TEMA 31. O Decálogo. O
primeiro mandamento
3. A fé e a esperança em
Deus
Fé,
esperança e caridade são as três virtudes “teologais” (virtudes que se dirigem
a Deus). A maior é a caridade (cf. 1 Cor 13,13), que dá “forma” e “vida”
sobrenatural à fé e à esperança (de modo semelhante como a alma dá vida ao
corpo). Mas a caridade pressupõe nesta vida a fé, porque só pode amar a Deus
quem O conhece; e pressupõe também a esperança, porque só pode amar a Deus quem
coloca o seu desejo de felicidade na união com Ele.
A
fé é um dom de Deus, luz na inteligência que nos permite conhecer a verdade que
Deus nos revelou e anuir com ela. Implica duas coisas: crer no que Deus revelou
(o mistério da Santíssima Trindade e todos os artigos do Credo) e crer no
próprio Deus que se revelou (confiar n’Ele). Não há nem pode haver oposição
entre fé e razão.
A
formação doutrinal é importante para alcançar uma fé firme e para fortalecer o
amor a Deus e aos outros por Deus: para a santidade e o apostolado. A vida de
fé é uma vida apoiada na fé e coerente com ela.
A
esperança é também um dom de Deus que impulsiona a desejar a união com Ele, na
qual se encontra a nossa felicidade, confiando que Ele nos dará a capacidade e
os meios para a alcançar (cf. Catecismo, 2090).
Nós,
os cristãos, devemos estar sempre «alegres na esperança» (Rm 12,12),
porque se somos fiéis aguarda-nos a felicidade do Céu: a visão de Deus face a
face (1 Cor 13,12), a visão beatífica. «Se somos filhos de Deus,
somos também herdeiros: herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo,
pressupondo que com Ele sofremos, para também com Ele sermos glorificados» (Rm
8,17). A vida cristã nesta terra é um caminho de felicidade, porque, pela
graça, já aqui possuímos uma antecipação dessa união com a Santíssima Trindade,
todavia é uma felicidade com dor, com cruz. A esperança torna-nos conscientes
de que vale a pena! «Vale a pena arriscar a vida inteira! Trabalhar e sofrer,
por Amor, para levar avante os desígnios de Deus, para co-redimir» 12.
Os
pecados contra o primeiro mandamento são pecados contra as virtudes teologais:
a)
Contra a fé: o ateísmo, o agnosticismo, o indiferentismo religioso, a heresia,
a apostasia, o cisma, etc. (cf. Catecismo, 2089). É também contrário
ao primeiro mandamento pôr em perigo a própria fé, quer seja pela leitura de
livros contrários à fé ou à moral, sem motivo proporcionado e sem a preparação
suficiente; ou devido à omissão dos meios que a defendam.
b)
Contra a esperança: o desespero da própria salvação (cf. Catecismo, 2091)
e, no extremo oposto, a presunção de que a misericórdia divina perdoará os
pecados sem conversão nem contrição, ou sem necessidade do sacramento da
Penitência (cf. Catecismo, 2092). É igualmente contrário a esta
virtude colocar a esperança de felicidade em alguma coisa fora de Deus.
c)
Contra a caridade: qualquer pecado é contrário à caridade. No entanto, opõem-se
directamente à caridade a rejeição de Deus bem como a tibieza: não O querer
amar com todo o coração. Contrários ao culto a Deus são o sacrilégio, a
simonia, certas práticas de superstição, a feitiçaria, etc., e o satanismo (cf.
Catecismo, 2111-2128).
javier lópez
Bibliografia
básica:
Catecismo
da Igreja Católica, 2064-2132.
Leituras
recomendadas:
Bento
XVI, Enc. Deus Caritas est, 1-18, 25-XII-2005.
Bento
XVI, Enc. Spe Salvi, 30-XI-2007.
S.
Josemaria, Homilias «Vida de Fé», «A Esperança do cristão», «Com a força do
amor», em Amigos de Deus.
(Resumos
da Fé cristã: © 2013, Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet)
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Notas:
12
S. Josemaria, Forja, 26.