(Nota: Seguindo a
recomendação de São Josemaria Escrivá procurarei viver o Evangelho como um
personagem mais. Para tal seguirei fielmente os textos pronto a fazer as
considerações que me ocorrerem.)
Dentro do Evangelho – Lc I
Sou
um samaritano e o que hoje aconteceu comigo, tem a sua raiz há tempos atrás.
Vivia
com a minha família em Sicar.
A
minha vida corria bem, os negócios prosperavam, embora tivesse que deslocar-me
com frequência a Jericó o que era assaz perigoso dada a frequência dos assaltos
e atropelos praticados pelos malfeitores que infestavam o caminho.
Sem
aviso, comecei a notar sinais alarmantes no meu corpo e, depois de observado
pelo médico as suspeitas confirmaram-se: estava a ser “atacado” pelo terrível
flagelo da lepra. Como se calcula, toda a minha vida se transformou, não ousava
sair de casa e evitava qualquer contacto com outras pessoas, sempre à espera
que a minha doença fosse conhecida pelas autoridades que me obrigariam a um
exílio e imporiam uma segregação social extrema.
Um
dia, porém, não pude deixar de assomar a uma janela de minha casa para
verificar a que se devia o burburinho e agitação que percorria toda a aldeia.
Uma
mulher, no meio do povo que a rodeava cada vez em maior número, contava entre
lágrimas e risos, numa excitação quase frenética, algo espantoso. Dizia ela que
tendo ido buscar água ao poço de Jacob encontrara um judeu sentado na borda do
poço que, sem mais, lhe pediu de beber.
Na
sua surpresa argumentara: «Como, sendo Tu judeu, me pedes de beber a mim,
que sou samaritana?» Mas,
continuava, a resposta foi ainda mais surpreendente de tal forma que regressara
a correr à aldeia a dar conta do sucedido e acrescentava: «Vinde ver um
homem que me disse tudo o que eu fiz; será este, porventura, o Cristo?». Muitos ficaram excitados e correram atrás da
mulher em direcção ao poço, outros continuaram discutindo entre si tão insólita
novidade.
Recolhi-me
de novo dentro de casa sem saber o que pensar, mas, dentro de mim algo me dizia
que este assunto não acabaria ali.
A
doença avançava com rapidez e, tal como temia, as autoridades vieram,
forçaram-me a sair de casa e ir para uma furna onde mal viviam outros dez
homens com o mesmo mal.
Desesperava…
as condições de vida eram insuportáveis, ninguém ousava aproximar-se de nós e
os escassos alimentos eram atirados do alto da ravina como se fossemos animais
perigosos.
Um
dia, passado algum tempo, ouviram-se gritos e agitação no caminho que passava
perto do local onde nos encontrávamos e, um de nós, arriscou-se a subir ao
parapeito a dar-se conta do que acontecia. Regressou e, ofegante, disse-nos que
o tal homem de que a mulher falara vinha pelo caminho seguido por uma multidão
de gente que o apertava e assediava com perguntas.
Tomámos
uma decisão e, os dez, subimos ao caminho e gritámos de longe: «Jesus,
Mestre, tem compaixão de nós!» Ele
viu-nos e disse-nos: «Ide, mostrai-vos aos sacerdotes» Não pensámos mais e pusemo-nos imediatamente
a caminho.
Depois
de alguns passos, dei-me conta que o meu corpo coberto de chagas estava limpo,
a pele sã e – espantoso! – não havia qualquer sinal de lepra! Parei de repente
e, enquanto os outros continuavam a caminhar, voltei para trás quase gritando
incontrolavelmente graças ao Senhor Deus Todo Poderoso que operara em mim tal
maravilha. Rompendo pelo meio dos que o rodeavam e prostrei-me a seus pés
continuando a dar graças. E foi então
que a minha vida se modificou radicalmente porque, o Mestre, disse-me
simplesmente: «Levanta-te, vai; a tua fé te salvou».
Sempre
que tinha uma oportunidade ocorria ao local onde me diziam que Ele estava a
pregar, a ensinar, a anunciar que o Reino de Deus estava próximo e que todos –
absolutamente todos – os homens devemos amar-nos uns aos outros.
A
normalidade tinha regressado à minha vida e retomando os meus negócios
recomecei as minhas viagens a Jericó. E, hoje, o que aconteceu – o que me
aconteceu – ao ver um pobre desgraçado estendido no chão, maltratado e ferido
por salteadores foi aproximar-me dele e prestar-lhe o auxílio que estava nas
minhas mãos prestar-lhe.
Agora,
descansa na estalagem para onde o levei e, eu, já deitado, sinto-me tão bem
comigo próprio, tão – porque não admiti-lo - orgulhoso com o meu comportamento
que não posso deixar de pensar no Nazareno que me deu tão preciosa lição de
vida que resumirei assim: “Faz aos outros o que desejas que te façam a ti”.
Reflectindo
Mentir pode ser, quase sempre é, um hábito. Bem...
chego a justificar... não é importante, não prejudico ninguém. Esqueço-me
contudo que a Verdade não tem dimensão pequena ou grande... ou é ou não é.
A prudência pode aconselhar que, em determinadas
circunstâncias, não se diga a verdade. Mas nunca aconselhará mentir.
Mentir sobre o que for, importante ou não, gera, pelo
menos dois Efeitos: O primeiro é próprio de uma consciência bem formada: o
arrependimento; a segunda é a imperiosa necessidade de corrigir.
Quanto á Segunda posso concluir que a manifestação
do meu arrependimento pode ter, pelo menos, dois Efeitos: o primeiro será o
"contamento" do(s) a quem menti; o segundo é a lógica possibilidade
de que "esses" pensem: 'Bem... está bem, mentiu mas retratou-se...
mas será que foi, ou será, esta a única vez que mentiu?'
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