22/03/2011

O sentimento de culpa

Observando

O escritor dinamarquês Henrik Stangerup apresenta na sua novela "O homem que queria ser culpável" uma interessante reflexão sobre o sentido de culpa. O seu protagonista, Torben, cometeu um crime e pretende em vão que os responsáveis pela justiça da sociedade em que vive o reconheçam como tal. Todavia, dizem-lhe que seu acto não foi um assassinato, mas um lamentável acidente provocado pelas circunstâncias. Asseguram-lhe que veio forçado pela sociedade, que é a única verdadeiramente culpável. Tratam-no como um desequilibrado, vítima de um absurdo complexo de culpabilidade. Depois deixam-no em liberdade e tentam fazê-lo esquecer todo a recordação da sua mulher.
Mas ele sabe que matou a sua mulher num acesso de cólera e embriaguez, sente-se culpável e quer pagar por isso. Ao longo da novela, o protagonista irá enlouquecendo de verdade, esmagado pela expropriação que fizeram dos fundamentos da sua responsabilidade pessoal, enquanto tenta sem êxito provar que é culpável dessa morte.
Cont/
alfonso aguiló, in FLUVIUM, 2011.03.19, trad ama

Diálogos apostólicos

Diálogos


E a vitória, perguntas?

Bem...a vitória está nessa luta constante, confiada, insistente, sem desfalecimento.

Está, sobretudo, nesse começar e recomeçar sempre...sempre...









AMA, 2011.03.22

Reconciliação


Doutrina

302  Quais os elementos essenciais do sacramento da Reconciliação?
São dois: os actos realizados pelo homem que se converte sob a acção do Espírito Santo e a absolvição do sacerdote, que em Nome de Cristo concede o perdão e estabelece a modalidade da satisfação.

303  Quais são os actos do penitente?
São: um diligente exame de consciência; a contrição (ou arrependimento), que é perfeita, quando é motivada pelo amor a Deus, e imperfeita, se fundada sobre outros motivos, e que inclui o propósito de não mais pecar; a confissão, que consiste na acusação dos pecados feita diante do sacerdote; a satisfação, ou seja, o cumprimento de certos actos de penitência, que o confessor impõe ao penitente para reparar o dano causado pelo pecado.

304  Que pecados se devem confessar?
Devem-se confessar todos os pecados graves ainda não confessados, dos quais nos recordamos depois dum diligente exame de consciência. A confissão dos pecados graves é o único modo ordinário para obter o perdão.

305  Quando se é obrigado a confessar os pecados graves?
Todo o fiel, obtida a idade da razão, é obrigado a confessar os seus pecados graves ao menos uma vez por ano e antes de receber a Sagrada Comunhão.

306  Porque é que os pecados veniais podem ser também objecto da confissão sacramental?
A confissão dos pecados veniais é muito recomendada pela Igreja, embora não estritamente necessária, porque nos ajuda a formar uma consciência recta e a lutar contra as más inclinações, para nos deixarmos curar por Cristo e progredirmos na vida do Espírito.

307  Quem é o ministro deste sacramento?
Cristo confiou o ministério da reconciliação aos seus Apóstolos, aos Bispos seus sucessores e aos presbíteros seus colaboradores, os quais portanto se convertem em instrumentos da misericórdia e da justiça de Deus. Eles exercem o poder de perdoar os pecados no Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

308  A quem é reservada a absolvição de alguns pecados?
A absolvição de alguns pecados particularmente graves (como os punidos com a excomunhão) é reservada à Sé Apostólica ou ao Bispo do lugar ou aos presbíteros por ele autorizados, embora todo o sacerdote possa absolver de qualquer pecado e excomunhão a quem se encontra em perigo de morte.

309  O Confessor é obrigado ao segredo?
Dada a delicadeza e a grandeza deste ministério e o respeito devido às pessoas, todo o confessor está obrigado a manter o sigilo sacramental, isto é, o absoluto segredo acerca dos pecados conhecidos em confissão, sem nenhuma excepção e sob penas severíssimas.

310  Quais são os efeitos deste sacramento?
Os efeitos do sacramento da Penitência são: a reconciliação com Deus e portanto o perdão dos pecados; a reconciliação com a Igreja; a recuperação, se perdida, do estado de graça; a remissão da pena eterna merecida por causa dos pecados mortais e, ao menos em parte, das penas temporais que são consequência do pecado; a paz e a serenidade da consciência, e a consolação do espírito; o acréscimo das forças espirituais para o combate cristão.

311  Quando se pode celebrar este sacramento com confissão genérica e absolvição colectiva?  
Em casos de grave necessidade (como o perigo iminente de morte), pode-se recorrer à celebração comunitária da Reconciliação com confissão genérica e absolvição colectiva, respeitando as normas da Igreja e com o propósito de confessar individualmente os pecados graves no tempo oportuno.

(...) O Compêndio, que agora apresento à Igreja universal, é uma síntese fiel e segura do Catecismo da Igreja Católica. Ele contém, de maneira concisa, todos os elementos essenciais e fundamentais da fé da Igreja, de forma a constituir, como desejara o meu Predecessor, uma espécie de vademecum, que permita às pessoas, aos crentes e não crentes, abraçar, numa visão de conjunto, todo o panorama da fé católica. (...) confio esperançoso este Compêndio a toda a Igreja e a cada cristão para que, graças a ele, se encontre, neste terceiro milénio, novo impulso no renovado empenhamento de evangelização e de educação na fé, que deve caracterizar cada comunidade eclesial e cada crente em Cristo, em qualquer idade e nação. Mas este Compêndio, pela sua brevidade, clareza e integridade, dirige-se a todas as pessoas, que, num mundo caracterizado pela dispersão e pelas múltiplas mensagens, desejam conhecer o Caminho da Vida, a Verdade, confiada por Deus à Igreja do Seu Filho. Lendo este instrumento autorizado que é o Compêndio, possa cada um, em especial graças à intercessão de Maria Santíssima, a Mãe de Cristo e da Igreja, reconhecer e acolher cada vez mais a beleza inexaurível, a unicidade e actualidade do Dom por excelência que Deus concedeu à humanidade: o Seu único Filho, Jesus Cristo, que é «o Caminho, a Verdade e a Vida» (Jo 14, 6).
Dado aos 28 de Junho de 2005, vigília da Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, ano primeiro de Pontificado, Bento XVI

Pontos tirados do Compêndio do Catecismo da Igreja Católica aprovado por Bento XVI em 28-06-2005;   pode consultar-se em   http://www.ecclesia.pt/catecismo/ 


Agradec. João Lopes


Tempo de Quaresma

Notável abertura de uma alma ao tempo Quaresmal:

SÍNODO VAI DEBATER NOVA EVANGELIZAÇÃO

Duc in altum
Os “lineamenta” (esboços) da 13.ª Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, que se realizará de 7 a 28 de Outubro de 2012, em Roma, sobre o tema: “A nova evangelização para a transmissão da fé cristã”foram apresentados no dia 4 do mês corrente.

O documento faz a distinção teórica entre a evangelização como actividade regular da Igreja, desde o primeiro anúncio “ad gentes”, para os que não conhecem ainda Jesus Cristo, à nova evangelização, que se dirige sobretudo aos que se afastaram da Igreja e às pessoas baptizadas mas não suficientementeevangelizadas.

No primeiro capítulo, “tempo de nova Evangelização”, descreve-se o nascimento do conceito de nova evangelização e a sua difusão nos pontificados de João Paulo II e de Bento XVI. São também indicados os “cenários” que a Igreja deve confrontar para estar “à altura dos desafios que o contexto social e cultural da nossa época expõe à fé cristã”: a secularização, o fenómeno migratório, os meios de comunicação social (incluindo os mais modernos da era digital), o sector económico, a investigação científica e tecnológica e o mundo da política.

“Proclamar o Evangelho de Jesus Cristo” é o título do segundo capítulo, no qual se afirma que “o objectivo da evangelização e, com maior razão, da nova evangelização, é o anúncio do Evangelho e a transmissão da fé. O Evangelho não deve ser entendido como um livro ou uma doutrina, mas sim como uma pessoa: Jesus Cristo, Palavra definitiva de Deus que se fez homem.

O terceiro capítulo apresenta a reflexão sobre as ferramentas da Igreja para introduzir na fé e, em particular, sobre os sacramentos da iniciação cristã: Baptismo, Confirmação e Eucaristia.

Na conclusão, reafirma-se que “a nova evangelização deveria reacender nos cristãos o impulso das origens, uma nova missão que envolva todos os membros do Povo de Deus”. O texto inclui um questionário, cujas respostas devem ser enviadas à Secretaria-Geral do Sínodo, no máximo até 1 de Novembro de 2011. A síntese das respostas formará o “Instrumentum laboris” (documento de trabalho) do Sínodo dos Bispos.

A diocese do Porto está a fazer caminho ao andar na prática da nova evangelização. Recorda-se que a expressão foi usada vezes sem conta por João Paulo II, sendo retomada por Bento XVI, que criou já duas iniciativas que a concretizam: o “pátio dos gentios”, para encontro de cristãos com agnósticos e ateus, e o Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização. A nova evangelização já mereceu também um congresso internacional que decorreu em Viena, Bruxelas, Paris, Lisboa e Budapeste, tendo sido um dos grandes animadores no Patriarcado o então bispo auxiliar de Lisboa e actual bispo do Porto, D. Manuel Clemente. Não admira que esteja a ser uma das maiores marcas da sua missão como bispo do Porto, onde chegou faz agora quatro anos.

INFORMAÇÕES MUITO BREVES   [De vez em quando] 22.03.2011

TEXTOS DE SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ

"Para ti estudar é uma obrigação grave"

Oras, mortificas-te, trabalhas em mil coisas de apostolado..., mas não estudas. – Então, não serves, se não mudas. O estudo, a formação profissional, seja qual for, entre nós é obrigação grave. (Caminho, 335)

Se tens de servir a Deus com a tua inteligência, para ti estudar é uma obrigação grave.
(Caminho, 336)

Frequentas os Sacramentos, fazes oração, és casto... e não estudas... – Não me digas que és bom; és apenas bonzinho.
(Caminho, 337) 

© Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet
http://www.opusdei.pt/ 

Temas para a Quaresma - 14


Tempo de Quaresma

Continuação

A contrição tem muito a ver com a humilhação.

“Não desprezes, Senhor, um coração humilhado e contrito”, repete amiúde a Igreja durante este tempo de Quaresma, repetindo as palavras do Salmo do Rei David.

A humilhação por ter prevaricado, cedido à tentação, é um sentimento natural pois, ceder em algo que não é, em si, bom, é sempre um sinal de fraqueza pessoal.

ama, 2011.03.22

cont./

Senhor dos Passos (Afonso Cabral)

Navegando pela minha cidade

Senhor dos Passos



A Rua Escura é exactamente isso: escura. Escura e pobre. De uma pobreza medieval e de uma miséria contemporânea. Toda ela, do princípio ao fim, nunca apanha sol. Desde a Rua do Corpo da Guarda até se ramificar como uma raiz - em outras pobrezas e escuridões - nas Ruas da Bainharia, do Souto e dos Pelames. O Sol voa lá por cima acompanhado pelas gaivotas, rasando os telhados das casas altas e estreitas. Tão estreitas e tão altas que parece que se tocam nos beirais. Todas aquelas ruas parecem muito mais obra do reino mineral e vegetal do que do condado Portucalense. Mas é assim, parece que houve ali muito mais natureza do que racionalidade. E a força dessa natureza primitiva continua a larvar nas pedras e nas casas daquelas ruas. Só vive ali quem é pobre. E pobre há muito tempo. De uma pobreza de granito e exclusivista. Mas está viva e há lá muita gente com luz por dentro. E também muita gente quase morta e com um imenso vazio interior.
Logo no início da rua, encostado aos primeiros degraus de umas escadas de granito ergue-se o Oratório da Capela de São Sebastião. Lá dentro está a imagem em tamanho natural do Senhor dos Passos. Lá dentro, Jesus Cristo cai pela terceira vez a caminho do calvário com a cruz às costas. Um joelho por terra; a mão direita a agarrar a cruz, para que ela não caia e deixe de lhe pesar, e a mão esquerda que deveria estar a apoiar-se no chão, não o está. A mão caiu da longa manga da túnica e jaz em terra. Jaz com todos os dedos partidos menos o médio e o gesto obsceno surge e impõe-se gélido como um sacrilégio. Dois tocheiros ladeiam o Senhor do Passos: ao da esquerda, caiu-lhe o círio amarelo; ao da direita, o círio tombou e ficou apoiado na parede como um bêbado devasso. Uma sombra de pó e de solidão cobre tudo de abandono. Muitos vidros da porta de chapa foram partidos e no chão vêem-se umas moedinhas escuras de cêntimos que me fizeram lembrar umas trinta moedas de prata. Atiraram-nas lá para dentro como quem atira moedas na Fontana de Trevi. Pareceu-me então ouvir dizer o Senhor dos Passos dentro daquela prisão de granito: Ó geração incrédula! Até quando hei-de estar convosco? Até quando vos hei-de suportar?[1]. E comecei a subir as escadas que agora já me parecia que iam até ao calvário. Quando lá cheguei; quando cheguei ao cimo onde já não havia saída possível, pareceu-me que tinha caído numa armadilha mortal: naquele vazio granítico e murado, dezenas de embalagens de seringas pejavam o chão de pedra. Kits PREVENÇÃO SIDA com prazo de validade de Janeiro 2013 ofereceram uns momentos de paraíso a quem vive num inferno. Este Kit contém: 2 seringas; 2 filtros; 2 toalhetes; 2 recipientes (carica) 2 carteiras de ácido cítrico; 2 ampolas de água bidestilada; 1 preservativo. Quando o Senhor dos Passos chegar cá acima, a este calvário – pensei – só vai precisar de um martelo e de três pregos para ir para o Seu Paraíso.

Afonso Cabral



[1] Mc 9 - 19

[1] Mc 9 - 19

Doutrina - Quem não ama a Deus pode ter ideais?

Doutrina

Pode e deve tê-los, mas corre maior perigo de se tornar egoísta. 

Por exemplo, o serviço aos outros pode fazer-se com intenção de auto-aplaudir-se ou obter reconhecimentos; em troca, para quem ama o Senhor é mais simples dirigir os louvores à sua glória. 

O amor e serviço a Deus é libertador da escravidão ao próprio eu.

São José – Ensino

Duc in altum



O papel de São José inclui ensinar o seu Filho adoptivo um ofício, é o que faz.

Não se detém a pensar que sendo Jesus o Filho de Deus e a Sua tarefa a salvação da humanidade, as habilitações de um carpinteiro talvez não fossem as adequadas.

A ele compete-lhe ensinar o que sabe e não outra coisa que não lhe diz respeito.




ama, 2011.03.22

Exemplos sobre conservar o amor?

Conta, peso e medida


O amor apresenta duas facetas e convém fomentar as duas.

  • O amor-caridade reforça-se procurando o modo de fazer um bem ou um serviço ao outro, ou à família.
  • O amor-sentimento é menos estável e reclama vários cuidados. Por exemplo:
- Esquecer prontamente as faltas do outro, para não alimentar o ódio.


- Prestar atenção aos acertos e boas qualidades do outro, para reforçar os sentimentos de apreço.


(ideasrapidas, trad ama)

Evangelho do dia e comentário

Quaresma - II Semana

Evangelho: Mt 23, 1-12

1 Então, Jesus falou às multidões e aos Seus discípulos ,2 dizendo: «Sobre a cadeira de Moisés sentaram-se os escribas e os fariseus. 3 Observai, pois, e fazei tudo o que eles vos disserem, mas não imiteis as suas acções, porque dizem e não fazem. 4 Atam cargas pesadas e impossíveis de levar, e as põem sobre os ombros dos outros homens, mas nem com um dedo as querem mover. 5 Fazem todas as suas obras para serem vistos pelos homens. Trazem mais largas as filactérias, e mais compridas as franjas dos seus mantos. 6 Gostam de ter os primeiros lugares nos banquetes, e as primeiras cadeiras nas sinagogas, 7 das saudações na praça, e de serem chamados rabi pelos homens. 8 Mas vós não vos façais chamar rabis, porque um só é o vosso Mestre, e vós sois todos irmãos. 9 A ninguém chameis pai sobre a terra, porque um só é o vosso Pai, O que está nos céus. 10 Nem façais que vos chamem mestres, porque um só é o vosso Mestre, Cristo. 11 Quem entre vós for o maior, seja vosso servo. 12 Aquele que se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado.

Comentário:

Para que o apostolado em que todos os cristãos devemos estar empenhados nada será mais importante que o exemplo.

As belas palavras, a fluência do discurso, os dotes de oratória, a capacidade de entusiasmar aqueles que são o objecto da nossa acção apostólica de nada valem se a nossa postura, a nossa vida, o nosso exemplo, em suma, não estiver em consonância.

As palavras…leva-as o vento e esquecem!

O que os olhos vêm o coração sente e guarda.

(ama, meditação sobre Mt 23, 1-12, 2011.02.22)