PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO
Terça-Feira
(Coisas
muito simples, curtas, objectivas)
Propósito: Aplicação no trabalho.
Senhor,
ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito
para to poder oferecer.
Lembrar-me: Os que estão sem trabalho.
Senhor,
lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às
suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.
Pequeno
exame: Cumpri o propósito que me propus
ontem?
LEITURA ESPIRITUAL
Evangelho
Mc
XV, 1-47
Jesus no tribunal romano: Pilatos
1 Logo
de manhã, os sumos sacerdotes reuniram-se em conselho com os anciãos e os
doutores da Lei e todo o Sinédrio; e, tendo manietado Jesus, levaram-no e
entregaram-no a Pilatos. 2 Perguntou-lhe Pilatos: «És Tu o rei dos Judeus?»
Jesus respondeu-lhe: «Tu o dizes.» 3 Os sumos sacerdotes acusavam-no de muitas
coisas. 4 Pilatos interrogou-o de novo, dizendo: «Não respondes nada? Vê de
quantas coisas és acusado!» 5 Mas Jesus nada mais respondeu, de modo que
Pilatos estava estupefacto.
Jesus e Barrabás
6 Ora,
em cada festa, Pilatos costumava soltar-lhes um preso que eles pedissem. 7 Havia
um, chamado Barrabás, preso com os insurrectos que tinham cometido um
assassínio durante a revolta. 8 A multidão chegou e começou a pedir-lhe o que
ele costumava conceder. 9 Pilatos, respondendo, disse: «Quereis que vos solte o
rei dos judeus?» 10 Porque sabia que era por inveja que os sumos sacerdotes o
tinham entregado. 11 Os sumos sacerdotes, porém, instigaram a multidão a pedir
que lhes soltasse, de preferência, Barrabás. 12 Tomando novamente a palavra,
Pilatos disse-lhes: «Então que quereis que faça daquele a quem chamais rei dos
judeus?» 13 Eles gritaram novamente: «Crucifica-o!» 14Pilatos insistiu: «Que
fez Ele de mal?» Mas eles gritaram ainda mais: «Crucifica-o!» 15 Pilatos,
desejando agradar à multidão, soltou-lhes Barrabás; e, depois de mandar
flagelar Jesus, entregou-o para ser crucificado.
Coroação de espinhos
16 Os
soldados levaram-no para dentro do pátio, isto é, para o pretório, e convocaram
toda a coorte. 17 Revestiram-no de um manto de púrpura e puseram-lhe uma coroa
de espinhos, que tinham entretecido. 18 Depois, começaram a saudá-lo: «Salve! Ó
rei dos judeus!» 19 Batiam-lhe na cabeça com uma cana, cuspiam sobre Ele e,
dobrando os joelhos, prostravam-se diante dele. 20 Depois de o terem
escarnecido, tiraram-lhe o manto de púrpura e revestiram-no das suas vestes.
A caminho do Calvário
Levaram-no,
então, para o crucificar. 21 Para lhe levar a cruz, requisitaram um homem que
passava por ali ao regressar dos campos, um tal Simão de Cirene, pai de
Alexandre e de Rufo. 22 E conduziram-no ao lugar do Gólgota, que quer dizer
'lugar do Crânio'.
Jesus crucificado e escarnecido
23 Queriam
dar-lhe vinho misturado com mirra, mas Ele não quis beber. 24 Depois,
crucificaram-no e repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte, para
ver o que cabia a cada um. 25 Eram umas nove horas da manhã, quando o
crucificaram. 26 Na inscrição com a condenação, lia-se: «O rei dos judeus.» 27 Com
Ele crucificaram dois ladrões, um à sua direita e o outro à sua esquerda. 28 Deste
modo, cumpriu-se a passagem da Escritura que diz: Foi contado entre os
malfeitores. 29 Os que passavam injuriavam-no e, abanando a cabeça, diziam:
«Olha o que destrói o templo e o reconstrói em três dias! 30 Salva-te a ti
mesmo, descendo da cruz!» 31 Da mesma forma, os sumos sacerdotes e os doutores
da Lei troçavam dele entre si: «Salvou os outros mas não pode salvar-se a si
mesmo! 32 O Messias, o Rei de Israel! Desça agora da cruz para nós vermos e
acreditarmos!» Até os que estavam crucificados com Ele o injuriavam.
Morte de Jesus
33 Ao
chegar o meio-dia, fez-se trevas por toda a terra, até às três da tarde. 34 E
às três da tarde, Jesus exclamou em alta voz: «Eloí, Eloí, lemá sabachtáni?»,
que quer dizer: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste? 35 Ao ouvi-lo,
alguns que estavam ali disseram: «Está a chamar por Elias!» 36 Um deles correu
a embeber uma esponja em vinagre, pô-la numa cana e deu-lhe de beber, dizendo:
«Esperemos, a ver se Elias vem tirá-lo dali.» 37 Mas Jesus, com um grito forte,
expirou. 38 E o véu do templo rasgou-se em dois, de alto a baixo. 39 O centurião
que estava em frente dele, ao vê-lo expirar daquela maneira, disse:
«Verdadeiramente este homem era Filho de Deus!» 40 Também ali estavam algumas
mulheres a contemplar de longe; entre elas, Maria de Magdala, Maria, mãe de
Tiago Menor e de José, e Salomé, 41 que o seguiam e serviam quando Ele estava
na Galileia; e muitas outras que tinham subido com Ele a Jerusalém.
Sepultura de Jesus
42 Ao
cair da tarde, visto ser a Preparação, isto é, véspera do sábado, 43 José de
Arimateia, respeitável membro do Conselho que também esperava o Reino de Deus,
foi corajosamente procurar Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. 44 Pilatos
espantou-se por Ele já estar morto e, mandando chamar o centurião,
perguntou-lhe se já tinha morrido há muito. 45 Informado pelo centurião,
Pilatos ordenou que o corpo fosse entregue a José. 46 Este, depois de comprar
um lençol, desceu o corpo da cruz e envolveu-o nele. Em seguida, depositou-o
num sepulcro cavado na rocha e rolou uma pedra sobre a entrada do sepulcro. 47 Maria
de Magdala e Maria, mãe de José, observavam onde o depositaram.
Comentário
Chegou ao fim o Teu calvário. O
sofrimento, os insultos, o vexame de seres despido em público, o opróbrio de
seres contado entre os salteadores, tudo se consumou.
Inclinas a cabeça gotejante, e expiras. E
o mundo cobre-se de trevas. E muitos ressuscitaram. E eu? Coberto pelas trevas
ou ressuscitado? Inclinado em prostração pelo sacrifício tremendo, coberto de
crepes, as lágrimas correndo, o corpo alquebrado pela angústia do meu Senhor
morto, ou, ao contrário, ressuscitado para a vida que acabas-Te de dar-me, para
a luminosa realidade de Teu filho e irmão, para a felicidade de finalmente ter
sido liberto da minha escravidão ao pecado?
Como pude eu, Senhor, mergulhar nas
trevas? Como posso eu, Senhor, passear-me indiferente ao Teu sacrifício? Como é
possível que eu não me transfigure num homem novo, diferente? Porquê não começo
a caminhar em frente, para Ti, em vez dos desvios que faço continuamente, das
paragens para deter-me em coisas que não valem nada, nesta minha viagem para me
juntar a Ti?
Nessa Cruz onde expiras-Te, caberei eu
também? Posso, Senhor, juntar-me a Ti de braços estendidos e participar
conTigo? Porque não quisesTe Senhor, que eu fosse, ao menos, esse ladrão que
levaste conTigo para o Paraíso? Mais fácil, muito mais fácil teria sido, sem
dúvida. Tu queres de mim, Senhor, toda a minha entrega e, eu, não Te dou senão
bocadinhos de mim, da minha vida e, mesmo esses, de má vontade e sem
determinação.
Posso eu merecer este Teu sacrifício? Decerto
que sim, mas só com a Tua ajuda, Senhor. Só com a Tua ajuda constante. Bastará
um momento, uma fracção de segundo, que me falte o Teu apoio e eu sou de novo
aquele que Te flagela, que Te coloca a coroa de espinhos, que Te trespassa o
peito com a lança, que Te vê morrer sem compreender nada, sem fazer nada. Não
podes, Senhor, deixar-me. Tenho de ser digno da Tua morte, tenho de merecer o
Teu calvário, a Tua Cruz.
Protesto eu que a minha cruz é pesada,
difícil e, no entanto, não morro nela. Pelo contrário, constantemente sinto a
Tua mão a ajudar-me a carregá-la, o seu peso descansar também no Teu ombro
dorido. Pois é, Senhor, mas eu não passo de um pobre pecador, desnorteado por
vezes, cheio de ambições, de vaidade e fraquezas. Tenho à minha frente a Tua
cruz, essa enorme cruz onde morresTe por mim.
Inclino-me contristado e com o coração
compungido pela dor de Te ver partir, de Te ver morrer. Sei porem que
ressuscitarás e que estarás sempre comigo, até que resolvas chamar-me para o pé
de Ti. Nada mais quero, nada mais desejo.
O que for preciso, Senhor, o que for
necessário fazer para merecer esta Tua morte, que eu o faça com a Tua ajuda,
com o alento que sabes dar, com a Tua misericórdia e bondade infinitas. E
então, quando prostrado Te adorar, quando estiver no Teu seio, dir-Te-ei: Obrigado
Senhor, pela Tua morte, sem ela não estaria aqui gozando a Vida Eterna.
(AMA, 1999)
SANTÍSSIMA VIRGEM
CARTA
ENCÍCLICA
REDEMPTORIS
MATER
DO
SUMO PONTÍFICE
JOÃO
PAULO II
SOBRE
A BEM-AVENTURADA
VIRGEM
MARIA
NA
VIDA DA IGREJA
QUE
ESTÁ A CAMINHO
Veneráveis
Irmãos, caríssimos Filhos e Filhas: saúde e Bênção Apostólica!
INTRODUÇÃO
4.
Para isso nos prepara já o Concílio Vaticano II, ao apresentar no seu
magistério a Mãe de Deus no mistério de Cristo e da Igreja. Com efeito, se «o
mistério do homem só se esclarece verdadeiramente no mistério do Verbo
Incarnado» ― como proclama o mesmo Concílio ― então é necessário aplicar este
princípio, de modo muito particular, àquela excepcional «filha da estirpe
humana», àquela «mulher» extraordinária que se tornou Mãe de Cristo. Só no
mistério de Cristo «se esclarece» plenamente o seu mistério. Foi assim, de
resto, que a Igreja, desde o princípio, procurou fazer a sua leitura: o
mistério da Incarnação permitiu-lhe entender e esclarecer cada vez melhor o
mistério da Mãe do Verbo Incarnado. Neste aprofundamento teve uma importância
decisiva o Concílio de Éfeso (a. 431), durante o qual, com
grande alegria dos cristãos, a verdade sobre a maternidade divina de Maria foi
confirmada solenemente como verdade de fé da Igreja. Maria é a Mãe de Deus (=
Theotókos), uma vez que, por obra do Espírito Santo, concebeu no seu seio
virginal e deu ao mundo Jesus Cristo, o Filho de Deus consubstancial ao Pai. “O
Filho de Deus ... ao nascer da Virgem Maria, tornou-se verdadeiramente um de
nós…”, fez-se homem. Deste modo, pois, mediante o mistério de Cristo,
resplandece plenamente no horizonte da fé da Igreja o mistério da sua Mãe. O
dogma da maternidade divina de Maria, por sua vez, foi para o Concílio de Éfeso
e é para a Igreja como que uma chancela no dogma da Incarnação, em que o Verbo
assume realmente, sem a anular, a natureza humana na unidade da sua Pessoa.
REFLEXÃO
Exame
pessoal 2
Exame
pois claro!
Como
se fosse assim algo de extraordinário, com um merecimento enorme!
Ainda
se fosse verdadeiro, profundo, detalhado!
Mas
não é, não costuma passar de uma revisão da memória onde me perco em inúmeras
coisas sem importância nenhuma, em vez de ir ao "fundo", ao cerne
onde nascem os meus defeitos, os meus erros.
Desejo
tirar esta capa de "bem-comportado" com que me cubro para poder
apresentar-me ao Senhor tal qual sou, ou, por outras palavras, como Ele sabe
que sou.
Só
com a Tua ajuda o conseguirei e, por isso Te peço me ajudes.
(AMA,
2018)
SÃO JOSEMARIA – textos
Aqui
estou, porque me chamaste
Chegou para nós um dia de
salvação, de eternidade. Uma vez mais se ouvem os assobios do Pastor Divino, as
suas palavras carinhosas: "Vocavi te
nomine tuo". – Chamei-te pelo teu nome. Como a nossa mãe, Ele
convida-nos pelo nome. Mais: pelo apelativo carinhoso, familiar. Lá, na
intimidade da alma, chama, e é preciso responder: "Ecce ego, quia vocasti me". Aqui estou, porque me chamaste;
decidido a que desta vez não passe o tempo como a água sobre os seixos rolados,
sem deixar rasto. (Forja, 7)
Um dia (não quero
generalizar; abre o coração ao Senhor e conta-lhe tu a história) talvez um
amigo, um cristão normal e corrente como tu, te tenha feito descobrir um
panorama profundo e novo e ao mesmo tempo tão antigo como o Evangelho. Sugeriu-te
a possibilidade de te empenhares seriamente em seguir Cristo, em ser apóstolo
de apóstolos. Talvez tenhas perdido então a tranquilidade e não a terás
recuperado, convertida em paz, até que, livremente, "porque muito bem te
apeteceu" – que é a razão mais sobrenatural – respondeste a Deus que sim.
E veio a alegria, vigorosa, constante, que só desaparece quando te afastas
d'Ele. Não me agrada falar de escolhidos nem de privilegiados. Mas é Cristo
quem fala disso, quem escolhe. É a linguagem da escritura: elegit nos in ipso ante mundi constitutionem – diz São Paulo – ut essemus sancti, escolheu-nos antes da
criação do mundo para sermos santos. Eu sei que isto não te enche de orgulho,
nem contribui para que te consideres superior aos outros homens. Essa escolha,
raiz do teu chamamento, deve ser a base da tua humildade. Costuma levantar-se
porventura algum monumento aos pincéis dum grande pintor? Serviram para fazer
obras-primas mas o mérito é do artista. Nós – os cristãos – somos apenas
instrumentos do Criador do mundo, do Redentor de todos os homens. (Cristo
que Passa,3)