comentário:

Penso em Zacarias e no que deve ter sofrido no seu silêncio forçado pela dúvida manifestada ao Anjo.

Mas, Zacarias, é um homem de Deus, profundamente crente e não pode mais que deixar expandir o que lhe vai na alma neste maravilhoso hino que o Espírito Santo lhe insinuou e que, para sempre, ficará como a expressão da verdadeira fé, do autêntico amor, da confiança absoluta nas promessas de Deus.


(AMA, comentário sobre Lc 1, 67-79, 25.10.2018)



Temas para reflectir e meditar

Sacerdócio


Não quero que mingue a reverência que se há-de prestar aos sacerdotes, que a reverência e o respeito que se lhes manifesta não se dirige a eles mas a Mim, em virtude do sangue que Eu lhes dei para que o administrem. 

Se não fosse por isto, deveríeis dedicar-lhes a mesma reverência que aos leigos, e não mais (…). 
Não se há-de ofendê-los: ofendendo-os ofende-se a Mim, e não a eles. 
Por isso proibi, e disse que não admito que sejam tocados os Meus Cristos.

(santa catarina de senaEl Diálogo, BAC, Cap. 16, trad ama)


Pequena agenda do cristão

SeGUNDa-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.

Senhor que eu faça "boa cara" que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.

Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.

Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.

Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.

Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.

Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?