29/12/2016

Tudo pode e deve levar-nos a Deus

É urgente difundir a luz da doutrina de Cristo. Entesoura formação, enche-te de clareza de ideias, de plenitude da mensagem cristã, para poder depois transmiti-la aos outros. Não esperes umas iluminações de Deus, que não tem porque dá-las, já que dispões de meios humanos concretos: o estudo, o trabalho. (Forja, 841)

O cristão precisa de ter fome de saber. Desde o estudo dos saberes mais abstractos até à habilidade do artesão, tudo pode e deve conduzir a Deus. Efectivamente não há tarefa humana que não seja santificável, motivo para a nossa própria santificação e oportunidade para colaborar com Deus na santificação dos que nos rodeiam. A luz dos seguidores de Jesus Cristo não deve estar no fundo do vale, mas no cume da montanha para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus.

Trabalhar assim é oração. Estudar assim é oração. Investigar assim é oração. Nunca saímos afinal do mesmo: tudo é oração, tudo pode e deve levar-nos a Deus, alimentar a nossa intimidade contínua com Ele, da manhã à noite. Todo o trabalho honrado pode ser oração e todo o trabalho que é oração é apostolado. Deste modo, a alma fortalece-se numa unidade de vida simples e forte.


Vimos a realidade da vocação cristã, ou seja, como o Senhor confiou em nós para levar as almas à santidade, para as aproximar d'Ele, para as unir à Igreja e estender o reino de Deus a todos os corações. O Senhor quer-nos entregues, fiéis, dedicados, com amor. Quer-nos santos, muito seus. (Cristo que passa, nn. 10–11)

Temas para meditar - 680

Presença de Deus


Fazer justiça a um homem é reconhecer a presença de Deus nele. 





(p. rodriguez Fe y vida de fe EUNSA Pamplona 1974 pg. 217 trad ama)

Evangelho e comentário

Tempo do Natal

Evangelho: Lc 2, 22-35

Ao chegarem os dias da purificação, segundo a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor, como está escrito na Lei do Senhor: «Todo o filho primogénito varão será consagrado ao Senhor», e para oferecerem em sacrifício um par de rolas ou duas pombinhas, como se diz na Lei do Senhor. Vivia em Jerusalém um homem chamado Simeão, homem justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava nele. O Espírito Santo revelara-lhe que não morreria antes de ver o Messias do Senhor; e veio ao templo, movido pelo Espírito. Quando os pais de Jesus trouxeram o Menino para cumprirem as prescrições da Lei no que lhes dizia respeito, Simeão recebeu-O em seus braços e bendisse a Deus, exclamando: «Agora, Senhor, segundo a vossa palavra, deixareis ir em paz o vosso servo, porque os meus olhos viram a vossa salvação, que pusestes ao alcance de todos os povos: luz para se revelar às nações e glória de Israel, vosso povo». O pai e a mãe do Menino Jesus estavam admirados com o que d’Ele se dizia. Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua Mãe: «Este Menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em Israel e para ser sinal de contradição; – e uma espada trespassará a tua alma – assim se revelarão os pensamentos de todos os corações».

Comentário:

Na simplicidade e na alegria do momento – simplicidade porque a Família não “dá nas vistas” procedendo como qualquer outra, alegria devido ao cumprimento da Lei – quando se cumpre a alegria é inerente – “nuvens negras” aparecem no horizonte.

«uma espada trespassará a tua alma» revela Simeão à Santíssima Virgem.

O seu jovem coração de Mãe deve ter estremecido e os seus braços, apertado com mais força o Menino junto ao seu peito.

Que “estranha” forma de Deus provar os que mais ama!

Á Mãe do Seu Filho nada lhe será poupado e desde o primeiro momento aparece a espada – símbolo da perseguição, da violência, do sofrimento – como que um sinal de uma vida atribulada.

Mas ela compreenderá muito bem sobretudo quando o próprio Filho declarar que veio ao mundo trazer a espada e que o Reino dos Céus se conquista com violência.

Recorda muito bem as palavras do Arcanjo São Gabriel, gravadas no seu coração para sempre.

Sabe, tem a certeza absoluta, que a Vontade de Deus se cumprirá até ao fim dos tempos.

(ama, comentário sobre Lc 2, 22-35, 12.10.2016)







Leitura espiritual

Leitura espiritual



A Cidade de Deus 



Vol. 1

CAPÍTULO XXIV

Régulo foi mais corajoso do que Catão, mas os cristãos são-no muito mais.

Os nossos adversários não toleram que ponhamos acima de Catão o santo varão Job, (que preferiu sofrer horríveis males na sua carne a libertar-se de todos os seus tormentos infligindo a morte a si próprio) — nem outros santos que, segundo o testemunho das nossas Escrituras de tão grande valor pela sua tamanha autoridade e totalmente dignas de fé, preferiram suportar o cativeiro ou a sujeição ao inimigo, a causarem a própria morte. Em todo o caso, segundo os seus próprios escritos, a Marco Catão prefiro Marco Régulo.

Na verdade, Catão nunca tinha vencido César, mas, uma vez vencido por este, pareceu-lhe indigno submeter-se-lhe. Para o evitar, escolheu o suicídio. Mas Régulo já tinha vencido os Cartagineses. Como general romano, tinha conseguido para o Império Romano uma vitória que não fora dolorosa para os seus concidadãos, mas gloriosa sobre os seus inimigos. Mais tarde por eles vencido, preferiu suportá-los como escravo a deles se libertar pela morte.
Desta forma sob a opressão dos cartagineses conservou a paciência e no amor aos romanos a constância, não subtraindo o seu corpo vencido aos seus inimigos nem a sua alma invencível aos seus concidadãos. Nem foi por amor a esta vida que não quis suicidar-se. A prova disso está em que, para cumprir o juramento prestado, voltou, sem vacilar um momento, para os seus inimigos, muito mais ofendidos pelo seu discurso perante o Senado do que pelas armas na guerra. Assim um tão grande depreciador da vida, ao preferir o fim dos seus dias às mãos dos seus encarniçados inimigos, sabe Deus no meio de que tormentos, a causar a sua própria morte — sem dúvida que considerou grave crime que o homem a si próprio se destruísse.
Entre todos os seus varões dignos de louvor e ilustres por insignes virtudes, os romanos não nos apresentam outro melhor: nem se corrompeu na prosperidade — pois viveu paupérrimo apesar de ter alcançado tão grande vitória — nem se deixou abater na desgraça — pois voltou intrépido para tamanhas torturas.

Ora, se os mais fortes e ilustres defensores da pátria terrena, adoradores de deuses falsos mas não falsos adoradores, que, com toda a sinceridade, por eles juravam, puderam, segundo os usos e o direito da guerra, imolar os inimigos vencidos mas não quiseram, uma vez vencidos pelos inimigos, a si próprios se imolarem, se eles, sem medo da morte, preferiram suportar os inimigos como donos das suas próprias vidas a causarem em si mesmos a morte, com quanta maior razão os cristãos, adoradores do verdadeiro Deus e que aspiram à pátria celeste, se não hão-de abster deste crime se uma disposição divina os colocar temporariamente sob o jugo dos inimigos com o propósito de os provar ou corrigir? Não os abandonará nessa humilhação Aquele que, sendo o Altíssimo, por eles tanto se humilhou. Nenhum poder ou direito militar obriga os cristãos a aniquilarem o inimigo vencido. Que erro é esse tão funesto que se insinua no homem e o leva a matar-se porque um inimigo contra si pecou ou para evitar que contra si peque, quando se não atreve a matar o inimigo que já pecou ou se prepara para pecar?

CAPÍTULO XXV

Não se deve evitar um pecado com outro pecado.

Contudo, deve-se temer e precaver que o corpo, sujeito à lascívia do inimigo, induza a alma a consentir no pecado devido à volúpia altamente sedutora. E assim, dizem, já não é por um pecado alheio, mas por um pecado próprio que surge a obrigação de antes se matar do que cometê-lo. Com certeza que uma alma submissa a Deus e à sua sabedoria e não ao corpo e à sua concupiscência, não consentirá na volúpia da carne despertada pela volúpia alheia. Se, porém, é verdade que matar-se a si mesmo é para um homem um acto detestável, um crime abominável, como o proclama manifestamente a Verdade — quem é tão insensato que diga: «Pequemos então agora para que não pequemos mais tarde; cometamos agora um homicídio para mais tarde não cairmos em adultério»? Se a iniquidade nos domina até nos levar a optar, não pela inocência, mas pelo pecado — um adultério incerto no futuro vale mais do que um homicídio certo no presente? Não é preferível cometer uma torpeza que se cura com a penitência, a cometer um crime que não deixa lugar a salutar arrependimento?

Digo isto por causa daqueles ou daquelas que, para evitarem não já um pecado alheio, mas um seu próprio, e receando o consentimento da sua própria luxúria excitada pela de outrem, se julgam obrigados a usar contra si de violência que lhes cause a morte. Aliás, longe esteja do espírito cristão que confia no seu Deus e se apoia no seu auxílio, pondo nele toda a sua esperança, longe esteja, digo eu, pensar que uma tal alma se renda aos deleites carnais, sejam eles quais forem até consentir num pecado torpe! Se, todavia, esta rebeldia concupiscente, que ainda habita nos membros destinados à morte, se move fora da lei da nossa vontade como que por lei própria sua — quanto mais sucederá isso sem culpa no corpo de quem não consente pois que sem culpa sucede no corpo de um adormecido!

CAPÍTULO XXVI

Quando é cometido pelos santos aquilo que não é permitido — deve-se indagar porque é que foi cometido.

Mas, dizem, algumas santas mulheres, no tempo das perseguições, para evitarem os perseguidores da sua pudicícia, atiraram-se a um rio de mortal corrente caudalosa e deste modo pereceram — e o seu martírio celebra-se com a mais solene veneração na Igreja Católica. Sobre isto não me atrevo a emitir temerariamente um juízo. Ignoro se a autoridade divina, servindo-se de alguns testemunhos dignos de fé, persuadiu a Igreja a honrar deste modo a sua memória. Pode ser que assim tenha sido. E se de facto tal fizeram, não enganadas por erro humano mas impelidas por mandato divino, sendo portanto não alucinadas mas obedientes? — qualquer coisa como o caso de Sansão de que não é lícito pensar de outro modo. Efectivamente, quando Deus manda e mostra sem ambiguidade que é ele que manda — quem chamará delito a esta obediência?
Quem acusará esta piedosa disponibilidade? Todavia, não julguemos que procederia sem crime quem resolvesse imolar a Deus seu filho lá porque Abraão louvavelmente fez o mesmo. Também o soldado, quando, obedecendo à autoridade sob a qual legitimamente foi colocado, mata um homem, por nenhuma lei do seu país é tido por réu de homicídio. Ao invés, se o não fizer, é réu de indisciplina e de rebelião à autoridade. Mas, se o fizer por sua própria conta e risco, incorrerá num crime de efusão de sangue. Tanto será punido se o fizer sem uma ordem, como o será se o não fizer com ordem para isso. Se assim é com a autoridade do general, quanto mais não será com a autoridade do Criador! Portanto, quem já sabe que não é lícito o suicídio — pratique-o, todavia, se receber uma ordem daquele cujos preceitos não é lícito desprezar; mas que repare bem se há a certeza absoluta da origem divina de tal ordem.

Nós, que conhecemos de ouvido a consciência de outrem, não temos a pretensão de julgar o que nos está escondido.

Ninguém sabe o que se passa no homem senão o espírito do homem que nele habita [i].

O que dizemos, o que consideramos seguro, o que de todas as formas pretendemos provar é isto:
— ninguém tem o direito de causar a própria morte por sua iniciativa sob o pretexto de se livrar de calamidades, porque cairia nas perpétuas;
— ninguém tem esse direito em relação aos pecados alheios, porque começaria por ter um próprio e gravíssimo pecado quem ainda estava limpo de toda a mácula estranha;
— ninguém tem esse direito em relação aos seus pecados passados: precisamente por causa deles é que lhe é mais necessária a vida presente para poder repará-los com a sua penitência;
— ninguém o tem sob pretexto de desejar a vida melhor que o espera após a morte: esta vida não acolhe no seu seio os réus da sua própria morte.

CAPÍTULO XXVII
Deve-se desejar a morte voluntária para evitar o pecado?

Resta uma razão, de que já tinha começado a falar, segundo a qual pareceria útil o suicídio, ou seja, para que se não caia em pecado quer sob as carícias da voluptuosidade quer sob o aguilhão da dor. Se quiséssemos admitir esta razão, pouco a pouco ela nos levaria a aconselharmos os homens a preferirem matar-se no momento em que, purificados pela água santa da regeneração, receberam a remissão de todos os pecados. Na verdade, a ocasião de se evitarem os pecados futuros é aquela em que são apagados todos os pecados passados. Se é lícito obter este resultado pela morte voluntária, porque não a causar nesse momento?

Porque é que todos os baptizados se poupam? Porque é que de novo oferecem a cabeça, já livre, a tantos perigos desta vida, tendo à mão uma solução tão fácil de os evitar entregando-se à morte? Não está escrito:
Quem ama o perigo cairá nele [ii]?
Porque se amam, pois, tantos e tão grandes perigos ou, pelo menos, ainda que se não amem, as pessoas a eles se expõem, permanecendo na vida quem dela pode licitamente ausentar-se?

Mas como é que uma tão estúpida perversão pode transformar-nos o coração e desviá-lo da contemplação da verdade até ao ponto de julgarmos que temos o dever de nos matarmos para não cairmos em pecado sob a pressão de um prepotente, e, ainda, que somos obrigados a viver para suportarmos até ao fim este mundo, a toda a hora cheio de tentações — não só as que receamos do prepotente mas também as outras, tantas e tão grandes, que resultam da vida que temos de suportar?

Para quê então perder tempo com sermões cheios de zelo para inflamar os baptizados em desejos de integridade virginal ou de continência na viuvez, ou de fidelidade conjugal, quando dispomos de um método muito mais prático e livre do perigo de pecar: — aconselhar a todos cujos pecados acabam de ser perdoados que abracem imediatamente a morte, provocando-a, para os enviarmos ao Senhor mais sãos e mais puros?

Mas se alguém julga que se deve tentá-lo ou aconselhá-lo — não lhe digo: «perdeste a consciência» — mas sim: «perdeste o juízo». Com que cara se poderá dizer a um homem — «mata-te, não aconteça que enquanto vives sob o poder de um senhor sem vergonha, de bárbaros costumes, acrescentes aos teus pecados leves um grave»? Só o maior celerado poderá dizer: «Mata-te, agora que todos os teus pecados estão perdoados, não aconteça que voltes a cometê-los de novo ou ainda piores enquanto viveres num mundo lisonjeiro, com tantos prazeres impuros, enlouquecido por tantas crueldades nefandas, inimigo com tantos erros e terrores». Pois se é um crime falar assim, indubitavelmente que é um crime alguém suicidar-se. Se pode haver uma justa razão para que alguém voluntariamente se dê a morte, sem dúvida que mais justas do que estas se não podem apresentar. Mas, se realmente estas não são justas, então nenhuma o é.

(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)





[i] 1 Nemo seit quid agatur in homine nisi spiritus hominis, qui in ipso est.
Cor., II, 11.
[ii] 1 Q ui amat periculum incidit in illum.
Ecle. 3,27

Actos dos Apóstolos

Actos dos Apóstolos

II. EXPANSÃO DA IGREJA FORA DE JERUSALÉM [i]

Capítulo 6

Prisão de Estêvão

8Cheio de graça e força, Estêvão fazia extraordinários milagres e prodígios entre o povo. 9Ora, alguns membros da sinagoga, chamada dos libertos, dos cireneus, dos alexandrinos e dos da Cilícia e da Ásia, vieram para discutir com Estêvão; 10mas era-lhes impossível resistir à sabedoria e ao Espírito com que ele falava. 11Subornaram, então, uns homens para dizerem: «Ouvimo-lo proferir palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus.» 12Provocaram, assim, a ira do povo, dos anciãos e dos escribas; depois, surgindo-lhe na frente, arrebataram-no e levaram-no ao Sinédrio.

13Aí, apresentaram falsas testemunhas que declararam: «Este homem não cessa de falar contra este Lugar Santo e contra a Lei, 14pois ouvimo-lo afirmar que Jesus, o Nazareno, destruiria este lugar e mudaria as regras que Moisés nos legou.»

15Todos os membros do Sinédrio tinham os olhos fixos nele e viram que o seu rosto era como o rosto de um Anjo.



[i] (6,8-12,25)

Apostas, jogos de sorte: são permitidos para um cristão?

Participação em apostas ou jogos de sorte são permitidos para um cristão?

Apostas e jogos de sorte são uma realidade no meio social, pois a diversão, o lazer e o entretenimento, nas suas várias expressões, fazem parte de uma das dimensões do ser humano. Porém, a pergunta é se essas práticas são convenientes ou não.

Diante do que a Igreja ensina sobre apostas e jogos de sorte ou azar, sendo essa uma questão complexa, um aspecto imprescindível é destacar o abandono e a confiança na Providência de Deus, que rege todas as coisas e deve ter a primazia na vida de todo ser humano. Também é preciso a todos disposição e empenho para o trabalho que “pode ser um meio de santificação” (CIC 2427), que não deve ser descartado frente a possíveis acomodamentos por motivos fúteis.

O que a Igreja ensina

O Catecismo da Igreja Católica, em sua terceira parte, na segunda seção sobre os dez mandamentos, que trata do sétimo mandamento “não roubarás” [i], traz as direções sobre os jogos de sorte e apostas, ou seja, se são convenientes ou não, e os riscos que tais práticas podem trazer quando excedem e causam dependência nas pessoas.

O Catecismo da Igreja diz:

“Os jogos de azar (jogos de carta etc.) ou apostas em si não são contrários à justiça. Tornam-se moralmente inaceitáveis quando privam a pessoa daquilo que lhe é necessário para suprir suas necessidades e as dos outros. A paixão pelo jogo corre o risco de se transformar em uma dependência grave. Apostar injustamente ou trapacear nos jogos constitui matéria grave, a menos que o dano infligido seja tão pequeno, que aquele que o sofre não possa razoavelmente considerá-lo significativo [ii]”.

Perante esse ensinamento do Catecismo, verifica-se que os jogos de sorte ou apostas, por eles mesmos, não são um problema para os princípios conceituados justos. Entretanto, essa prática torna-se inadmissível quando inflige valores primordiais da vida e seus direitos inalienáveis, ao priorizar mais as coisas secundárias.

Exemplos de incoerência:

Um pai de família que deixa de comprar o necessário para sua casa se manter com dignidade e gasta seu dinheiro com jogos de sorte e apostas está dando prioridade ao que é secundário. Outra situação é quando uma pessoa, devido a sua exagerada frequência nos jogos e apostas, acaba viciando-se nessas práticas e deixa de fazer as coisas realmente necessárias em sua vida, como cuidar da própria saúde, cumprir com responsabilidades familiares e sociais.

Outro risco é acreditar mais em apostas e jogos de sorte do que no próprio Deus, o que pode interferir tanto na espiritualidade da pessoa quanto no seu equilíbrio na vivência social. Com efeito, o vício provoca a perda da liberdade de filho de Deus e dos princípios básicos do Evangelho.

Assim, é importante ter claro que o ser humano também deve trabalhar para sua sobrevivência, pois, em Génesis 3,17, ao falar sobre a terra, diz que o homem “tirará dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de tua vida”. Ou seja, não se deve confiar o sustento às apostas e jogos.

Postura coerente face a essa realidade

Diante da participação de apostas e jogos de sorte, conforme a Igreja ensina, é importante que cada um saiba analisar as suas próprias limitações e intenções por trás de cada prática, para não se viciar, ou optar sempre por aquilo que pode ser supérfluo. Com isso, se for por simples diversão, sem resquício de vícios e com uma consciência moral reta, não haverá problemas nesse sentido.

Uma forma de não incorrer em riscos relacionados ao excesso de jogos de sorte, cartas e apostas é perceber como e o quanto estamos envolvidos, se temos o domínio sobre nós mesmos para dizer sim e não na hora de começar e na hora de parar.

Assim, o que precisa reger nossa vida é a Providência de Deus, tanto na parte material quanto a promoção de divertimentos que sejam saudáveis para o corpo e a alma. Já que, na vida do cristão, “procura-se ordenar para Deus e para a caridade fraterna os bens deste mundo” [iii].

O básico e necessário sempre nos será concedido pelo Senhor por meio da Sua Providência juntamente com o nosso esforço e trabalho, pois Jesus garante-nos: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo” [iv].

 char guillory  CANÇÃO NOVA  18 DE NOVEMBRO DE 2016





[i] (Mateus 19,18)
[ii] (CIC 2413)
[iii] (CIC 2401)
[iv] (Mateus 6,33)

CARVIDEX



A partir do dia 01 de Janeiro, 

CARVIDEX retoma as publicações.

Pequena agenda do cristão



Quinta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Participar na Santa Missa.


Senhor, vendo-me tal como sou, nada, absolutamente, tenho esta percepção da grandeza que me está reservada dentro de momentos: Receber o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do Rei e Senhor do Universo.
O meu coração palpita de alegria, confiança e amor. Alegria por ser convidado, confiança em que saberei esforçar-me por merecer o convite e amor sem limites pela caridade que me fazes. Aqui me tens, tal como sou e não como gostaria e deveria ser.
Não sou digno, não sou digno, não sou digno! Sei porém, que a uma palavra Tua a minha dignidade de filho e irmão me dará o direito a receber-te tal como Tu mesmo quiseste que fosse. Aqui me tens, Senhor. Convidaste-me e eu vim.


Lembrar-me:
Comunhões espirituais.


Senhor, eu quisera receber-vos com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu Vossa Santíssima Mãe, com o espírito e fervor dos Santos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?