O escritor dinamarquês Henrik Stangerup apresenta na sua novela "O homem que queria ser culpável" uma interessante reflexão sobre o sentido de culpa. O seu protagonista, Torben, cometeu um crime e pretende em vão que os responsáveis pela justiça da sociedade em que vive o reconheçam como tal. Todavia, dizem-lhe que seu acto não foi um assassinato, mas um lamentável acidente provocado pelas circunstâncias. Asseguram-lhe que veio forçado pela sociedade, que é a única verdadeiramente culpável. Tratam-no como um desequilibrado, vítima de um absurdo complexo de culpabilidade. Depois deixam-no em liberdade e tentam fazê-lo esquecer todo a recordação da sua mulher.
Mas ele sabe que matou a sua mulher num acesso de cólera e embriaguez, sente-se culpável e quer pagar por isso. Ao longo da novela, o protagonista irá enlouquecendo de verdade, esmagado pela expropriação que fizeram dos fundamentos da sua responsabilidade pessoal, enquanto tenta sem êxito provar que é culpável dessa morte.
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alfonso aguiló, in FLUVIUM, 2011.03.19, trad ama
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