12/01/2022

Publicações em Janeiro 12



Pedro, que será a coluna sobre a qual assentará a Igreja de Cristo, duvidará muito, terá momentos de desânimo, sem compreender o que Jesus lhe diz acerca do sofrimento, da Cruz. Maria, ajudá-lo-á a compreender, a confiar e, sobretudo, a aceitar. Repetirá, vezes sem conta, o que dissera em Caná: Fazei tudo o que Ele vos disser…   Chamá-los-á, a Pedro, Tiago e João, para testemunhar a Sua Transfiguração, para verem com os seus olhos tão humanos a glória do Filho de Deus. Ainda aqui, não entendiam nada. Com os olhos carregados de sono, a Pedro só lhe ocorre dizer que se sente bem, que não quer afastar-se daquela visão, daquele local. Depois, nos momentos derradeiros, convidá-los-á, aos mesmos três, para O acompanharem no Horto das Oliveiras para testemunharem a Sua Agonia.

Mais uma vez, o sono vence-os. Este sono é a figura do desânimo, da preocupação, da incerteza, do medo. Tristeza e sono… como andam juntas estas “fraquezas” do homem! Consentir na tristeza é caminho certo para adormecer. Ficamos absortos no problema ou na situação que nos aflige e nos entristece. Tudo parece cinzento, não vemos nem saída nem escapatória e, se nos deixarmos ir por aí, o mais certo é os nossos olhos deixarem de ver o que realmente se passa à nossa volta e cerrarem-se com sono. ‘Eu…? Não!’ Dizemos, espantados com tal possibilidade, ‘comigo isso não acontece, nunca estou triste!’ Será verdade? Todas as vezes que nos detemos a pensar no que não temos e desejaríamos ter, porque pensamos que nos faz falta, no que faríamos se as circunstâncias fossem as que consideramos ideais; quando deixamos insinuar-se a suspeita, a pequena inveja, a nossa vontade de sobressair, de sermos notados, talvez mais “queridos” que os outros; quando nos revemos com prazer e gosto no que fizemos, como falámos, como fomos “certeiros” na nossa avaliação, como nos olharam com admiração… aí, não estamos tristes, bem pelo contrário, sentimo-nos contentes, felizes até, talvez, eufóricos. E, a tristeza, que tem a ver com isto, que, afinal, são coisas pequenas que procuramos reprimir de imediato? Tem, e muito, a ver porque essa alegria e esse contentamento depressa se desvanecem quando nos damos conta da nossa fraqueza, do pouco que somos, da nossa tendência para considerar detidamente tudo quanto é agradável aos nossos sentidos e, em contrapartida, a fuga ao sacrifício, à entrega, à renúncia, à simples contenção de pensamentos, atitudes e palavras. Senhor: quase que não vejo a necessidade de Te pedir humildade. Ser humilde é, para mim, um objectivo que persigo desde sempre. Sempre longe, parece, cada vez mais distante porque, pobre de mim, sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, que resiste a ser moldado pelas Tuas divinas mãos. Mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. A verdade que Te confesso é esta: Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada. E, o “oleiro divino” uma e outra vez refaz a mesma peça de que sou feito. Retoma o Seu ”trabalho” da minha santificação como se nada se tivesse passado, como se eu não estivesse feito nos pedaços que as minhas frequentes quedas originam. E, no entanto, é assim que é!

«E foi com ele». Jesus não se detém mais tempo. Provavelmente dando o braço a Jairo, numa atitude de confiança, de tranquila certeza, diz-lhe que indique o caminho para sua casa. Como deve tranquilizar-nos esta atitude do Mestre: caminhando confiadamente connosco, deixando que O levemos onde queremos ir, ao encontro da nossa necessidade. Certamente entabulou conversa com o Seu companheiro, informando-Se da sua vida, do seu trabalho, a família.

«Acompanhava-o grande multidão, que o apertava». A multidão segue, sem hesitar, Jesus que caminha. Há à Sua volta como que um ar de mistério, algo grande, extraordinário, fora do comum. As pessoas estão ansiosas, não obtêm respostas para as suas preocupações, não só o futuro, mas também o imediato é difícil, problemático.

 

Preparo-me para participar na Santa Missa. Digo ao Senhor que estou aqui presente com todo o meu desejo de participar activamente com todo o meu coração e capacidades. Não entendo uma palavra do que Sacerdote diz - fala em maltês - mas sei o que diz. É estranho não entendo, mas reconheço cada momento da Missa. Isto leva-me a concluir que o entender não tem que ver com o ouvir, mas com o sentir celebração. Compreendo o que o Senhor queria dizer com o aviso tantas vezes repetido: «quem tem ouvidos para ouvir que oiça». Trata-se de ouvir com o coração, com a alma, o entendimento. Na minha vida participei em Eucaristias onde não entendia uma palavra: em África em línguas nativas, no País Basco, etc. Se a Liturgia tem uma virtude principal talvez seja esta: tornar reconhecível e, portanto, poder participar activamente seja qual for a língua da celebração.  Também me quer parecer que existe uma verdadeira comunhão dos crentes unidos numa mesma Fé e com as mesmas disposições. A palavra de Deus não necessita tradução, esta a conclusão a que chego. Sim, é verdade, salvou-nos a todos sem excepção.

O olhar de Jesus!

Um olhar humano e divino, o olhar humano de Deus. Um olhar que arrasta, convence, atrai, chama. Mas também é o olhar de tédio quando mira Herodes; de reprovação quando expulsa os vendilhões do Templo; de repreensão quando encara os acusadores da adúltera. Um olhar que põe a nu os defeitos e erros, que acusa, que repudia, que afasta.  Jesus fala com o olhar em todas as situações: rindo contentes com a alegria do filho regressado à casa paterna, deixando correr as lágrimas pelo amigo morto há já três dias, toldado com a névoa da tristeza na Última Ceia, olhar de aflição e terror em Getsémani.   Os Seus seguidores mais próximos, não podem esquecer o olhar de Jesus.   Mais que as Suas palavras ou os Seus gestos – mesmo os de maior significado – o Seu olhar ficou-lhes gravado no coração desde o primeiro momento em que os encarou, um a um, chamando-os à Sua intimidade, ao Seu círculo mais próximo de confidentes e amigos. No nosso círculo de confidentes e amigos – onde levamos a cabo o nosso “apostolado de amizade e confidência” – conhecem-nos pelo nosso olhar franco, aberto, claro, bem-disposto? O nosso olhar inspira confiança? Transmite tranquilidade? Perguntas que devemos colocar-nos cada dia. Os olhos são o espelho da alma, costuma dizer-se, e, que preocupação devemos ter que, de facto, o sejam! Com os mesmos olhos com que contemplamos, embevecidos, a Hóstia Santa que o Sacerdote nos mostra na hora de comungar, poderemos contemplar imagens impuras ou impróprias? Os olhos que se perdem na vastidão do infinito Amor de Deus poderão ser os mesmos que se deixam absorver pela passageira e fugaz imagem do prazer do momento? Podem, sim, sabemos que podem! Somos humanos, fracos, débeis, volúveis. Que remédio teremos, senão pedir, constantemente, à nossa Mãe do Céu que proteja o nosso olhar, que guie o nosso olhar? Que poderemos mais senão implorar que nos ajude a guardar a vista como um bem precioso e caríssimo que não queremos desperdiçar? Que mais desejar que manter o olhar de crianças, límpido, puro, franco e aberto?

Olho para Ti, olhos nos olhos, e digo-te que Te amo e, não tenho medo que não acredites, sei que o vês nos meus olhos. Quero guardar para Ti, - só para Ti – o meu olhar. Se possível fosse ter estes olhos com que agora Te contemplo, bem guardados num cofre donde só os retiraria para Te contemplar. Outros olhos, para o dia-a-dia, seriam “reforçados” com lentes especiais que só me permitissem ver o que pode ser visto. Ou, se preferires, Senhor, ser cego para tudo quanto não sejas Tu. A Tua Face que quero contemplar tão cedo quanto Tu mo permitires, há-de iluminar os meus olhos com a mesma luz do Céu, aquela luz onde se movem os anjos e os santos que Te contemplam. Olhos só para Ti, Senhor, só para Ti, para mais nada os quero a não ser… a não ser…, para ver as maravilhas que Tu criaste e, por elas, dar-te graças continuamente. O lógico é que, quem tem olhos… veja. Não precise, para ver, mais que luz, claridade e, aqui, bate o ponto: como é possível ver no escuro? Como pode descortinar-se o quer que seja, permanecendo na comodidade - e cobardia - do ensimesmamento, da clausura em si mesmo, recusando-se sistematicamente a tomar conhecimento do que a Igreja legisla, o Papa esclarece, Jesus Cristo adverte? Ninguém pode dizer que não sabe se não quer ver, se recusa, pelo menos, tomar conhecimento. «Eu sou a luz do mundo; aquele que me seguir não andará nas trevas». Aparentemente, estamos perante uma dificuldade: Para se ter luz é preciso seguir Cristo e, só seguindo Cristo se andará na Luz. Parece difícil de resolver, mas não é. Trata-se apenas de uma norma de conduta, de vida. Fazer o bem ou fazer o mal, nada mais que isto. Com efeito, o próprio Jesus nos dá esta mesma razão: «É que todo aquele que pratica más acções odeia a Luz e não se aproxima da Luz, para não serem expostas a descoberto as suas obras. Quem pratica a verdade aproxima-se da Luz, para se tornar bem claro que as suas obras estão realizadas em Deus.» Óh Deus que me conheces perfeitamente tal como sou, ajuda-me a conhecer-me a mim mesmo, para que possa combater com eficácia os enormes defeitos do meu carácter, em particular... Chamaste-me Senhor, pelo meu nome e eu aqui estou: com as minhas misérias, as minhas debilidades, com palavras maiores que os actos, intenções mais vastas que as obras e desejos que ultrapassam a vontade. Porque não sou nada, não valho nada, não sei nada e não posso nada, entrego-me totalmente nas Tuas mãos para que, por intercessão de minha Mãe, Maria Santíssima, de São José, meu pai e senhor, do Anjo da minha Guarda e de São Josemaria, possa adquirir um espírito de luta perseverante.

 

 

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