17/01/2018

O amor manifesta-se com factos

Vai até Belém, aproxima-te do Menino, baila com Ele, diz-lhe muitas coisas vibrantes, aperta-o contra o coração... Não estou a falar de infantilidades: falo de amor! E o amor manifesta-se com factos: na intimidade da tua alma, bem o podes abraçar! (Forja, 345)


É preciso ver o Menino, nosso Amor, no seu berço. Olhar para Ele, sabendo que estamos perante um mistério. Precisamos de aceitar o mistério pela fé, aprofundar o seu conteúdo. Para isso necessitamos das disposições humildes da alma cristã: não pretender reduzir a grandeza de Deus aos nossos pobres conceitos, às nossas explicações humanas, mas compreender que esse mistério, na sua obscuridade, é uma luz que guia a vida dos homens.


Ao falar diante do presépio sempre procurei ver Cristo Nosso Senhor desta maneira, envolto em paninhos sobre a palha da manjedoura, e, enquanto ainda menino e não diz nada, vê-Lo já como doutor, como mestre. Preciso de considerá-Lo assim, porque tenho de aprender d'Ele. E para aprender d'Ele é necessário conhecer a sua vida: ler o Santo Evangelho, meditar no sentido divino do caminho terreno de Jesus.


Na verdade, temos de reproduzir na nossa, a vida de Cristo, conhecendo Cristo à força de ler a Sagrada Escritura e de a meditar, à força de fazer oração, como agora estamos fazendo diante do presépio.



É preciso entender as lições que nos dá Jesus já desde menino, desde recém-nascido, desde que os seus olhos se abriram para esta bendita terra dos homens. Jesus, crescendo e vivendo como um de nós, revela-nos que a existência humana, a vida corrente e ordinária, tem um sentido divino. (Cristo que passa, nn. 13–14)

Temas para reflectir e meditar

Obedecer



Obedecer ou desobedecer é igualmente ceder.


A diferença é que no segundo caso, a concessão é um aviltamento, e no primeiro, uma libertação.


(Georges Chevrot, Jesus e a Samaritana, Éfeso 1956 pg 177)



Evangelho e comentário

Tempo Comum


Evangelho: Mc 3, 1-6

1 Novamente entrou na sinagoga. E estava lá um homem que tinha uma das mãos paralisada. 2 Ora eles observavam-no, para ver se iria curá-lo ao sábado, a fim de o poderem acusar. 3 Jesus disse ao homem da mão paralisada: «Levanta-te e vem para o meio.» 4 E a eles perguntou: «É permitido ao sábado fazer bem ou fazer mal, salvar uma vida ou matá-la?» Eles ficaram calados. 5 Então, olhando-os com indignação e magoado com a dureza dos seus corações, disse ao homem: «Estende a mão.» Estendeu-a, e a mão ficou curada. 6 Assim que saíram, os fariseus reuniram-se com os partidários de Herodes para deliberar como haviam de matar Jesus.

Comentário:

O Evangelista não usa “meias-palavras” quando se trata de descrever as atitudes de alguns dos fariseus.

Não respondem às perguntas de Jesus porque não querem comprometer-se e também não aceitam que Ele os “ultrapasse” e à sua cobardia manhosa fazendo o milagre em público.

Só encontram uma solução: liquidar de vez aquele que os enfrenta e põe a ridículo.

Nem sequer entendem que o ridículo é da sua exclusiva responsabilidade porque se recusam com teimosa pertinácia em ver e ouvir a Verdade tão evidente que qualquer simples homem dos que os rodeavam viam e ouviam e – mesmo não abarcando completamente – compreendiam que estavam na presença de Alguém superior em tudo - nas palavras, mas, sobretudo nas obras – a eles próprios.

(ama, comentário sobre Mc 3, 1-6, 18.01.2017)








Leitura espiritual

Jesus Cristo o Santo de Deus

Capítulo III

ACREDITAS?

A divindade de Cristo no Evangelho de S. João


6. “Corde creditur: Crê-se com o coração.”

Tudo isto nos estimula a fazermos uma purificação da nossa fé.
S. Paulo que «crê-se com o coração, para alcançar ajustiça, e com a boca faz-se a profissão de fé, para alcançar a salvação» [i].
Na perspectiva católica, a profissão da fé, isto é, o segundo momento deste processo, ganhou por vezes tanto relevo que deixou na sombra o primeiro momento, o qual é o mais importante e se desenrola nas profundezas recônditas do coração.
«É das raízes do coração donde brota a fé» [ii].
Corde creditur, crê-se com o coração, ou melhor, não se crê verdadeiramente senão com o coração.

Este primeiro acto de fé, precisamente porque nasce do coração, é um acto “singular”, que só pode ser feito por cada um de nós, em total recolhimento com Deus.
No evangelho de S. João ouvimos Jesus fazer repetidamente a pergunta:
«Acreditas?»
Faz esta pergunta ao cego de nascença, depois de o ter curado:
«Acreditas no Filho do Homem?» [iii];
Faz a mesma pergunta a Marta:
«Acreditas nisto?» [iv];
E esta pergunta faz brotar sempre do coração o grito da fé:
«Sim, Senhor, eu creio!».
O símbolo da fé da Igreja também começa assim, no singular:
«eu creio…» e não: «nós cremos…».

Quando a palavra “creio!” é pronunciada assim, em estado de verdadeira confissão, esse é o instante em que o tempo se abre para a eternidade «quem acredita n’Ele tem a vida eterna», ainda que esse instante se possa perfeitamente colocar num estado ou num acto permanente de fé e não nascer do nada e acabar em si mesmo.
Este é o caso mais sublime e poético da “revelação do ser”; o ser escondido na própria palavra do homem Jesus ou na própria palavra “Deus” revela-Se, ilumina-Se e então – dizia S. João – acontece que se vê e se contempla a glória de Deus.
Não se crê somente, mas também se reconhece, se vê e se contempla:
«Nós acreditámos e conhecemos» [v];
«Nós comtemplámos a Verdade da vida» [vi]

Através do baptismo, a Igreja antecipou e prometeu a Deus a minha fé; tornou-se garante para mim, ainda criança, de que um dia mais tarde, tornado adulto, eu viria também a crer.
Agora tenho de demonstrar que a Igreja não se enganou a meu respeito.
Não posso crer por interpostas pessoas ou interpostas instituições.
Não deve ser a Igreja a crerem vez de mim.
“Acreditas?”.
Não nos podemos refugiar na multidão nem entrincheirar atrás da Igreja.
Temos de aceitar também nós passar através deste momento e sujeitar-nos a este exame.
Não podemos considerar-nos dispensados.
Se àquela pergunta de Jesus responderes prontamente e sem reflectires: “é claro que creio!” e achares, porventura, estranho que uma pergunta deste género seja dirigida a um crente, a um Sacerdote ou a um Bispo, provavelmente quer dizer que ainda não descobriste o que significa crer verdadeiramente que Jesus é Deus e que nunca desceste às profundezas da fé.
Nunca experimentaste a grande vertigem da razão que precede o acto de fé.
É uma fé que ainda não passou através do escândalo.

Sucedeu que em determinado momento os discípulos pensavam ter chegado ao vértice da fé:
«Agora – disseram a Jesus – sabemos que Tu sabes tudo… Por isso acreditamos que Tu vieste de Deus».

Jesus responde: «Credes agora?», e então pronunciou-lhes de daí a pouco tempo se escandalizariam d’Ele e todos se dispersariam, deixando-O sozinho [vii].
Quantas vezes a nossa fé em Jesus se assemelha à dos discípulos nesta circunstância!
Estamos certos, ingenuamente, que acreditamos intensa e definitivamente, a passo que Jesus, que nos conhece, sabe bem que apenas cheguem as provações, a realidade será bem diferente e demonstrará que afinal não acreditamos n’Ele verdadeiramente.
Aquela expressão «agora cremos!» faz recordar muitas vezes o retrato da nossa fé.

A verdadeira fé é aquela que advém depois de se terem superado os baixios perigosos das provações e do escândalo e não aquela que nunca sentiu essas dificuldades.
Se alguém, por força de tanto ter ouvido falar disso, considerar quase natural que Jesus – este homem – é Deus, e Deus é homem, isso é um deplorável sinal de superficialidade que ofende a Deus tanto ou mais ainda do que a incredulidade de quem considera isso demasiado sublime, algo demasiado indigno de Deus e impossível, tão grande é a ideia que tem da diferença qualitativa e infinita entre Deus e o homem.
Não se deve menosprezar aquilo que Deus levou a cabo fazendo-Se homem, como se isso fosse coisa normal e compreensível.

Antes de tudo, é preciso destruir em nós crentes, e em nós homens da Igreja, a falsa persuasão de que já cremos; é preciso provocar a dúvida – não a respeito de Jesus, claro, mas a nosso respeito – para, então, podermos ir à procura de uma fé mais autêntica.
Quiçá não seja benéfico que, por uns tempos, não se queira revelar nada a ninguém, mas se procure interiorizar a fé e redescobrir as suas raízes no coração!
Jesus perguntou a Pedro por três vezes:
«Tu amas-me
Sabia que à primeira e à segunda vez, a resposta tinha sido demasiado depressa, para ser a verdadeira.
Finalmente, à terceira vez, Pedro compreendeu.
Também a pergunta sobre a nossa fé nos deve ser posta assim: por três vezes, com insistência, a fim de também nós compreendamos e entremos na verdade:
‘Acreditas? Acreditas? Acreditas? Crês verdadeiramente?’
No fim, talvez tenhamos que responder:
‘Não, Senhor, eu não creio verdadeiramente. Ajuda-me a superar a minha incredulidade!’

(cont)

rainiero cantalamessa, Pregador da Casa Pontifícia.





[i] Rm 10,10
[ii] Stº Agostinho, In Ioh. 26,2 (PL. 35,1697)
[iii] Jo 9,35
[iv] Jo 11,26
[v] Jo 1,14
[vi] Cfr. I Jo 1,1
[vii] Cfr. Jo 16,29-32

Perguntas e respostas

A EUTANÁSIA


10. Faço o que quero com a minha vida?


Sem dúvida que uma pessoa faz com a sua vida coisas que quer, mas isto não significa que actue correctamente.

Pode embebedar se, drogar-se ou suicidar-se, mas são acções erradas.

(Podem ver-se os temas liberdade e o meu corpo).

Pequena agenda do cristão

Quarta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)






Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?