O primeiro computador era um monstro que ocupava vários andares de um prédio, de uma complexidade tal que só os seus criadores e muito poucas outras pessoas sabiam manejá-lo.
Hoje em dia, as crianças dedilham com frenesim eficaz pequenos aparelhos com muito mais potência e incontáveis capacidades que aquele primeiro que consumiu décadas a ser imaginado e construído. Mas, é evidente, se não tivesse sido descoberto o princípio “base” do computador seria impossível ter, hoje em dia, essas crianças – e adultos – usufruindo de máquinas que de tão vulgarizadas que estão já quase não passamos em elas.
Que tem isto a ver com o carácter?
Tem tudo a ver porque, uma vez mais, tem de se ter a noção que tudo quanto fazemos hoje, terá um efeito no futuro, próximo ou longínquo e que muitas pessoas – nunca saberemos quantas – serão beneficiadas com essa nossa preocupação em evoluir.
Também, é verdade, temos de ter a certeza que se não fizermos o que nos compete, ninguém o fará por nós, prejudicando assim a sociedade inteira talvez hipotecando o futuro próximo por causa de um alheamento actual.
Esta noção de que cada ser humano é individual e irrepetível tem de levar-nos a uma constante preocupação por ocupar o nosso lugar da forma correcta cumprindo o nosso papel, desenvolvendo a nossa actividade com as capacidades e potências que temos e vamos desenvolvendo ao longo da vida, desde que nascemos até ao último momento.
Como “ninguém nasce ensinado”, a formação do carácter assume uma importância fundamental no normal desenvolvimento da pessoa humana.
Os Pais, em primeiríssimo lugar, os professores e demais formadores têm aqui um papel crucial a levar a cabo junto dos jovens que começam a dar os primeiros passos na vida consciente.
Tal como na história dos computadores a criança que não recebeu desde o início as noções, por primárias e incipientes que sejam, de como caminhar na vida, dificilmente se adaptará à mesma vida. Descobrirá, inevitavelmente, muitas coisas por si mesma, mas não saberá formatá-las como necessita porque lhe falta o “disco” original que não recebeu em tempo.
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