Quarta-Feira
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
PLANO DE VIDA: (Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Lembrar-me: Meu Anjo da Guarda.
Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.
Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.
Propósito: Ter em especial atenção o Anjo da minha guarda
Pequeno exame: Cumpri o propósito que me propus ontem?
Primeiro Mistério - A Ressurreição de Jesus
_ «A quem procurais?»
_ «A Jesus, meu Senhor.«
_ Não vos assusteis. Procurais a Jesus Nazareno, O Crucificado. Ressuscitou,
não está aqui. Vede o lugar onde O tinham posto. Agora ide, dizei aos Seus
discípulos e a como vos disse. Mc
16, 1-7 [1]
Este diálogo tão curto entre o Teu Anjo e as
mulheres que Te foram ver uma vez mais, no Teu sepulcro, revela toda uma
espantosa realidade: A Tua Ressurreição.
Não sei de todos se dão
conta da fantástica prova da Tua divindade que quises-Te deixar-nos, Senhor:
Por Teu poder, o Teu espirito reúne-se com o Teu corpo que vive novamente!
FosTe descido da Cruz pelos
Teus amigos mais íntimos. Há pressa. Aproxima-se a noite e têm de regressar a
suas casas todos os participantes do drama do Gólgota. Celebra-se a festa da
Páscoa e o cumprimento da Lei é escrupulosamente observado.
O Teu corpo exangue é lavado
apressadamente e os óleos dos defuntos são aspergidos. Uma toalha de linho cru
e eis que és deposto naquele túmulo novo cuja pedra é rolada para tapar a
entrada.
Não creio que seja um funeral definitivo. Foi
o possível, aquilo para que houve tempo.
Estás, apesar de tudo, limpo
e perfumado, os cabelos arranjados, tens um ar composto, digno. Nem um só osso
Te foi quebrado, só o sangue foi derramado. Até à última gota!
Todo o Teu sangue, Senhor,
ficou pelas pedras do caminho, no madeiro negro onde Te pregaram e, finalmente,
naquele trapo imundo que mal tapava a Tua nudez aos olhos dos mirones.
Repousa finalmente o Teu
corpo martirizado ainda húmido das lágrimas dos Teus amigos que amarga e
tristemente choravam o seu Senhor morto, agora apenas há as testemunhas
convenientes: os soldados enviados pelos Príncipes dos Sacerdotes depois de
Pilatos se ter recusado a fazê-lo. [2]
E Jesus ressuscita!
O meu Senhor volta a
assumir-Se plenamente como homem e como Deus.
Perfeito homem, perfeito
Deus.
Não se notam os sinais das
vergastadas, nem as feridas dos espinhos. Toda a pele visível tem uma palidez
resplendorosa, como que irreal. E, no entanto, o Senhor fala, caminha, come com
os discípulos.
Oh meu Senhor, Tu ressuscitasTe só para que
eu, finalmente, acreditasse em Ti?
Não me bastou, Senhor,
assistir a todo o horror da Tua Paixão, Ter visto os milagres, as multidões?
Nada disto foi suficiente?
Tive que, por uma última
vez, pedir-Te um sinal?
Pobre de mim, Senhor, que não mereço tal
honra da Tua parte. Mas Tu, com uma compaixão infinita, voltas a esta terra,
assumes o Teu corpo e, novamente, Te sujeitas à forma humana.
RessuscitasTe, Senhor, e com
a Tua Ressurreição, quebram-se finalmente os grilhetas da servidão. Não mais o
pecado será mal sem remédio. O perdão, a misericórdia, a conversão estarão
definitivamente ao alcance e dentro das possibilidades de qualquer um.
Esta Ressurreição é, Senhor,
o sacrifício mais sublime que poderias Ter feito por todos os Teus filhos,
porque alem de lhes restituíres a dignidade e reabrir as portas do Céu, viesTe
dar-lhes a certeza que sob o Teu corpo de homem, Tu Senhor, permanecerás até ao
fim dos tempos, a nosso lado, à nossa espera.
Possa eu, Senhor, não defraudar a Tua
expectativa e chegar convenientemente preparado ao encontro que terás comigo no
dia e hora que escolheres.
[1] A designação do apóstolo Pedro pelo
seu nome, é uma maneira de destacar a figura de quem faz de cabeça no Colégio
Apostólico, precisamente nuns momentos em que a perturbação e o desalento
tinham feito presa n'Eles. É também uma manifestação delicada de que Pedro foi
perdoado das suas negações e uma confirmação do seu primado apostólico. (Bíblia
Sagrada, anotada pela Fac. de Teologia da Univ. de Navarra, Comentário Mc 16, 7)
Em Doze de Maio
Já muitos peregrinos estarão neste momento naquele lugar
bendito pela tua presença viva há 99 anos atrás, Senhora.
Quiseste vir a
Portugal, a Fátima, entregar a três simples crianças, uma mensagem urgente,
importantíssima: oração e penitência, em desagravo do Sagrado Coração de Jesus
tão ofendido pelos homens.
Ah! Senhora, que
maravilha operaste nesta terra e neste homem que agora pensa nestas coisas
todas.
As recordações da
minha infância, os actos de Fé extraordinários, simples uns, grandiosos
outros, mas todos tão esmagadoramente convincentes, que pasmo como pode alguém
duvidar da excelência das virtudes que Fátima emana.
E eu, como tenho vivido a mensagem que tão amorosamente
entregas-te aos Pastorinhos?
O Terço diário tenho-o rezado, mas, de que forma,
Senhora...
Quantas distrações, devaneios, alheamentos.
Em lugar de meditar nos mistérios do Rosário, que
retratam momentos importantíssimos da tua vida na terra, fico a pensar em não
sei quê, divagando sem nexo e sem rumo.
Perdoa-me minha querida Mãe do Céu, a falta de educação
que manifesto com tais atitudes.
Sabes bem que sou um fraco e que não consigo fazer bem
feito, como deve ser, uma coisa tão importante como falar contigo, rezar o
Terço do Rosário.
Avé Maria cheia
de graça. Sim, Avé Maria acima de tudo e todos, logo, logo abaixo de Jesus, tu,
Maria, és a primeiríssima pessoa a quem recorro.
Sei bem quanto vale a tua intercessão junto do Teu Santíssimo Filho e, por isso: Recordare Virgo Mater Dei dum steteris in conspectu Domini et loquaris pro me bona.
Não te esqueças,
Senhora.
Tenta, como só tu
sabes, compor as coisas junto do Senhor, e diz-Lhe que, vendo bem, eu não passo
de um pobre tonto que não faz as coisas melhor porque é mole e fraco.
Mas que tento, tento e hei-de tentar sempre.
Com a tua preciosa ajuda, claro, porque sem ela bem posso
eu tentar que não conseguirei absolutamente nada.
Penitência e
oração, oração e penitência.
As duas coisas têm forçosamente de estar juntas, de se
completar.
E eu penitencio-me pouco, quase nada.
Os pequenos sacrifícios ou mortificações que faço, que
são, comparados com os gostos que desfruto, os, prazeres, os comodismos, para
não falar já, nos excessos, mormente na comida e bebida que, por vezes, como um
animal esfomeado ou sôfrego, cometo.
Ajuda-me Senhora
minha, neste dia 12 de Maio, a preparar a minha alma e o meu espírito para
atarefa diária que me espera: Combater a
distração e o alheamento, lutar pela concentração na oração e a disposição
permanente para a mortificação nas coisas pequenas de cada dia.
São Josemaria - Textos
Orar é falar com Deus. Mas de quê?
Escreveste-me: "Orar é falar com Deus. Mas de quê?". De
quê?! D'Ele e de ti; alegrias, tristezas, êxitos e fracassos, ambições nobres, preocupações
diárias..., fraquezas; e acções de graças e pedidos; e Amor e desagravo. Em
duas palavras: conhecê-Lo e conhecer-te – ganhar intimidade! (Caminho, 91)
Uma oração ao Deus da minha vida. Se Deus é vida para nós, não
deve causar-nos estranheza que a nossa existência de cristãos tenha de estar
embebida de oração. Mas não penseis que a oração é um acto que se realiza e se
abandona logo a seguir. O justo encontra na lei de Iavé a sua complacência e
procura acomodar-se a essa lei durante o dia e durante a noite. Pela manhã
penso em ti; e, durante a tarde, dirige-se a ti a minha oração como o incenso.
Todo o dia pode ser tempo de oração: da noite à manhã e da manhã à noite. Mais
ainda: como nos recorda a Escritura Santa, também o sono deve ser oração. (...)
A vida de oração tem de fundamentar-se, além disso, em pequenos espaços de
tempo, dedicados exclusivamente a estar com Deus. São momentos de colóquio sem
ruído de palavras, junto ao Sacrário sempre que possível, para agradecer ao
Senhor essa espera – tão só! – desde há vinte séculos. A oração mental é
diálogo com Deus, de coração a coração, em que intervém a alma toda: a
inteligência e a imaginação, a memória e a vontade. Uma meditação que contribui
a dar valor sobrenatural à nossa pobre vida humana, à nossa vida corrente e
diária. Graças a esses tempos de meditação, às orações vocais, às jaculatórias,
saberemos converter a nossa jornada, com naturalidade e sem espectáculo, num
contínuo louvor a Deus. Manter-nos-emos na sua presença, como os que estão enamorados
dirigem continuamente o seu pensamento à pessoa que amam, e todas as nossas
acções – inclusivamente as mais pequenas – encher-se-ão de eficácia espiritual.
Por isso, quando um cristão se lança por este caminho de intimidade
ininterrupta com o Senhor – e é um caminho para todos, não uma senda para
privilegiados – a vida interior cresce, segura e firme; e o homem empenha-se
nessa luta, amável e exigente ao mesmo tempo, por realizar até ao fim a vontade
de Deus. (Cristo que passa, 119)
[2] Mt 27, 62-66
Fátima
- BÊNÇÃO DAS VELAS E ORAÇÃO DO SANTO ROSÁRIO
Queridos
peregrinos.
Todos juntos, com a vela acesa na mão,
lembrais um mar de luz à volta desta singela capelinha, amorosamente erguida em
honra da Mãe de Deus e nossa Mãe, cujo caminho da terra ao céu foi visto pelos
pastorinhos como um rasto de luz. Contudo nem Ela nem nós gozamos de luz
própria: recebemo-la de Jesus. A sua presença em nós renova o mistério e o
apelo da sarça-ardente, o mesmo que outrora atraiu Moisés no monte Sinai e não
cessa de fascinar a quantos se dão conta duma luz particular em nós que arde
sem nos consumir (cf. Ex 3, 2-5). Por nós, não passamos de mísero silvado,
sobre o qual pousou a glória de Deus. A Ele toda a glória, a nós a humilde
confissão do próprio nada e a submissa adoração dos desígnios divinos que
estarão cumpridos quando «Deus for tudo em todos» (cf. 1 Cor 15, 28). Serva
incomparável de tais desígnios é a Virgem cheia de graça: «Eis a escrava do
Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1, 38).
Queridos peregrinos, imitemos Maria, fazendo
ressoar em nossa vida o seu «faça-se»! A Moisés, Deus ordenara: «Tira as
sandálias dos teus pés, porque o lugar em que te encontras é terra sagrada» (Ex
3, 5). E ele assim fez; calçará de novo as sandálias, para ir libertar o seu
povo da escravidão do Egipto e conduzi-lo à terra prometida. Não se trata
simplesmente da posse dum pedaço de terreno ou dum território nacional que cada
povo tem o direito de ter; na luta pela libertação de Israel e no seu êxodo do
Egipto, o que aparece primeiro é sobretudo o direito à liberdade de adoração, à
liberdade de um culto próprio. No decorrer da história do povo eleito, a
promessa da terra acabou por assumir cada vez mais este significado: a terra é
dada para que haja um lugar da obediência, para que exista um espaço aberto a
Deus.
No nosso tempo em que a fé, em vastas zonas
da terra, corre o perigo de apagar-se como uma chama que já não recebe
alimento, a prioridade que está acima de todas é tornar Deus presente neste
mundo e abrir aos homens o acesso a Deus. Não a um deus qualquer, mas àquele
Deus que falou no Sinai; àquele Deus cujo rosto reconhecemos no amor levado até
ao extremo (cf. Jo 13, 1) em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado.
Queridos irmãos e irmãs, adorai Cristo Senhor
em vossos corações (cf. 1 Ped 3, 15)!
Não tenhais medo de falar de Deus e de
ostentar sem vergonha os sinais da fé, fazendo resplandecer aos olhos dos
vossos contemporâneos a luz de Cristo, tal como a Igreja canta na noite da
Vigília Pascal que gera a humanidade como família de Deus.
Irmãos e irmãs, neste lugar é impressionante
observar como três crianças se renderam à força interior que as invadiu nas
aparições do Anjo e da Mãe do Céu. Aqui, onde tantas vezes se nos pediu que
rezemos o Terço, deixemo-nos atrair pelos mistérios de Cristo, os mistérios do
Rosário de Maria. A oração do Terço permite-nos fixar o nosso olhar e o nosso
coração em Jesus, como sua Mãe, modelo insuperável da contemplação do Filho.
Ao meditar os mistérios gozosos, luminosos,
dolorosos e gloriosos ao longo das «Ave Marias», contemplamos todo o mistério
de Jesus, desde a Encarnação até à Cruz e à glória da Ressurreição;
contemplamos a participação íntima de Maria neste mistério e a nossa vida em
Cristo hoje, também ela tecida de momentos de alegria e de dor, de sombras e de
luz, de trepidação e de esperança. A graça invade o nosso coração no desejo de
uma incisiva e evangélica mudança de vida de modo a poder proclamar com São
Paulo: «Para mim viver é Cristo» (Fil 1, 21), numa comunhão de vida e de
destino com Cristo.
Sinto que me acompanham a devoção e o afecto
dos fiéis aqui reunidos e do mundo inteiro.
Trago comigo as preocupações e as esperanças
deste nosso tempo e as dores da humanidade ferida, os problemas do mundo e
venho colocá-los aos pés de Nossa Senhora de Fátima: Virgem Mãe de Deus e nossa
Mãe querida, intercedei por nós junto de vosso Filho para que todas as famílias
dos povos, quer as que se distinguem pelo nome cristão quer as que ainda
ignoram o seu Salvador, vivam em paz e concórdia até se reunirem finalmente num
só povo de Deus, para glória da santíssima e indivisível Trindade. Amen.
DISCURSO
DO PAPA BENTO XVI, Esplanada do Santuário de Fátima, 12 de Maio de 2010