Dentro
do Evangelho – (cfr:
São Josemaria, Sulco 253)
(Re
Mt XIII)
Nestes quase dois anos e meio a seguir Jesus,
parecia-me que quantos O acompanhavam mais assiduamente se tinham habituado à
minha presença e já não se preocupavam que eu escutasse as conversas entre
eles; isto foi muito bom para mim, já que me deu oportunidade de os conhecer
melhor. Admirava-me sempre com as dúvidas que manifestavam entre si, dúvidas
que surgiam da incompreensão de muitos dos discursos do Mestre. É certo, a
maneira de falar dos Orientais, sobretudo naquela época, era recheada de imagens,
sugestões, exemplos da vida corrente. O vocabulário era exíguo, uma palavra
poderia ter mais que um significado de modo que, sobretudo os mestres,
empregavam imagens que melhor poderiam esclarecer o que queriam dizer. De forma
que era bastante comum ouvi-los interpelar Jesus:- Domine,
edissere nos parabulam! O Mestre
nunca Se mostrava enfadado, bem ao contrário explicava-lhes com infinita
paciência o conteúdo dos seus discursos. Reflicto que, eu, tenho muito que
agradecer a estes homens exemplos de honestidade simples e sincera, graças a
eles compreendo liminarmente as palavras de Jesus mas, mais... quando me falta
algo para compreender totalmente, sigo o seu exemplo e digo do fundo do
coração: - Senhor... ajuda-me a compreender!
Reflexão
Tentação
Como leão rugidor" comentava São Pedro a
propósito do assédio do tentador ao homem.
Não corrijo o Príncipe dos Apóstolos, como me
atreveria, mas considero o que reflicto: O leão é uma fera e como tal pode
constituir perigo mas... a sua acção é sempre nobre, ataca para se defender ou
para debelar a sua fome. A maior parte das vezes, quando a luta, o ataque
exigem esforço porque o "alvo" resiste, limita-se a rugir para
incutir medo e dedica-se a descansar. Logo, o leão não representa, para mim,
uma ameaça mas, apenas suscita precaução. Já no que respeita ao lobo tenho de
ver... tem um comportamento diferente, é um predador inveterado atacando sem dó
nem piedade qualquer que encontre pelo caminho, quer o "território"
só para si, não tolera intrusos ou recalcitrantes, mesmo que sejam outros lobos
iguais a ele. Os seus êxitos dar-lhe-ão estatuto, o Chefe da Alcateia tê-los-á
em boa conta. Muito provavelmente todos assistimos a cenas, filmes sobre a
"vida selvagem" filmadas "ao vivo" tal qual são. Refiro
especificamente aquelas que documentam os ataques de lobos a rebanhos de Renas,
para comentar uma realidade... as Renas sendo muito mais numerosas e estando
munidas de estatura, peso e defesas muito superiores aos lobos, fogem em todas
as direcções, por montes e vales até ficarem exaustas, submergidas na tundra, à
mercê do lobo. Este não as largou, foi pacientemente perseguindo o rebanho até
conseguir isolar uma e, então, daí à conquista do objectivo foi um ápice. Fico
a pensar o que aconteceria se as Renas se unissem e fizessem frente ao
lobo... Tenho de concluir que para resistir, ultrapassar a tentação, me
convém muito não estar sozinho, por mais que confie nas minhas
"defesas", tenho a meu lado - sempre disponível - o Anjo da minha
Guarda, não espera mais que eu o chame em meu auxílio, por pequenino ou
enormíssimo que seja o perigo, Ele vencerá, sempre o "lobo". Mas de
"leões e lobos" todos, uns mais outros menos, temos consciência que
existem e, sendo assim, é natural que estejamos atentos a esses
"ataques" para ripostar, só que, como sabiamente escreveu um Santo
dos nossos dias... "Temos de nos convencer de que o maior inimigo da pedra
não é o picão ou o machado, nem o golpe de qualquer outro instrumento, por mais
contundente que seja: é essa água miúda, que se mete, gota a gota, entre as
gretas da fraga, até arruinar a sua estrutura. (Cristo que passa,
77).
Atenção... pois!!!
O tentador: Leão rugidor ou Lobo matreiro e
impiedosamente persistente???
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