Não tenho figos!
Olha o meu tronco, forte, nodoso, retorcido pelos ventos e tempestades mas firme e estável.
Repara nos meus ramos, vê como se estendem á minha volta.
Observa bem a minha folhagem rica, lustrosa.
Dá-te conta da belíssima árvore que sou, frondosa, viva, imponente.
Que queres mais?
A minha sombra proporciona-te refrigério nas tardes de Estio.
Podes abrigar-te debaixo da minha frondosa copa nas tempestades de Inverno.
Ainda não estás satisfeito?
Olha, tenho alguns ramos secos que podes queimar numa fogueira para te aqueceres. Bastar-te-ão umas poucas folhas para fazeres um leito confortável para descansares o teu corpo fatigado.
É fácil subir pelo meu tronco até aos ramos mais altos, dali avistarás o caminho que perdeste e retomar, seguro, a viagem.
Mas... Não me ouves!? Que queres ainda!? Que procuras?
Frutos!!!
Não, não tenho frutos mas, é só por enquanto, logo, depois de crescer um pouco mais, dos meus ramos se estenderem mais longe e mais alto, da minha folhagem ser ainda mais frondosa e bela, então sim, poderei pensar em dar frutos. Serão à minha medida: grandes, suculentos, lustrosos, atraentes. Saciarão a fome, serão um prazer para o paladar.
Mas...queres frutos agora?
Não! Já te disse que, agora, não os tenho!
Mais tarde… talvez…
(ama, dissertação sobre a Parábola da figueira, 2010.05.28)